Como Yayoi Kusama superou trauma e transtorno mental para se tornar a artista mais vendida no mundo:luva bet polemica

A mãeluva bet polemicaKusama pegava seus desenhos antes que ela pudesse terminá-los, o que pode explicar seu impulso criativo obsessivoluva bet polemicaque ela corre para terminar um trabalho antes que ele possa ser tomado dela.

Frustrada com a infidelidade do marido, a mãe da artista também forçava a filha a espiar o pai e suas amantes. A experiência,luva bet polemicatão traumática, resultouluva bet polemicaaversão a sexo ao longo da vida.

Kusama passou a buscar formasluva bet polemicaescapar daquele ambiente doméstico sufocante. A pintora americana Georgia O'Keeffe, por exemplo, lhe despertava admiração pelas representações fantásticas e oníricasluva bet polemicasua obra. Por isso a jovem japonesa deu um passo extraordinariamente ousado ao escrever-lhe pedindo conselhos. "Estou apenas no primeiro passoluva bet polemicauma longa e difícil vida para me tornar uma pintora. Você gentilmente me mostraria o caminho?", perguntou.

Ela deve ter ficado paralisada quando O'Keefe escreveu-lheluva bet polemicavolta, mesmo que fosse para alertá-la que "neste país [EUA], uma artista tem dificuldadesluva bet polemicasobreviver". Apesar disso, O'Keefe aconselhou Kusama a se dirigir às fronteiras americanas e mostrar seu trabalho a qualquer um que pudesse se interessar.

Na época, Kusama falava muito poucoluva bet polemicainglês, e era proibido mandar dinheiro do Japão para os EUA. Destemida, ela costurou notasluva bet polemicadólarluva bet polemicaseu kimono e partiu pelo oceano Pacífico determinada a conquistar Nova York e fazer seu nome no mundo.

Ao infinito e além

Mas não seria assim tão fácil. O domínio masculino no mundo artísticoluva bet polemicaNova York era tamanho que muitas comerciantesluva bet polemicaarte não queriam exibir o trabalholuva bet polemicaoutras mulheres.

Embora Kusama tenha ganho elogiosluva bet polemicaDonald Judd, um reconhecido crítico e artista, no inícioluva bet polemicasua carreira, e mesmo que o pintor Frank Stella fosse um admirador seu, o verdadeiro sucesso sempre fugialuva bet polemicasuas mãos. A jornada se tornou ainda mais agonizante quando teve que assistir a colegas ganharem reconhecimento às custasluva bet polemicasuas ideias.

Claes Oldenburg foi "inspirado" por seu sofáluva bet polemicatecido fálico para criar uma escultura mole pelo qual ele se tornaria famoso. E Andy Warhol copiarialuva bet polemicaPapelluva bet polemicaParedeluva bet polemicaVacas a ideialuva bet polemicaKusamaluva bet polemicacriar imagens repetidas numa obra, como ela fez na instalação Mil Barcos.

Mas o pior estava por vir. Em 1965, Kusama criou o primeiro ambienteluva bet polemicasala espelhada do mundo, um precursor do Quartoluva bet polemicaEspelho Infinito, na Galeria Castellane,luva bet polemicaNova York. Como um homem se preparava para ir à Lua, Kusama foi a única a perceber o crescente interesse do público pelo infinito. Ela respondeu a esse conceito desalentador por meioluva bet polemicaum ambiente aparentemente interminável.

Poucos meses depois,luva bet polemicauma total mudançaluva bet polemicadireção artística, o artistaluva bet polemicavanguarda Lucas Samaras expôsluva bet polemicaprópria instalação espelhada na bem mais prestigiada Galeria Pace.

Atormentada e abatida, Kusama se jogou da janelaluva bet polemicaseu apartamento.

Com o apoioluva bet polemicaamigos, como Beatrice Webb, donaluva bet polemicagaleria, a artista conseguiu se recuperar. E numa impressionante demonstraçãoluva bet polemicadeterminação, Kusama se dirigiu à Bienalluva bet polemicaVeneza,luva bet polemica1966, sem convite, para expor seu Jardim Narciso.

Com uma abordagem espirituosa do comércioluva bet polemicaarte no mundo, a obra compreende 1.500 bolas espelhadas, que ela vendeu por poucos dólares na época, antes que as autoridades colocassem fim àquilo.

"A partirluva bet polemicaentão, ela decidiu que não seria mais uma escrava do mercadoluva bet polemicagalerias e que não teria ninguém decidindo quando e onde ela exibirialuva bet polemicaarte", afirma a documentarista Heather Lenz.

Confrontando seus demônios

De volta aos EUA, Kusama passou a encenar atosluva bet polemicalocais movimentados, como o Central Park e os jardins do MoMa, geralmente com a intençãoluva bet polemicapromover a paz ou com críticas ao sistemaluva bet polemicaarte. Mas muitos desses eventos envolviam nudez, o que provocou um escândalo no Japão e vergonha emluva bet polemicafamília conservadora. Até parte da imprensa americana criticou o que foi interpretado como um incessante desejoluva bet polemicapublicidade.

Cada vez mais desiludida e deprimida, ela voltou ao Japão, onde, sem o apoio da família ou amigos, e se sentindo incapazluva bet polemicapintar, tentou novamente se suicidar.

Mas parece que o desejoluva bet polemicaKusamaluva bet polemicacriar sempre foi maior do que seu desejoluva bet polemicamorrer. Ela acabou encontrando um hospital onde os médicos tinham interesseluva bet polemicaarteterapia e a acolheram.

Nesse ambiente seguro, se viu capazluva bet polemicavoltar a fazer arte. Seu primeiro trabalho foi uma série obscuraluva bet polemicacolagensluva bet polemicaque ela adotou imagens dos ciclos naturais da vida, quase como se estivesse se desafiando a confrontar seus demônios.

A essa altura, Kusama tinha praticamente sido esquecida tantoluva bet polemicacasa quanto no exterior, mas, ao mostrar seu impulso criativo eluva bet polemicadeterminação, ela começou a se restabelecer do zero. Seu trabalho começou a gradualmente ser reavaliado. Uma retrospectivaluva bet polemicasua obra foi exposta no Centroluva bet polemicaArte Contemporânea Internacionalluva bet polemicaNova York,luva bet polemica1989, e quatro anos depois, o historiadorluva bet polemicaarte japonês Akira Tatehata conseguiu convencer o governoluva bet polemicaque ela deveria ser a primeira artista solo a representar o Japão na Bienalluva bet polemicaVeneza,luva bet polemica1993.

Embora uma delicada Kusama tivesse que ser acompanhada por um psicoterapeuta, pelo receioluva bet polemicaela sofrer uma crise nervosa, a exposição foi um sucesso fenomenal e garantiu uma enorme transformação no modo como ela era recebida e reconhecida no Japão.

Outras retrospectivas foram realizadas enquanto seu reconhecimento aumentava e seu ambienteluva bet polemicaapoio permitia que Kusama continuasse a transformar seu traumaluva bet polemicaarte. No entanto, quando Lenz começou a trabalhar no documentárioluva bet polemica2001, a reputação globalluva bet polemicaKusama ainda estava engatinhando. "Ironicamente, pensei que o filme traria grande sucesso a ela", ri a cineasta.

O crescimento surpreendenteluva bet polemicaKusama nos anos seguintes se deve muito às redes sociais, mas espera-se que o documentário encoraje as pessoas a largar seus telefones e a gastar um tempo para refletir apropriadamente sobre seu trabalho na próxima vez que forem contemplá-lo. Seja vendo abóboras, bolinhas ou imersosluva bet polemicaum imponente quarto infinito, o que os visitantes estão admirando nada mais é do que o poder redentor da arte.

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