'Sharenting': quando a exposição dos filhos nas redes sociais não é necessariamente algo ruim:aposta maxima sportingbet
É que as crianças atuais compõem "a geração mais observadaaposta maxima sportingbettoda a história", nas palavrasaposta maxima sportingbetBenjamin Schmueli e Ayelet Blecher-Prigat, num dos mais importantes artigos acadêmicos sobre privacidade infantil.
Uma pesquisa feitaaposta maxima sportingbet2017 com 2 mil paisaposta maxima sportingbetcrianças pequenas britânicas apontou que estes publicavam online, por ano, 195 fotosaposta maxima sportingbetseus filhos.
Antesaposta maxima sportingbetcompletar cinco anos, essas crianças têm,aposta maxima sportingbetmédia, mil fotos delas próprias postadas na internet.
Stacey Steinberg, que é professoraaposta maxima sportingbetDireito da Universidade da Flórida, tornou-se referência nos EUA e no Reino Unido ao escrever artigos acadêmicos e um livro (Growing Up Shared, ou "Crescendo compartilhado",aposta maxima sportingbettradução livre, a ser lançadoaposta maxima sportingbetagosto) sobre sharenting.
Ela argumenta que, ao mesmo tempoaposta maxima sportingbetque o compartilhamento exagerado — e, sobretudo, impensado — serveaposta maxima sportingbetmau exemplo para as crianças e ameaça seu bem-estar, o atoaposta maxima sportingbetcompartilharaposta maxima sportingbetsi é benéfico ao aumentar nossa conexão comunitária, trocaaposta maxima sportingbetexperiências e convivência social.
"Existe um grande poder na práticaaposta maxima sportingbetcompartilhar nossas vidas com nossas comunidades."
O essencial, defende ela, é refletir antesaposta maxima sportingbetpublicar e incluir as crianças no processo decisório sobre o que vai ser postado sobre elas online,aposta maxima sportingbetforma a educá-las sobre privacidade, consentimento e como se portar nas redes sociais.
"É irônico que tantoaposta maxima sportingbetnossa energia seja gastaaposta maxima sportingbetcomo nossos filhos usam as redes sociais e quanto tempo eles passam na internet, e raramente focamosaposta maxima sportingbetnosso próprio comportamento", diz.
"E sharenting é uma das formas como podemos serviraposta maxima sportingbetmodelo (às crianças) para o uso das redes sociais. Fazemos bemaposta maxima sportingbetpensar sobre o tempoaposta maxima sportingbettela das crianças — certamente é preciso estabelecer limites —, mas também faríamos bemaposta maxima sportingbetolhar para nós mesmos, sobre como nos portamos online e o que compartilhamos."
"As decisões não serão as mesmas para todas as famílias, (mas) devemos pensar muito a respeito e tomar decisões bem informadas que se encaixemaposta maxima sportingbetnossos valores. (...) As famílias se beneficiam muitoaposta maxima sportingbetcompartilhar suas vidas online — recebem apoio dos demais e aprendem — e certamente não quero silenciar as vozes dos pais. Mas existe um conflito intrínseco no que diz respeito às crianças: somos tanto os guardiões que mantêm as informações sobre nossos filhos protegidas e privadas, como os que decidem o que tornamos público e quando."
Crianças com poderaposta maxima sportingbetveto
Com issoaposta maxima sportingbetmente, Steinberg passou a dar voz aos próprios filhos antesaposta maxima sportingbetcompartilhar algo sobre eles.
"A conversa é diferente com meu filho adolescente e com minha filha que ainda está na primeira série. Mas mesmo ela já tem noçãoaposta maxima sportingbetsi mesma,aposta maxima sportingbetmomentosaposta maxima sportingbetque sente vergonha, e tem opinião sobre o que a faz sentir bem ou não", conta.
"Se tiro uma foto dela, pergunto o que ela achaaposta maxima sportingbeteu compartilhar. E começo com pouco: 'posso mandar essa foto para a vovó?'. E a partir da reação dela avanço na conversa. Vejo isso como uma formaaposta maxima sportingbetensinar para ela que ela tem o direito sobre a própria imagem, sobre seu corpo. Ela pode decidir como e quando vou compartilhar informações sobre ela", prossegue.
"Meu filho do meio participaaposta maxima sportingbetcompetiçõesaposta maxima sportingbetginástica, e (pergunto) antesaposta maxima sportingbetcompartilhar vídeos e mostro a ele os comentários que recebo,aposta maxima sportingbetforma que ele se sinta confortável com o que está sendo dito sobre ele online."
'Mas qual é o problemaaposta maxima sportingbetcompartilhar?'
"Tenho orgulhoaposta maxima sportingbetvocê e quero compartilhar isso. Não entendo qual é o problema", dizia uma mãe à filha adolescenteaposta maxima sportingbetuma reportagem sobre o tema do New York Timesaposta maxima sportingbetagostoaposta maxima sportingbet2019. A filha,aposta maxima sportingbet16 anos, reclamava que a mãe "compartilha minha vida inteira" online.
Discussões semelhantes entre mães e filhos foram apresentadasaposta maxima sportingbetuma reportagem do programa Fantástico, da Rede Globo, sobre o tema,aposta maxima sportingbetabril do ano passado.
"Fico à mercêaposta maxima sportingbetuma situação que eu não estou controlando, que não sou eu que estou querendo expor", dizia uma das jovens brasileiras entrevistadas, queixando-se que a mãe postava cada detalhe e etapa das viagensaposta maxima sportingbetférias familiares.
Talvez o diálogo mais famoso sobre o sharenting até agora tenha se dado entre a atriz americana Gwyneth Paltrow eaposta maxima sportingbetfilha Apple Martin, tambémaposta maxima sportingbet2019.
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Finalaposta maxima sportingbetInstagram post
"Mãe, já discutimos isso. Você não pode postar nada sem o meu consentimento", comentou Appleaposta maxima sportingbetuma fotoaposta maxima sportingbetmãe e filhaaposta maxima sportingbetuma montanha, publicada por Paltrow emaposta maxima sportingbetconta no Instagram.
"Mas não dá nem para ver o seu rosto!", respondeu a atriz.
Para a pesquisadora Steinberg, muitas vezes existe uma desconexão entre o que pais e filhos consideram aceitávelaposta maxima sportingbetse publicar, embora isso seja fluido e estejaaposta maxima sportingbetmutação à medida que as pessoas aprendem mais sobre as redes sociais.
"Lembro que, aos meus 11, 12 ou 13 anos, quando eu ia às compras com a minha mãe e ela falava que determinada roupa ficava bemaposta maxima sportingbetmim, eu corria para comprar uma roupaaposta maxima sportingbetque ela não gostasse. A minha ideia do que ficava bemaposta maxima sportingbetmim era diferente da dela", diz Steinberg.
"É isso que precisamos entender: nossa visão do que pode agradar nossos filhos é diferente da visão deles. Sendo conscientes disso, também seremos conscientes dos demais riscosaposta maxima sportingbetcompartilhar informações online e estaremos no caminho certo."
Outra pergunta a se fazer é: se publicassem isto sobre mim, será que eu iria gostar?
Essa valeaposta maxima sportingbetparticular para pais que publicam fotos e vídeos dos filhos tendo ataquesaposta maxima sportingbetbirra, chorando ou se "portando mal". Esses vídeos podem ser engraçados ou bem intencionados, mas, arquivados eternamente na internet, podem no futuro virar motivoaposta maxima sportingbetvergonha para as crianças.
"Devemos pensaraposta maxima sportingbetcomo eles se sentirão quando abrirem nosso feedaposta maxima sportingbetredes sociais e virem o que foi postado sobre eles 10, 15 anos antes. E quando compartilhamos coisas que podem ser embaraçosas para eles, devemos pensar como nos sentiríamos se compartilhassem coisas do tipo sobre nós mesmos", diz a acadêmica.
Em entrevistas com mil jovens do Reino Unidoaposta maxima sportingbet12 a 16 anos, uma pesquisa identificou que 40% deles disseram que seus pais já haviam compartilhados fotos embaraçosas deles.
Perigos das redes:aposta maxima sportingbetrouboaposta maxima sportingbetidentidade a pedofilia
Existem, ainda, riscos maiores do excessoaposta maxima sportingbetcompartilhamentos, pelo mau uso dos dados pessoais por terceiros.
O primeiro desses riscos é oaposta maxima sportingbetrouboaposta maxima sportingbetidentidade, a partiraposta maxima sportingbetfotos e informações pessoais obtidas online. Crianças são vistas como alvoaposta maxima sportingbetpotencial para esse tipoaposta maxima sportingbetroubo porque, como passam anos da infância sem precisaraposta maxima sportingbetdeterminados documentos,aposta maxima sportingbetpedidosaposta maxima sportingbetconta bancária ou crédito financeiro, elas podem ter suas informações usadas ilegalmente por muito tempo sem que isso seja detectado.
Um relatórioaposta maxima sportingbet2018 do banco britânico Barclays estima que "mais uma décadaaposta maxima sportingbetpais que compartilham excessoaposta maxima sportingbetinformações pessoais online" produzirá 7,4 milhõesaposta maxima sportingbetincidentesaposta maxima sportingbetfraudeaposta maxima sportingbetidentidade até 2030.
"Pelas redes sociais, nunca foi tão fácil para fraudadores obter informações-chave (nome, idade, localaposta maxima sportingbetnascimento, nomes dos pais etc.) necessárias para roubar a identidadeaposta maxima sportingbetalguém", disse, na época, Jodie Gilbert, chefeaposta maxima sportingbetsegurança digital do banco, pedindo que os pais fossem mais cautelosos com as configuraçõesaposta maxima sportingbetprivacidadeaposta maxima sportingbetsuas redes sociais e com o que é postado sobre seus filhos.
O outro grande perigo é a pedofilia:aposta maxima sportingbetque fotos nuas ouaposta maxima sportingbetpoucas roupasaposta maxima sportingbetcrianças acabem circulandoaposta maxima sportingbetredes frequentadas por pedófilos.
Segundo uma pesquisa feitaaposta maxima sportingbet2017 na América Latina, quase 40% dos brasileiros entrevistados admitiam ter postado online fotos dos filhosaposta maxima sportingbetroupas íntimas, fraldas ou tomando banho.
"Antigamente, fotos espontâneasaposta maxima sportingbetcrianças eram tiradas desajeitadamente, mas os pais preservavam e as compartilhavamaposta maxima sportingbetálbunsaposta maxima sportingbetfotos dentroaposta maxima sportingbetsuas casas. Como profissionalaposta maxima sportingbetcibersegurança, que passa muito tempoaposta maxima sportingbetredes sociais, fico impressionado com o que os usuários compartilham online e como estamos expondo nossos filhos a viverem um tormento no futuro", afirmou, na época,aposta maxima sportingbetcomunicado, Dmitry Bestuzhev, da Kaspersky Lab, empresa responsável pela pesquisa.
Para Stacey Steinberg, esses perigosaposta maxima sportingbetfato são reais, mas tampouco devem ser superestimados. O mais importante, opina, ainda é pensar no bem-estar das crianças online — garantindo que elas tenham controle do que é postado sobre elas e modelando um bom comportamento nas redes sociais.
As precauções básicas
Para pais que queiram ser mais cuidadosos com o que compartilham dos filhos, ela dá sete recomendações:
1 - Conhecer as políticasaposta maxima sportingbetprivacidadeaposta maxima sportingbetsites e redes, para poder escolher com qual público você quer compartilhar (em geral ou só amigos, por exemplo) e,aposta maxima sportingbetalguns casos, conseguir esconder o conteúdo dos algoritmosaposta maxima sportingbetbusca do Google;
2 - Registrar-se para receber notificações (por exemplo, do Google) sobre o que é publicado;
3 - Pensar quando é o casoaposta maxima sportingbetpostar anonimamente. Por exemplo, se a ideia é compartilhar uma história sobre uma condição médica do seu filho que possa, futuramente, causar algum desconforto a ele, Steinberg sugere buscar fórunsaposta maxima sportingbetque os pais possam encontrar ajuda e apoio, masaposta maxima sportingbetmodo anônimo;
4 - Não compartilhar a localização física daaposta maxima sportingbetfamíliaaposta maxima sportingbetfotos;
5 - Dar às crianças maiores o poderaposta maxima sportingbetvetar o que elas não quiserem que você publique sobre elas, tanto por respeito a elas como para ensinar-lhes a importância do consentimento eaposta maxima sportingbetbons modos nas redes sociais;
6 - Não publicar imagensaposta maxima sportingbetcrianças nuas ou seminuas;
7 - Sempre pensar no bem-estar futuro das crianças e como elas se sentirão, mais tarde, ao verem aquela publicação.
"Ainda não sei se vou mudaraposta maxima sportingbetideia ao longo do tempo sobre o que compartilho", conta Steinberg à BBC News Brasil.
"O que posso dizer é que certamente penso muito mais a respeito disso do que pensava cinco anos atrás. Somos a primeira geração a ter filhos nascidos já com as redes sociais, então ainda estamos aprendendo. Não existe um manual. Minha intenção é deixar os pais bem informados, mas sem julgá-los. Nos beneficiamosaposta maxima sportingbetcompartilhar e vamos continuar a fazê-lo; precisamos é descobrir formasaposta maxima sportingbetusar isso a nosso favor."
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