Por que você não se lembraw pokerquando era bebê?:w poker

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Crédito, simpleInsomnia/Flickr/CC-BY-2.0

Legenda da foto, Do dia do seu nascimento ao jardimw pokerinfância, a maioriaw pokernós não consegue lembrar nadaw pokernossos primeiros anos.
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Legenda da foto, Bebês são esponjas, absorvendo informação a um ritmo frenético - mas ainda assim não conseguem formar lembranças claras dos eventos

Parte do quebra-cabeça decorre do fatow pokerbebês serem,w pokeroutras maneiras, como esponjas para novas informações, formando 700 novas conexões neurais por segundo e exibindo habilidades para aprender línguas que deixariam qualquer poliglota com inveja. Pesquisas recentes sugerem que eles começam a treinar suas mentes mesmo antesw pokerdeixar o útero.

Mas atéw pokeradultos a informação se perde no tempo se não há tentativasw pokerrecuperá-la. Então, uma possível explicação é que a amnésia infantil seja apenas resultadow pokerum processo naturalw pokeresquecer as coisas que vivenciamos ao longo da vida.

Testando os limites da memória

Uma resposta vem do trabalho do psicólogo alemão Hermann Ebbinghaus, que no século 19 coordenou estudos pioneirosw pokersi mesmo para testar os limites da memória humana.

Para garantir quew pokermente estivessew poker"branco total" no começo da pesquisa, ele elaborou uma "sílaba absurda" - uma palavra inventada formada por letras aleatórias, como "kag" ou "slans" - e passou a memorizar milhares delas.

A curvaw pokeresquecimento dele representa o constrangedor e rápido declíniow pokernossa habilidadew pokerlembrar as coisas que aprendemos: nossos cérebros descartam metadew pokertodo material novow pokeruma hora. No 30º dia, retemos cercaw poker2% a 3%.

Ebbinghaus descobriu que o modo como esquecemos é totalmente previsível. Para saber se a memória dos bebês é diferente, precisamos apenas comparar os gráficos. Quando cientistas fizeram as contas nos anos 1980, revelaram que retemos muito menos memórias entre o nascimento e os seis ou sete anos do que você esperaria.

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Crédito, simpleInsomnia/Flickr/CC BY 2.0

Legenda da foto, Nossa cultura pode determinar como nossas memórias se formam e se desenvolvem

De forma intrigante, esse véu se levanta mais cedo para alguns do que para outros. Algumas pessoas conseguem recordar eventosw pokerquando tinham apenas 2 anosw pokeridade, enquanto outros não se recordamw pokernada até os 7 ou 8 anos.

Lembrança e cultura

Em média, imagens fragmentadas aparecem a partir dos três anos e meio. E mais: discrepâncias no atow pokeresquecer também foram registradasw pokerpaís para país, e a média do momento das primeiras lembranças pode variarw pokeraté dois anos.

Será que isso traz pistas sobre o "apagão" anterior? Para investigar isso, a psicóloga Qi Wang, da Universidadew pokerCornell (EUA), coletou centenasw pokerlembrançasw pokerestudantes universitários chineses e americanos.

Como estereótipos nacionais poderiam prever, as histórias dos americanos foram mais longas, elaboradas e egocêntricas. As histórias chinesas, por outro lado, eram mais curtas e baseadasw pokerfatos;w pokermédia, também começavam seis meses antes.

Esse é um padrão confirmado por vários outros estudos. Aqueles com memórias mais detalhadas e autocentradas têm mais facilidade para trazê-las à mente. Acredita-se que uma pitadaw pokeregocentrismo seja útil, já que desenvolver a própria perspectiva dá sentido aos fatos.

"É a diferença entre pensar 'Havia tigres no zoológico' e 'Eu vi tigres no zoológico e mesmo sendo assustadores me diverti muito'", explica Robyn Fivush, psicóloga na Universidadew pokerEmory, nos EUA.

Quando Wang repetiu o experimento, mas desta vez questionando as mães das crianças, ela encontrou o mesmo padrão. Em outras palavras, para aqueles com memórias nebulosas: culpem seus pais.

A primeira memóriaw pokerWang é caminhar pelas montanhas perto da casa da famíliaw pokerChongqing, na China, comw pokermãe e irmã. Ela tinha cercaw pokerseis anos.

A questão é que, até se mudar para os EUA, ela nunca seria questionada sobre suas lembranças. "Nas culturas ocidentais as lembranças das crianças não são importantes. As pessoas agem na linha 'Por que se importar?', afirma a psicóloga.

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Crédito, Kimberly Hopkins/Flickr/CC By 2.0

Legenda da foto, Alguns psicólogos argumentam que a habilidadew pokerformar memórias vívidas sobre si vem apenas com a capacidade da fala

"Se a sociedade te diz que aquelas memórias são importantes, você se aterá a elas", diz Wang. Quem tem o registro das memórias mais precoces são os maoris da Nova Zelândia, cuja cultura enfatiza fortemente o passado. Muitos conseguem lembrar fatos ocorridos quando tinham apenas dois anos e meio.

Memória e fala

Nossa cultura também pode determinar a maneira como descrevemos nossas lembranças, e alguns psicólogos argumentam que elas só vêm à tona quando dominamos a arte do discurso.

"A linguagem oferece uma estrutura, uma organização para nossas memórias, que é uma narrativa. Ao criar uma história, a experiência se torna mais organizada, e é mais fácilw pokerser lembrada ao longo do tempo", afirma Fivush.

Parte dos psicólogos, contudo, é descrente quanto ao papel da linguagem. Não há diferença, por exemplo, na idade das primeiras memóriasw pokercrianças que nascem surdas e crescem sem aprender a linguagem dos sinais.

Isso conduz à teoriaw pokerque não conseguimos lembrarw pokernossos primeiros anos simplesmente porque nossos cérebros não desenvolveram os recursos necessários. Essa explicação deriva do homem mais famoso na história da neurociência, conhecido apenas como paciente HM.

Após uma operação desastrada para curarw pokerepilepsia ter danificado seu hipocampo, HM não conseguia lembrarw pokernenhum evento novo.

"Esse órgão representa o centro da nossa habilidadew pokeraprender e recorder. Se não fosse o hipocampo eu não recordaria desta conversa agora", afirma Jeffrey Fagen, que estuda memória e aprendizado na Universidadew pokerSaint John.

Mas, curiosamente, HM mantinha a capacidadew pokeraprender outros tiposw pokerinformação - assim como bebês. Quando pesquisadores pediram que ele copiasse um desenhow pokeruma estrelaw pokercinco pontas olhando para o papelw pokerum espelho (algo mais difícil do que pode parecer), ele aprimorou o traço a cada rodada - apesarw pokera experiência ter sido completamente nova para ele.

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Crédito, simpleInsomnia/Flickr/CC By 2.0

Legenda da foto, Não podemos sempre confiarw pokernossas primeiras lembranças - elas podem ter sido moldadas por conversas sobre os episódios

Talvez, quando somos muitos novos, o hipocampo não esteja desenvolvido o suficiente para construir uma memória vívidaw pokerum episódio.

Bebês ratos, macacos e humanos continuam a adicionar novos neurônios ao hipocampo durante os primeiros anosw pokervida, e todos nós somos incapazesw pokerformar memóriasw pokerlongo prazo. "O hipocampo é muito pouco desenvolvidow pokerbebês e crianças", diz Fagen.

Formação da memória

Mas esse hipocampo subdesenvolvido está perdendo nossas memórias antigas ou elas nunca chegaram a se formar?

Como eventos da infância continuam a afetar nosso comportamento bem depoisw pokernos esquecermos deles, alguns psicólogos acreditam que eles devem persistirw pokeralgum lugar.

"As lembranças provavelmente estão arquivadasw pokeralgum lugar inacessível hoje, mas é muito difícil provar isso na prática", afirma Fagen.

Devemos ser muito cautelosos sobre o que recordamos daquela época - nossa infância provavelmente está cheiaw pokerfalsas lembrançasw pokereventos que nunca ocorreram.

Elizabeth Loftus, psicóloga na Universidade da Califórnia, dedicouw pokercarreira ao fenômeno. "As pessoas podem acolher sugestões e começar a visualizá-las - e elas se tornam memórias", diz.

Eventos imaginários

Loftus sabe como isso pode facilmente acontecer. A mãe dela se afogou numa piscina quando ela tinha apenas 16 anos. Anos mais tarde, um parente a convenceu que tinha descoberto o corpo da mãe flutuando.

Todas as lembranças voltaram, até que, uma semana depois, o mesmo parente ligou para dizer que ela tinha entedido errado - se tratavaw pokeroutra pessoa.

Naturalmente, ninguém gostaw pokerouvir que suas memórias não são reais. Para convencer os descrentes, Loftus sabia que iria precisarw pokeruma prova cabal. Na décadaw poker1980, ela recrutou voluntários para um estudo e ela mesma criou as memórias.

Loftus divulgou uma versão elaborada sobre uma traumática ida a um shopping center quando eles se perderam, antesw pokerserem resgatados gentilmente por uma idosa e reunidos.

Para tornar a história mais plausível, ela até recorreu às famílias dos participantes. "Basicamente dissemos aos participantes da pesquisa: 'Falamos comw pokermãe e ela nos contou coisas que aconteceram com você.'"

Quase um terço das vítimas acreditou na mentira, com alguns aparentemente recordando o eventow pokerdetalhes. Na verdade, muitas vezes confiamos maisw pokermemórias imaginárias do quew pokerlembranças do que realmente ocorreu.

Mesmo se suas lembranças forem baseadasw pokerfatos reais, elas provavelmente foram moldadas e repaginadasw pokerretrospectiva - memórias plantadas por conversasw pokervezw pokerlembrançasw pokerprimeira pessoaw pokerfatos reais.

Naquele momento você pensou que seria engraçado pintarw pokerirmãw pokerzebra com pincel atômico? Você viu um vídeow pokerfamília. O incrível bolow pokeraniversário quew pokermãe fez quando você completou três anos? Seu irmão mais velho te contou a respeito.

Talvez o maior mistério não seja por que não conseguimos lembrarw pokernossa infância - mas se podemos acreditarw pokerqualquer umaw pokernossas memórias.

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