O que mudou (e o que não mudou) na Venezuela nos últimos 10 anos:bonus 100 1xbet
Em uma década, a economia venezuelana encolheu 75% e quase um quarto da população (7 milhões,bonus 100 1xbetum totalbonus 100 1xbet30 milhões) deixou o país.
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número galera betFim do Matérias recomendadas
São processos traumáticos que inevitavelmente despertam saudades, tanto do país que parece não existir mais, como da distância entre quem ficou e quem partiu.
Um bom exemplo dessa nostalgia que agita os venezuelanos é Caracas en el 2000 (Caracas no ano 2000,bonus 100 1xbettradução livre) a música do momento no país, que fala das araras que sobrevoam a capital, do passeio dominicalbonus 100 1xbetbicicleta por um frondoso anel viário montanhoso, das raspadinhasbonus 100 1xbetCoca-Cola que são vendidas nas ruas e daquelas outras instituições típicas que os emigrantes – neste caso, os caraquenhos – deixarambonus 100 1xbetviver.
Por trásbonus 100 1xbettodo exercício nostálgico está a noçãobonus 100 1xbetalgo perdido.
E sim, claro: a Venezuela já não é tão rica como nos anos 1960 ou 1970, mas também não é tão pobre comobonus 100 1xbet2018. A moeda agora é o dólar, há restaurantes tão caros comobonus 100 1xbetNova York e a gasolina agora é paga.
Num país que outrora teve um Estado generoso e redistributivo e uma classe média relativamente estabelecida, a desigualdade, a pobreza e a ineficiência dominam agora a paisagem.
E a economia,bonus 100 1xbetgeral, estábonus 100 1xbetconstante transformação.
Mas também há muita coisa que não muda: nem a política, nem a infraestrutura mudam como as pessoas gostariam. E os venezuelanos, esse povo resiliente, alegre e gentil, continua tão brincalhão como sempre.
O que não muda
Uma toneladabonus 100 1xbetcocaína, três brasileiros inocentes e a busca por um suspeito inglês
Episódios
Fim do Novo podcast investigativo: A Raposa
Também não muda o som das rãs no início da noite quente da capital venezuelana.
Nem mudam as iniciativas dos moradoresbonus 100 1xbetCaracas para homenageá-las: ano passado, um coletivobonus 100 1xbetartistas chamado SoundScape gravou e colocou na internet um mapa dos sons atuais da cidade.
Há as rãs, mas também as araras e os vendedores ambulantes.
Não muda aquela rua animada, onde vendedores ambulantes calçam sandálias com meias e usam óculos gigantes espelhados imitando os da marca Gucci.
Uma mãe ebonus 100 1xbetfilha caminham com os cabelos pintados da mesma cor vermelha.
E um jovem com um grande relógio e cabelo raspadobonus 100 1xbetum o lado, mas sebosobonus 100 1xbetcima, vende desodorantes, omitindo a inevitável suspeitabonus 100 1xbetque sejam usados.
Não mudam as manhãsbonus 100 1xbetpartidasbonus 100 1xbetdominó nas praças, onde velhos e jovens jogam sob o olharbonus 100 1xbetdezenasbonus 100 1xbetoutros jogadores penteados e elegantes, que comentam, julgam, brigam.
Enquanto isso, um jovem ao lado lê uma Bíblia e alguns senhoras proferem ensinamentos evangélicos, uma corrente que, aliás, tem crescido muito no país.
Também não muda a sensaçãobonus 100 1xbetque se vive numa realidade inventada: um prédio no meiobonus 100 1xbetuma área comercial não tem janelas, apesarbonus 100 1xbetter varandas.
Uma criança sai da aulabonus 100 1xbetcaratê pela mesma portabonus 100 1xbetum bar escuro.
E algumas senhoras participambonus 100 1xbetum curso de spinningbonus 100 1xbetum terraço cuja música alta ressoa a dois quarteirõesbonus 100 1xbetdistância.
Não muda o calor humano. A melhor formabonus 100 1xbettransmitir confiança na Venezuela é o que na maioria dos países do mundo significaria uma afronta: um toque corporal, um toque no ombro.
E não mudam coisas que talvez mudembonus 100 1xbetoutros países.
Na Venezuela, por exemplo, ainda é possível ver publicidadebonus 100 1xbetcervejas e produtosbonus 100 1xbetbelezabonus 100 1xbetenormes outdoors nas rodovias promovidos por mulheres esbeltas, voluptuosas e seminuas; uma imagem já inusitadabonus 100 1xbetoutras partes do mundo que ali se mantém.
Assim como persiste a tendênciabonus 100 1xbetfazer fila. Agora não mais para comprar óleo ou farinha, porque a escassez foi atenuada com a dolarizaçãobonus 100 1xbetfato, mas para se registarbonus 100 1xbetum novo sistemabonus 100 1xbetpagamentobonus 100 1xbeteletricidade.
Durante anos a eletricidade foi quase gratuita, mas agora começaram a cobrar por ela, apesarbonus 100 1xbetmuitas regiões ainda sofrerem cortes diáriosbonus 100 1xbetenergia.
O serviço não muda, então, mas o preço vai mudar.
E tudo o que funciona mais ou menos na capital é pior no resto do país, onde a pobreza é maior e os serviços são mais deficientes. A disparidade capital-interior, portanto, não mudou.
Também não mudou aquela ineficiência do sistema que gera distorções insólitas.
Por exemplo: para entrar no metrôbonus 100 1xbetCaracas agora existem duas filas, uma para comprar a passagem e outra para esperar quando as catracas deixam uma entrada gratuita após a passagembonus 100 1xbetalguém.
Não é que o sistema seja feito para dar passagens gratuitas aleatoriamente, mas sim que as catracas geram um erro, que já está normalizado.
As distorções podem ser resultadobonus 100 1xbetum sistema que não funciona. E os venezuelanos se adaptam; talvez com resignação, mas também com bom humor e criatividade.
O que muda
Com a dolarização não oficializada pelo Estado, para muitos venezuelanos tornou-se mais lucrativo ter empregos informais, pagosbonus 100 1xbetdólares, do que empregos formais, pagosbonus 100 1xbetbolívares.
A tendência desencadeou trabalhosbonus 100 1xbetreparos, vendas ambulantes, apostas digitaisbonus 100 1xbetvideojogos e negócios artesanais e domésticos porta-a-porta.
O impacto deste novo setor informal é tão grande que, segundo a empresabonus 100 1xbetpesquisa Datanalisis, quase 4 milhõesbonus 100 1xbetpessoas nos últimos três anos ascenderam socialmente através do "empreendedorismo criativo".
"Vimos o surgimentobonus 100 1xbetuma nova classe média que não tem ensino superior, não tem trabalho formal, mas ainda assim tem acesso a recursos e uma certa qualidadebonus 100 1xbetvida", explica Luis Vicente León, diretor da empresa.
O analista diz que o caso da Venezuela "é como se você tivesse dentes bons, colocasse aparelho para deixá-los feios e quando termina o tratamento os dentes querem voltar, por inércia, a serem bons".
Os venezuelanos, filhosbonus 100 1xbetuma antiga potência petrolífera, têm um históricobonus 100 1xbetconsumo, um caráter empreendedor e uma visão alegre e entusiasmada da vida.
Assim que a economia foi reativada com a dolarização, saíram às ruas para ver o que conseguiam inventar.
É por isso que você encontra ruas repletasbonus 100 1xbetvendedores ambulantes oferecendo sorvetes, calçados ou produtosbonus 100 1xbetbeleza entre música tropical e dança lúdica.
É por isso que há um boombonus 100 1xbetbingosbonus 100 1xbettodo o país. É porque existem novos e bem sucedidos estabelecimentosbonus 100 1xbetpasticho (uma espéciebonus 100 1xbetlasanha) e cachito (um tipobonus 100 1xbetcroissant recheado com presunto e queijo), duas comidas típicas.
É por isso que, segundo o Global Entrepreneurship Monitor, um centrobonus 100 1xbetestudos, 16% da população está começando um novo negócio.
Não é que os problemas estruturais – serviços precários, inflação elevada, infraestruturas deterioradas, hospitais sem abastecimento – tenham sido resolvidos.
É que as pessoas estão se acostumando, diz León: "Depois que você se acostuma, os problemas não parecem mais tão diferentes e o que incomodava, agora incomoda menos."
Pelo contrário, acrescenta, "você começa a valorizar as coisas que deixoubonus 100 1xbetvalorizar: como a natureza, as festas, abonus 100 1xbetgente, etc".
Na década passada, o crime transformou a Venezuela num dos países mais perigosos do mundo.
Mas agora, depoisbonus 100 1xbetuma controversa políticabonus 100 1xbetsegurança linha dura, o sentimentobonus 100 1xbetinsegurança diminuiu. Essa é outra mudança, para muitos temporária.
Mas a tendência ajudou muitos venezuelanos a regressar ao país; a maioria não para ficar, mas para visitar.
O "malandro falado" é um dialetobonus 100 1xbetrua que os venezuelanos dentro e fora do país têm transformadobonus 100 1xbetgíriabonus 100 1xbettodos, numa bandeira rara e talvez paradoxal da venezuelanidade.
Você pode ouvir isso no tom e na letra da música Caracas en el 2000.
Exemplosbonus 100 1xbetexpressões maliciosas incluem "te da frío, gafa" para dizer "você está com medo, cara" e "picarle la torta" para criticar a reverência excessiva aos poderosos.
Coromotto Hernández é um influencer que fala na língua da malandragem e tenta identificar através da cultura popular essas facetas que os venezuelanos adotaram quando saíram às ruas para resolverbonus 100 1xbetcrise.
"Não é uma apologia da ilegalidade, mas das pessoas se apropriando das ruas e se identificando com essa criatividadebonus 100 1xbetresolver", afirma.
Coromotto acredita que uma coisa é normalizar os problemas – "aceitar que um colchão seja transportadobonus 100 1xbetuma motocicleta" – e outra é encontrar humor e oportunidades na crise.
"Nós que ficamos estamos nos virando e continuamos bebendo malta [uma bebidabonus 100 1xbetmalte não alcoólica] e curtindo as araras", afirma.
Ou seja: a Venezuela mudou, mas nãobonus 100 1xbettudo. E a raspadinhabonus 100 1xbetCoca-Cola continua tão doce como sempre.