Jogos que exploram escândalos da política ganham adeptos no Brasil:royalwin freebet

Doria
Legenda da foto, Desenvolvedores ironizam personagens políticos

Para evitar a prisãoroyalwin freebetGededel, o jogador deve resgatar todo o dinheiro, que cairoyalwin freebetmontantes variados, começando com moedas que valem R$ 5 mil e chegando até malotes com R$ 3 milhões. Além disso, é preciso desviarroyalwin freebetobjetos arremessados por vizinhos indignados com a corrupção - até um gato vira projétil.

As referências políticas não acabam aí: a trilha sonoraroyalwin freebet8 bits, típicaroyalwin freebetgames antigos, lembra a melodia do jingleroyalwin freebetGeddel Vieira Lima, ecoado à exaustão na Bahiaroyalwin freebettodas nas suas candidaturas à Câmara. O original versava que o ex-ministro era "um nome forte no cenário nacional". O criminalista Gamil Foppel, advogadoroyalwin freebetGeddel, atualmente preso, afirmou que enviaria uma nota sobre o game, o que não ocorreu até o fechamento da reportagem.

"Sou ligadoroyalwin freebetgames desde criança. Na faculdade, comecei a criar jogos. Agora, estávamos desenvolvendo outro game quando surgiu esse caso. Paramos tudo pra fazer isso e a recepção foi ótima", conta Ricardo Schimid, que tem 27 anos e diz que, até pouco tempo atrás, jamais dera muita atenção à política.

Agora ele dá - e acha que a sátira é a melhor formaroyalwin freebettratar do tema. "A política no Brasil virou comédia. É só ver como os programasroyalwin freebethumor abordam a política. Nem precisam criar grandes roteiros, as histórias já são piada", opina.

Política virtual

O game inspirado pelo imóvel-cofre atribuído a Geddel Vieira Lima, queroyalwin freebetpouco tempo foi baixado por aproximadamente 5 mil usuários, é apenas um exemplo recenteroyalwin freebetjogos que ironizam personagens da política nacional, boa parte deles envolvidaroyalwin freebetdenúnciasroyalwin freebetcorrupção.

Entre aplicativos para dispositivos móveis e jogos para navegador da web, existem opçõesroyalwin freebetgames a mirar políticos das mais diversas legendas e ideologias.

Um exemploroyalwin freebetdiversidade surgiu da parceria entre os pequenos estúdios Nebulosa e Black Hole. Em 2016, eles lançaram o jogoroyalwin freebetnavegador "Super Impeachment Rampage", que passou da marcaroyalwin freebet500 mil jogadas.

Corre companheiro
Legenda da foto, Jogos usam estéticaroyalwin freebetgames antigos

Em oito fases, o jogador controla um avatar da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), saltando repórteres, coxinhas humanas e manifestantes pelas ruasroyalwin freebetBrasília na missãoroyalwin freebetevitar o impedimento, coisa que Dilma não conseguiu na vida real. Dilma foi afastada do cargo aindaroyalwin freebetmaio do ano passado,royalwin freebetum processoroyalwin freebetimpeachment.

Neste ano, após a delação premiada dos executivos da J&F, os mesmos criadores lançaram o "Super Impeachment Rampage Apocalypse": enquanto no Planaltoroyalwin freebetverdade o presidente Michel Temer negocia com deputados para barrar a segunda denúncia contra si, nesta nova versão do game o pequeno simulacroroyalwin freebetTemer percorre cenários sombrios a fimroyalwin freebetevitar a renúncia.

Na última fase, ele enfrenta o "boss", ou chefão:royalwin freebetvezroyalwin freebetKoppa, do Mario Bros., um mega-pato amareloroyalwin freebetchamas que solta raios incendiários - uma referência ao mascote da Federação das Indústriasroyalwin freebetSão Paulo (Fiesp), que adotou o animal como símboloroyalwin freebetuma campanha contra o aumentoroyalwin freebetimpostos.

Na versão anterior, o boss encarado por Dilma é um supercaranguejo com cararoyalwin freebetEduardo Cunha, numa alusão ao codinome que, apontam os investigadores, era atribuído ao ex-presidente da Câmara nas planilhasroyalwin freebetpropina da Odebrecht.

"A criação dos dois jogos políticos foi um acaso. Fizemos o primeiro inspirado no 'Leo's Red Carpet Rampage', lançado na época do Oscarroyalwin freebet2016 (em uma brincadeira com o ator Leonardo DiCaprio). Cercaroyalwin freebetum ano depois, a situação política estava tão caótica que decidimos criar a versão Apocalypse como continuação", diz Mariana Salimena, sócia do Nebulosa Studio, com sederoyalwin freebetJuizroyalwin freebetFora (MG).

Em 2015, quando a sombra do impeachment começou a rondar Dilma, suas diferenças com Eduardo Cunha, então presidente da Câmara, já poderiam ter sido resolvidas no game "Vale Tudo", que segue o modeloroyalwin freebetclássicos como Mortal Kombat e Street Fighter.

"O jogador escolhe com quem quer lutar e cada personagem é dotadoroyalwin freebetpoderes criados a partir das notícias da época. Dilma vira a Mulher Sapiens e tem o poder da mandioca. Cunha, porroyalwin freebetvez, tem os panelaços a seu favor", explica Alex Leal, criador do jogo e CEO da Lizards Games,royalwin freebetBrasília. "Mulher sapiens" e saudação à mandioca são trechosroyalwin freebetdois famosos discursos da ex-mandatária, ainda no cargo.

Então candidata ao Planalto,royalwin freebet2010 Dilma já havia inspirado o primeiro jogo político desenvolvido por Leal, o "Dilma Adventure", que teve aproximadamente 1,5 milhãoroyalwin freebetpartidas ao ser lançado.

Mais recentemente, quando o prefeitoroyalwin freebetSão Paulo, João Dória Jr. (PSDB), esteveroyalwin freebetSalvador para receber o títuloroyalwin freebetcidadão da capital baiana e acabou levando uma ovada na cabeça, o time da Lizards Games não perdeu tempo. "Em coisaroyalwin freebetquatro, cinco horas, nós criamos o 'Dória Ovacionado'", conta Alex Leal.

Feito para navegadores da web, "Dória Ovacionado" segue o modelo do sucesso mundial "Angry Bird". Num cenário que exibe o casario colonialroyalwin freebetSalvador e o Farol da Barra, o usuário tem que acertar ovos nas caricaturasroyalwin freebetDória e do deputado federal Jair Bolsonaro, que terminou inserido no game porque, no mesmo período, também foi atingido por um ovo a jato.

Em uma semana, foram maisroyalwin freebet450 mil jogadas. Depois do episódio do ovo, Dória afirmou que "não é esse o caminho que desejamos para o Brasil. Esse é o caminho do Lula, o caminho do PT, das esquerdas que querem isso. A intransigência, a agressividade e a tentativaroyalwin freebetamedrontar. A mim não intimida".

Angry STF
Legenda da foto, STF também inspira jogos

"Ficamos torcendo pra virar febre, com ovadasroyalwin freebetpolíticosroyalwin freebettodos os partidos. A gente poderia sempre lançar uma versão atualizada do game", caçoa Leal, que se diz "sem lado" e acha possível brincar com todas as vertentes políticas. "Com nossos políticos, o que não falta é inspiração. Ainda não brinquei com o Judiciário, mas bem que estão pedindo".

Companheiros virtuais

Também na linha do "Angry Bird", a Icon Games lançouroyalwin freebet2012 o "Angry STF", que fez sucesso no períodoroyalwin freebetjulgamento do Mensalão. Neste, a munição é o próprio ex-ministro do Supremo Joaquim Barbosa. O objetivo é alvejar bonecos dos acusadosroyalwin freebetentão, como Marcos Valério, José Genoino, Duda Mendonça e José Dirceu.

Reintegrado ao Congresso e livre para sair à noite depois que seus pares rejeitaram as medidas cautelares impostas pelo STF, o senador Aécio Neves também já serviuroyalwin freebetinspiração para um game.

Em 2016, o Dashbits Studio lançou "Tempere o Político", cujo mote é uma das gravações feitas pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. Em conversa com o senador Romero Jucá, Machado afirma que Aécio seria "o primeiro a ser comido".

No joguinho, o usuário é o chef que cozinha um avatar com as feiçõesroyalwin freebetAécio. No caldeirão efervescente, adiciona ingredientes como alho, carne, pimenta, folhasroyalwin freebetlouro, maçosroyalwin freebetdinheiro, etc.

Geddel
Legenda da foto, Políticos como Geddel Vieira Lima inspiram jogos para celular

O ex-presidente Lula, condenadoroyalwin freebetprimeira instância pelo juiz Sérgio Moro a nove anos e meioroyalwin freebetprisão no caso do Tríplex do Guarujá e réuroyalwin freebetmais quatro processos, também não escapou dos criadoresroyalwin freebetgames.

Para navegadores, a Icon já produziu os jogos "Pixuleco" e "Jarareco". No primeiro, o controlador deve evitar que o boneco inflável com a caricatura do ex-presidente seja furado, enquanto recolhe uma boa grana no caminho.

O segundo joguinho, porroyalwin freebetvez, é inspirado pelos clássicos gamesroyalwin freebetcobrinha e aproveita uma deixa do próprio Lula, que já se colocou como uma jararaca difícilroyalwin freebetser abatida. No jogo, a cobrinha come dinheiro enquanto tenta escapar do juiz Sergio Moro e do Japonês da Federal.

O objetivo é o mesmoroyalwin freebet"Corre companheiro", da Tempero Studio. Neste, o jogador foge com o avatarroyalwin freebetLula pelas ruasroyalwin freebetSão Paulo, desviando do bonecoroyalwin freebetMoro,royalwin freebetum agente com traços nipônicos e atéroyalwin freebettucanosroyalwin freebetvoos rasantes. Consultada, a assessoria do Instituto Lula afirmou que não comentaria o assunto.

Newsgames

O jornalista Pedro Zambarda, criador e editor dos portais Dropsroyalwin freebetJogos e Geração Gamer, aponta que empreitadas do tipo são cada vez mais comuns, dentro daquilo que o mercado classifica como "Newsgames".

"São jogos inspirados por fatos contemporâneos, que circulam na mídia e demonstram grande sensoroyalwin freebetoportunidade dos criadores. São feitos para consumo rápido, quando o tema está quente, e dificilmente darão grande retorno financeiro, mas ajudam muito a popularizar os estúdios", comenta Zambarda.

Ricardo Schimid confirma que o retorno pelo game "Gededel" tem sido mais a aberturaroyalwin freebetespaço no mercado do queroyalwin freebetfaturamento. Segundo ele, a inserçãoroyalwin freebetpublicidade no jogo rendeu para os criadores, até agora, US$ 6. Entretanto, já surgiram convites para desenvolver outros games.

Compartilhando da mesma visão, Alex Leal, da Lizards Games, levanta outra característica dos newsgames: "O problema é o timing. É preciso fazer rápido para o assunto não morrer, por isso muitos não tem uma qualidade técnica muito elevada. No entanto, muito jogo grande não consegue o mesmo espaçoroyalwin freebetdivulgação que uma boa sátira política ou social consegue".

Professor universitário, Alex Leal enfatiza que fatos políticos e sociais sempre serviramroyalwin freebetinspiração para a criação da arte e do entretenimentoroyalwin freebetsuas mais diversas expressões e que os games seguem esse caminho.

"Todo jogo tem algo relacionado à política, no roteiro ou nos personagens. Esses impasses entre Estados Unidos e Coreia do Norte, ou entre Espanha e Catalunha, por exemplo, viram jogos facilmente", comenta Leal.

Angry STF
Legenda da foto, Games são inspiradosroyalwin freebetjogos que já existem, como Angry Birds

Lynn Alves, pesquisadora da árearoyalwin freebetgames e professora da Universidade do Estado da Bahia (Uneb) e do Senai Cimatec, acredita que os newsgames ajudam na difusão das notícias, pois atuamroyalwin freebetforma lúdica na recepçãoroyalwin freebetinformações.

"O jogo muitas vezes é um disparador. A pessoa joga sem ter conhecimento do fato político e depois vairoyalwin freebetbuscaroyalwin freebetmais dados. A imersão no jogo e a interatividade são capazesroyalwin freebetdespertar o interesse por qualquer assunto", afirma.

Ela lembra que,royalwin freebet2010, após o lançamento do jogo para videogames "Dante's Inferno", aumentou bastante a procura pelo livro A Divina Comédia, poema épico escrito pelo italiano Dante Alighieri no século 14.

"O crescimento da indústria digital e a popularização dos suportes para desenvolvimentoroyalwin freebetgames eletrônicos aumentam a velocidade com que os newsgames surgem, mas eles sempre existiram, nos mais variados formatos", comenta Lynn Alves.

O primeiro newsgameroyalwin freebetque se tem registro, aponta a pesquisadora, éroyalwin freebet1890. Trata-se do jogoroyalwin freebettabuleiro "Round the World with Nellie Bly", inspirado pela aventura da jornalista americana Elizabeth Jane Cochran, que realizou, na vida real, a viagem do livro A Volta ao Mundoroyalwin freebet80 dias,royalwin freebetJulio Verne.

Sobre os jogos, a BBC Brasil também enviou perguntas para as assessorias da ex-presidente Dilma Rousseff, do senador Aécio Neves, do deputado Jair Bolsonaro e do prefeito paulistano João Dória. Não houve resposta. O advogado do ex-deputado Eduardo Cunha não atendeu nem retornou as ligações.