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'Mamihlapinatapai', a romântica palavra 'mais sucinta do mundo'vai de bet sinaislíngua quase extinta da Terra do Fogo:vai de bet sinais
O ato, celebrado sempre no dia 25vai de bet sinaisnovembro, reproduz o costume yaganvai de bet sinaisacender três fogueiras. No passado, eles faziam isso para anunciar a chegadavai de bet sinaisuma baleia ou avisar que o banquetevai de bet sinaispeixe estava pronto. Enviar sinaisvai de bet sinaisfumaça era uma maneiravai de bet sinaisconvocar toda a tribo - eles tinham o hábitovai de bet sinaiscompartilhar alimentos e fazer refeições coletivas ao longo da praia.
"A importância do fogo vai alémvai de bet sinaistrazer calor para uma região tão hostil", conta Victor Vargas Filgueira, guia yagan do Museu do Fim do Mundo,vai de bet sinaisUshuaia.
"Ele serviuvai de bet sinaisinspiração para muitas coisas", completa.
É o casovai de bet sinaisuma palavra que ganhou admiradores e deu asas à imaginação. Mamihlapinatapai vem da quase extinta língua yagan. E,vai de bet sinaisacordo com a interpretação do próprio Vargas, significa "o momentovai de bet sinaisreflexãovai de bet sinaisvolta do pusakí (fogo,vai de bet sinaisyagan), quando os avós transmitem suas histórias para os jovens. É aquele instantevai de bet sinaisque todos estão quietos".
Mas, desde o século 19, a palavra ganhou um sentido diferente, com o qual pessoas do mundo inteiro se identificam.
A descoberta da Terra do Fogo por Fernãovai de bet sinaisMagalhães incentivou outras viagensvai de bet sinaislonga distância para a região. Na décadavai de bet sinais1860, o missionário e linguista britânico Thomas Bridges estabeleceu uma missãovai de bet sinaisUshuaia. Ele passou 20 anos vivendo no meio dos yagans e compilou cercavai de bet sinais32 mil palavras e inflexões da línguavai de bet sinaisum dicionário Yagan-Inglês.
A traduçãovai de bet sinaismamihlapinatapai, que difere da interpretaçãovai de bet sinaisVargas, foi apresentadavai de bet sinaisum ensaiovai de bet sinaisBridges assim:
"Olhar um para o outro, esperando que se ofereça para fazer algo, que ambas as partes desejam muito, mas não estão dispostas a fazer."
"O dicionáriovai de bet sinaisBridges registra ihlapi como awkward (estranho), do qual pode derivar ihlapi-na ('sentir-se estranho'); ihlapi-na-ta ('fazer com que se sinta estranho'); e mam-ihlapi-na-ta-pai (algo como 'fazer um ao outro se sentir estranho',vai de bet sinaistradução literal)", aponta Yoram Meroz, um dos poucos linguistas que estudaram o idioma yagan.
"(A traduçãovai de bet sinaisBridges) é mais uma tradução idiomática ou livre", acrescenta.
A palavra não aparece, no entanto, no dicionáriovai de bet sinaisBridges. Talvez porque fosse raramente usada, ou possivelmente porque ele planejava incluir o termo na terceira edição da publicação,vai de bet sinaisque estava trabalhando antesvai de bet sinaismorrervai de bet sinais1898.
"Pode ser que ele tenha ouvido a palavra uma ou duas vezes naquele contexto específico e foi assim que registrou, porque não estava cientevai de bet sinaisseu significado mais geral. Ou porque era usada apenas nesse sentido mais específico que ele cita", avalia o linguista.
"Bridges aprendeu yagan melhor do que qualquer europeu até hoje. Mas às vezes era chegadovai de bet sinaisdar exotismo à linguagem e ser muito prolixovai de bet sinaissuas traduções", ressalta.
Precisa ou não, a traduçãovai de bet sinaismamihlapinatapaivai de bet sinaisBridges gerou um fascínio generalizado pela expressão que continua até hoje.
"O termo se popularizou por causavai de bet sinaisBridges e foi citado diversas vezesvai de bet sinaismateriaisvai de bet sinaisinglês", conta Meroz.
Em muitas interpretações, a palavra passou a significar um olhar entre possíveis amantes. Na internet,vai de bet sinaisdefinição é ligeiramente diferente: "olhar trocado entre duas pessoas, no qual cada um espera que o outro tome a iniciativavai de bet sinaisalgo que os dois desejam, mas nem um nem outro quer começar".
A arte, o cinema, a música, a poesia e a literatura se encantaram com o romantismo aparentemente implícito na palavra - evai de bet sinaissuposta capacidadevai de bet sinaiscaptarvai de bet sinaisforma concisa uma interação humana complexa. Em 1994, o Livro Guinnessvai de bet sinaisRecordes, listou mamihlapinatapai como a palavra mais sucinta do mundo.
"O significado é muito bonito", afirma uma menina no documentário colaborativo A Vidavai de bet sinaisum Dia (2011), que retrata um único dia na Terra.
"Pode ser, talvez, dois líderes tribais ansiando pela paz, mas não querendo dar o primeiro passo. Ou duas pessoasvai de bet sinaisuma festa querendo se aproximar uma da outra, e nenhuma é suficientemente corajosa para tomar a iniciativa."
Mas o que mamihlapinatapai realmente significava para os yagans provavelmente continuará sendo um mistério. Aos 89 anos, Cristina Calderon é a última pessoa fluentevai de bet sinaisyagan, um idioma isolado cujas origens permanecem desconhecidas. Nascida na ilha chilenavai de bet sinaisNavarino, ao longo do Canalvai de bet sinaisBeagle, que banha a cidade argentinavai de bet sinaisUshuaia, ela só aprendeu espanhol a partir dos nove anos.
Meroz recorreu diversas vezes a Calderon para traduzir gravações e textosvai de bet sinaisyagan. Mas quando perguntou a respeitovai de bet sinaismamihlapinatapai, ela não reconheceu a palavra.
"Durante a maior parte da vida, ela não teve muita gente com quem conversarvai de bet sinaisyagan", pondera o linguista.
"Então, se ela não se lembra desse termovai de bet sinaisparticular, não quer dizer muita coisa."
Será que essa palavra tão complexa se tornará a única sobreviventevai de bet sinaisuma língua que está morrendo?
"Ela costumava ser chamadavai de bet sinaislíngua moribunda", diz Meroz.
"Acho que hojevai de bet sinaisdia as pessoas se refeririam a elavai de bet sinaistermos mais otimistas, especialmente os próprios yagans. Há espaço para revitalização. "
Calderon e a neta, Cristina Zarraga, coordenaram oficinasvai de bet sinaisyaganvai de bet sinaisPuerto Williams, capital da Ilha Navarino, pertovai de bet sinaisVilla Ukika,vai de bet sinaiscidade natal. Os filhosvai de bet sinaisCalderon foram a primeira geração a crescer falando espanhol, uma vez que quem falava yagan era ridicularizado naquela época. Mas o governo chileno encorajou recentemente o uso e a preservaçãovai de bet sinaisidiomas nativos - e o yagan passou a ser ensinado nos jardinsvai de bet sinaisinfância locais.
"É bom ter alguém nativo para fazer perguntas", diz Merozvai de bet sinaisrelação a Calderon.
"E sempre haverá mais perguntas a serem feitas."
Muitas complexidades da língua yagan remontam à forma como o estilovai de bet sinaisvida daquela comunidade estava ligado à natureza. Meroz se recorda da descriçãovai de bet sinaisCalderon sobre o voo dos pássaros - ela usou um verbo para se referir a uma única ave e outro mencionar um bando. Da mesma forma, existem palavras distintas para "lançar" uma ou várias canoas ao mar. E termos diferentes para "comer":
"Uma palavra genérica para comer, uma específica para comer peixe e outra para comer marisco", cita Meroz.
No século 19, à medida que o contato entre europeus e yagans se tornava mais frequente, novas doenças dizimaram a população - e o povo indígena perdeu grande partevai de bet sinaissuas terras para colonos.
O bisavô do guia Vargas Filgueira, Asenewensis, fez parte da última geraçãovai de bet sinaisyagans a vivervai de bet sinaistribos, procurando alimento a bordovai de bet sinaiscanoas nas águas geladas do mar e buscando calor e união ao redor do fogo. De diversas formas, ele foi inspiração para o livro Mi Sangre Yagán ("Meu sangue yagan",vai de bet sinaistradução livre),vai de bet sinaisautoria do bisneto.
O autor se lembravai de bet sinaisouvir os anciãosvai de bet sinaissua família falando o idioma.
"Eu observava os yagans mais velhos conversando, cortando as palavras com o silêncio."
"Eles falavam devagar, com pausas, fazendo pouco som. Com poucas palavras, nós falamos muito", diz.
Ele costuma visitar os lugaresvai de bet sinaisque seus antepassados se reuniam, ao longo da costavai de bet sinais240 quilômetros do Canalvai de bet sinaisBeagle, que separa Ushuaia da Ilha Navarino. O canal é cortado pelo vento e salpicadovai de bet sinaisilhas rochosas repletasvai de bet sinaisvida marinha selvagem.
Pinguins-de-Magalhãesvai de bet sinaislistras negras e pinguins-gentoovai de bet sinaisbico laranja saracoteiam nas margens da Reserva Yécapasela, na Ilha Martillo, completamente alheios aos visitantes. Leões-marinhos e lobos-marinhos se refastelam na costa escarpada.
Nos acampamentos ao redorvai de bet sinaisUshuaia, Vargas Filgueira tem o hábitovai de bet sinaisacender fogueiras e experimentar o que ele acredita ser o genuíno mamihlapinatapai.
"É o que eu senti muitas vezes com meus amigos nas profundezas da natureza, perto do fogo", conta.
"Estamos falando e,vai de bet sinaisrepente, acontece um silêncio. Esse é o momento mamihlapinatapai."
vai de bet sinais Leia a versão original desta reportagem vai de bet sinais (em inglês) no site BBC Travel vai de bet sinais .
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