O lugar onde ainda se fala a língua asteca:brabet tigre
Milpa Alta ("Milharal Alto",brabet tigretradução livre) não poderia ser mais diferente da cidade cheiabrabet tigrepoluição a que pertence formalmente e que negligenciabrabet tigrelocalização na encosta da montanha. Embora seja oficialmente uma das 16 "demarcações territoriais" da Cidade do México (forma pela qual a capital mexicana é dividida administrativamente e antes chamadabrabet tigre"delegações"), permanece pouco visitada.
Turistas estrangeiros são raramente vistos por ali. E, mesmo com o passar dos anos, a população local mantém vivas tradições centenárias.
Falar a náuatle, a língua do império asteca, e usar o milpa, o sistemabrabet tigrerotaçãobrabet tigreculturas pré-colombiano, são algumas delas. Metade da áreabrabet tigreMilpa Alta ainda é coberta por florestas e as terras ainda são, embrabet tigremaioria, livresbrabet tigrepesticidas, irrigadas por chuvas e lavradas por cavalos.
Insetos e vários tiposbrabet tigremilho (incluindo variedades azuis e vermelhas) ainda fazem parte da dieta desta região que produz uma grande quantidadebrabet tigrealimentos para a capital, assim como fez para os habitantesbrabet tigreTenochtitlán (a antiga cidade-sede dos astecas, onde agora se localiza a área central da Cidade do México) há maisbrabet tigre500 anos.
Oásis na região da capital
De todas as "demarcações territoriais" da Cidade do México, Milpa Alta é a mais verde e menos povoada. É uma terrabrabet tigreflorestas e campos, e nãobrabet tigrefavelas que brotambrabet tigremeio ao concreto, tão presentes na capital mexicana.
Apesar da estrada ser relativamente nova, chegar a Milpa Alta requer esforço. O congestionamentobrabet tigreXochimilco, a delegação vizinha, faz com que seja longa a viagembrabet tigreônibus tanto da estaçãobrabet tigretrembrabet tigreXochimilco quantobrabet tigreTasqueña, a estaçãobrabet tigremetrô mais ao sul da cidade e seu centrobrabet tigretransporte.
Demorei duas horas para chegar a Milpa Alta. Mas, à medidabrabet tigreque me aproximava, via sinaisbrabet tigreque a viagem havia valido a pena. O trânsito se dissipou, o ar ficou menos pesado, o ônibus se esvaziou lentamente e as montanhas que são muitas vezes invisíveis da zona central da capital mexicana,brabet tigrerepente, pairavam sobre mim.
Ali, encontrei Galícia-Silva, um historiador e professor mesoamericano. Ele usava um suéter vermelho e uma boina preta quando abriu a portabrabet tigresua casa para mim. Galícia-Silva acabarabrabet tigredar uma aula gratuitabrabet tigrenáuatle para moradores locais.
É a forma que ele encontrou para ajudar a manter viva a línguabrabet tigreseus ancestrais. Galícia-Silva falava espanhol rápido, sorria com frequência e movimentava-se devagar. Convidou-me para acompanhá-lo ao jardim. Falou com orgulhobrabet tigreseus avós ebrabet tigresua cidade natalbrabet tigreSanta Ana Tlacotenco,brabet tigreMilpa Alta.
"Não sinto que sou parte da cidade", disse ele enquanto comíamos carambola, goiaba e uvas plantadas ali, movendo nossas cadeirasbrabet tigreplástico para escapar do sol escaldante do verão. "A cidade começabrabet tigreXochimilco e segue para o norte. Soubrabet tigreMilpa Alta. Se encontrar alguémbrabet tigreMilpa Alta enquanto estou na cidade, perguntamos um ao outro quando voltamos para casa. Há um sentimentobrabet tigreirmandade aqui", explica.
Milpa Alta, combrabet tigreantiga língua e costumes, é autossuficiente há milênios. As florestas são o larbrabet tigreveados, coelhos e até mesmo cogumelos alucinógenos que Galícia-Silva diz que podem fazer você "enlouquecer" se não forem cozidos corretamente. Muitos dos moradoresbrabet tigreMilpa Alta trabalham produzindo mole, e a região produz 90% do mole consumido na Cidade do México.
Transmissão da cultura
Tradições mesoamericanas ainda permanecem vivas, tais como temascals realizados por xamãs (um banhobrabet tigresuor indígena dentrobrabet tigreuma cabanabrabet tigreadobe que teria supostamente propriedades curativas e espirituais).
Moradores locais também se orgulhambrabet tigresuas festividades, incluindo uma festivalbrabet tigreverãobrabet tigrecada um dos seus 12 pueblos (povoados). A maioria deles inclui danças tradicionais, peregrinações religiosas e mayordomías (a custódiabrabet tigreum ícone religioso embrabet tigrecasa e a realizaçãobrabet tigreuma festa para a comunidade).
O Dia dos Mortos, comemorado entre 1º e 2brabet tigrenovembro, um feriado que mistura tradições indígenas e católicas, é celebradobrabet tigreforma diferente aqui: moradores vão ao cemitério no dia 29brabet tigresetembro para "convidar" formalmente os mortos para as casas dos vivos. Sem esse convite, eles dizem que os espíritos não se juntarão às suas famílias.
Quando o feriado chega, as fogueiras são feitas forabrabet tigrecada casa,brabet tigretorno do qual toda a família se reúne para comer tamales - um prato pré-hispânico, feito com massabrabet tigremilho e geralmente carne, depois cozido no vaporbrabet tigreuma cascabrabet tigremilho.
Ao caminhar pelas ruas íngremes e sinuosas dos povoados, você provavelmente será convidado para uma conversa, um poucobrabet tigrepulque picante (néctarbrabet tigreagave fermentado) ou um tlacoyo fresco (uma tortillabrabet tigremassabrabet tigremilho recheada com queijo, feijão ou carne e coberto com nopal, queijo e salsa).
As pessoas daqui dependem umas das outras e todos se conhecem pelo nome. Você ouvirá palavrasbrabet tigrenáuatle com frequência, embora o futuro da língua seja incerto há anos.
"Minha avó nasceu na décadabrabet tigre1920 e só falava náuatle", diz Galicia-Silva. "A mãe dela, minha bisavó, dizia que ela precisava ensinar seus filhos a falar espanhol, não náuatle. Meu pai foi a última geração que aprendeu náuatle na escola. Hojebrabet tigredia, não é mais a língua da comunicação", acrescenta.
De acordo com o historiador, na décadabrabet tigre1980, gruposbrabet tigreprofessores e membros da comunidadebrabet tigreMilpa Alta propuseram ao governo da cidade que tornasse obrigatório o ensinobrabet tigrenáuatlebrabet tigreescolas públicas.
Mas as autoridades afirmaram que os estudantes deveriam aprender espanhol como língua nativa, e inglês, francês ou alemão como segundo idioma, para aumentar as perspectivas futurasbrabet tigreemprego e educação.
Discriminação e resistência
Ao longo da história colonizada do México, falar uma língua indígena era motivobrabet tigrediscriminação, ainda presente até hoje. Galícia-Silva lembra-sebrabet tigreter sido perguntado embrabet tigreuniversidade se ele era indígena.
Seu pai sempre lhe dissera que eles eram uma famíliabrabet tigreagricultores: a palavra "índio" nunca fez partebrabet tigreseu vocabulário. Hoje, o historiador se identifica com orgulho como indígena; especificamente, como Nahua.
E há mais exemplosbrabet tigreresgatebrabet tigreidentidade local. Subindo a ladeira a partir da casa da Galícia-Silva, está a casa do artista José Ortiz Rivera, onde ele e Oswaldo Galícia Calderón, ambos professoresbrabet tigrenáuatle, dão aula voluntariamente a familiares e vizinhos. A esperança deles é manter a língua viva entre as gerações mais jovens.
"Meus pais falavam náuatle e agora se foram", diz Victor Ortiz, irmão mais novobrabet tigreJosé e naturalbrabet tigreMilpa Alta. Seu irmão havia passado mais tempo com seus pais e avós que falavam náuatle, e agora ele quer aprender também. "Sinto que é uma obrigação; tanto para resgatar minha identidade quanto pertencer a essa comunidade", explica.
Enquanto isso, a população da delegação está crescendo rapidamente com pessoasbrabet tigrefora da comunidade Nahua, algo que preocupa Galícia-Silva quanto às áreas verdes e ao estilobrabet tigrevida.
"Quer queiramos ou não, estamosbrabet tigreum mundo globalizado e isso não vai mudar", disse ele, acrescentando que o rejuvenescimento da língua e da cultura indígenas pode ajudar a desmantelar cinco séculosbrabet tigreopressão e exploração. "Isso significa que temos que fazer estudos profundos da nossa língua e da nossa história. Ainda estamos longebrabet tigreuma descolonização do nosso pensamento, mas estamos no caminho".
Saíbrabet tigreMilpa Alta com a barriga cheia e o coração animado com a hospitalidade dos desconhecidos. Na viagembrabet tigreônibusbrabet tigrevolta, pensei nos grandes avanços que Milpa Alta está fazendo para recuperarbrabet tigreidentidade e como, apesarbrabet tigrefazer parte desta megalópole movimentada, ainda se sente a um mundobrabet tigredistância.
- brabet tigre Leia a versão original desta matéria (em inglês) brabet tigre no site da BBC Travel