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As cenas da vida na 2ª Guerra Mundial escondidas sob as ruas1 blazeNápoles:1 blaze
Batizada1 blazeGalleria Borbonica, foi construída por Fernando 2º das Duas Sicílias, que, temendo uma revolução, precisava1 blazeuma passagem subterrânea grande o suficiente para permitir que tropas e cavalos conseguissem ir do Palácio Real para os quartéis.
Carros e esquecimento
No início dos anos 30, os túneis foram usados como depósito para carros e lambretas contrabandeados e apreendidos, já que havia pouco espaço disponível na lotada cidade.
Os corredores e as câmaras acabaram servindo como abrigo antiaéreo durante a Segunda Guerra Mundial, antes1 blazeserem lacrados, do início dos anos 50, para serem esquecidos para sempre.
Mas1 blaze2012, Tonino Persico, um homem1 blaze90 anos que se lembrava vividamente das noites passadas nos abrigos subterrâneos durante o confronto, entrou1 blazecontato com o geólogo Gianluca Minin, que liderava uma escavação no local.
Persico o alertou sobre a existência1 blazeum bunker sob o Palazzo Serra di Cassano, localizado atrás da Piazza del Plebiscito.
Minin e1 blazeequipe levaram três anos para retirar escombros do local. Em dezembro1 blaze2015, o museu da Galleria Borbonica lançou o tour Via delle Memorie ("Rua das Memórias") para homenagear a vida daqueles que buscaram refúgio no local.
Umidade e podridão
Paolo Sola, um dos fundadores do museu, me levou para um passeio pelos túneis mal iluminados.
O ar é impregnado com uma malcheirosa mistura1 blazeumidade, podridão e até urina. Conforme caminhamos sobre a poeira compactada, passamos por pequenas alcovas lotadas1 blazelanternas, pás e outras ferramentas1 blazeescavação - ainda há muito trabalho a ser feito por aqui.
Em alguns momentos, o labirinto1 blazetúneis se abre1 blazeestreitos corredores1 blazepedra, que no passado levavam água para as cisternas do palácio.
Finalmente, descemos mais um lance1 blazeescadas e chegamos ao antigo abrigo antiaéreo.
Durante a guerra, as escadas ficavam às escuras e, com a agitação da multidão, não havia garantias1 blazese chegar até ali1 blazesegurança.
Um dos sobreviventes, o professor Aldo De Gioia, relata um trágico episódio que ele presenciou: "Eu conhecia uma linda menina chamada Edina,1 blazeolhos verdes e cabelos castanhos, que, na pressa para entrar no abrigo, acabou sendo atirada da escada e foi rolando até morrer".
Sola me pergunta se eu quero ouvir o barulho da sirene antiaérea. Claro! Uma coisa é escutar esse som1 blazeum filme, mas presenciá-lo fez meu peito apertar com uma sensação1 blazepavor.
"Quando aviões inimigos eram avistados desde Salerno e das ilhas1 blazeIschia e Capri, a sirene era tocada três vezes", explica o geólogo.
"Isso significava que os aviões estavam a caminho e que os moradores tinham 15 minutos para chegar aos abrigos. Aqui está o telefone usado pela pessoa responsável pelas comunicações."
Eu noto uma vitrine com uma antiga ampola e uma agulha enferrujada que foram encontradas durante as escavações.
Segundo Sola, muitas pessoas ficavam feridas na superfície ou enquanto se dirigiam ao abrigo - elas recebiam cuidados médicos naquele espaço restrito e escuro, mas havia poucos remédios disponíveis.
Muitos também sofriam com doenças e má nutrição, já que o porto e as estradas1 blazeacesso a Nápoles foram bombardeadas e os alimentos que conseguiam chegar à cidade iam diretamente para o mercado negro.
O aqueduto foi explodido - não havia água limpa - e o fornecimento1 blazeenergia também foi cortado.
Fogões e bonecas
Tragicamente, milhares1 blazenapolitanos perderam suas casas nos bombardeios e tiveram que morar nos abrigos indefinidamente.
Os locais eram equipados com banheiros, que tinham chuveiros. Em um espaço adjacente, havia uma área semifechada com três paredes, onde as pessoas dormiam.
Quando os especialistas começaram a escavar os túneis, eles encontraram fogões portáteis, jarros1 blazemetal enferrujado, panelas escurecidas, carrinhos1 blazeboneca, móveis embolorados e outros indícios1 blazeque as pessoas estavam tentando criar alguma semelhança à vida normal nesse lugar escuro, úmido e frio.
A aspereza desse sofrimento é palpável.
Mas nem sempre a vida era tão ruim. Enquanto mulheres e homens inválidos se preocupavam e velavam por seus parentes nos campos1 blazebatalha, as crianças encontravam maneiras1 blazepassar o tempo.
"Costumávamos brincar1 blazeesconde-esconde, mas muitas vezes acabávamos nos perdendo", lembra De Gioia.
"Às vezes, alguém começava a cantar (a clássica canção napolitana) O Sole Mio."
"A música é uma ótima maneira1 blazeliberar o sofrimento", lembra o sobrevivente.
- 1 blaze Leia a versão original desta reportagem 1 blaze (em inglês) no site da BBC Travel 1 blaze .
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