De Pinochet ao apartheid: Fidel nem sempre teve inimigos óbvios:roleta e deixar a sorte decidir

Pinochet e Fidel batem continência

Crédito, AFP

Legenda da foto, Pinochet (à esquerda) era comandante do exército quando Fidel visitou o Chile,roleta e deixar a sorte decidir1971

roleta e deixar a sorte decidir Os relatos da morte Fidel Castro invariavelmente mencionaram suas desavenças com Washington e o fatoroleta e deixar a sorte decidirter ficado às turras com 11 presidentes americanos. No entanto, a carreira política do ex-líder cubano ficou marcada também por embates não muito conhecidos do grande público.

Quatro grandes inimigos estão listados abaixo.

Augusto Pinochet

Talvez não haja figura que possa contrastar mais com o ícone esquerdista cubano. Se Castro simbolizou o socialismo na América Latina, Pinochet foi um porta-estandarte da direita. Em 1970, o Chile tinha se transformadoroleta e deixar a sorte decidiruma árearoleta e deixar a sorte decidirinteresse para Fidel após a eleição do marxista Salvador Allende como presidente, o que despertou a hostilidaderoleta e deixar a sorte decidirgovernos vizinhos,roleta e deixar a sorte decidirespecial os que viviam sob ditaduras militares.

Allende e Castro tornaram-se amigos. "Fidel investiu muito no Chile e uma vez esteve lá por maisroleta e deixar a sorte decidirum mês", disse à BBC Mundo, o serviçoroleta e deixar a sorte decidirespanhol da BBC, Frank Mora, diretor do Centro Latino-Americano e do Caribe da Universidade FIU,roleta e deixar a sorte decidirMiami.

Foi com uma metralhadora dadaroleta e deixar a sorte decidirpresente pelo cubano que o chileno tentou se defender durante o golpe militarroleta e deixar a sorte decidir11roleta e deixar a sorte decidirsetembro,roleta e deixar a sorte decidir1973, quando foi morto dentro da sede do governo. O episódio marcou a ascensãoroleta e deixar a sorte decidirPinochet, que governou o Chile até 1990.

Pinochetroleta e deixar a sorte decidir1973

Crédito, AFP

Legenda da foto, Pinochet se tornou uma espécieroleta e deixar a sorte decidirnêmesis ideológicaroleta e deixar a sorte decidirFidel

"De um dia para o outro, um aliado e amigo desaparece, e uma ditadura militar anticomunista se instaura e rechaça qualquer relação com Havana", explica Mora, que foi subsecretárioroleta e deixar a sorte decidirDefesa dos EUA entre 2009 e 2013.

O governo Pinochet eroleta e deixar a sorte decidirsangrenta repressão inspiraram o combate às ideiasroleta e deixar a sorte decidiresquerda na América Latina e muitos castristas no continente encontraram no general chileno a personificaçãoroleta e deixar a sorte decidirseus rancores. Na direita, os muitos admiradores do general aceitaram suas ações com o argumentoroleta e deixar a sorte decidirque era "necessário" livrar seus paísesroleta e deixar a sorte decidirum Fidel.

É difícil dizem quer foi mais influente na América Latina. Castro durou mais tempo no poder que Pinochet, apeado da presidência por um plebiscito- morreu desacreditado,roleta e deixar a sorte decidir2006, quando estava prestes a ser preso. E o cubano foi uma figuraroleta e deixar a sorte decidirpoder na ilha mesmo depoisroleta e deixar a sorte decidirentregar o cargoroleta e deixar a sorte decidirpresidente para o irmão, Raul,roleta e deixar a sorte decidir2008.

Porém, o modeloroleta e deixar a sorte decidirsociedade marxista que Fidel sonhou estender pelo continente jamais deixou as fronteirasroleta e deixar a sorte decidirCuba, ao passo que boa parte da América Latina ainda é fiel às políticas econômicas ortodoxas inspiradas por Pinochet.

Betancourt cumprimenta John e Jacqueline Kennedyroleta e deixar a sorte decidir1962

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Betancourt ajudou a articular o isolamento diplomáticoroleta e deixar a sorte decidirCuba

Organização dos Estados Americanos (OEA)

Um dos momentos mais difíceisroleta e deixar a sorte decidirFidel no poder ocorreuroleta e deixar a sorte decidir21roleta e deixar a sorte decidirjaneiroroleta e deixar a sorte decidir1962, quando a OEA, reunidaroleta e deixar a sorte decidirPunta del Este, no Uruguai, decidiu, por 14 votos a um, expulsar Cuba da organização. A decisão expôs o isolamento diplomático ao qual Cuba ficaria submetido pelas décadas seguintes, e um dos protagonistas do episódio foi o então presidente da Venezuela, Romulo Betancourt, cujo governo propôs a sanção.

Comunista nos temposroleta e deixar a sorte decidirjuventude, Betancourt chegara ao poder por um golpe militar,roleta e deixar a sorte decidir1945, e governou até 1958, quando foi eleito pelo partidoroleta e deixar a sorte decidircentro-esquerda Ação Democrática. Neste mandato, enfrentou guerrilhasroleta e deixar a sorte decidiresquerda e acusou Fidelroleta e deixar a sorte decidirarmar os rebeldes.

"Havia um consenso nas Américas que Cuba, por contaroleta e deixar a sorte decidirsua aliança com a União Soviética, representava uma ameaça aos interessesroleta e deixar a sorte decidirmuitos países", explica Frank Mora.

O mandatário venezuelano representou, para muitos, a oposição continental à revolução cubana. E apesarroleta e deixar a sorte decidirmuitos esquerdistas latino-americanos criticarem as sanções a Cuba, vendo-as como uma subordinação aos interesses dos EUA, outros a viram com uma reação à natureza autoritária do governo cubano.

"Betancourt era um presidente comprometido com a democracia. Teve seus problemas também com a ditadura (de direita)roleta e deixar a sorte decidirRafael Trujillo na República Dominicana. Ele não distinguia entre uma ditaduraroleta e deixar a sorte decidiresquerda e direita", completa o especialista americano.

Fidel participaroleta e deixar a sorte decidirsolenidaderoleta e deixar a sorte decidirhomenagem a soldados cubanos mortos na África

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Fidel interveioroleta e deixar a sorte decidirconflitos africanos, enviando milharesroleta e deixar a sorte decidirsoldados cubanos

O regime do apartheid na África do Sul

Fidel promoveu a intervençãoroleta e deixar a sorte decidirtropas cubanasroleta e deixar a sorte decidirconflitos na África como uma cruzada pessoal, assegurando que seu exército ajudaria causas percebidas como anti-imperialistas e antidiscriminatórias. Não mediu esforços, enviando dezenasroleta e deixar a sorte decidirmilharesroleta e deixar a sorte decidirsoldados para campanhas, despertando admiração entre os africanos, mas gerando controvérsiaroleta e deixar a sorte decidirCuba.

A presença cubana foi especialmente marcante na Guerra Civilroleta e deixar a sorte decidirAngola, iniciada com a independênciaroleta e deixar a sorte decidirPortugal,roleta e deixar a sorte decidir1975. O governo da vizinha África do Sul, então ainda vivendo sob regimeroleta e deixar a sorte decidirdiscriminação racial, o apartheid, apoiou a guerrilharoleta e deixar a sorte decidirdireita UNITA, ao passo que Fidel enviou 36 mil soldados cubanos para apoiar a marxista MPLA.

As tropas cubanas ficaram no país por 15 anos e,roleta e deixar a sorte decidir1987, no povoadoroleta e deixar a sorte decidirCuito Cuanavale, protagonizaram a batalha mais ferrenharoleta e deixar a sorte decidirsolo africano desde a Segunda Guerra Mundial. Pelo menos 13 mil pessoas morreram ou ficaram feridas. Para alguns analistas, a intervenção cubana evitou a formaçãoroleta e deixar a sorte decidirum governo pró-África do Sulroleta e deixar a sorte decidirAngola e também ajudou a enfraquecer o apartheid. Um pontoroleta e deixar a sorte decidirvista expressado por ninguém menos que Nelson Mandela.

"A derrota do exército racista deu a Angola a possibilidaderoleta e deixar a sorte decidirdesfrutar da paz e consolidarroleta e deixar a sorte decidirsoberania... e desmoralizou o regime racista branco da África do Sul, inspirando a luta contra o apartheid. Sem Cuito Cuanavale, isso jamais teria acontecido", disse Mandela durante uma visita a Cuba,roleta e deixar a sorte decidir1991.

Fidel e García Marquezroleta e deixar a sorte decidirsolenidade

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, O escritor colombiano Gabriel García Márquez foi um dos poucos grandes intelectuais latino-americanos que se manteve fiel a Fidel

Intelectuais latino-americanos

Poucas pessoas contribuíram mais para a construção do mito Fidel Castro que os intelectuais latino-americanos. Durante uma década, ele contou com a idolatria geralroleta e deixar a sorte decidirescritores e comentaristas. No entanto, castristas desiludidos se transformaramroleta e deixar a sorte decidiralgunsroleta e deixar a sorte decidirseus mais veementes críticos e ajudaram a derrubar a imagem positivaroleta e deixar a sorte decidirseu regime no continente.

O pontoroleta e deixar a sorte decidirruptura, para muitos, foi a prisão,roleta e deixar a sorte decidir1971, do poeta cubano Heberto Padilla, que criticara Fidel. Pesos-pesados da literatura continental, como Carlos Fuentes e Mário Vargas Llosa, condenaram o governo cubano, uma reação que também veioroleta e deixar a sorte decidirnomes importantes da esquerda europeia, como o filósofo francês Jean-Paul Sartre.

A nata da intelectualidade latino-americana se afastouroleta e deixar a sorte decidirFidel. Em especial Llosa, que ficou conhecido pela guinada para a direita com que quase chegou à presidência do Peru,roleta e deixar a sorte decidir1990.