O segredo dos edifícios que não caíram durante o terremoto no Equador:ganhar aposta gratis
Para o engenheiro estrutural Fabián Carrasco, contudo, as regras equatorianas são boas, mas pouco cumpridas no país.
"As permissõesganhar aposta gratisconstrução dependemganhar aposta gratiscada município. Alguns exigem a intervençãoganhar aposta gratisum engenheiro estrutural a partirganhar aposta gratisum determinado númeroganhar aposta gratisandares, outros não, mas isso ocorre apenas no estudo das plantas, então não há ninguém que supervisione a construção", afirmou.
Para Enrique García, esse é um dos pecados da construção no Equador. Outros são a informalidade (as construções ficam a cargoganhar aposta gratismestresganhar aposta gratisobra e nãoganhar aposta gratisengenheiros ou arquitetos), a faltaganhar aposta gratiscontroleganhar aposta gratisqualidadeganhar aposta gratismateriais e ausênciaganhar aposta gratisprojetos sísmicos adequados.
A BBC Mundo percorreu regiões afetadas com um arquiteto para analisar erros dos edifícios destruídos e acertosganhar aposta gratisconstruções que não caíram.
Primeira parada: Manta
O cenário no porto mais importante do Equador é desolador, com prédios emblemáticosganhar aposta gratisestadoganhar aposta gratisruína. Mas, para um engenheiro estrutural, o importante não são os danos irreparáveis, mas que o edifício não caia e não provoque mortesganhar aposta gratisum eventual colapso.
Isso ocorreu com várias casasganhar aposta gratisManta, que simplesmente caíram sobre si mesmas ou se inclinaram violentamente porque suas bases não suportaram os andares superiores.
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A reportagem analisou duas dessas construções - uma casa particular e um ponto comercial - e consultou o arquiteto Fausto Cardoso sobre possíveis causas do colapso.
"À primeira vista, há um peso muito grande na parte superior e as estruturas não são suficientemente sólidas para sustentá-la. O senso comumganhar aposta gratiszonas sísmicas indica que elementos mais pesados devem ficar embaixo, e conforme a construção se eleva é preciso ir aliviando o peso", diz Cardoso.
"Aqui vemos o contrário: colocam-se lajesganhar aposta gratisconcreto acima, estruturas frágeis abaixo e colunas pequenas no meio que cumprem uma função apenas estética, e nãoganhar aposta gratissuporte. Gasta-se muitoganhar aposta gratisornamentos, mas a segurança fica sem cuidado."
Outro elemento chave é o uso adequadoganhar aposta gratismateriais: uma boa quantidadeganhar aposta gratisferro para a coesão da estrutura e o usoganhar aposta gratisareiaganhar aposta gratisminas ou rios, nunca do mar.
Muitos vizinhos da casa derrubadaganhar aposta gratisManta disseram que a maioria das residências na região usavam areiaganhar aposta gratispraia.
"A areia do mar não é boa para construir porque o sal danifica o concreto e termina corroendo o ferro", afirma o arquiteto.
Julio Bermúdez, um dos especialistas que observavam as construções, disse, a partirganhar aposta gratissua experiência como trabalhador na construção civil, que não há técnica adequada nas obras no Equador.
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"Um terremoto como esse derrubaria casasganhar aposta gratisqualquer parte do mundo, mas há construções que aguentaram porque foram erguidasganhar aposta gratisforma mais consciente. Muitas pessoas, para poupar dinheiro, economizam materiais. Ou os mestresganhar aposta gratisobra são inescrupulosos e usam materiaisganhar aposta gratismenor qualidade. Isso ocorre não apenasganhar aposta gratisManta, masganhar aposta gratistodo o Equador."
Segunda parada: Baíaganhar aposta gratisCaráquez
Na entrada do calçadão dessa cidade costeira há uma casa antiga que estava a pontoganhar aposta gratisser tombada como patrimônio histórico e ainda se mantémganhar aposta gratispé. Seus materiais? Madeira e bambu.
"Cada lugar desenvolve uma tecnologiaganhar aposta gratisacordo com o material que tem. Esses elementos têm a vantagemganhar aposta gratisser muito leves. Movem-se com o terremoto e voltam à posição original, dissipando a energia", assinala o arquiteto Cardoso, que também é restaurador.
Ele lamenta ao perceber como a derrubadaganhar aposta gratisuma casaganhar aposta gratiscimento e concreto a poucos metros dali afetou paredesganhar aposta gratiscasasganhar aposta gratismadeira vizinhas.
O arquiteto afirma, no entanto, que não se trataganhar aposta gratis"satanizar" o cimento, já que toda tecnologia pode ser usadaganhar aposta gratisforma responsável. Cita como exemplo o museu da cidade, que teve danos na fachada mas manteve a estrutura intacta.
Cardoso diz acreditar que a informalidade na construção civil irá continuar após os efeitos do terremoto serem esquecidos. Para ele, o Estado deveria incentivar a retomada da chamada arquitetura vernácula, com materiais próprios da região,ganhar aposta gratisvezganhar aposta gratisautorizar construções perigosasganhar aposta gratiscimento que não cumprem regras adequadas.
Mas isso não seria suficiente. Engenheiros estruturais lembram que erguer casasganhar aposta gratislocais inadequados como margensganhar aposta gratisrios, ravinas (buracosganhar aposta gratiserosão) e encostas acaba anulando o efeito positivo do usoganhar aposta gratismateriais leves.
Terceira parada: San Vicente
A pequena cidadeganhar aposta gratisfrente à Bahíaganhar aposta gratisCaráquez está unida ao município vizinho por uma ponte que parece não ter sofrido danos pelo terremoto.
Uma construção chama a atenção do arquiteto. Dela saem ferros como jatosganhar aposta gratiságua numa fonte. São os "ferros da esperança", diz Cardoso.
"É um fenômeno equatoriano e latinoamericano. As pessoas começam uma obra com a esperançaganhar aposta gratisacrescentar novos andares no futuro."
"Em seguida, eles constroem as fundações com uma pequena estruturaganhar aposta gratisconcreto, fazem paredes fechadas, fundem uma laje no piso térreo para usar como cobertura e lançam um conjuntoganhar aposta gratisferros para andares futuros."
O problema é que a maresia na costa oxida os ferros, danificando a conexão que esses diferentes andares terão no futuro.
"O mundo imobiliário me parece medíocre e mesquinho", diz Alejandro Aravena, chileno que ganhou o Nobelganhar aposta gratisArquitetura.
"Se acrescentarmos a isso os problemasganhar aposta gratisqualidade do material e o sal que entra no concreto ao utilizar areia do mar, estamos criando um coquetelganhar aposta gratisarquitetura extremamente perigoso quando existe risco sísmico, disse Cardoso.
Quarta parada: Canoa
O estado da infraestrutura hoteleira é fundamental para o futuroganhar aposta gratisum dos principais centros turísticos da costa equatoriana, onde fica a cidadeganhar aposta gratisCanoa.
Mas um cenário pouco otimista se revela logoganhar aposta gratisum dos primeiros destinos: o hotel Royal Pacific perdeu todo o piso térreo devido ao colapsoganhar aposta gratissua estrutura - causando, segundo um vizinho, a morteganhar aposta gratisseis pessoas.
"Não sabemos ao certo o que aconteceu. Nota-se que há um monteganhar aposta gratisferro, mas ferro e concreto não funcionam juntos. O edifício caiuganhar aposta gratissi, a estrutura permaneceu, mas a base não resistiu", afirma Cardoso.
A queda do Royal Pacific lembra o clássico jogo Tetris,ganhar aposta gratisque peças desaparecem ao atingir a superfície. O primeiro piso foi completamente esmagado pelos andares superiores.
Mas a dois quarteirões desse hotel há outro sem rachaduras, como se o terremoto não tivesse ao menos ocorrido.
Os dono do hotel Amalur são dois espanhois, Joséganhar aposta gratisSan Diego e Lorena Rojo, e o segredo da construção é simples.
"Levamos dois meses nas fundações, enquanto outros correm para começar o negócio mais rápido e não fazem uma boa fundação", disse Diego.
"Muitas pessoas usam areia da praia e a maresia vai comendo o ferro. Usamos areiaganhar aposta gratisrio, lavada e peneirada. Veja o tamanhoganhar aposta gratisnossas colunas. E só levantamos um piso. A base do hotel éganhar aposta gratisconcreto e a parteganhar aposta gratiscima éganhar aposta gratismadeira e bambu", afirmou Lorena.
Ambos fazem uma descrição desoladora do que vinha ocorrendo com algumas construçõesganhar aposta gratisCanoa. "Aqui apresentavam uma plantaganhar aposta gratisum andar, construíam cinco e ninguém ficava sabendo. Existiam prédios que pareciam que iriam cair mesmo sem terremoto."
Isso ocorria mesmo após um terremoto que atingiu Bahíaganhar aposta gratisCaráquez e Canoaganhar aposta gratis1998.
Embora o presidente tenha manifestado intençãoganhar aposta gratisaprender com os erros da "experiência dolorosíssima", o especialista Enrique García se diz pessimistaganhar aposta gratisrelação ao futuro.
"Em 2008, houve um congressoganhar aposta gratisBahíaganhar aposta gratisCaráquez para determinar o que tínhamos aprendido com o terremotoganhar aposta gratis1998, e veja o que aconteceu agora. Algumas medidas irão ser tomadas, mas acho que isso cairá no esquecimentoganhar aposta gratisum ano."