#SalaSocial 'Vestiu um avental, tudo muda’, diz cineasta e cozinheiro relatando preconceito 'brasileiro contra serviçais':como apostar no beisebol

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Em depoimento no Facebook, Anderson diz que sofreu assédio moral ao trabalhar como cozinheiro

França acha que isso se deve a um sentimentocomo apostar no beisebolsuperioridadecomo apostar no beisebolrelação a prestadorescomo apostar no beisebolserviço. "Vestiu um avental, tudo muda", diz ele.

O texto registrou maiscomo apostar no beisebol20 mil curtidas e 6 mil compartilhamentoscomo apostar no beisebolmenoscomo apostar no beiseboluma semana na rede.

Leia o depoimentocomo apostar no beisebolAnderson França à BBC Brasil:

"O que aconteceu foram palavras, expressões e comportamento que configuram assédio moral. Presenciamos humilhações verbais.

Fomos fazer um buffet para um cliente e, durante a madrugada, uma pessoa começou a questionar a qualidade da comida. A gente percebeu que, na verdade, era algo além daquilo. Então, ela começou a fazer questionamentos cada vez mais pessoais.

Ela passou a expor a equipe publicamente até com xingamentos, falando alto. Ela expôs todas as pessoas e a chefe do trabalho, que é a minha esposa. Sentimos muito preconceito naqueles discursos.

Aquilo ocasionou uma pressão insustentável e administramos até o ponto que a gente não conseguiu. Guardamos tudo e fomos embora.

Crédito, Reprodução/Facebook

Legenda da foto, Trecho do depoimentocomo apostar no beisebolFrança no Facebook

O pior é que no evento tinha uma galera que militacomo apostar no beisebolcoletivoscomo apostar no beiseboldireitos humanos, feministas,como apostar no beisebolarte e cultura. Eu venho do setorcomo apostar no beisebolcultura e esperava muito mais consciência deles na relação do trabalho. Como pode pessoas terem discursos tão contraditórios?

Tem muita gente também que se diz um caracomo apostar no beisebolesquerda, mas nunca entrou numa favela. Nunca pegou um trem. Como essa pessoa vai dialogar com a periferia?

Contradições

O texto que eu publiquei no Facebook não tinha o intuitocomo apostar no beisebolexpor ninguém, mas deixar claro que local estava cheiocomo apostar no beisebolcontradições, como toda a sociedade brasileira. Não adianta a gente querer um país mais justo se a gente não trata bem as pessoas que prestam serviço para a gente.

Não adianta eu querer viver num lugar melhor se eu quiser ser presidente da empresa onde trabalho para continuar explorando as pessoas da mesma forma que eu já sou explorado. Se a gente falacomo apostar no beisebolmudanças, precisamos falarcomo apostar no beisebolmudanças individuais. O problema é que nós não somos educados para isso. Aqui, você é arrebatado dacomo apostar no beisebolintelectualidade quando veste um avental.

Conheço estrangeiros que dizem que tem coisa que eles só veem no Brasil, como babá vestidacomo apostar no beisebolbranco empurrando carrinho na rua.

A grande critica é que, independentementecomo apostar no beisebolsercomo apostar no beisebolesquerda ou coxinha, a classe média brasileira é colonialista. Ela não consegue romper com o sentimentocomo apostar no beisebolque precisa ter um porteiro, uma empregada e um elevadorcomo apostar no beisebolserviço.

Precisamos dialogar com a classe média e mostrar que toda a classe trabalhadora é digna. Enquanto não trabalhar esse pensamento, seja na direita ou na esquerda, a gente não vai mudar o país.

Eu estou fazendo um filme, mas, ao mesmo tempo, sirvo café. De um lado, eu sou tratado bem quando levo um roteiro para um diretorcomo apostar no beisebolcinema. Mas se eu saio, visto um avental e volto, ele começa a me desrespeitar, me tratar com inferioridade.

Nós estamos vivendo um problema seríssimocomo apostar no beisebolclasse. E, ao mesmo tempo, estamos passando por um momento econômicocomo apostar no beisebolque pessoas qualificadas estão fazendo trabalho braçal.

Prejuízo e medo

Depois dessa publicação no Facebook a minha página cresceu, mas nós já percebemos um prejuízocomo apostar no beisebolrelação a clientes. Nós recebemos do cliente que tivemos problemas o feedbackcomo apostar no beisebolque ele assumiu o erro, mas não a responsabilidade pelo prejuízo.

Ele não pagou os R$ 3 mil que perdemos naquela noite e não pretende pagar. A gente entende que tudo bem, mas o pior é que eles podem prejudicar nossa imagem com outros clientes. Eles podem falar: 'Vão contratar aqueles caras do post?'.

Veio uma sensaçãocomo apostar no beisebolculpacomo apostar no beisebolter falado aquilo. Deveria ter sofrido calado para garantir emprego e um salário para pagar as contas no fim do mês.

Nas redes sociais, também tivemos alguns retornos negativos,como apostar no beisebolmeio à maioria esmagadora que nos apoiou. Um cara até chegou a dizer que a gente estavacomo apostar no beisebol'mimimi'. Outros dizem: 'Os caras são os favelados, reclamam quando têm trabalho. Eles são vagabundos, fogemcomo apostar no beiseboltrabalho.'

O fato é que não aceitamos que alguém quer rebaixar uma pessoa, humilhar todo mundo da periferia desse jeito só porque ela moracomo apostar no beisebolIpanema."