O que aconteceria se todas as árvores do mundo desaparecessem?:aposta minima na betano

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Legenda da foto, Árvores ajudam a resfriar o clima local, e, sem elas, as temperaturas logo começariam a subir

Desde que nossa espécie começou a praticar agricultura, há cercaaposta minima na betano12 mil anos, derrubamos quase metade das 5,8 trilhõesaposta minima na betanoárvores que existiam então,aposta minima na betanoacordo com um estudoaposta minima na betano2015 publicado na revista Nature.

Grande parte do desmatamento aconteceuaposta minima na betanoanos relativamente recentes. Desde o início da era industrial, as florestas foram reduzidasaposta minima na betano32%. Especialmente nos trópicos, os 3 trilhõesaposta minima na betanoárvores restantes do mundo estão sumindo rapidamente, com cercaaposta minima na betano15 bilhõesaposta minima na betanoexemplares derrubados a cada ano, afirma o estudo da Nature.

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Legenda da foto, Houve maisaposta minima na betano70 mil incêndios florestais na Amazônia brasileiraaposta minima na betano2019

Em muitos lugares, a perdaaposta minima na betanoárvores está se acelerando. Em agosto, o Instituto Nacionalaposta minima na betanoPesquisas Espaciais (Inpe) apontou ter ocorrido neste ano um aumentoaposta minima na betano84% nos incêndios na Floresta Amazônica brasileiraaposta minima na betanocomparação com o mesmo períodoaposta minima na betano2018. A Bolívia também enfrenta queimadasaposta minima na betanogrande gavidade. O corte e a queima também estãoaposta minima na betanoascensão na Indonésia e Madagascar.

Exceto por uma catástrofe inimaginável, não há cenárioaposta minima na betanoque as árvores do planeta seriam extintas. Mas imaginar um mundo distópico, no estiloaposta minima na betanoMad Max, no qual todas morreram repentinamente pode nos ajudar a avaliar o quão perdidos estaríamos sem elas.

"Árvores são insubstituíveis", diz Isabel Rosa, professoraaposta minima na betanoanálises ambientais na Universidadeaposta minima na betanoBangor, no Paísaposta minima na betanoGales. "Sem elas, o planeta talvez não consiga mais nos sustentar".

Extinçõesaposta minima na betanomassa

Se as árvores desaparecessem da noite para o dia, o mesmo ocorreria com grande parte da biodiversidade do planeta.

A perdaaposta minima na betanohabitat já é o principal fatoraposta minima na betanoextinção no mundo, portanto, a destruiçãoaposta minima na betanotodas as florestas remanescentes seria "catastrófica" para plantas, animais, fungos e muito mais, diz Jayme Prevedello, ecologista da Universidade Estadual do Rioaposta minima na betanoJaneiro. "Haveria extinçõesaposta minima na betanomassaaposta minima na betanotodos os gruposaposta minima na betanoorganismos, local e globalmente".

A ondaaposta minima na betanoextinções iria além das florestas, acabando com a vida selvagem que dependeaposta minima na betanoárvores únicas e pequenas.

Em 2018, Prevedello e seus colegas descobriram, por exemplo, que a riqueza geralaposta minima na betanoespécies era 50% a 100% maioraposta minima na betanoáreas com árvores do queaposta minima na betanoáreas abertas. "Mesmo uma única árvore isoladaaposta minima na betanouma área aberta pode atuar como um 'ímã' da biodiversidade, atraindo e fornecendo recursos para muitos animais e plantas", diz Prevedello.

"Portanto, a perdaaposta minima na betanoárvores individuais pode afetar gravemente a biodiversidade localmente."

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Legenda da foto, A perdaaposta minima na betanotodas as árvores do mundo teria um profundo impacto sobre o clima

O clima do planeta também seria drasticamente alterado no curto e longo prazos. As árvores agem como bombas hidráulicas biológicas: sugam a água do solo e a depositam na atmosfera, transformando-aaposta minima na betanolíquidoaposta minima na betanovapor. Ao fazer isso, as florestas contribuem para a formação e precipitaçãoaposta minima na betanonuvens.

As árvores também evitam inundações, aprisionando a águaaposta minima na betanovezaposta minima na betanodeixá-la entraraposta minima na betanolagos e rios e protegendo comunidades costeirasaposta minima na betanotempestades. Mantêm o solo no lugar que,aposta minima na betanooutra forma, seria levado pela chuva, e suas estruturas radiculares ajudam as comunidades microbianas a prosperar.

Sem árvores, as áreas anteriormente florestadas se tornariam mais secas e propensas a secas extremas. Quando a chuva chegasse, as inundações seriam desastrosas. A erosão maciça impactaria os oceanos, sufocando recifesaposta minima na betanocoral e outros habitats marinhos. Ilhas sem árvores perderiam barreiras contra o avanço do mar. Muitas desapareceriam.

"Remover árvores significa perder grandes quantidadesaposta minima na betanoterra para o oceano", diz o ecologista Thomas Crowther, autor principal do estudo publicado na Natureaposta minima na betano2015.

Um mundo mais quente

As árvores também geram um efeitoaposta minima na betanoresfriamento localizado. Fornecem sombra que mantém a temperatura do solo e absorvem o caloraposta minima na betanovezaposta minima na betanorefleti-lo. Também canalizam energia da radiação solar para converter água líquidaaposta minima na betanovapor. Com todos esses serviços perdidos, a maioria dos lugares onde havia árvores anteriormente ficaria imediatamente mais quente.

Em outro estudo, Prevedello e seus colegas descobriram que a remoção completaaposta minima na betanoum trechoaposta minima na betanoflorestaaposta minima na betano25 km² faz com que as temperaturas anuais locais aumentemaposta minima na betanopelo menos 2°Caposta minima na betanoáreas tropicais e 1°C nas temperadas. Os pesquisadores também descobriram diferençasaposta minima na betanotemperatura semelhantes, ao comparar áreas abertas e com florestas.

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Legenda da foto, O desmatamento contribui significativamente para as emissões globaisaposta minima na betanocarbono,aposta minima na betanoacordo com o IPCC

Em escala global, as árvores combatem o aquecimento causado pelas mudanças climáticas, armazenando carbonoaposta minima na betanoseus troncos e removendo dióxidoaposta minima na betanocarbono da atmosfera.

O desmatamento já responde por 13% do total das emissões globaisaposta minima na betanocarbono,aposta minima na betanoacordo com um relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na siglaaposta minima na betanoinglês) da Organização das Nações Unidas (ONU) publicadoaposta minima na betanoagosto, enquanto a mudança no uso da terraaposta minima na betanogeral é responsável por 23% das emissões.

Com todas as árvores destruídas, os ecossistemas anteriormente florestados "se tornariam apenas uma fonteaposta minima na betanoemissãoaposta minima na betanodióxidoaposta minima na betanocarbono na atmosfera,aposta minima na betanovezaposta minima na betanoum dreno", diz Paolo D'Odorico, professoraposta minima na betanoCiências Ambientais da Universidade da Califórniaaposta minima na betanoBerkeley, nos Estados Unidos.

Com o tempo, Crowther prevê que haveria uma liberaçãoaposta minima na betano450 gigatoneladasaposta minima na betanocarbono na atmosfera, mais do que o dobro da quantidade já produzida pelos seres humanos.

Por um tempo, esse efeito seria compensado por plantas e gramíneas menores, que capturam carbono mais rapidamente do que árvores, mas também o liberam com maior velocidade.

Dentroaposta minima na betanoalgumas décadas, essas plantas não seriam mais capazesaposta minima na betanoimpedir o aquecimento global. "O ritmo desse processo variaaposta minima na betanoacordo com onde uma pessoa estiver, mas, uma vez que o dióxidoaposta minima na betanocarbono seja lançado na atmosfera, não importaaposta minima na betanoonde ele vem", diz D'Odorico.

Esse processo transformaria a Terraaposta minima na betanoum planeta "muito" mais quente, diz Crowther. Grandes quantidadesaposta minima na betanocarbono também penetrariam nos oceanos, causandoaposta minima na betanoacidificação extrema e matando possivelmente tudo, exceto águas-vivas, diz ele.

Economiaaposta minima na betanocolapso

O sofrimento da humanidade começaria bem antesaposta minima na betanoum aquecimento global catastrófico. O aumento do calor, a interrupção do ciclo da água e a perdaaposta minima na betanosombra afetariam bilhõesaposta minima na betanopessoas e animais.

Muitas das 1,6 bilhõesaposta minima na betanopessoas que atualmente dependem diretamente das florestas para sobreviver, inclusive para colher alimentos e remédios, enfrentariam a pobreza e a fome. Ainda mais pessoas se veriam incapazesaposta minima na betanocozinhar ou aquecer suas casas, dada a faltaaposta minima na betanolenha.

Em todo o mundo, aquelas cujo trabalho giraaposta minima na betanotornoaposta minima na betanoárvores – seja como madeireiros ou fabricantesaposta minima na betanopapel, fruticultores ou carpinteiros – ficariam desempregadas, devastando a economia global. Somente o setor madeireiro emprega 13,2 milhõesaposta minima na betanopessoas e gera US$ 600 bilhões (R$ 2,5 trilhões) a cada ano,aposta minima na betanoacordo com o Banco Mundial.

Da mesma forma, sistemas agrícolas entrariamaposta minima na betanocolapso. Culturas que dependemaposta minima na betanosombras, como a do café, declinariam drasticamente, assim como as que dependemaposta minima na betanopolinizadores que habitam árvores.

Devido às flutuaçõesaposta minima na betanotemperatura e precipitação, locais antes produtivos enfrentariam problemas, enquanto outros que eram inadequados poderiam se tornar bons para o cultivo.

Com o tempo, porém, os solosaposta minima na betanotodos os lugares se esgotariam, exigindo quantidades significativasaposta minima na betanofertilizantes. Um aquecimento adicional acabaria por tornar a agricultura impossível na maioria dos lugares.

Prejuízos à saúde

Além dessas mudanças devastadoras, haveria impactos à saúde. As árvores limpam o ar, ao absorver poluentes e aprisionar materialaposta minima na betanopartículasaposta minima na betanosuas folhas, galhos e troncos.

Pesquisadores do Serviço Florestal dos EUA calculam que as árvores removem 17,4 milhõesaposta minima na betanotoneladasaposta minima na betanopoluição do ar a cada ano só nos Estados Unidos, um serviço avaliadoaposta minima na betanoUS$ 6,8 bilhões (R$ 28,3 bilhões). Pelo menos 850 vidas são salvas como resultado disso e pelo menos 670 mil casosaposta minima na betanoproblemas respiratórios agudos são evitados.

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Legenda da foto, As árvores ajudam a absorver a poluição do ar

D'Odorico acrescenta que também pode haver surtosaposta minima na betanodoenças raras ou novas, adquiridas a partiraposta minima na betanoespécies com as quais normalmente não entramosaposta minima na betanocontato.

Ele e seus colegas descobriram que a transferência do ebola para seres humanos ocorreaposta minima na betanopontos críticos da fragmentação da floresta. Uma perda repentinaaposta minima na betanoflorestas pode desencadear um aumento temporárioaposta minima na betanonossa exposição a infecções zoonóticas, como o ebola, o vírus nipah e o vírus do Nilo Ocidental, diz ele, alémaposta minima na betanodoenças transmitidas por mosquitos, como malária e dengue.

Um número crescenteaposta minima na betanopesquisas também aponta para o fatoaposta minima na betanoque as árvores e a natureza são boas para o nosso bem-estar mental.

O Departamentoaposta minima na betanoConservação Ambiental do Estadoaposta minima na betanoNova York, nos Estados Unidos, recomenda, por exemplo, caminharaposta minima na betanoflorestas para melhorar a saúde geral, reduzir o estresse, aumentar os níveisaposta minima na betanoenergia e melhorar o sono.

As árvores também parecem ajudar o corpo a se recuperar: um famoso estudoaposta minima na betano1984 revelou que os pacientes que se recuperavamaposta minima na betanouma cirurgia passaram menos tempo internados ao ter uma vista para uma área verdeaposta minima na betanovezaposta minima na betanouma paredeaposta minima na betanotijolos.

Pesquisas mais recentes revelam que passar algum tempo próximoaposta minima na betanogramados e árvores reduz os sintomasaposta minima na betanocrianças com transtorno do déficitaposta minima na betanoatenção e hiperatividade, e vários estudos documentam uma correlação positiva entre espaços verdes e o desempenho das crianças na escola.

As árvores podem até ajudar a combater o crime: um estudo descobriu que um aumentoaposta minima na betano10% na coberturaaposta minima na betanoárvores está associado a uma reduçãoaposta minima na betano12% no crimeaposta minima na betanoBaltimore, nos Estados Unidos.

"Muitas coisas que levam a problemasaposta minima na betanobem-estar físico e mental podem ser significativamente reduzidas se você passar um tempoaposta minima na betanoum ambiente florestal", diz Kathy Willis, professoraaposta minima na betanoBiodiversidade da Universidadeaposta minima na betanoOxford, na Inglaterra. "É por isso que um 'banhoaposta minima na betanofloresta' agora é prescrito por médicos no Japão."

Impacto cultural

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Legenda da foto, As árvores desempenham um papel vitalaposta minima na betanomuitas culturas

A perdaaposta minima na betanoárvores também teria um impacto cultural profundo. As árvores são um marcoaposta minima na betanoincontáveis infâncias e se destacam na arte, literatura, poesia, música.

São importantesaposta minima na betanoreligiões animistas desde a pré-história e desempenham papéis proeminentesaposta minima na betanooutras religiões praticadas hoje.

Buda alcançou a iluminação depoisaposta minima na betanopermanecer sentado sob a árvore Bodhi por 49 dias, enquanto os hindus adoram as figueiras-dos-pagodes, que servem como um símbolo para o deus Vishnu.

Na Torá e no Antigo Testamento, Deus cria árvores no terceiro dia da criação, antesaposta minima na betanoanimais ou seres humanos, e, na Bíblia, Jesus morreaposta minima na betanouma cruzaposta minima na betanomadeira construída a partiraposta minima na betanoárvores.

"Muitas pessoas veem florestas como cifrões, mas não há um valor monetário para a importância espiritual das florestas", diz Lowman, da Tree Foundation.

Em última instância, os seres humanos teriam dificuldades para sobreviveraposta minima na betanoum mundo sem árvores. Os estilosaposta minima na betanovida urbanos ocidentais se tornariam rapidamente coisa do passado, e muitos morreriamaposta minima na betanofome, calor, seca e inundações.

Lowman acredita que as comunidades sobreviventes provavelmente seriam aquelas que mantivessem o conhecimento tradicional sobre como viveraposta minima na betanoambientes sem árvores, como os aborígines da Austrália.

Crowther, por outro lado, suspeita que a vida persistiria apenasaposta minima na betanoambientes como osaposta minima na betanouma colôniaaposta minima na betanoMarte, possibilitada pela tecnologia e totalmente divorciada da existência que sempre conhecemos.

"Mesmo se pudéssemos viveraposta minima na betanoum mundo sem árvores, quem iria querer isso?", diz Crowther.

"Este planeta é únicoaposta minima na betanomeio a tudo o que sabemos atualmente sobre o Universo por causa dessa coisa inexplicável chamada vida, e, sem árvores, tudo isso ficaria comprometido."

  • aposta minima na betano Leia a versão original aposta minima na betano desta reportagem (em inglês) no site BBC Future aposta minima na betano .

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