O que podemos aprender com o inemuri, o costume japonêscassino jefedormircassino jefequalquer lugar:cassino jefe

Um slogan popularcassino jefepropaganda resumia aquele estilocassino jefevida, ao exaltar os benefícioscassino jefeuma bebida energética: "Você consegue lutar por 24 horas? Homemcassino jefenegócios! Homemcassino jefenegócios! Homemcassino jefenegócios japonês!"

Muitos reclamavam: "Nós, japoneses, somos loucos por trabalhar tanto!". Mas essas queixas revelavam certo sensocassino jefeorgulhocassino jefeser mais aplicado e moralmente superior ao resto da humanidade.

Mas, ao mesmo tempo, eu notava inúmeras pessoas dormindo no metrô durante minhas viagens diárias. Alguns até dormiamcassino jefepé, e ninguém parecia se surpreender com isso.

Aquela atitude me pareceu contraditória. A imagem positiva da abelha operária, que reduz o sono ao mínimo à noite e evita dormir até mais tarde pela manhã, parecia ser acompanhada por uma tolerância excessiva ao chamado "inemuri" - sonecas durante o transporte público, reuniões, aulas e afins.

Mulheres, homens e crianças aparentemente não se inibiamcassino jefecair no sono quando e onde tivessem vontade.

Se dormir numa cama ou num futon era visto como sinalcassino jefepreguiça, porque então dormir no trabalho ou durante um evento não era uma expressão ainda maiorcassino jefeindolência?

Essas impressões e aparentes contradições motivaram meu maior envolvimento com o tema do sono, anos depois,cassino jefemeu projetocassino jefedoutorado.

Sono e significado

No começo, tive que lutar contra o preconceito, porque pessoas relutavamcassino jefeconsiderar o sono um assunto sério para pesquisa acadêmica.

Ele pode ser confrontado com diferentes significados e ideologias; analisar arranjoscassino jefesono e o discurso sobre eles revela atitudes e valores conectados aos contextoscassino jefeque o sono é organizado e discutido.

Na minha experiência, são esses eventos cotidianos aparentemente naturais, sobre os quais as pessoas geralmente não refletem, que revelam estruturas essenciais e valorescassino jefeuma sociedade.

Sono nunca foi um assunto simples, no Japão oucassino jefequalquer lugar. Mesmo antes da invenção da luz elétrica, evidências históricas mostram que pessoas eram repreendidas por ficarcassino jefepé até tarde para conversar, beber e fazer outras atividadescassino jefelazer.

Contudo, estudantes - sobretudo jovens samurais - se consideravam virtuosos se interrompessem seu sono para estudar, mesmo se a prática não fosse eficiente, pois demandava óleo para lampiões e acabava semprecassino jefesonecas durante as aulas.

História do sono

Sonecas quase não são discutidascassino jefelivroscassino jefehistória e parecem ter sido amplamente tomadas como algo natural. Cair no sonocassino jefepúblico só é algo dignocassino jefemenção quando é fonte para uma piada.

O atocassino jefelevantar cedo, por outro lado, tem sido claramente promovido como uma virtude, desde a introdução do Confucionismo e do Budismo.

Na Antiguidade, fontes mostram uma preocupação especial com a escalacassino jefetrabalho dos servidores, mas da Idade Médiacassino jefediante acordar cedo passou a ser uma prática aplicada a todos os estratos sociais, e o "ir para a cama tarde e acordar cedo" se tornou sinônimocassino jefepessoa virtuosa.

Outra questão interessante é o atocassino jefedormir com alguém. Há paísescassino jefeque é recomendado aos pais que bebês durmamcassino jefequarto separado para aprenderem a ser independentes, estabelecendo assim um horário regularcassino jefesono.

No Japão, pelo contrário, pais e médicos afirmam que bebês devem dormir com os pais até, pelo menos, a idade escolar, como meiocassino jefetranquilizá-los e ajudá-los a se tornarem adultos independentes e socialmente estáveis.

Talvez essa norma cultural ajude os japoneses a dormir na presença dos outros, inclusive quando adultos.

Esse fenômeno foi observado na primaveracassino jefe2011, após o tsunami que destruiu várias cidades costeiras. Sobreviventes tiveram que ficarcassino jeferefúgios, onde dezenas e até centenascassino jefepessoas compartilhavam o mesmo espaçocassino jefevida ecassino jefesono.

Apesarcassino jefediversos conflitos e problemas, sobreviventes descreveram como o atocassino jefedividir um espaço comunitário para dormir proporcionou certo conforto e ajudou a relaxar e recuperar o ritmo do sono.

Não é sesta

Mas a experiênciacassino jefedormir na presençacassino jefeoutros não e suficiente, por si só, para explicar a tolerância generalizada ao inemuri, sobretudo na escola e no trabalho.

Após anoscassino jefepesquisa, finalmente me dei contacassino jefeque até certo ponto o inemuri não é considerado como sono absoluto. Não só é visto como diferente do ato noturnocassino jefedormir na cama como algo distintocassino jefetirar uma sesta, uma soneca. Como entender isso?

A chave está no próprio termo, formado por dois caracteres. "I", que significa "estar presente",cassino jefeuma situaçãocassino jefeque se está alerta, desperto; e "nemuri", que significa" sono".

Apesarcassino jefea pessoa que faz inemuri poder estar mentalmente distante, ela tem que ser capazcassino jefevoltar à situação social quando necessário. Também deve manter a impressãocassino jefeseguir condutas sociais por meio da postura, linguagem corporal e vestuário.

Sinalcassino jefetrabalho duro

Fazer inemuri no localcassino jefetrabalho também é visto como resultadocassino jefeesgotamento. Pode ser algo justificado por reuniões longas e tediosas, onde o esforçocassino jefeparticipar é mais valorizado do que o resultado.

Como uma vez alguém me disse: "Nós, japoneses, temos o espírito olímpico: a participação é o que vale".

Cumprir longas jornadascassino jefetrabalho e se dedicar ao máximo a ele é apreciado como um traço moral positivo no Japão.

Alguém que se esforça para participarcassino jefeuma reunião mesmo estando esgotado ou doente demonstra um sentidocassino jeferesponsabilidade e vontadecassino jefeenfrentar sacrifícios.

Por outro lado, a modéstia também é uma virtude muito valorizada.

Portanto, não é possível abrir mão do esforço. Isso cria a necessidadecassino jefemétodos sutis para alcançar reconhecimento social.

Como o cansaço e a doença costumam ser vistos como frutoscassino jefeesforços no trabalho, o inemuri - ou até simular o inemuri fechando os olhos - é visto como sinalcassino jefeuma pessoa esteve trabalhando duro, mas ainda tem a força e a virtude moral para manter a si mesmo e seus sentimentos sob controle.

Portanto, o costume japonês do inemuri não necessariamente revela uma tendência à preguiça.

Pelo contrário: é uma característica informal da vida social japonesa destinada a garantir o exercíciocassino jefesuas funções regulares, oferecendo uma formacassino jefeestar temporariamente afastado e ainda assim dentro dessas funções.

E que fique claro: os japoneses não dormem. Eles não tiram sonecas. Fazem inemuri. Não poderia ser mais diferente.

cassino jefe Leia a reportagem originalcassino jefeinglês cassino jefe no site BBC Future cassino jefe .

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