Como inteligência artificial pode ajudar na busca pela imortalidade:betano tudo sobre

Felix Wong no laboratório, olhando para a câmera com rosto sério

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, O biofísico Felix Wong foi o principal autor do estudo

No texto, seus achados são descritos assim: "Treinamos modelosbetano tudo sobreaprendizagem profunda com os resultadosbetano tudo sobreuma amostrabetano tudo sobrepequenas moléculas para atividade senolítica e aplicamos esses nossos modelos para descobrir compostos estruturalmente diversos".

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O que os cientistas fizeram, para simplificar a explicação, foi utilizar inteligência artificial (IA) para procurar por possíveis remédios capazesbetano tudo sobrefrear o envelhecimentobetano tudo sobrenossas células e de, assim, também combater doenças como fibroses, tumores, inflamações e artroses.

"Achar uma nova droga é como procurar por uma agulha no palheiro", diz à BBC News Brasil o físico e matemático americano Felix Wong, especialistabetano tudo sobreBiofísica, principal autor do estudo e um dos fundadores da Integrated Biosciences.

"No nosso caso, o palheiro consistebetano tudo sobretodos os potenciais compostos químicos já criados ou que podem vir a ser desenvolvidos."

Colagembetano tudo sobre2 imagens microscópicas

Crédito, Divulgação

Legenda da foto, Os senolíticos são capazesbetano tudo sobreeliminar células envelhecidas, as senescentes
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Usando a IA, Wong pôde testar como maisbetano tudo sobre800 mil opçõesbetano tudo sobresoluções químicas reagiam a potenciais remédios capazesbetano tudo sobreselecionar e eliminar senescentes, conhecidas como "células zumbis" do corpo e que levam a processosbetano tudo sobreenvelhecimento.

No fim da experiência, ele ebetano tudo sobreequipe chegaram a três potenciais drogas quebetano tudo sobretese podem realizar esse controle.

"Se procurássemosbetano tudo sobretudo, ou seja, olhando um a um cada composto, exigiria um esforço substancial, visto que o palheiro seria quase infinito", avalia Wong.

"Usamos a IA para procurar nesse palheirobetano tudo sobreforma bem mais eficiente, fazendo a máquina prever quais dessas candidatas a drogas são mais prováveisbetano tudo sobrefuncionar."

Em depoimento à Nature Aging, o biofísico Andrew Rutenberg, professor da Universidadebetano tudo sobreDalhousie, no Canadá, destacou essa metodologia como o grande diferencial da pesquisa.

"Esse trabalho impressionante usa técnicasbetano tudo sobreaprendizagem profundabetano tudo sobremáquinas para explorar diversas estruturas moleculares para uso como novos senolíticos."

Os autores mostram como cheminformatics (termobetano tudo sobreinglês que usa para designar "informações químicas") podem ser utilizadas para criar novas drogas promissoras contra o envelhecimento, depois testadas por eles e compartilham detalhesbetano tudo sobreseu software para ajudar a acelerar futuras descobertas moleculares.

Como treinar a IA para fazer ciência

O experimento começou pela preparação da máquina para realizá-lo.

Os cientistas primeiro testaram quase 2,4 mil compostos,betano tudo sobretubosbetano tudo sobreensaio, para avaliá-los como possíveis matadores das células zumbis. Depois, alimentaram o software com os dados coletados.

Após ser treinada dessa forma, a IA foi utilizada para procurar pelos melhores candidatos a remédios contra o envelhecimento dentre maisbetano tudo sobre800 mil opções.

O robô consegue testar todas as alternativas, simultaneamente,betano tudo sobrebusca da droga mais eficiente. No jargão científico, nesta etapa, o experimento foi feito "em silício", ou seja, restrito ao ambiente digital.

Com a peneira, chegaram-se a 216 compostos. Desses, 25 apresentaram alta atividade senolítica, o que quer dizer que são muito eficientesbetano tudo sobrematar as células zumbis.

Novos experimentosbetano tudo sobrelaboratório reduziram então a lista a três potenciais drogas. Uma delas foi testadabetano tudo sobreum camundongobetano tudo sobre80 anos.

Os cientistas detectaram decaimentobetano tudo sobrebiomarcadoresbetano tudo sobreenvelhecimento, ou seja, no númerobetano tudo sobre"zumbis" nos rins do roedor.

Segundo Wong, isso "indica que o composto pode eficientemente reduzir o envelhecimentobetano tudo sobrecélulasbetano tudo sobreanimais vivos".

Por ora, as três soluçõesbetano tudo sobrefasesbetano tudo sobretestes são chamadasbetano tudo sobreBRD-K20733377, BRD-K56819078 e BRD-K44839765.

Siglas complicadas, que parecem saídasbetano tudo sobreetiquetasbetano tudo sobrefrascosbetano tudo sobreum laboratório. "Mas que um dia poderão permitir que todos vivamos por mais tempo ebetano tudo sobreforma mais saudável", ambiciona Wong.

Placa onde é feito teste

Crédito, Divulgação

Legenda da foto, Compostosbetano tudo sobrecélulas que foram testados pelos cientistas

Por que não testarbetano tudo sobrehumanos?

Na peneira realizada pela IA, um dos principais fatores avaliados era obetano tudo sobreprováveis efeitos colaterais dos medicamentos.

"Usamos computadoresbetano tudo sobreexperimentos biológicos faz maisbetano tudo sobrecinquenta anos, mas a IA avançoubetano tudo sobretal forma que, hoje, é possível realizar experimentos dessa escalas", afirma à BBC News Brasil a bióloga brasiliense Aline Martins.

Ela é pesquisadora do instituto The Scripps Research, na cidadebetano tudo sobreSan Diego, nos Estados Unidos, no qual realiza pesquisas utilizando inteligência artificial para procurar por biomarcadores mais eficientes (compostos biológicos capazesbetano tudo sobredetectar e, assim, ajudar a prevenir doenças).

Martins, que não está entre as autoras do estudo, entusiasmou-se com o trabalho do colega por ele "testarbetano tudo sobremuitas formas como milharesbetano tudo sobresubstâncias já existentes, com ativos descritos na literatura científica, podem ser reutilizadas com a funçãobetano tudo sobrecombater o envelhecimento".

Ela ainda ressalta que isso é "algo que seria impossível fazerbetano tudo sobrehumanos, ou no laboratório, sem utilizar esse ambiente do silício".

As células zumbis, as senescentes, não são necessariamente ruins para nossos corpos. Pelo contrário, pois elas atuam também como um mecanismo natural anti-câncer.

"Ao fazer as células danificadas pararembetano tudo sobrese dividir, esse processo reduz a chancebetano tudo sobrecélulas se descontrolarem e se tornarem cancerígenas", diz Felix Wong.

Contudo, as zumbis também levam ao envelhecimento e,betano tudo sobreefeito contínuo, a doenças como artrose, inflamações, ou mesmo cânceres.

"O que se procura hoje é por um senolítico balanceado, capazbetano tudo sobrefrear processosbetano tudo sobrenosso envelhecimento, mas sem causar efeitos ainda mais danosos e tóxicos no processo", ressalta Aline Martins.

Wong crê que podemos estar próximos desse achado.

"Seguimos os ritos da ciência. Esperamos eventualmente testarbetano tudo sobrehumanos, com o objetivobetano tudo sobreusar esses compostos para aumentar nossas expectativasbetano tudo sobrevida, ao eliminar subpopulaçõesbetano tudo sobrecélulasbetano tudo sobreenvelhecimento que nos são prejudiciais."

É o elixir da vida?

Pinturabetano tudo sobremulher caminhando

Crédito, Domínio público

Legenda da foto, Representaçãobetano tudo sobreChang'e, deusa da mitologia chinesa que voou para a Lua após tomar o elixir da vida e alcançar a imortalidade

Um antigo mito chinês, datado do século 2 a.C., narra a históriabetano tudo sobreum arqueiro, Hou Yi, que, após um feito heroico responsável por salvar seu povo, ganhou o elixir da vida da deusa Xiwangmu. A bebida seria capazbetano tudo sobrelhe conceder imortalidade.

Todavia,betano tudo sobreesposa, Chang’e, um dia tomou o coquetel divino para impedir que um ladrão o roubasse. Com isso, foi ela que alcançou a imortalidade e, na lenda, voou até a Lua, onde até hoje moraria.

Wong ebetano tudo sobreequipe estão no caminho da descoberta do elixir da vida?

O próprio cientista não acredita que seja o caso. "A senescência (o processobetano tudo sobreenvelhecimento das células) é só um dos aspectosbetano tudo sobreamadurecermos".

Por isso, segundo ele, essas drogas, mesmo que bem-sucedidas, não serão "a fonte da juventude".

"Para chegar a isso, teríamosbetano tudo sobrefocar tambémbetano tudo sobreoutros marcos do processo do envelhecimento, como o esgotamentobetano tudo sobrecélulas-tronco."

O objetivo é, portanto, achar caminhos não para a imortalidade, mas para termos vidas longevas e, ao mesmo tempo, saudáveis.

Até porque, tanto pelo pontobetano tudo sobrevista da Física quanto da Filosofia, a imortalidade é inalcançável.

Como disse o físico italiano Guido Tonelli recentemente à BBC News Brasil: "Nada é eterno, toda estruturabetano tudo sobrematéria, seja um humano, uma estrela, uma galáxia, é frágil intrinsecamente. Cedo ou tarde, tudo se acaba".