'Em que Brasil você vive?': empregadas domésticas e parentes que nunca saíram do Brasil reagem a falabet 165Guedes:bet 165

"Em que Brasil você vive?", pergunta filhabet 165empregada doméstica

Crédito, Twitter

Legenda da foto, "Em que Brasil você vive?", pergunta filhabet 165empregada doméstica

bet 165 A cotação do dólar bateu novo recorde na quarta-feira e chegou a R$ 4,35. Para ilustrar como a alta poderia ser positiva para o Brasil, o ministro da Economia, Paulo Guedes, citou um suposto fluxobet 165empregadas domésticas indo à Disneybet 165temposbet 165dólar baixo, o que classificou como "uma festa danada".

"Não tem negóciobet 165câmbio a R$ 1,80. Vou exportar menos, substituiçãobet 165importações, turismo, todo mundo indo para a Disneylândia. Empregada doméstica indo pra Disneylândia, uma festa danada. Mas espera aí? Espera aí. Vai passear alibet 165Foz do Iguaçu, vai ali passear nas praias do Nordeste, está cheiobet 165praia bonita. Vai para Cachoeiro do Itapemirim, vai conhecer onde o Roberto Carlos nasceu. Vai passear no Brasil, vai conhecer o Brasil, que está cheiobet 165coisa bonita para ver", disse Guedesbet 165um semináriobet 165Brasília.

Ao antecipar as críticas que receberia pelo comentário, o ministro tentou se corrigir, afirmando que quis dizer "que o câmbio estava tão barato que todo mundo estava indo para a Disneylândia, até as classes sociais mais baixas". Ele continuou a emenda, dizendo que "todo mundo quer ir para a Disneylândia", mas não "três, quatro vezes ao ano".

Não foi suficiente. Nas redes sociais, empregadas domésticas— e principalmente seus filhos e filhas, mais jovens — criticaram o tom da fala apontando para um viés classista e questionando o quão realista seria a constatação do ministro.

A primeira década do século 21 foi marcada por uma expansão da classe média no Brasil. Segundo o Ipea, o númerobet 165mulheres empregadas no comércio se aproximou pela primeira vez na história do númerobet 165empregadas domésticas no Brasilbet 1652007. Este fluxobet 165trabalhadores domésticos para outros ofícios ilustra o crescimento da classe C - que, segundo dados levantados pelo grupo BNP Paribasbet 165conjunto com a Ipsos Public Affairs, cresceubet 16562,7 para 103 milhõesbet 165pessoas, entre 2005 e 2011.

Mas os profissionais que continuaram ganhando até um salário mínimo, caso dos trabalhadores domésticos, ficarambet 165fora.

Este grupo, segundo economistas, não foi beneficiado pelo "boom" da nova Classe C no mercado turístico brasileiro, quando milharesbet 165pessoas viajarambet 165avião pela primeira vez — principalmente para destinos dentro do Brasil.

Pelo Twitter, brasileiros lembraram que, por um lado, qualquer categoria profissional deveria ter o direitobet 165viajar para onde for e, por outro, o quão difícil é para um empregado ou empregada doméstica conseguir juntar dinheiro para uma viagem internacional.

"Que época era essa?"

Crédito, Twitter

Legenda da foto, "Que época era essa?"

"Em que Brasil você vive?", perguntou a filhabet 165uma empregada doméstica.

"Quero saber que época era essa que ele está falando", questionou outra.

bet 165 Críticas 'à direita'

Paulo Guedes e Bolsonaro

Crédito, SERGIO MORAES/REUTERS

Legenda da foto, "Pergunta ao Paulo Guedes", costuma dizer Bolsonaro quando questionado sobre políticas econômicas do governo.

O piso salarial federal para empregados domésticos é R$ 1.045, mas o valor pode variarbet 165acordo com as leis locaisbet 165cada Estado.

As críticas não se limitaram a brasileiros próximos a profissionais domésticos e incluíram pessoas que se apresentam como liberais,bet 165direita, e apoiadores das políticas do ministro — tido como o principal nome, junto a Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública), do gabinete ministerialbet 165Bolsonaro.

"Sou 100%bet 165direita, mas só tenho uma coisa a dizer. Cala a Boca, Guedes. Todos deveriam poder viajar, seja para Natal, Disney, Europa (...) Todos têm o mesmo direito, seja o empresário ou a empregada, que diga-sebet 165passagem é uma profissão digníssima", afirmou um usuário do Twitter.

'Todos deveriam poder viajar', diz seguidor que se classifica como '100%bet 165direita'

Crédito, Twitter

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"Sou fã desse cara, mas qual o problemabet 165uma empregada doméstica, um carteiro, um policial, um professor ir à Disney? Nenhum", disse outro.

O economista e investidor Paulo Guedes foi o principal trunfo do candidato Jair Bolsonaro (PSL) no front econômico durante a campanha eleitoral.

Seu discursobet 165defesa do Estado mínimo e da abertura do mercado para o comércio internacional ajudou a atrair o apoiobet 165parcela do empresariado ebet 165investidores. Apelidado por Bolsonarobet 165"Posto Ipiranga"bet 165matériabet 165política econômica —bet 165alusão ao slogan publicitário "Pergunta lá no Posto Ipiranga", da redebet 165postosbet 165abastecimento —, ele é frequentemente citado pelo presidentebet 165entrevistas.

"Pergunta ao Paulo Guedes", disse Bolsonarobet 165viagens internacionais à China, Arábia Saudita e Índia, sempre que questionado sobre políticas econômicas do governo.

Carioca, nascidobet 16524bet 165agostobet 1651949 numa famíliabet 165classe média baixa, Guedes se formou no início dos anos 1970 pela Faculdadebet 165Ciências Econômicas da Universidade Federalbet 165Minas Gerais (UFMG), depois se tornou mestrebet 165Economia pela Fundação Getúlio Vargas do Riobet 165Janeiro (FGV-Rio) e doutor pela Universidadebet 165Chicago, nos Estados Unidos.

"Qual é o problema?"

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'Minha mãe nunca foi à Disney'

A maioria das reações às falasbet 165Guedes vindasbet 165parentesbet 165profissionais domésticos apontou que uma viagem à Disney não é algo presente no cotidianobet 165quem ganha um salário mínimo.

'Minha mãe foi empregada doméstica por 40 anos e nunca foi à Disney'

Crédito, Twitter

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"Minha mãe foi empregada doméstica por 40 anos e nunca foi à Disney", disse uma jovem no Twitter.

Outros fizeram coro.

"Minha mãe é empregada há 20 anos e eu nunca fui à Disney, nem ela. Quero saber que época era essa que ele está falando", perguntou outra.

Houve quem lembrasse dos desafios da classebet 165buscabet 165direitos trabalhistas.

Desafios da categoria falam mais alto que viagens, dizem usuários

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"Minha mãe é empregada doméstica e ainda não teve essa benfeitoria embet 165vida. Pelo contrário. Está lutando para receber o décimo terceiro até hoje, porque (a) lei não garante direito. Paulo Guedes, porque não experimentar capinar um pátio.

Outros usuários destacaram a importância do turismo nacional, como pediu Guedes, mas lembraram que todos têm o direitobet 165viajarem para onde quiserem.

"Eu sou a favor do brasileiro conhecer seu próprio país. Até porque temos lugares maravilhosos. Mas ele citou a empregada doméstica como se ela não tivesse o direitobet 165viajar para onde ela quiser", reagiu um.

"Me senti pessoalmente ofendida, minha mãe foi empregada doméstica a vida toda. E teria direitobet 165fazer com o dinheiro dela o que quisesse, até ir para a Disney", disse outro.

Internautas também falarambet 165ofensa após o comentário do ministro da Economia

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