No Líbano, cidadãos se organizam para combater as montanhasfoguetinho pixbetlixo:foguetinho pixbet

Trabalhadores limpam praia da cidade costeirafoguetinho pixbetZouk Mosbeh

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Legenda da foto, Trabalhadores limpam praia da cidade costeirafoguetinho pixbetZouk Mosbeh
Joslin Kehdy, fundadora da Recycle Lebanon
Legenda da foto, Joslin Kehdy, da Recycle Lebanon, acredita que todos devem colaborar para tirar o país da crisefoguetinho pixbetcoletafoguetinho pixbetresíduos | Foto: Sophia Smith Galer

Por outro lado, organizações ambientais começaram a desenvolver soluções surpreendentes e necessáriasfoguetinho pixbetface às lentas mudanças políticas. Essas iniciativas estão mostrando que um país do tamanho do estado americanofoguetinho pixbetConnecticut pode ser um dos melhores playgrounds do planeta para inovação ambiental.

Políticafoguetinho pixbetxeque

Kehdy conta que o nomefoguetinho pixbetsua organização, Recycle Lebanon, tem, intencionalmente, maisfoguetinho pixbetum sentido. Segundo ela, não se trata apenasfoguetinho pixbetimplementar projetosfoguetinho pixbetreciclagemfoguetinho pixbetresíduos, masfoguetinho pixbetoferecer um caminho alternativo para um país tomado pela corrupção - que na opinião dela, alimenta a crise do lixo.

Os ativistas argumentam que o sistemafoguetinho pixbetgerenciamentofoguetinho pixbetresíduos do Líbano é tradicionalmente centralizado e tem muito pouca capacidadefoguetinho pixbettriagem, o que significa que o dinheiro não é investidofoguetinho pixbetreciclagem, masfoguetinho pixbetgerar mais desperdício.

O Índicefoguetinho pixbetPercepçãofoguetinho pixbetCorrupçãofoguetinho pixbet2017, divulgado pela ONG Transparência Internacional, classificou o Líbano como a 143ª "nação menos corrupta" entre 175 países. Em outras palavras, há apenas 32 países onde a corrupção é pior.

"O acordofoguetinho pixbetdivisão confessional do poder no Líbano (que é o frágil equilíbrio governamental entre os diversos grupos religiosos do país) alimenta redesfoguetinho pixbetpatronato e clientelismo, o que prejudica ainda mais o sistemafoguetinho pixbetgovernança do país", diz o site da organização.

Quando a crise da coletafoguetinho pixbetlixo se instalou, surgiram diversos movimentos da sociedade civil. Manifestantes marcharam até a sede do governo libanês para exigir soluções, como parte da campanha "Você fede", que tomou as ruas da capital. Aos poucos, os protestos deram origem a iniciativas como o novo partido político Beirut Madinati ("Beirute minha cidade",foguetinho pixbettradução livre) e a organização Waste Management Coalition ("Coalizãofoguetinho pixbetGestãofoguetinho pixbetResíduos",foguetinho pixbettradução livre), que milita atualmente contra a proposta do governofoguetinho pixbetcomprar incineradores.

"O problema com os incineradores é que eles não se adequam ao nosso tipofoguetinho pixbetlixo", explica Kehdy. "Cercafoguetinho pixbet70% dos nossos resíduos são orgânicos. São muito úmidos para serem processados por meio da incineração."

Além disso, como acontece na maioria dos sistemasfoguetinho pixbetgestãofoguetinho pixbetresíduos, a incineração também requer uma coleta seletiva na origem.

Voluntariado

Maisfoguetinho pixbetduas mil pessoas participaram do mutirãofoguetinho pixbetlimpeza das praias promovido pela Recycle Lebanon, provando que cidadãos e empresas estão dispostos a se envolver. A iniciativa também foi totalmente "desperdício zero" (as máscaras usadas no projeto são reaproveitáveis e os filtros recicláveis).

"Organizamos mutirões com desperdício zero, com cartazes para que as pessoas possam aprender sobre o tipofoguetinho pixbetresíduo, o processo por trás dele, onde é reciclado e como podem mudar os produtos que estão consumindo", explica.

Ao caminhar pela praia, fica claro o quanto o estilofoguetinho pixbetvida,foguetinho pixbetgeral, influencia o tipofoguetinho pixbetlixo que aparece na areia. Perdemos a conta dos copinhos descartáveisfoguetinho pixbetcafé. Tendo vivido no país, sei como os libaneses gostam do café: no estilo "velozes e furiosos". Assim que terminamfoguetinho pixbettomar, jogam o copo no lixo e pedem para alguém servir outro. Não existe debate sobre a adoçãofoguetinho pixbetrecipientes reutilizáveis, como vem acontecendofoguetinho pixbetdiversos países do Ocidente.

Ainda é possível encontrar garrafas plásticas cheiasfoguetinho pixbetágua, ponteirasfoguetinho pixbetcachimbofoguetinho pixbetnarguilé, brinquedos e incontáveis sacolas plásticas. Também fiquei surpresa com a quantidadefoguetinho pixbetlixo hospitalar,foguetinho pixbetroupas e grama sintética. Parece que, realmente, tudo é jogado no mar.

Muitos resíduos rejeitados - que Kehdy não consegue aproveitar - são enviados para uma organização chamada Cedar Environmental, dirigida por Ziad Abichaker. Alémfoguetinho pixbetfornecer equipamentos para compostagem do lixo orgânico, eles construíram instalaçõesfoguetinho pixbetrecuperaçãofoguetinho pixbetmateriaisfoguetinho pixbettodo o país, que reaproveitam ao máximo o que é descartado.

Abichaker espalhou ainda lixeiras para garrafasfoguetinho pixbetvidro nos arredoresfoguetinho pixbetBeirute. Os recipientes recolhidos são levados para Sarafand, uma pequena cidade no sul do país, onde são moldados por sopradoresfoguetinho pixbetvidro e ganham novas formas - mantendo uma tradição milenar, que existe desde a época dos fenícios.

Sopradorfoguetinho pixbetvidro
Legenda da foto, Reciclagem revitaliza a prática do vidro soprado, arte milenar libanesa que surgiu na época dos fenícios | Foto: Ziad Abichaker

Para os itens que podem ser facilmente reciclados, Kehdy está abrindo,foguetinho pixbetBeirute, um centro chamado Ecosouk, um espaço onde o lixo proveniente dos mutirõesfoguetinho pixbetlimpeza possa ser separado e processado. Será um ponto centralfoguetinho pixbetreferência, onde os moradores da capital podem se informar sobre o que fazer e onde reciclar. Haverá ainda um bancofoguetinho pixbetdados online que as pessoas podem consultar para descobrir as iniciativas sustentáveisfoguetinho pixbetandamento no seu município.

Velhos hábitos

Estávamos a caminho do Ecosouk quando nosso motoristafoguetinho pixbettáxi jogou um pedaçofoguetinho pixbetpapel pela janela. Podemos dizer que Kehdy não ficou muito contente. Pergunto a ela como se sente diantefoguetinho pixbetatitudes como essa, uma vez que dedicafoguetinho pixbetvida a mudar o comportamento a populaçãofoguetinho pixbetrelação à sustentabilidade.

"Tudo bem, porque se ele jogar pela janela ou se jogar na lixeira, vai parar no mar (do mesmo jeito). Talvez alguns anos atrás nós pudéssemos ter gritado com ele, dizer que isso era errado. Mas agora o sistema está tão falido que o próprio governo está despejando o lixo no mar. Como você vai dizer para alguém não jogar pela janela?"

A Recycle Beirut também trabalhafoguetinho pixbetparceria com restaurantes, escolas e moradores locais com um serviçofoguetinho pixbetcoleta "on demand"foguetinho pixbetque o lixo reciclável é levado para uma oficina, separado e processado.

Além disso, a empresa contrata refugiados sírios como funcionários,foguetinho pixbetuma tentativafoguetinho pixbetresolver não só a crise da coletafoguetinho pixbetresíduos, mas também a humanitária que o Líbano enfrenta.

"Acreditamos que estamos fazendo um trabalho social e ambiental", diz Sam Kazak, um dos cofundadores da Recycle Beirut.

"O que estamos fazendo é tentar criar o maior número possívelfoguetinho pixbetempregos para refugiados e pessoasfoguetinho pixbetsituaçãofoguetinho pixbetvulnerabilidadefoguetinho pixbetgeral. A maioria dos nossos trabalhadores são refugiados sírios e palestinos. Eles não têm nenhum problemafoguetinho pixbettrabalhar nesta indústria."

Mulheres refugiadas trabalhando
Legenda da foto, Recycle Beirut contrata refugiados sírios para aliviar a crise humanitária no país, ao mesmo tempo que ajuda a resolver o problema do lixo | Foto: Recycle Beirut

Só há um entrave: os refugiados muitas vezes têm dificuldade para conseguir vistofoguetinho pixbettrabalho.

"Tentamos conseguir visto para nossos motoristas sírios, mas não está funcionando. Então, toda vez que a polícia para nossos caminhões, aplica uma multa e apreende o veículo por alguns dias. E toda vez que o caminhão é apreendido, muitas toneladasfoguetinho pixbetlixo vão parar no lugar errado. São queimadas, aterradas, despejadas no mar", conta Kazak.

"Essas pessoas querem viver no lixo", acrescenta.

Mudançafoguetinho pixbetmentalidade

De volta à capital após visitar Zouk Mosbeh - com meu tênis cobertofoguetinho pixbetlixo e lama, e nãofoguetinho pixbetareia da praia - me dirijo até a Universidade Americanafoguetinho pixbetBeirute. Desde a minha última viagem ao Líbano, o país aderiu a políticas antitabagistas. Para quem está acostumado a ver pessoas fumandofoguetinho pixbetpraticamente qualquer lugar no Oriente Médio, pode causar estranhamento uma universidade proibir seus alunos e professoresfoguetinho pixbetfumar no campus. Ao chegar, logo deparo com lixeiras para coleta seletiva espalhadas pelos prédios. É um oásisfoguetinho pixbetlimpezafoguetinho pixbetmeio a uma cidade repletafoguetinho pixbetlixo.

No departamentofoguetinho pixbetquímica, encontro a professora Najat Saliba que,foguetinho pixbet2015, escreveu uma carta convocando as demais faculdades a achar uma solução para o problema.

Pilhasfoguetinho pixbetlixo na rua

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Legenda da foto, Quando a crise da coletafoguetinho pixbetresíduos começoufoguetinho pixbet2015, não demorou muito até que pilhasfoguetinho pixbetlixo se espalhassem pelas ruasfoguetinho pixbetBeirute

"Foi assim que eu encabecei o que chamamosfoguetinho pixbetforça-tarefa para tentar fazer algofoguetinho pixbetrelação ao que está acontecendo, ou para ajudar o governo a procurar possíveis soluções."

Alémfoguetinho pixbetprofessorafoguetinho pixbetquímica analítica, Saliba é diretora do Centrofoguetinho pixbetConservação da Natureza da universidade e liderou uma pesquisa sobre a qualidade do ar libanês. Sua equipe já provou que quem vive perto das pilhasfoguetinho pixbetlixo, ou dos locaisfoguetinho pixbetincineração, está mais propenso a sofrerfoguetinho pixbetproblemas respiratórios.

Ela publicaráfoguetinho pixbetbreve, ainda, os dadosfoguetinho pixbetum novo estudo que relaciona o acúmulofoguetinho pixbetlixo nas ruas com níveis mais altosfoguetinho pixbetbactérias e fungos no ar que respiramos.

E agora está preocupada que a introduçãofoguetinho pixbetincineradores aumente a poluição do ar.

Irrespirável

"O problema no Líbano é que não temos laboratórios equipados, que possam medir a qualidade e assegurar que os gases provenientes dos incineradores são seguros. Lamento dizer que, com base nas práticas que vimos até agora, não acreditamos que o governo possa garantir que o controlefoguetinho pixbetqualidade seja respeitado e estejafoguetinho pixbetacordo com os padrões que os europeus seguem."

Em um workshop sobre a qualidade do ar no Líbano, oferecido pela universidade, um dos colegasfoguetinho pixbetSaliba faz um prognóstico do que aconteceriafoguetinho pixbetuma das áreasfoguetinho pixbetque o governo, hipoteticamente, gostariafoguetinho pixbetinstalar um incinerador.

"O que descobrimos é que a fumaça vai cobrir toda a áreafoguetinho pixbetBeirute. A maioria dos moradores da capital seria afetada pelos materiais liberados por esses incineradores", alertou.

Tudo indica que levará anos para o Líbano limpar toda essa sujeira.

Saliba me mostra o laboratório da universidade que analisa a qualidade do ar. Os cientistas que trabalham duro ali não são libaneses; assim como na Recycle Beirut, parte da equipe da universidade éfoguetinho pixbetsírios e palestinos.

"Eu acredito neste país", insiste Saliba. "Este país vai conseguir, vai mudar. Começou a mudar com a Waste Management Coalition, que está tentando reverter essa situação. Isso vai acontecer. Nós teremos um ar mais limpo."

"Pode me chamarfoguetinho pixbetsonhadora. Mas eu gostofoguetinho pixbetsonhar assim."

foguetinho pixbet Leia a versão original desta reportagem foguetinho pixbet (em inglês) no site BBC Future foguetinho pixbet .