O prisioneiropalmeiras globoesporteguerra ucraniano que ficoupalmeiras globoesportesilêncio durante um ano:palmeiras globoesporte

Circulou na internet um vídeopalmeiras globoesportesua mãe, Milana, abraçando seu corpo magro e acariciando seu rosto.

"Te amamos, te amamos", repetia Milana para tentar fazê-lo falar.

Mais tarde, ela explicou que, naquele momento, ele era incapazpalmeiras globoesportese comunicar.

A primeira coisa quepalmeiras globoesportemãe ouviu ele dizer foi: "Por que as pessoas são tão cruéis com os outros? Por que há tanto sofrimento?".

Dia histórico

Yury havia se alistado para servir na Marinha apenas duas semanas antes do início da invasão russapalmeiras globoesportegrande escala, no dia 24palmeiras globoesportefevereiropalmeiras globoesporte2022. Naquela data, ele estavapalmeiras globoesporteMariupol.

"Despertamos e ouvimos um estalo seco. As janelas do andar térreo estavam quebradas. Achamos que era por causapalmeiras globoesporteuma explosão na linhapalmeiras globoesportefrente próxima."

Algumas horas depois, ficou claro que a guerrapalmeiras globoesportegrande escala havia começado.

"Os livrospalmeiras globoesportehistória dirão que tudo começoupalmeiras globoesporteMariupol naquele dia, pensei. E eu estavapalmeiras globoesporteMariupol", disse Yury. "Mas eu não tinha ideia do que o futuro me reservava."

Quase dois meses depois, ele foi capturado pelo exército russo.

'Claramente sádicos'

"O tratamento que recebíamos dependiapalmeiras globoesportequem estavapalmeiras globoesporteplantão na prisão", lembra Yury.

"Havia alguns guardas que batiampalmeiras globoesportetodos os prisioneiros. Outros perguntavam quem tinha maispalmeiras globoesporte50 anos, estava doente ou ferido, e os perdoavam. Mas alguns dos guardas eram claramente sádicos."

Em outubro, o Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Turk, alertou sobre a tortura "generalizada e sistemática"palmeiras globoesporteprisioneirospalmeiras globoesporteguerra ucranianos pelas forças russas.

Sua declaração foi baseadapalmeiras globoesporterelatos documentadospalmeiras globoesporte174 prisioneirospalmeiras globoesporteguerra ucranianos,palmeiras globoesporteque quase todos descreviam experiências constantespalmeiras globoesportetortura durante o cativeiro.

Os prisioneiros foram submetidos a choques elétricos, espancamentos, agressões sexuais, privaçãopalmeiras globoesportesono e ameaçaspalmeiras globoesportemais violência.

Em agosto, Danielle Bell, chefe da Missãopalmeiras globoesporteObservação dos Direitos Humanos da ONU na Ucrânia, afirmou que 95% dos soldados ucranianos capturados pela Rússia haviam sofrido tortura.

Em 29palmeiras globoesporteoutubro, foi apresentado na Assembleia Geral da ONU um relatório da Comissão Internacional Independentepalmeiras globoesporteInvestigação sobre a Ucrânia, que afirmava que as autoridades russas haviam cometido tortura como um crime contra a humanidade.

Em outubro, a procuradoria ucraniana iniciou uma investigação sobre o que descreveu como a "maior execuçãopalmeiras globoesportemassa"palmeiras globoesporteprisioneiros ucranianos pelas tropas russas desde o início da invasãopalmeiras globoesportegrande escalapalmeiras globoesporteMoscou, alegando que 16 homens foram alinhados e mortos a tirospalmeiras globoesporteuma floresta.

A Rússia não comentou nenhum dos relatórios da ONU nem as acusaçõespalmeiras globoesportetortura ou assassinatopalmeiras globoesporteprisioneirospalmeiras globoesporteguerra ucranianos por suas forças.

Em junho, o presidente russo, Vladimir Putin, anunciou que havia 6.465 soldados ucranianospalmeiras globoesportecativeiro. No entanto, a Iniciativapalmeiras globoesporteMídia sobre Direitos Humanos, uma ONG ucraniana, calculou que as forças russas poderiam ter maispalmeiras globoesporte10 mil soldados ucranianos como prisioneiros.

A Ucrânia afirma que conseguiu libertar pelo menos 3.650palmeiras globoesporteseus cidadãos, tanto militares quanto civis,palmeiras globoesporteseu cativeiro.

Jogo psicológico

Yury Gulchuk perdeu maispalmeiras globoesporte20 quilos durante seu cativeiro, mas permaneceu decidido a ser livre algum dia. Ele sonhava com seus pais, compalmeiras globoesporteinfância, e fazia planos para o futuro. A maior parte do tempo, permaneceupalmeiras globoesportesilêncio.

"Fui me afundando no silêncio aos poucos. Não foi que um dia eu decidisse pararpalmeiras globoesportefalar... Eu ficavapalmeiras globoesportesilêncio porque era necessário."

Quando o levaram para trocá-lo por prisioneiros russos, no início ele não acreditou quepalmeiras globoesportelibertação aconteceria tão rápido.

Ele disse que pensou se tratarpalmeiras globoesporteoutro "jogo psicológico" dos soldados russos, quando disseram que o levariam para um intercâmbiopalmeiras globoesporteprisioneiros, mas na verdade o transfeririam para outra prisão, onde os prisioneiros frequentemente recebiam ainda mais espancamentos.

Por isso, no diapalmeiras globoesporteseu intercâmbio, Yury não se preparava para a alegriapalmeiras globoesportever seus pais após dois anos, mas para as surras, a humilhação e a dor.

Ele e outros prisioneiros ucranianos foram conduzidos atravéspalmeiras globoesporteBelarus, país vizinho da Rússia e também fronteiriço com a Ucrânia. Permitiram que retirassem as mantaspalmeiras globoesportesuas cabeças e lhes deram rações secas com chocolate, biscoitos salgados e doces.

"Parece irreal", lembra Yury.

Ele não paravapalmeiras globoesportepensar que fosse uma piada, e só quando viupalmeiras globoesportemãe e outros familiares esperando por ele, sorrindo, começou a acreditar que era real.

Adaptação à vida

No início, após se reunir compalmeiras globoesportefamília, Yury não conseguia falar.

"Não era apenas uma questãopalmeiras globoesporteativar as cordas vocais. Para começar a falar, cantar ou gritar, eu precisava reativar um músculo mental que estava enfraquecido. Era preciso trazê-lopalmeiras globoesportevolta à vida."

Yury demorou alguns dias para acreditar que estava realmentepalmeiras globoesportevoltapalmeiras globoesportecasa e a salvo.

Ele diz que quer ver todos os filmespalmeiras globoesportesucesso lançados durante seu cativeiro, se atualizar com a música mais recente e andarpalmeiras globoesportepatinete elétrico.

Também está considerando retomar seus estudospalmeiras globoesportechinês na Universidade Estatalpalmeiras globoesporteKiev, os quais interrompeu pouco antes da guerra para se alistar no exército.

"Eu me digo que o tempo que passeipalmeiras globoesportecativeiro não foi completamente desperdiçado", afirma. "Talvez seja apenas um consolo, mas quero acreditar que tirei algo dessa experiência."

"Tive sortepalmeiras globoesportesobreviver. Nem todos tiveram tanta sorte."