O que há por trás do estigma do tratamento com eletrochoque, eficaz contra depressão grave:como ganhar nas apostas de futebol

Em poucas semanas, no entanto, o homem misterioso voltaria a conversar, a morar emcomo ganhar nas apostas de futebolprópria casa e a dormir ao lado da esposa. Também retornaria ao trabalho como engenheiro,como ganhar nas apostas de futebolMilão.

Ele foi o primeiro paciente a receber o tratamento que mais tarde seria conhecido como eletrochoque ou eletroconvulsoterapia (ECT). Embora os sintomas tenham voltadocomo ganhar nas apostas de futebolpoucos meses, ele e os médicos sabiam que era possível tratar.

Atualmente, a ECT é vista com frequência como uma ferramentacomo ganhar nas apostas de futeboltortura cruel, prejudicial ao cérebro, sem espaço na medicina moderna. Mas ainda é o tratamento mais eficaz para um pequeno grupocomo ganhar nas apostas de futeboldoenças mentais.

Apesarcomo ganhar nas apostas de futebolninguém saber realmente como funciona, a terapiacomo ganhar nas apostas de futebolchoque pode ajudar,como ganhar nas apostas de futebolmaiscomo ganhar nas apostas de futebol80% dos casos, a eliminar os piores sintomas da mania, da catatonia (condição mental que deixa os pacientes retraídos, mudos e apáticos) ou da depressão grave, que pode levar ao suicídio.

A ECT está longecomo ganhar nas apostas de futebolser perfeita. Não é capazcomo ganhar nas apostas de futebolcurar um paciente, por exemplo, e precisa ser repetida com intervaloscomo ganhar nas apostas de futebolpoucos meses para evitar que os sintomas originais voltem. Sem contar que há riscocomo ganhar nas apostas de futebolperdacomo ganhar nas apostas de futebolmemória (geralmente temporária),como ganhar nas apostas de futeboldorescomo ganhar nas apostas de futebolcabeça e no maxilar.

Mas será que os efeitos colaterais justificam o estigma contínuo associado ao tratamento? A quimioterapia, por exemplo, vem acompanhadacomo ganhar nas apostas de futebolnáuseas e outras reações adversas, alémcomo ganhar nas apostas de futebolmuitas vezes não ser bem-sucedida. No entanto, continua sendo a parte mais importante nos tratamentos contra o câncer.

Para muitas pessoas, a ECT poderia ser a salvação. O suicídio (frequentemente associado a transtornos mentais) é a quarta maior causacomo ganhar nas apostas de futebolmorte entre jovenscomo ganhar nas apostas de futebol15 a 29 anos no Brasil – e a segunda a nível mundial. A depressão, porcomo ganhar nas apostas de futebolvez, é uma das doenças mais incapacitantes globalmente, consumindo os anos mais saudáveiscomo ganhar nas apostas de futebolnossas vidas coletivas.

Mas, afinal, o que é verdade sobre a eletroconvulsoterapia?

A origem da eletroconvulsoterapia

Todas as manhãs, às 9h, o alarme do celular toca, me lembrandocomo ganhar nas apostas de futeboltomar os antidepressivos.

Ao contrário dos medicamentos anteriores, esses parecem fazer efeito, combinados com sessões regularescomo ganhar nas apostas de futebolanálise e dois cursoscomo ganhar nas apostas de futebolterapia cognitivo-comportamental (TCC).

Não tenho crisecomo ganhar nas apostas de futeboldepressão há quase quatro meses. Antes disso, seriam apenas algumas semanas ou um mêscomo ganhar nas apostas de futebolintervalo entre um períodocomo ganhar nas apostas de futeboldepressão e outro.

Não estou curado, estou somentecomo ganhar nas apostas de futebolremissão. A depressão vai voltar – seria ingênuo da minha parte pensarcomo ganhar nas apostas de futeboloutra forma. A faltacomo ganhar nas apostas de futebolinteressecomo ganhar nas apostas de futebolatividades antes agradáveis, a incapacidadecomo ganhar nas apostas de futebolamar meus entes queridos, os pensamentos assombrosos do suicídio: todos vão voltar.

Mas, independentemente se vai durar meses ou anos, a libertação dessas algemas não tem preço.

Às vezes, me pergunto como seria medicado se tivesse nascidocomo ganhar nas apostas de futeboloutra época.

Na virada do século 20, poderia ter sido internadocomo ganhar nas apostas de futebolum dos hospitais psiquiátricos no interior do Reino Unido. Na décadacomo ganhar nas apostas de futebol1930, teriam me receitado anfetaminas – drogas psicostimulantes, como o ecstasy –, que foram comercializadas como os primeiros antidepressivos. E nos anos 1940, décadacomo ganhar nas apostas de futebolque meus avós tinham a idade que tenho hoje, eu seria submetido à eletroconvulsoterapia.

Naquela época, a terapiacomo ganhar nas apostas de futebolchoque era tão popular que costumava ser aplicadacomo ganhar nas apostas de futebolregime ambulatorial. Era como ir ao dentista. As pessoas marcavam uma consulta com o médico, recebiam uma sessãocomo ganhar nas apostas de futebolECT e voltavam para casa no mesmo dia.

De acordo com uma pesquisa realizadacomo ganhar nas apostas de futebol1980, 50% dos entrevistados tinham mais medo do dentista do que da ECT.

A ideiacomo ganhar nas apostas de futebolinduzir convulsões para tratar doenças mentais partiucomo ganhar nas apostas de futebolLadislas von Meduna, neurologista da Universidadecomo ganhar nas apostas de futebolBudapeste, na Hungria.

Assim como outros médicos que trabalhavamcomo ganhar nas apostas de futebolhospitais psiquiátricos, ele reparou que pacientes com esquizofrenia apresentavam melhora após uma crise convulsiva – normalmente desencadeada pela ingestãocomo ganhar nas apostas de futeboldrogas pesadas. As alucinações, falas sem sentido e delírios costumavam desaparecer.

Embora os sintomas voltassem com o tempo, essa observação abriu uma nova perspectiva para os tratamentos psiquiátricos. Se encontrasse uma maneiracomo ganhar nas apostas de futebolinduzir convulsões, pensou Meduna, talvez conseguisse acabar com as formas mais resistentescomo ganhar nas apostas de futeboldoença mental.

Em 1934, o neurologista usou uma droga chamada cardiazol (comercializada como metrazol nos EUA), que induzia convulsõescomo ganhar nas apostas de futebolquestãocomo ganhar nas apostas de futebolminutos ou até mesmo segundos, ao ser injetada no músculo. Depoiscomo ganhar nas apostas de futebolrecuperar a consciência, pacientes outrora catatônicos se levantavam da cama, se vestiam e,como ganhar nas apostas de futebolalguns casos, falavam pela primeira vez após anos.

A nova terapia gerou bastante burburinho. As pessoas se perguntavam se certas doenças ou condições, até então incuráveis, seriamcomo ganhar nas apostas de futebolbreve remediadas.

Ao ouvir falar do cardiazol, Ugo Cerletti, presidente do Departamentocomo ganhar nas apostas de futebolDoenças Mentais e Neurológicas da Universidade La Sapienza, lembrou que conhecia um método melhorcomo ganhar nas apostas de futebolinduzir convulsões.

Ele vinha usando há anos pequenas descargas elétricas para estimular ataques epilépticoscomo ganhar nas apostas de futebolanimais, como partecomo ganhar nas apostas de futebolum experimento. O procedimento era instantâneo, barato e altamente monitorável. Ao contrário do cardiazol, que variavacomo ganhar nas apostas de futebolpotência, a eletricidade era divididacomo ganhar nas apostas de futebolduas variáveis básicas: númerocomo ganhar nas apostas de futebolvolts e fraçõescomo ganhar nas apostas de futebolsegundo.

Lucio Bini, alunocomo ganhar nas apostas de futebolCerletti, desenvolveu um equipamento baseado nesses dois parâmetros. Enquanto um mostrador controlava a voltagem, um cronômetro automático era capazcomo ganhar nas apostas de futebollimitar o choque a um décimocomo ganhar nas apostas de futebolsegundo.

Conectada à fiação elétricacomo ganhar nas apostas de futebolum interruptorcomo ganhar nas apostas de futebolluz, a "máquinacomo ganhar nas apostas de futeboleletrochoque Cerletti-Bini" emitia a corrente elétrica por meiocomo ganhar nas apostas de futeboldois eletrodos, envoltoscomo ganhar nas apostas de futebolum pano embebidocomo ganhar nas apostas de futebolsolução salina. Eles eram colocados umcomo ganhar nas apostas de futebolcada lado da cabeça do paciente, acima das têmporas.

O que acontecia na sequência não era bonitocomo ganhar nas apostas de futebolse ver.

Como todos os músculos se contraiamcomo ganhar nas apostas de futeboluma só vez, o corpo do paciente se contorcia para trás – lembrando fósseiscomo ganhar nas apostas de futeboldinossauros ou posições excêntricascomo ganhar nas apostas de futebolioga. Os dentes apertavam um pedaçocomo ganhar nas apostas de futeboltubo, enquanto o ar sibilava dos pulmões. Pernas e braços se debatiam violentamente. Fezes, urina e até sêmen, no caso dos homens, podiam ser expelidos do corpo, como resultado da tensãocomo ganhar nas apostas de futebolcada tendão. Alguns ossos acabavam fraturados, especialmente aqueles localizados na coluna, ao redor dos ombros e quadris. Eram fraturas sutis, observadas apenascomo ganhar nas apostas de futebolraios-X e que cicatrizavam rapidamente, mas obviamente indesejáveis.

Eram registrados ainda relatoscomo ganhar nas apostas de futebolperdacomo ganhar nas apostas de futebolmemória. Após recuperarem a consciência, alguns pacientes se perguntavam onde estavam, como tinham chegado até ali e com quem eram casados. Embora as lembranças retornassem, geralmentecomo ganhar nas apostas de futeboldias ou semanas após o tratamento, algumas pessoas pareciam perder a memória para sempre.

"Um cirurgião não recusa uma operação necessária por causa dos riscos iminentes… Os distúrbios mentais são tão destrutivos quanto uma eclosão maligna e muito mais terríveis no que se refere ao sofrimento que podem causar. Os riscos são, portanto, justificados", escreveu Lothar Kalinowsky, ex-colegacomo ganhar nas apostas de futebolCerletti,como ganhar nas apostas de futebolresposta aos críticos da ECT,como ganhar nas apostas de futebol1946.

De fato, apesarcomo ganhar nas apostas de futeboltodas as desvantagens, a ECT era extremamente eficaz no tratamentocomo ganhar nas apostas de futebolalgumas das doenças mentais mais complexas – especialmente a depressão grave.

Em 1945, um estudo conduzido por dois psiquiatras do Hospital McLean,como ganhar nas apostas de futebolMassachusetts, nos EUA, mostrou que a terapia impedia,como ganhar nas apostas de futebol80% dos casos, o desenvolvimentocomo ganhar nas apostas de futeboluma crise profundacomo ganhar nas apostas de futeboldepressão. Pelo menos doiscomo ganhar nas apostas de futebolseus pacientes, que sofriam com a condição há maiscomo ganhar nas apostas de futebol10 anos, conseguiram pela primeira vez uma trégua, após seis ou sete sessõescomo ganhar nas apostas de futebolECT, realizadas ao longocomo ganhar nas apostas de futebolalgumas semanas.

Assim como o calor do incêndio florestal é vital para soltar as sementescomo ganhar nas apostas de futeboldentro da casca das pinhas, uma rápida descargacomo ganhar nas apostas de futeboleletricidade – e, principalmente, a convulsão que ela causa – parece libertar a pessoa da espessa armadura psicológicacomo ganhar nas apostas de futebolque estava enclausurada.

Ou como Peter Cranford, psiquiatra do Hospital Estadualcomo ganhar nas apostas de futebolMilledgeville, na Geórgia, nos EUA, observoucomo ganhar nas apostas de futebolseu diário na décadacomo ganhar nas apostas de futebol1950: "Estupor catatônico num dia, jogando basquete no outro".

Da história a Hollywood

Desde o início, a ECT foi mal utilizada e, às vezes, desrespeitada.

Em 1944, Emil Gelny, médicocomo ganhar nas apostas de futeboldois hospitais psiquiátricos na Áustria e membro do Partido Nazista, modificou um aparelhocomo ganhar nas apostas de futeboleletrochoque para uso no programacomo ganhar nas apostas de futeboleutanásia T4como ganhar nas apostas de futeboldoentes mentais.

Quando a Segunda Guerra Mundial chegava ao fim, ele acrescentou mais quatro eletrodos a uma máquinacomo ganhar nas apostas de futebolECT, permitiu que a corrente elétrica fluísse por minutos (e não milissegundos) e executou 149 pacientes cujas vidas considerava "inúteis".

Embora muito mais gente tenha morrido vítimacomo ganhar nas apostas de futeboldoses letaiscomo ganhar nas apostas de futeboldrogas ou desnutrição, o trabalhocomo ganhar nas apostas de futebolGelny lançaria, compreensivelmente, uma sombra negra sobre o futuro da ECT.

De uma maneira geral, o procedimento era aplicado indiscriminadamente. Em 1946, dois psiquiatrascomo ganhar nas apostas de futebolSiena, na Itália, relataram: "Hoje não há nenhuma doença mentalcomo ganhar nas apostas de futebolque (a ECT) não tenha sido testada".

Isso incluía a homossexualidade, que os três primeiros volumes do Manual Diagnóstico e Estatísticocomo ganhar nas apostas de futebolTranstornos Mentais (publicados entre 1950 e 1980) classificavam como uma formacomo ganhar nas apostas de futeboldoença mental.

O uso generalizado da terapia – muitas vezes sem consentimento – era uma maneiracomo ganhar nas apostas de futebolcontrolar pacientes violentos. Depoiscomo ganhar nas apostas de futeboluma sessão, eles ficavam sonolentos e atordoados e, portanto, mais maleáveis. Era uma formacomo ganhar nas apostas de futebolcustódia, nãocomo ganhar nas apostas de futebolcura.

No livro A Redomacomo ganhar nas apostas de futebolVidro,como ganhar nas apostas de futebol1963, a romancista Sylvia Plath contacomo ganhar nas apostas de futebolexperiência destrutiva com a ECT uma década antes.

"Alguma coisa dobrou-se dentrocomo ganhar nas apostas de futebolmim, me dominou e me sacudiu como se o mundo estivesse acabando. Ouvi um guincho, iiii-ii-ii-ii-ii, o ar tomado por uma cintilação azulada, e a cada clarão algo me agitava e moía. Eu achava que meus ossos se quebrariam e a seiva jorrariacomo ganhar nas apostas de futebolmim como uma planta partida ao meio. Fiquei me perguntando o que é que eu tinha feitocomo ganhar nas apostas de futeboltão terrível."

Essa é a descrição da ECT que povoaria o imaginário popular por décadas. A mesma que rendeu um Oscar a Jack Nicholson porcomo ganhar nas apostas de futebolatuaçãocomo ganhar nas apostas de futebolUm Estranho no Ninho (1975). No filme, seu personagem Randle McMurphy, que se passa por louco, é submetido ainda a uma lobotomia (intervenção cirúrgica) na região frontal do cérebro.

Mas Hollywood é ficção. Já na décadacomo ganhar nas apostas de futebol1940, a terapiacomo ganhar nas apostas de futebolchoque era realizada com o auxíliocomo ganhar nas apostas de futebolanestesia e relaxantes musculares, que impediam o corpocomo ganhar nas apostas de futebolconvulsionar. Assim, o paciente permanecia dormindo durante todo o procedimento, evitando fraturas e excreções.

O primeiro composto anestésico a ser usado era extraídocomo ganhar nas apostas de futeboluma trepadeira amazônica, chamada curare – e era combinado com sedativos fortes. Mas, como podia paralisar a respiração, levou a um aumento no númerocomo ganhar nas apostas de futebolmortes (quatrocomo ganhar nas apostas de futebol11 mil pacientescomo ganhar nas apostas de futebol1943).

Na décadacomo ganhar nas apostas de futebol1950, o cloretocomo ganhar nas apostas de futebolsuxametônio passou então a ser utilizado no lugar do curare, junto com a anestesia geral. E, atualmente, o tratamento é bem diferente do que Sylvia Plath descreveucomo ganhar nas apostas de futebolseu livro.

"Se eles (criadores da ECT) pudessem enxergar o que acontececomo ganhar nas apostas de futeboluma clínica hoje, veriam o paciente deitadocomo ganhar nas apostas de futeboluma mesa, com eletrodos aplicados, a corrente elétrica emitida e alguns movimentos do pé do paciente... E é isso", diz Max Fink, psiquiatra aposentado que usou ECT no início dos anos 1950.

A convulsão acontece apenas no cérebro da pessoa, como mostra o eletroencefalograma que registra a atividade cerebral.

A "ECT modificada", como ficou conhecida, era muito mais segura. Reduziu a taxacomo ganhar nas apostas de futebolmortalidade para cercacomo ganhar nas apostas de futebol1como ganhar nas apostas de futebolcada 10 mil pacientes – probabilidade menor que a da própria anestesia geral. Como disse um médico da Escolacomo ganhar nas apostas de futebolMedicinacomo ganhar nas apostas de futebolChicago,como ganhar nas apostas de futebol1997, "para colocar o riscocomo ganhar nas apostas de futebolmortalidade da ECT na perspectiva adequada, basta observar que é cercacomo ganhar nas apostas de futeboldez vezes mais segura que um parto".

Apesar dos avanços, a ECT caiucomo ganhar nas apostas de futeboldesuso após os anos 1960.

"Era como se a penicilina tivessecomo ganhar nas apostas de futebolalguma forma desaparecido do arsenal médico ecomo ganhar nas apostas de futebolprópria existência apagada da memóriacomo ganhar nas apostas de futeboluma geração", afirmaram Edward Shorter e David Healy, especialistascomo ganhar nas apostas de futebolHistória da Medicina,como ganhar nas apostas de futebol2007.

Isso se devecomo ganhar nas apostas de futebolparte à proliferaçãocomo ganhar nas apostas de futebolmedicamentos receitados – embora fossem, muitas vezes, menos eficazes no tratamento da depressão grave. Além da conotação negativa da ECT, promovidacomo ganhar nas apostas de futebollivros, filmes e meioscomo ganhar nas apostas de futebolcomunicação.

Na décadacomo ganhar nas apostas de futebol1970, Healy e Shorter descreveram no livro Shock Therapy (Terapiacomo ganhar nas apostas de futebolChoque,como ganhar nas apostas de futeboltradução livre), a existênciacomo ganhar nas apostas de futebolum crescente movimento antipsiquiátrico, encabeçado pela Igreja da Cientologia, que alegava que a ECT "destruía mentes".

Não há, no entanto, evidências conclusivas a respeito. Em 1991, após realizar o procedimentocomo ganhar nas apostas de futebol35 pacientes com depressão, Edward Coffey e seus colegas da Universidade Duke, na Carolina do Norte, nos EUA, chegaram ao seguinte veredito: "Nossos resultados confirmam e ampliam estudoscomo ganhar nas apostas de futebolimagem anteriores que também não encontraram nenhuma relação entre ECT e dano cerebral".

Já a perdacomo ganhar nas apostas de futebolmemória é um efeito colateral reconhecido – até certo ponto – por muitos cientistas. Embora o esquecimento provocado pelo procedimento geralmente seja temporário, com duraçãocomo ganhar nas apostas de futebolalgumas semanas, há relatoscomo ganhar nas apostas de futebolperdascomo ganhar nas apostas de futebolmemória permanentes.

Comocomo ganhar nas apostas de futebolqualquer tratamento ou cirurgia, é preciso pesar sempre os riscos e benefícios.

Tratamento salva-vidas

A questão importante aqui não é se a ECT é boa ou ruim, um "pecado" ou um "milagre". Mas se pode ajudar quem realmente precisa.

Há muitas evidênciascomo ganhar nas apostas de futebolque não só é um tratamento eficaz, mas,como ganhar nas apostas de futebolalguns casos, o melhor que temos atualmente.

"Os fatos mostram que é um tratamento incrivelmente bom", diz Vikram Patel, professor da Escolacomo ganhar nas apostas de futebolMedicinacomo ganhar nas apostas de futebolHarvard, nos EUA. "É um tratamento que salva vidas, um dos poucos que temoscomo ganhar nas apostas de futebolpsiquiatria", completa.

"Eu, na verdade, nunca vi nenhum tratamentocomo ganhar nas apostas de futebolpsiquiatria tão fenomenal quanto a ECT."

Em 2004, um estudo do Consórcio para Pesquisacomo ganhar nas apostas de futebolECT (Core, na siglacomo ganhar nas apostas de futebolinglês), programa financiado pelo Instituto Nacionalcomo ganhar nas apostas de futebolSaúde Mental, nos EUA, descobriu quecomo ganhar nas apostas de futebol253 pacientes com depressão grave e psicótica, 238 (94%) responderam com uma redução significativa dos sintomas,como ganhar nas apostas de futebolacordo com um questionário padrão.

No total, 189 (75%) apresentaram remissão completa da condição após uma médiacomo ganhar nas apostas de futebolsete sessõescomo ganhar nas apostas de futebolECT, realizadas ao longocomo ganhar nas apostas de futeboltrês semanas. Dez pessoas (4%) desistiram devido a problemascomo ganhar nas apostas de futebolmemória ou desorientação.

Para efeitocomo ganhar nas apostas de futebolcomparação, os antidepressivos, como aqueles que eu tomo, costumam ser eficazes apenas para duascomo ganhar nas apostas de futebolcada três pessoas (66%) com a doença – e a remissão ocorre somentecomo ganhar nas apostas de futebolumcomo ganhar nas apostas de futebolcada três (33%) casos.

Ao comentar o potencial da ECT, George Kirov, professor clínico da Universidadecomo ganhar nas apostas de futebolCardiff, no Paíscomo ganhar nas apostas de futebolGales, afirmoucomo ganhar nas apostas de futebol2017 que "se um paciente com depressão psicótica não está melhorando durante uma aplicaçãocomo ganhar nas apostas de futebolECT", ele tenta "descobrir o que está fazendocomo ganhar nas apostas de futebolerrado".

A técnica tem se mostrado ainda uma grande promessa para mulheres grávidas e idosos – duas parcelas da população que apresentam alto riscocomo ganhar nas apostas de futeboldepressão, mas muitas vezes não podem tomar antidepressivos.

O choque causado pela palavra choque

Enquanto escrevia esse texto, conversei sobre a ECT com amigos e familiares. Em todas as ocasiões, ouvi comentários do tipo: "Eles ainda fazem isso"?

A reação revela descrença, horror e (ouso dizer) choque. Mas é compreensível. Mesmo para aqueles que não assistiram a Um Estranho no Ninho ou leram o livrocomo ganhar nas apostas de futebolSylvia Plath, aplicar choque elétricocomo ganhar nas apostas de futebolalguém pode parecer mais próximocomo ganhar nas apostas de futebolmatar do que curar.

O fato é que a imagemcomo ganhar nas apostas de futebolum tratamento cruel, doloroso ecomo ganhar nas apostas de futebollavagem cerebral desencoraja seu uso. Não só os hospitais são menos propensos a administrar a ECT, como os pacientes que têm grande chancecomo ganhar nas apostas de futebolse beneficiar da terapia nem sequer a consideram uma opção.

O estigma não é apenas prejudicial, também pode impedir a recuperação. Como o suicídio e a depressão estão se tornando as principais causascomo ganhar nas apostas de futebolmorte e incapacitaçãocomo ganhar nas apostas de futeboltodo o mundo, precisamoscomo ganhar nas apostas de futeboltodo o apoio possível.

Mas o interesse pela ECT está sendo retomado. De acordo com um estudo recente, um número crescentecomo ganhar nas apostas de futebolpessoas está decidindo se submeter ao tratamento. Entre 2015 e 2016, foram realizadas 22,6 mil sessõescomo ganhar nas apostas de futebolECT no Reino Unido, um aumentocomo ganhar nas apostas de futebol11%como ganhar nas apostas de futebolrelação ao ano anterior.

E o procedimento está sendo acompanhadocomo ganhar nas apostas de futebolformas mais seletivascomo ganhar nas apostas de futebolterapia elétrica, como a Estimulação Cerebral Profunda (DBS, siglacomo ganhar nas apostas de futebolinglês) e a Estimulação Magnética Transcraniana (TMS, siglacomo ganhar nas apostas de futebolinglês), que vêm ganhando popularidade no tratamento da depressão, do Malcomo ganhar nas apostas de futebolParkinson ecomo ganhar nas apostas de futeboloutros transtornos mentais.

Eu, por exemplo, me sinto aliviadocomo ganhar nas apostas de futebolsaber que existem alternativas promissoras, caso meus antidepressivos paremcomo ganhar nas apostas de futebolfazer efeito e minha condição piore.

Embora não se compreenda exatamente o funcionamento da ECT, o método é frequentemente comparado à reinicializaçãocomo ganhar nas apostas de futebolum computador. No caso, a "fiação" do cérebro é atualizada.

Talvez tenha chegado a hora da imagem da ECT passar por uma transformação semelhante.