O que é teoria crítica da raça, que gera polêmica nas salasbetsbola bilheteaula dos EUA:betsbola bilhete
A verdade é que a teoria crítica da raça se tornou nos últimos anos um dos temasbetsbola bilheteconfronto preferidosbetsbola bilhetepolíticos e comentaristas conservadores no país norte-americano.
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Figuras importantes, como o ex-presidente Donald Trump e o governador da Flórida, Ron DeSantis, culpam essa teoria por “criminalizar a população americana branca e aprofundar as divisões raciais.”
Mas o que realmente é a teoria crítica da raça? E, mais importante, por que ela se tornou uma questão tão polarizada nas escolas e universidades dos Estados Unidos?
O que é a teoria crítica da raça?
A teoria crítica da raça surgiu na segunda metade do século 20 como um modelo teórico que buscava explicar as desigualdades raciais nos Estados Unidos.
Nela, explica-se que a discriminaçãobetsbola bilheteuma pessoa por causabetsbola bilhetesua raça não é um problema que existe apenas dentro do indivíduo, mas que foi transferido para as estruturas sociaisbetsbola bilheteque vivemos, algo que se reflete nas instituições ou nas leis.
O modelo também se aplica a outros tiposbetsbola bilhetediscriminação, sejabetsbola bilhetegênero, identidade sexual, etc.
O desenvolvimento acadêmico da teoria crítica da raça é atribuído a um grupobetsbola bilheteprofessores - vistos como radicais no final dos anos 1980 - que adotaram muitas linhasbetsbola bilhetepensamento que viam o movimento pelos direitos civis dos anos 1960 como um "trabalho inacabado".
Algunsbetsbola bilheteseus mais ferrenhos expoentes acreditam ser impossível eliminar as desigualdades com as estruturas existentes, exigindo uma reestruturação quase completabetsbola bilheteinstituições como a polícia ou instituições educacionais.
“Sejamos claros. A nação sempre teve uma explicação para a desigualdade”, disse Gloria Ladson-Billings, especialistabetsbola bilhetepedagogia e professora da Universidadebetsbola bilheteStanford. Ela é uma das autoras responsáveis por adaptar a teoria crítica da raça para a educação.
"Ebetsbola bilhete1619 até meados do século 20, a explicação era biogenética: 'Essas pessoas não são inteligentes o suficiente. Essas pessoas não são valiosas o suficiente. Essas pessoas não são morais o suficiente'", acrescentou.
“Masbetsbola bilhetealgum momento no meio do século 20, na décadabetsbola bilhete1950, houve um interruptor que foi acionado e já estamos vendo que não é realmente genético, apenas alguns grupos não tiveram as mesmas oportunidades”.
Muitos dos avanços dos direitos civis ocorridos na décadabetsbola bilhete1960 – como o fim das leisbetsbola bilhetesegregação racial e a igualdade perante a lei – foram baseados na ideiabetsbola bilheteque, historicamente, alguns grupos minoritários não tiveram as mesmas oportunidades que outros.
A controvérsia
Mas, para alguns comentaristas - especialmentebetsbola bilhetedireita - a teoria racial crítica está no centro dos choques culturais nos Estados Unidos.
A teoria tem sido usada para explicar as desigualdades existentes entre gêneros ou entre identidades sexuais, e tem sido uma influência fundamental para movimentos como o #MeToo, sempre entendendo as desigualdades como problemas sistêmicos.
Nessa análise, esses problemas estruturais da sociedade precisam ser reformados "mesmo que (essa reforma) possa conflitar com direitos básicos da sociedade liberal como a liberdadebetsbola bilheteexpressão", conforme explicou a colunista americana Michelle Goldberg, no The New York Times,betsbola bilhete2021.
Essa "tensão" gerada quando o CRT afirma que direitos considerados fundamentais (como a liberdadebetsbola bilheteexpressão) estão subordinados ao desmontebetsbola bilheteestruturas racistas gera uma das maiores críticas feitas à teoria.
Essa crítica está no centro dos projetosbetsbola bilhetelei que tramitam nas casas legislativasbetsbola bilhete16 Estados diferentes que buscam proibir o ensino da teoria nas escolas.
A legislatura estadualbetsbola bilheteRhode Island, no nordeste do país, está debatendo, por exemplo, um projetobetsbola bilhetelei que visa proibir o ensinobetsbola bilhete"qualquer conceito que sustente que os Estados Unidos são inerentemente racistas ou sexistas".
O CRT recebeu críticas inclusive da Casa Brancabetsbola bilhete2020, durante a presidênciabetsbola bilheteDonald Trump.
Em um memorando, os órgãos federais foram proibidosbetsbola bilheteinvestir recursosbetsbola bilhetetreinamentobetsbola bilheteCRT, por considerá-lo uma teoria "divisiva" e "antiamericana".
“A propaganda polarizadora, falsa e denegridora do movimento da teoria racial crítica vai contra o que defendemos como americanos e não deveria ter lugar no governo federal”, afirma o documento.
O que dizem seus defensores?
Muitos acadêmicos insistembetsbola bilheteesclarecer que a teoria crítica da raça é um modelobetsbola bilhetepensamento, uma maneirabetsbola bilheteexplicar a desigualdade racial ebetsbola bilhetegênero que existebetsbola bilhetetodas as escalas da vida nos EUA.
A professora Ladson-Billings, por exemplo, afirmou que, ao adaptar a teoria crítica racial para a educação, procurou explicar as razões por trás das desigualdades educacionais entre alunos negros e alunos brancos.
E afirmou que não adianta ensinar a teoria a alunos que não tenham pelo menos uma graduação.
"Primeiro, as crianças entre o jardimbetsbola bilheteinfância e os 12 anos não precisam dessa teoria. Elas precisambetsbola bilhetemuitas experiências práticas. Portanto, não, não é ensinado nas escolas. Nunca ensinei a teoria a meus alunosbetsbola bilhetegraduação na Universidadebetsbola bilheteWisconsin”, disse.
Mas, além do mundo acadêmico, há quem diga que negar a teoria racial crítica significa negar que "o racismo estábetsbola bilhetetodas as estruturas sociais".
“O grande paradoxobetsbola bilheteproibir (o ensino da CRT) é que isso confirma os argumentos básicos da teoria racial crítica”, diz Jesse Hagopian, membro do Black Lives Matter at School, durante um discursobetsbola bilhete2021betsbola bilheteChicago.
“O racismo faz parte da lei, mesmo quando parece usar linguagem racialmente neutra, e que qualquer progressobetsbola bilhetedireção à justiça racial será recebido com uma reação da supremacia branca. Isso é o que estamos vendo”, disse o ativista.
Por que é um pontobetsbola bilhetecampanha republicana?
O Estado da Flórida é um bom exemplo para entender como a CRT se tornou uma batalha política, embora a discussão se repita no Texas,betsbola bilheteOhio ebetsbola bilheteoutros Estados dominados por uma maioria republicana no legislativo.
Seu governador - e potencial candidato à presidência - Ron DeSantis se tornou o candidato republicano a ganhar o governo (no caso dele, a reeleição) pela maior margem sobre seu oponente democrata, Charlie Christ, na história da Flórida.
Muitos, inclusive, apontam DeSantis como o responsável por fazer a Flórida passarbetsbola bilheteum dos chamados “estados pêndulos” (aqueles que oscilam entre candidatos republicanos e democratas) para se consolidar como um reduto republicano.
Muitos comentaristas destacam o protagonismo que a guerrabetsbola bilheteDeSantis contra a CRT desempenhou como parte fundamentalbetsbola bilheteseu sucesso, alémbetsbola bilheteoutros elementosbetsbola bilheteseu governo bem recebidos pelo eleitorado como a economia ou a gestão da pandemiabetsbola bilhetecovid-19.
O governador entroubetsbola bilheteseu segundo mandato dizendo que vai enfrentar atitudes no ensino superior que "imponham o conformismo ideológico" e "promovam o ativismo político".
"Isso não é o que achamos apropriado no Estado da Flórida. Em vez disso, precisamos que nosso sistema educacional se concentrebetsbola bilhetepromover a excelência acadêmica, a busca da verdade e dar aos alunos as ferramentas para pensar por si mesmos", disse DeSantis,betsbola bilheteuma entrevista coletiva à imprensa.