Cientistas congelam sêmenall up bet on sportsbetcorais para tentar salvar espécie da extinção no Brasil:all up bet on sportsbet

Corais na costa brasileira

Crédito, Enrico Marcovaldi/Divulgação

Legenda da foto, A Unesco projeta que os corais serão extintos da natureza até o fim deste século

"O aquecimento do oceano e o rápido desaparecimento dos recifes acenderam uma luz vermelhaall up bet on sportsbetque precisávamos fazer algo para tentar conservar a espécie. Estamos usando uma tecnologia conhecida como criobiologia (área nova da ciência que estuda os efeitosall up bet on sportsbetbaixas temperaturasall up bet on sportsbetcélulas, tecidos e organismos vivos)", explica Leandro Godoy, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e coordenador técnico do projeto.

O programa é encabeçado pelo Instituto Coral Vivo e financiado pela Fundação Grupo Boticárioall up bet on sportsbetProteção à Natureza.

Como congelar o sêmenall up bet on sportsbetcoral?

Colôniaall up bet on sportsbetcorais sofrendo processoall up bet on sportsbetbranqueamento

Crédito, Mari Lopes/Divulgação

Legenda da foto, O aquecimento do oceano faz com que os corais sofram um processoall up bet on sportsbetbranqueamento

A Mussismilia harttii, uma das espécies endêmicasall up bet on sportsbetcoral na costa brasileira, é um animal hermafrodita, ou seja, um mesmo indivíduo produz e expele tanto o espermatozoide quanto o óvulo necessários à reprodução.

Esse material é lançado dentroall up bet on sportsbetum invólucro (uma espécieall up bet on sportsbetcápsula)all up bet on sportsbetcercaall up bet on sportsbet1,5 centímetroall up bet on sportsbetdiâmetro, os gametas. Cada um desses "pacotinhos" jogados na água, como explica Godoy, contém bilhõesall up bet on sportsbetespermatozoides e centenasall up bet on sportsbetóvulos.

O sêmen dos corais pode sobreviver na água por até 22 horas — oall up bet on sportsbetmuitos peixes marinhos, por exemplo, vivemall up bet on sportsbet15 a 20 minutos, apenas. O espermatozoide precisa então encontrar um óvulo da mesma espécie para fecundá-lo, como na reprodução humana.

Quando isso ocorre, eles se transformamall up bet on sportsbetminúsculas larvas, que flutuam no oceano por alguns dias até encontrar uma superfície sólida para se fixar — local onde o coral vai se desenvolver e se espalhar ao longo da vida.

O pico reprodutivo da Mussismilia harttii acontece entre setembro e novembro, quando pesquisadores estão indo a campo para coletar algumas colôniasall up bet on sportsbetcoral no Parque Municipal Marinho do Recifeall up bet on sportsbetFora,all up bet on sportsbetPorto Seguro, litoral sul da Bahia.

A reprodução dos animais está associada à fase da lua nova. "Esse é um mistério da natureza: para a maioria das espéciesall up bet on sportsbetcorais do Oceano Pacífico e do Caribe, a desova acontece na fase da lua cheia. No hemisfério sul, ocorre na lua nova. Uma das possibilidades para explicar esse fenômeno é uma relação entre a desova e a amplitude e a oscilação da maré, o que facilitaria a dispersão das gametas.

Os corais coletados são levados para a baseall up bet on sportsbetpesquisas do Instituto Coral Vivo, tambémall up bet on sportsbetPorto Seguro, e mantidosall up bet on sportsbettanques com água do mar. Além da Mussismilia harttii, o projeto trabalha com outras duas espécies da costa brasileira — depois eles são devolvidos à natureza.

Óvulosall up bet on sportsbetcorais

Crédito, Leandro Godoy

Legenda da foto, Os gametas dos corais reúnem bilhõesall up bet on sportsbetespermatozoides e algumas centenasall up bet on sportsbetóvulos, como mostra a imagem

A equipeall up bet on sportsbetGodoy inicia o processoall up bet on sportsbetcongelamento dos gametasall up bet on sportsbetnitrogênio líquido, a uma temperaturaall up bet on sportsbet-196°C. Não é algo simples. "Não é só resfriar o material como quando a gente coloca alguma coisa no freezer. É preciso retirar toda a água dos espermatozoides e dos óvulos, porque,all up bet on sportsbetcaso contrário, os cristaisall up bet on sportsbetgelo que se formam podem destruir as células", explica Godoy.

Por ora, o sêmen congelado é enviado à Universidade Federal do Rio Grande do Sul, onde está sendo armazenado para posterior reprodução in vitro. Estudos preliminares apontaram que cercaall up bet on sportsbet30% dos espermatozoides sobreviveram ao descongelamento, uma taxa considerada alta.

"Estamos paralisando essas células no tempo. Nós conseguimos mantê-las vivas por tempo indeterminado. No momento oportuno, podemos trazê-lasall up bet on sportsbetvolta à vida para auxiliar na conservação dos corais", diz Godoy.

Por que os corais são importantes?

Os recifesall up bet on sportsbetcoral são conhecidos como "pequenas florestas tropicais do oceano",all up bet on sportsbetvirtudeall up bet on sportsbetsua beleza multicolorida e e importância vital para o meio ambiente.

Os recifes são um dos ecossistemas mais produtivos e biologicamente ricos da Terra. Segundo estudo do World Resources Institute (WRI), instituição globalall up bet on sportsbetpesquisa científica, eles se estendem por cercaall up bet on sportsbet250 mil quilômetros quadrados, uma porção minúscula do oceano. Porém, estima-se que 25%all up bet on sportsbettodas as espécies marinhas conhecidas usam os recifes como abrigoall up bet on sportsbetalgum momento da vida.

"Onde existem recifes há uma biodiversidade imensa. Quando eles estão doentes, muitas espécies desaparecem junto", explica a bióloga Janaína Bumbeer, especialistaall up bet on sportsbetciência e conservação da Fundação Grupo Boticárioall up bet on sportsbetProteção à Natureza.

"Eles têm a funçãoall up bet on sportsbetengenheiros, pois aumentam a complexidade do ambiente. Servemall up bet on sportsbetabrigo para muitas espécies, que se escondemall up bet on sportsbetpredadores, se alimentam e até se reproduzem dentro das estruturas dos recifes", diz Bumbeer.

A sobrevivência dos corais não é importante apenas para a biodiversidade do planeta, mas também para a economia e sobrevivência da populaçãoall up bet on sportsbetmuitos países, inclusive o Brasil.

Segundo o WRI, 850 milhõesall up bet on sportsbetpessoas no mundo vivem a menosall up bet on sportsbet100 kmall up bet on sportsbetum recifeall up bet on sportsbetcoral e são suscetíveisall up bet on sportsbet"obter benefícios dos serviços ecossistêmicos" produzidos por eles. Entre esses benefícios está a alimentação.

"As espéciesall up bet on sportsbetpeixes associadas a recifes são importantes fonteall up bet on sportsbetproteína (para a população), contribuindo com cercaall up bet on sportsbetum quarto do pesca total nos paísesall up bet on sportsbetdesenvolvimento,all up bet on sportsbetmédia", diz o estudo.

Além disso, os recifes são vitais para movimentar o turismoall up bet on sportsbetmuitos países tropicais, como o Brasil, atraindo mergulhadores, praticantesall up bet on sportsbetsnorkel e pescadores recreativos. "Maisall up bet on sportsbet100 países e territórios se beneficiam do turismo associado aos recifesall up bet on sportsbetcoral", aponta o WRI.

Por que os corais estão morrendo?

Momento da desova do coral couve-flor

Crédito, Leandro Santos/Divulgação

Legenda da foto, Momento da desova do coral couve-flor

Uma sérieall up bet on sportsbetproblemas afeta a sobrevivência dos corais. Para a maioria, o principal algoz é o aquecimento global.

Os corais são coloridos porque abrigam as zooxantelas, microalgas que grudam o tecido do animalall up bet on sportsbetuma relaçãoall up bet on sportsbetsimbiose (ambos se beneficiam desse encontro).

"Essas microalgas fazem fotossíntese, e o material químico produzido por esse processo serveall up bet on sportsbetalimento para os corais", explica Leandro Godoy.

Com o aquecimento acentuado do oceano nos últimos anos, o processoall up bet on sportsbetfotossíntese fica desregulado.

"Com a água mais quente, as algas passam a produzir um elemento tóxico para os corais. Então os corais 'expulsam' as algasall up bet on sportsbetseu tecido. É por isso que eles ficam brancos: a gente passa a enxergar o esqueleto branco do coral, pois o tecido dele, sem as algas, é transparente. Sem essa relaçãoall up bet on sportsbetsimbiose com as algas, eles acabam morrendo", diz Godoy.

Há inúmeras outras ameaças aos recifes, e elas podem variar dependendo da região. A pesca predatória, por exemplo, ameaça 55% dos corais do mundo, segundo estudo do WRI.

"O corais sofrem muito quando a pesca éall up bet on sportsbetarrasto, aquela com uma grande rede que chega ao fundo do mar arrastando tudo. Muitos são destruídosall up bet on sportsbetsegundos", explica a bióloga Janaína Bumbeer.

Há outros problemas apontados pelos cientistas, como vazamentosall up bet on sportsbetpetróleo, pisoteamento dos recifes por turistas, sujeira despejada por navios e a poluição da água do mar por faltaall up bet on sportsbetsaneamento básico nas cidades.

Política pública

Os pesquisadores envolvidos no congelamento do sêmen dos corais acreditam que o projeto pode ajudar a desacelerar a extinção dos recifes, alémall up bet on sportsbetser uma espécieall up bet on sportsbet"reservaall up bet on sportsbetemergência" caso a situação piore no futuro, como indicam as projeções.

"Provavelmente, algumas espéciesall up bet on sportsbetcoral serão extintas pois existem danos que não podem mais ser revertidos... Temos que aceitar que isso vai acontecer", diz Godoy. "Mas acredito que criar esse bancoall up bet on sportsbetgametas pode ser muito importante para ajudar a repovoar algumas regiões. É um empurrãozinho que a ciência dá para conservar a espécie."

Para Janaína Bumbeer, o congelamentoall up bet on sportsbetmaterial genético pode se transformarall up bet on sportsbetuma política pública no futuro.

"Acho que projetos como esse podem se traduzirall up bet on sportsbetpolítica pública pra tomadaall up bet on sportsbetdecisões. Não há mais tempoall up bet on sportsbetespera: os impactos ambientais são muito rápidos e visíveis. Temos potencial científico no Brasil, mas precisamos fazer nossa liçãoall up bet on sportsbetcasa e investirall up bet on sportsbetconservação", diz.

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