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De Harry Potter aos Vingadores, por que a humanidade é fascinada por pedras místicas?:áo real bwin
As mentes criativas da Marvel diversas vezes incorporaram influências mitológicasáo real bwinsuas histórias, desde o conceito da jornada do herói do mitólogo Joseph Campbelláo real bwinHomem Aranha até a cooptação diretaáo real bwinfiguras mitológicas como Thor, Loki e Odin. As Joias do Infinito fazem parte dessa tendência e são apenas o mais recente exemplo da celebração humana das pedras mitológicas.
Cada mitologia tem seus artefatos lendários, mas pedras com propriedades misteriosasáo real bwinoutro mundo são as mais comunsáo real bwindiferentes civilizações.
Desde a crença viking relacionando trovões à criaçãoáo real bwinpedras (as chamadas "thunderstones", ou pedrasáo real bwinraio) até a medieval Ordem dos Lapidários, que acreditava que pedras preciosas podiam afastar o mal, praticamente toda cultura crêáo real bwinalguma lenda sobre pedras místicas.
Algumas dessas lendas se mostraram tão impregnadasáo real bwinnossa cultura que automaticamente as reconhecemos hoje.
Um exemplo é a pedra filosofal, a joia da alquimia que é capazáo real bwintornar chumboáo real bwinouro e produzir o elixir da vida, que se manteve tão universalmente relevante que é um ponto principaláo real bwinobras tão diversas quanto os livrosáo real bwinHarry Potter, o mangá japonês Fullmetal Alchemist, um desenho do Tio Patinhas com participação do Pato Donald e um filme do cineasta indiano Satyajit Ray.
A pedra filosofal até virou títuloáo real bwinum álbum do Van Morrison.
Mas isso é só a ponta do iceberg. As pedras procuradas pelos super-heróisáo real bwinhoje são conhecidas por seu poderáo real bwindobrar as leis da natureza e são joias que poderiam dar a seu dono o controle das marés, por exemplo.
Os romanos até disseram ter a posse desse tipoáo real bwinartefato, mergulhando uma pedra especial conhecida como "lapis manalis" na água com a esperançaáo real bwinque isso trouxesse chuvaáo real bwinum ritual conhecido como aquaelicium.
Buscando sentido
Apesaráo real bwinser difícil dizer se essas lendas precursoras tiveram alguma influência sobre os autores dos livrosáo real bwinquadrinhos hoje,áo real bwinabrangência geográfica aponta que as pedras místicas não pertencem a nenhuma culturaáo real bwinparticular, mas vêm das profundezas da consciência coletiva humana.
Portanto, a verdadeira questão não é se essas pedras lendárias são tão comuns no mundo todo, mas sim por quê. De acordo com os escritos do historiadoráo real bwinreligiões George F Moore, as pedras herdaram um papeláo real bwinsignificância religiosa bem cedo na História humana.
"A adoração a pedras sagradas é uma das mais antigas formasáo real bwinreligião da qual temos evidência e uma das mais universais", escreve Moore no Jornal Americanoáo real bwinArqueologia, "sua sobrevivênciaáo real bwinsuperstições populares tem se provado quase inerradicável".
Moore explica que as pedras conquistaramáo real bwinposição elevada no mundo do divino servindo como substitutosáo real bwinaltares para os primeiros fiéis, com uma predileção especial por pedras que ou eram enormes ou tinham uma forma peculiar, já que se acreditava que elas haviam sido esculpidas assim intencionalmente pelas mãosáo real bwinforças divinas.
A presença desse tipoáo real bwinpedra sagrada é comum a uma sérieáo real bwinreligiões, antigas e contemporâneas, como os Sledoviks da Rússia ou a Pedra Negra ainda reverenciada pelo islã.
No entanto, um dos primeiros registros escritos vem dos gregos, que mencionavam repetidamente as pedras Baetylia, talvez as primeiras "pedras da alma".
Acreditava-se que essas pedras tinham dentroáo real bwinsi a forçaáo real bwinvida dos deuses, com um espírito que podia lhes dar a habilidadeáo real bwinse mover por vontade própria e,áo real bwinalguns casos, atéáo real bwinfalar.
É compreensível que povos antigos cultuassem essas pedras considerando que,áo real bwintemposáo real bwintempos, elasáo real bwinfato caíssem do céu.
Para os que ainda não haviam explorado os segredos da galáxia, uma chuvaáo real bwinmeteoros sem dúvida seria vista como uma bênção da natureza, então qualquer meteorito que se conseguisse coletar seria visto naquela época como algo com uma conexão com o divino.
É claro que essa tradição também foi usada pelo universo da Marvel: Wakanda, a nação fictíciaáo real bwinPantera Negra, tem uma indústriaáo real bwintorno da abundânciaáo real bwin"vibranium", um metal raro e poderoso que vemáo real bwinum enorme meteoro.
Enquanto as Joias do Infinito são uma referência a um dos nossos mais antigos mitos, o vibraniumáo real bwinWakanda diz respeito a nossa história. A mineraçãoáo real bwinmeteoritos não é meramente uma invençãoáo real bwinquadrinhos, mas uma prática que existiuáo real bwinverdade há milharesáo real bwinanos.
Há evidênciasáo real bwinque os inuítes da Groelândia tentaram explorar meteoritos que caíram na regiãoáo real bwinCape York através da mineração, enquanto o meteorito Descubridora, achado no México no século 19, tinha uma talhadeiraáo real bwincobreáo real bwinuma fenda, o que sugere que havia mineração do meteoro ali também.
Pesquisadores dizem até que uma das adagas encontradas na tumbaáo real bwinTutancâmon seria feitaáo real bwinferro tiradoáo real bwinum meteoro, devido àáo real bwinincomum concentraçãoáo real bwinníquel, uma marca típicaáo real bwinferroáo real bwinfontes extraterrestres.
O mais fascinante é que, assim como o vibraniumáo real bwinWakanda, essas civilizações antigas tinham bons motivos para crer que os minerais tirados desses meteoritos tinham uma qualidade superior à dos materiais encontrados na Terra.
No caso do Egito, muitos dos artefatos feitos a partir do ferroáo real bwinmeteoros vêmáo real bwinuma época anterior à da popularização da fundição do ferro, o que significa que o bronze ainda era a alternativa mais comum.
Assim como o vibraniumáo real bwinWakanda, o ferroáo real bwinmeteoritos era considerado tremendamente valioso devido aáo real bwinraridade e relativa boa durabilidade.
Como escreveu Virginia Woolf certa vez, "a própria pedra que alguém chuta com a bota vai durar mais que Shakespeare".
O fatoáo real bwinque a busca por pedras mágicas continua sendo um ponto crucialáo real bwinenredos nos mais famosos blockbusters da sociedade contemporânea sugere que não é só a pedra que é destinada a durar uma eternidade, mas também nossa devoção a ela.
Naturalmente, muitos diriam que a diferença entre as pedras míticas e as encontradas no universo da Marvel é que, enquanto o poder das antigas pedras era considerado um fato, reconhecemos as Joias do Infinito e o vibranium pelo que são: ficção.
No entanto, apesaráo real bwinhoje olharmos para as mais antiquadas crenças sobre pedras e joias com a curiosidade que nos é permitida apenas por viver na épocaáo real bwinque vivemos e apesar da maioria dessas religiões terem morrido, a crença genuínaáo real bwinpropriedades mágicas das pedras continua ainda hoje.
Visitantes vãoáo real bwinbandos ao Castelo Blarney, na Irlanda, beijar uma pedra na esperançaáo real bwinque ela lhes dê uma boa eloquência. A lendária Pedraáo real bwinLondres é mantidaáo real bwinsegurançaáo real bwinum museu,áo real bwinmeio a lendas segundo as quaisáo real bwinremoção causaria o colapso da cidade. Torcemos o nariz para práticas medicinais medievais, mas há um mercado onlineáo real bwinascensãoáo real bwin"pedras que curam", como a ametista ou a água marinha, uma versão moderna da medicina lapidária.
Por outro lado, vale notar que nossa devoção a pedras não éáo real bwintodo infundada. Apesaráo real bwinnão possuirmos pedras que nos permitam domar as marés, minerais como a pederneira podem ser usados para acender fogos e o quartzo, com propriedadesáo real bwingerar tensão elétrica, deram aos humanos,áo real bwincerta forma, algum grauáo real bwindomínio dos elementos.
Mesmo distante da crençaáo real bwinque algumas pedras poderiam repelir venenos quando usadasáo real bwinvolta do nosso pescoço, suplementos minerais têm se mostrado bastante úteis no tratamentoáo real bwinuma variedadeáo real bwindoenças na medicina moderna.
Isso certamente é menos místico que nossas superstições arcaicas, mas talvez essas aplicações mais práticas das pedras tenham deixado uma marca indelével na humanidade.
Talvez agora as pedras poderosas da Marvel pareçam menos uma fantasia e mais uma referência a uma crença consolidada.
No centro do filme está uma das mais antigas e perpetuadas fascinações humanas, uma camada a mais sobre a rica tapeçariaáo real bwinalusões a muitas lendas do passado. Com uma história que vai da Idade da Pedra às Pedras do Infinito, parece que nossa obsessão coletiva com esses objetos místicos não deve acabar tão cedo.
- áo real bwin Leia a versão original desta reportagem (em inglês) áo real bwin no site da BBC Culture
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