Nova epidemiafifa the bestheroína 'migra' à população branca efifa the bestclasse média dos EUA:fifa the best
Segundo o CDC, as mortes por heroína mais do que triplicaram desde 2010.
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Perfil
Além dos números alarmantes, o que vem chamando a atenção é o perfil das vítimas.
"A duas últimas grandes epidemiasfifa the bestdrogas nos Estados Unidos,fifa the bestcocaína e crack nos anos 1980/1990 efifa the bestheroína nos anos 1960/1970, afetaram desproporcionalmente negros e latinos que viviamfifa the bestcomunidadesfifa the bestbaixa renda, especialmente nas grandes cidades", disse à BBC Brasil o médico especialistafifa the bestabusofifa the bestdrogas Andrew Kolodny, da Universidade Brandeis, no Estadofifa the bestMassachusetts.
"A atual epidemia é o oposto. Atinge principalmente pessoas brancas que moramfifa the bestbairros residenciaisfifa the bestclasse média, cidades pequenas ou zonas rurais", destaca Kolodny, que é diretor médico da Phoenix House, organização dedicada ao tratamentofifa the bestdependênciafifa the bestdrogas.
Calcula-se que 90% dos americanos que experimentaram heroína pela primeira vez na última década sejam brancos.
"As taxasfifa the bestdependência e mortes por heroína são muito mais altas entre a população branca", ressalta Kolodny.
Origem
Uma das explicações para essa diferençafifa the bestperfil pode estar relacionada à origem da epidemia, ligada ao aumento no númerofifa the bestanalgésicos opiáceos receitados pelos médicos americanos a partir da décadafifa the best1990.
"Pacientes brancos têm mais probabilidadefifa the bestreceber uma receitafifa the bestopiáceo. Há indicaçõesfifa the bestque médicos são mais cautelosos ao receitar essas drogas para pacientes negros", salienta Kolodny.
Segundo o CDC, o número e analgésicos opiáceos receitados nos Estados Unidos quadruplicou desde 1999.
"O que deu início a essa epidemia foi a aprovação pela FDA (Food and Drug Administration, agência do governo responsável pelo controlefifa the bestmedicamentos)fifa the bestremédios muito poderosos contra a dor nos anos 1990", disse à BBC Brasil o doutorfifa the bestpsicologia Adam Brooks, do Treatment Research Institute, institutofifa the bestpesquisa sobre abusofifa the bestdrogas, na Pensilvânia.
Cautela
Kolodny observa que essas drogas eram vistas inicialmente como alternativa para tratar apenas pacientes terminais, com doenças como câncer.
"Na época, os médicos eram muito cautelosos ao receitar", afirma Kolodny.
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No entanto, várias campanhas começaram a ser lançadas, com o apoiofifa the bestespecialistas médicos, hospitais e órgãos reguladores, dizendo que os médicos não deveriam permitir que seus pacientes sofressem dor desnecessariamente.
"Uma organização médica nacionalmente reconhecida lançou um relatório dizendo que a dor não estava sendo tratada adequadamente, que essas drogas podiam ser usadasfifa the bestmaneira segura e havia pouca evidênciafifa the bestque levassem a abuso", disse à BBC Brasil o especialistafifa the bestabusofifa the bestdrogas Theodore Cicero, professorfifa the bestpsiquiatria da Universidade Washington,fifa the bestSaint Louis.
Preço
Com o tempo, esses analgésicos opiáceos passaram a ser receitados cada vez mais para problemas crônicos, como dor na coluna ou dorfifa the bestcabeça, e muitos pacientes acabaram viciados.
"Muitos pacientes chegam a um pontofifa the bestque o médico reconhece que têm dependência e parafifa the bestreceitar. E eles acabam considerando usar heroína, que custa muito mais barato do que um comprimido no mercado negro", diz Brooks.
Segundo o CDC, "o aumento da oferta, a queda nos preços e a pureza da heroína nos Estados Unidos" estão entre os principais motivos para o crescente uso da droga e aumentofifa the bestoverdoses.
Assim, uma droga que no passado era vista como exclusivafifa the bestjunkies ou veteranos retornando da Guerra do Vietnã e restrita a grandes cidades acabou se infiltrandofifa the bestcomunidadesfifa the besttodo o país.
Eleições
O alcance da epidemia faz com que ela cada vez mais seja reconhecida como um problemafifa the bestsaúde pública e acabou provocando mudanças no tom da campanha presidencial.
Diantefifa the bestpesquisas que indicam que quatrofifa the bestcada 10 americanos conhecem alguém dependentefifa the bestopiáceos, pré-candidatos democratas e republicanos têm se esforçado para demonstrar empatia com essa fatia do eleitorado.
O ex-governador da Flórida Jeb Bush já falou sobre a dependênciafifa the bestsua filha, Noelle. "Nunca imaginei ver minha linda filha na cadeia", disse Bush. "Ela passou pelo inferno, assim comofifa the bestmãe e eu."
Nesta quarta-feira, o senador texano Ted Cruz lembrou a mortefifa the bestsua meia-irmã por overdosefifa the bestcomprimidos. "Ela passou anos entrando e saindo da prisão. Ela era uma pessoa bonita e encantadora que tomou uma sériefifa the bestdecisões erradas."
No fim do ano passado,fifa the bestum vídeo que viralizou na internet, o governadorfifa the bestNova Jersey, Chris Christie, falou sobre a mortefifa the bestum colegafifa the bestfaculdade devido a overdosefifa the bestopiáceos. "Pode acontecer com qualquer um. E por isso temos que começar a tratar as pessoas nesse país, e não prendê-las", disse.
Mudançafifa the bestatitude
Ao contráriofifa the bestdefender prisão para os usuários, comofifa the bestem epidemias anteriores, políticosfifa the bestambos os partidos e o governo agora concordam que a dependência é uma doença e que a melhor solução é oferecer tratamento e prevenção.
"Quando o problemafifa the bestdependência era mais grave entre pobres e minorias, acho que era mais fácil para políticos e governantes criminalizar os viciados", observa Kolodny.
"Agora temos uma epidemia que afeta as famíliasfifa the bestpoliciais, advogados, juízes, políticos, então eles começam a ver a dependênciafifa the bestmaneira diferente. E isso está ajudando a mudar as atitudesfifa the bestrelação ao vício", diz.
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Alguns críticos reclamam que muitos políticos não defendem a mesma compaixão para viciadosfifa the bestcocaína ou crack, que afetam mais negros e pobres.
Mas, apesar disso, a mudançafifa the besttomfifa the bestrelação à heroína é bem recebida por especialistas.
"Tenho esperançafifa the bestque essa mudançafifa the bestfoco traga mudanças na maneira como os recursos são gastos", ressalta Brooks.
Soluções
O presidente Barack Obama, que já foi criticado por especialistas como Kolodny por ignorar a epidemia, também mudoufifa the besttom nos últimos meses.
Em outubro, Obama falou publicamente sobre o problemafifa the bestviagem ao Estado da Virgínia Ocidental, onde apresentou propostafifa the bestaumentarfifa the bestUS$ 133 milhões os gastos no combate à dependência e ampliar o acesso a tratamento e prevenção.
Na semana passada, a Casa Branca anunciou uma iniciativa para combater o problemafifa the bestáreas rurais, envolvendo vários departamentos do governo, com coordenação do ministrofifa the bestAgricultura, Tom Vilsack.
Especialistas concordam que prevenção e tratamento são as melhores maneirasfifa the bestcombater a epidemia.
"Para prevenir novos casos, é preciso fazer com que médicos receitemfifa the bestmaneira mais cautelosa", diz Kolodny.
Cicero sugere um grande esforço educacional, como o vistofifa the bestrelação ao fumo.
"É preciso que haja o reconhecimentofifa the bestque esse é um problemafifa the bestnível nacional", diz Cicero.
Para Brooks, é importante lembrar que essa é uma doençafifa the bestlongo prazo.
"Temos que ter o cuidadofifa the bestnão gerar uma expectativa na populaçãofifa the bestque esse problema pode ser resolvido da noite para o dia", diz.