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Como vermelho escarlate descoberto por indígenas foi parar nas pinturas dos grandes mestres:curso apostas desportivas
Como tudo começou
Na Europa medieval e clássica, artesãos e comerciantes da época corriam atráscurso apostas desportivascores intensas duradouras e -curso apostas desportivastroca - riqueza,curso apostas desportivasmeio a tecidos desbotados e sem vida.
Os tintureiros guardavam a sete chaves o segredo para tingir lã, seda e algodão - o que parecia um truque mágicocurso apostas desportivasalquimia.
Eles usavam raízes e resinas para criar tonscurso apostas desportivasamarelo, verde e azul razoáveis. O caramujo da espécie Murex, por exemplo, deu origem à tintura púrpura do tecido dos trajes imperiais, que valia mais do que seu pesocurso apostas desportivasouro. Mas o vermelho realmente vivo ainda era um desafio.
Durante muitos anos, o tomcurso apostas desportivasvermelho mais comum na Europa vinha do Império Otomano. O chamado "vermelho-turco" era extraído da raizcurso apostas desportivasuma planta da família das rubiáceas.
Os tintureiros europeus tentaram desesperadamente reproduzir os resultados do Oriente, mas foram apenas parcialmente bem-sucedidos. O processo otomano demorava meses e envolvia uma mistura fétidacurso apostas desportivasestercocurso apostas desportivasvaca, azeitecurso apostas desportivasoliva rançoso e sanguecurso apostas desportivasboi, conforme a escritora e historiadora americana Amy Butler Greenfield descreve no livro A Perfect Red ("Um Vermelho Perfeito",curso apostas desportivastradução literak).
Eles também recorreram ao pau-brasil, à goma-laca (resinacurso apostas desportivasinseto) e aos liquens (organismos formados por uma simbiose entre algas e fungos), mas os resultados costumavam decepcionar. Geralmente chegava-se a vermelhos amarronzados ou alaranjados que desbotavam rapidamente.
Para a realeza e a aristocracia da época, o St John's Blood e o Vermelho Armênio (que remontam ao século 8 a.C.,curso apostas desportivasacordo com Butler Greenfield) eram os vermelhos mais vivos e saturados disponíveis na Europa até o século 16.
Mas, como eram feitos a partircurso apostas desportivasdiferentes parasitas presentes na raiz da Porphyrophora,curso apostas desportivasprodução era árdua e a disponibilidade, escassa. Mesmo a preços mais altos.
Enquanto isso, os povos mesoamericanos do sul do México usavam o inseto cochonilha como fontecurso apostas desportivascorante desde 2000 a.C., muito antes da chegada dos espanhóis, segundo conta a especialista têxtil Quetzalina Sanchez.
A cochonilha - da espécie Dactylopius coccus - é um inseto parasita que vive principalmentecurso apostas desportivascactos nativos do México. O vermelho profundo, conhecido como carmim, vem do ácido que produz para afastar predadores.
Indígenascurso apostas desportivasPuebla, Tlaxcala e Oaxaca desenvolveram sistemas para reprodução e manejo da cochonilhacurso apostas desportivasbuscacurso apostas desportivascaracterísticas ideais. O pigmento era usado para criar pinturascurso apostas desportivascódices (manuscritos gravadoscurso apostas desportivasdiversos materiais) e murais, para tingir tecidos e penas, e até mesmo como remédio.
Cochonilha no Novo Mundo
Quando os espanhóis chegaram à Cidade do México, sede do Império Asteca, a cor vermelha estava por toda parte. Vilarejos remotos pagavam dívidas ao império convertidascurso apostas desportivasquiloscurso apostas desportivascochonilha e roloscurso apostas desportivastecido vermelho sangue.
"Escarlate é a cor do sangue, e o extrato da cochonilha dava origem a ela (...). A cor sempre teve um significado, às vezes, mágico, outras vezes religioso", afirmou Sanchez à BBC.
Cortés identificoucurso apostas desportivasimediato as riquezas do México, relatadascurso apostas desportivasdiversas cartas ao rei Carlos 5.
"Vou falar sobre algumas coisas que eu vi, que apesarcurso apostas desportivasmal descritas, eu sei que causarão tanto espanto que será difícilcurso apostas desportivasacreditar, porque mesmo nós, que estamos vendo aqui com nossos próprios olhos, não conseguimos crer nacurso apostas desportivasexistência", escreveu.
Os primeiros relatos indicam que Cortés não se encantoucurso apostas desportivascara pela cochonilha - ele estava mais preocupadocurso apostas desportivassaquear ouro e prata.
Ao contar sobre o mercadocurso apostas desportivasTenochtitlán, que era "duas vezes maior que ocurso apostas desportivasSalamanca", ele escreveu:
"Eles também vendem noveloscurso apostas desportivasdiferentes tiposcurso apostas desportivasalgodão, tecidoscurso apostas desportivastodas as cores,curso apostas desportivasmodo que se parece bastante com os mercadoscurso apostas desportivassedacurso apostas desportivasGranada, embora seja maior; há ainda tantas cores diferentes para pintura quanto podem ser encontradas na Espanha, ecurso apostas desportivasexcelentes tons. "
Enquanto isso, na Espanha, o rei era pressionado a fazer face às despesas e manter o território dominadocurso apostas desportivasrelativa paz.
Embora não tenha se convencido à princípio da promessacurso apostas desportivasAmérica, ele ficou fascinado pelos contos exóticos e enxergou na cochonilha uma oportunidadecurso apostas desportivasengordar os cofres da coroa.
Em 1523, quando o pigmento chegou à Espanha, o rei escreveu para Cortés sobre a ideiacurso apostas desportivasexportar o corante para a Europa, segundo relatou Butler.
"Por meiocurso apostas desportivasleis absurdas e decretos (os espanhóis) monopolizaram o comércio da cochonilha ", diz Sanchez.
"Eles obrigavam os índios a produzir o máximo possível. "
Os indígenas mesoamericanos que se especializaram na produção do pigmento e não foram mortos por doenças ou abatidos durante o processocurso apostas desportivascolonização receberam como pagamento centavoscurso apostas desportivasdólar - enquanto os espanhóis "tinham lucros enormes como intermediários".
Vermelho na arte
De acordo com Butler, a tintura proveniente da cochonilha era dez vezes mais potente que o St John's Blood e produzia 30 vezes mais corante por onça (28,35 gramas) que o Vermelho Armênio.
Sendo assim, quando os tintureiros europeus começaram a experimentar o pigmento, ficaram maravilhados com seu potencial. Era o vermelho mais vivo e concentrado que já tinham visto.
Em meados do século 16, a cochonilha já estava sendo usadacurso apostas desportivastoda a Europa. E, na décadacurso apostas desportivas1570, tornou-se um dos negócios mais rentáveis do continente - a comercialização passoucurso apostas desportivas"50 mil libras (cercacurso apostas desportivas23 toneladas),curso apostas desportivas1557, para maiscurso apostas desportivas150 mil libras (aproximadamente 67 toneladas),curso apostas desportivas1574", escreveu Butler.
Na exposição mexicana, a introdução da cochonilha na paleta dos artistas europeus é ilustradacurso apostas desportivaspinturas barrocas do início do século 17, depois que o pigmento já era uma indústriacurso apostas desportivasexpansãocurso apostas desportivastoda a Europa e no mundo.
Obrascurso apostas desportivaspintores barrocos como Cristóbalcurso apostas desportivasVillalpando e Luis Juárez, paicurso apostas desportivasJosé Juárez, que trabalharam a vida toda no México (Nova Espanha), estão expostas ao ladocurso apostas desportivaspinturas do espanhol Sebastián Lópezcurso apostas desportivasArteaga e Peter Paul Rubens.
O quadro A Incredulidadecurso apostas desportivasSão Tomé,curso apostas desportivasLópezcurso apostas desportivasArteaga, parece tímidocurso apostas desportivascomparação à versão do pintor italiano Caravaggio, na qual a expressãocurso apostas desportivasconsternação e espantocurso apostas desportivasSão Tomé fica evidente nas rugascurso apostas desportivassua testa franzida. Mas a bata vermelha usada por Cristo na obracurso apostas desportivasLópezcurso apostas desportivasArteaga, denotandocurso apostas desportivassantidade, praticamente salta da tela.
Ambos os artistas fizeram uso da cochonilha, que ajudou a estabelecer o contraste dramático característico do estilo barroco no mundo da arte.
A poucos metros, um retratocurso apostas desportivasIsabella Brandt (1610),curso apostas desportivasRubens, mostra a versatilidade da tinta feita à basecurso apostas desportivascochonilha. A parede atrás da modelo é pintada com um vermelho profundo e brilhante, do qual ela surgecurso apostas desportivasuma delicada auracurso apostas desportivasluz.
A Bíblia na mãocurso apostas desportivasIsabella também foi representada com detalhescurso apostas desportivasvermelho escarlate, mostrando o claro domíniocurso apostas desportivasRubens sobre os pincéis, o que faz com que suas obras pareçam vivas.
Durante o Modernismo, os pintores impressionistas continuaram a usar os tons vermelhos importados do México - sócurso apostas desportivasmeados do século 19 que a cochonilha foi substituída por alternativas sintéticas.
No Paláciocurso apostas desportivasBelas Artes, obrascurso apostas desportivasPaul Gauguin, Auguste Renoir e Vincent van Gogh foram analisadas - e o resultado deu positivo para cochonilha.
Assim como Rubens, Renoir retrata temas que parecem estar vivos na tela. Mas, como impressionista, suas pinturas se dissolvemcurso apostas desportivasintensas abstrações.
Gauguin também usou as cores, especialmente o vermelho, para criar uma tonalidade vibrante, mas não se compara à saturação alcançada por Van Gogh.
O quadro O quartocurso apostas desportivasArles (1888), cedido pelo Institutocurso apostas desportivasArtecurso apostas desportivasChicago, encerra a exposição, com um único e intenso ponto quente vermelho na cama.
Depois que os pigmentos sintéticos se popularizaram, a tintura vermelha passou a ser produzidacurso apostas desportivasmassa como corante alimentar industrial - seu principal uso atualmente.
Ao conquistar a independência, o México podia não controlar o valioso monopólio da cochonilha, mas recuperou algocurso apostas desportivasvolta - o vermelho sagrado que havia sido saqueado e propagado pelos espanhóis mundo afora.
"Na Europa, como acontececurso apostas desportivasmuitos casos, a história do povo nativo do México importa muito pouco", disse Sanchez à BBC.
Mas, segundo ela, no México "a cor continua a ser associada à magia ancestral (e) protege aqueles que usam roupas tingidas com cochonilha. "
- curso apostas desportivas Leia a versão original desta reportagem (em inglês curso apostas desportivas ) no site BBC Culture curso apostas desportivas .
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