As inglesas que usaram o jiu-jitsu para lutar pelo direito ao voto:h bet
Frustradas pela faltah betresultados emh betcampanha, recorreram à desobediência civil, a passeatas e atividades ilegais, incluindo agressões físicas e incêndiosh betpropriedades.
À medida que a guerra se aproximava, os confrontos ficavam mais violentos. As militantes eram presas e, quando faziam greveh betfome, eram alimentadas à força por meioh bettubosh betborracha. Quando saíamh betpasseatas, as muitas se queixavamh betser empurradas com brutalidade e jogadas no chão.
A situação viria a piorar. No dia 18h betnovembroh bet1910, um grupoh bet300 sufragistas se deparou com uma correnteh betpoliciais na entrada do Parlamento britânico,h betLondres.
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Em desvantagem numérica, foram agredidas pela polícia e por civis homens que estavam no meio da multidão.
Muitas das manifestantes sofreram ferimentos graves e duas morreram. Maish betcem sufragistas foram presas.
"Várias disseram ter sido bolinadas pela polícia e por homens que estavam no local", disse Elizabeth Crawford, autora do livro The Women's Suffrage Movement: A Reference Guide (sem título no Brasil), um guia sobre o tema. "Depois disso, as mulheres nunca mais saíram para fazer manifestações sem estar preparadas."
Algumas começaram a colocar proteçõesh betpapelão sobre os quadris. Mas Edith Garrud já estava ensinando as colegas da WSPU a "baterh betvolta". Seu método, a milenar arte marcial jiu-jitsu, se baseava no uso da força do agressor contra ele próprio,h betcanalizar a energia do movimento do outro e atingir o agressorh betpontos específicos.
'Suffrajitsu'
O primeiro contato das sufragistas com o jiu-jitsu aconteceu durante uma reunião da WSPU. Edith e seu marido, William Garrud, tinham uma escolah betartes marciais no bairro do Soho,h betLondres. William tinha sido contratado para dar a aula, mas estava doente, então Edith foi sozinha.
"Normalmente, Edith fazia as demonstrações e William falava", disse Tony Wolf, autor da trilogiah betquadrinhos Suffrajitsu. Ilustrados pelo brasileiro João Vieira, os livros exploram esse aspecto curioso do movimento das sufragistas.
"Mas segundo consta, a líder da WSPU, Emmeline Pankhurst, incentivou Edith a falar – e foi isso o que ela fez", contou Wolf.
Edith tornou-se instrutorah betalgumas das integrantes do movimento. "Naquela época, o objetivo era que elas pudessem se defenderh betpessoas agressivas que saíam da plateia e subiam no palco (durante comícios ou palestras), não necessariamente da polícia", disse o escritor. "Tinham ocorrido várias agressões."
Por voltah bet1910, Edith já dava, regularmente, aulas exclusivas para as sufragistas.
Em um artigo que escreveu na época para o jornal da WSPU, Votes for Women, ela enfatizou que o jiu-jitsu era perfeito para a situaçãoh betque a WSPU se encontrava, ou seja, terh betlidar com forças maiores e mais poderosas como a polícia e o governo.
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A imprensa percebeu. A revista Health and Strenght publicou uma sátira intitulada jiu-jitsuffragettes. A revistah bethumor Punch publicou uma charge que mostrava Edithh betpé, sozinha, dianteh betvários policiais. O titulo do cartoon era A suffragette que sabia jiu-jitsu.
O termo "suffrajitsu" passou a ser usado com frequência.
"Eles não esperavam, naquela época, que mulheres pudessem responder fisicamente àquele tipoh betagressão e, muito menos, oferecer resistência efetiva", disse Martin Dixon, presidente da British Jiu-Jitsu Association. "Era a maneira idealh betas mulheres lidarem com situaçõesh betque eram agarradas no meioh betuma multidão."
Enganando a polícia
Os Pankhurst – famíliah betmilitantes políticos britânicos que liderou o movimento das sufragistas – passaram a incentivar todas as integrantes do movimento a aprender a arte marcial. "A polícia sabe jiu-jitsu. Eu aconselho vocês a aprenderem jiu-jitsu. As mulheres devem praticá-lo, assim como os homens", disse Sylvia Pankhurst, filhah betEmmeline,h betum discurso feitoh bet1913.
Com os passar dos anos, os confrontos entre a polícia e as sufragistas ficaram mais intensos.
Em 1913, o governo britânico baixou o chamado Cat and Mouse Act (Ato do Gato e Rato,h bettradução livre). A nova lei permitia que prisioneirosh betgreveh betfome fossem libertados e, assim queh betsaúde se recuperasse, presos novamente.
"A WSPU achava que (sua líder, Emmeline) Pankhurst tinha um papel tão importante como motivadora e porta-voz da organização, que não podia ser recapturada", disse a autora Emelyne Godfrey.
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Emmeline precisavah betproteção, então Edith formou um grupo chamadoh bet"guarda-costas": até 30 mulheres encarregadash bet"tarefas perigosas".
"Às vezes, recebiam apenas uma ligação telefônica com instruções para que seguissem um determinado carro."
Apelidadash betAmazonas pela imprensa britânica, as "guarda-costas" se armavam com pedaçosh betpau escondidosh betseus vestidos.
Elas foram muito úteis durante a famosa "Batalhah betGlasgow", no inícioh bet1914. O grupo viajarah betLondres, durante a noite,h bettrem, para a cidade escocesa. Os pedaçosh betpau causavam desconforto durante a jornada.
Uma multidão esperava para ouvir Emmeline Pankhurst discursar, mas a polícia havia cercado o prédio, na esperançah betprendê-la. No entanto, Pankhurst conseguiu despistá-los.
As "guarda-costas" se posicionaram, sentando-seh betsemicírculo atrás do pódio. De repente, Pankhurst apareceu e começou a falar. Meio minuto depois, a polícia tentou invadir o palco, mas ficou presah betum arame farpado escondidoh betbuquêsh betflores.
"Então, cercah bet30 sufragistas e 50 policiais travaram uma batalha no palco, na presençah bet4 mil pessoas, durante vários minutos", disse Wolf. No final, a polícia conseguiu dominar o grupo e Pankhurst foi presa novamente. Mas a dificuldadeh betarrastá-la para fora do local demonstrou quão eficientes as "guarda-costas" haviam se tornado.
Edith Garrud não havia ensinado apenas recursos físicos às sufragistas. Elas também tinham aprendido a enganar seus oponentes.
Em 1914, Pankhurst fez um discurso na sacadah betuma casah betCamden Square, no norteh betLondres.
Quando saiu da casa coberta por um véu, escoltada pelas colegas, a polícia entrouh betcena. Apesarh betresistir, ela foi jogada ao chão e arrastada para fora, inconsciente.
Mas quando os policiais, triunfantes, tiraram o véu que cobria a prisioneira, perceberam que tinham sido enganados. No meio da confusão, a verdadeira Pankhurst tinha sido retirada do local, às escondidas.
Mania
A ênfase do jiu-jitsu no uso da astúcia para derrotar um oponente maior foi o que primeiro impressionou Edith nessa arte marcial.
Ela tinha sido apresentada à técnicah bet1899, ao acompanhar o marido William a uma feirah betartes marciais.
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Logo, Edith tornou-se uma das primeiras instrutorash betartes marciais do Ocidente. Em demonstrações públicas durante eventos, ela vestia um quimono vermelho e convidava algum praticanteh betjiu-jitsu, vestidoh betpolicial, a atacá-la.
"No que diz respeito às suffragettes, Edith estava no lugar certo na hora certa”, disse Wolf. "O jiu-jitsu tinha se tornado uma nova mania (no país), com mulheres organizando festas nas quais faziam aulas com as amigas."
Edith e suas alunas continuaramh betluta pelo direito ao voto até que uma outra batalha, muito maior, tomou contah bettodos os britânicos. Quando estourou a Primeira Guerra Mundial, as sufragistas se concentraramh betdar apoio ao esforçoh betguerra.
No final da guerra,h bet1918, o governo baixou uma lei dando a maish bet8 milhõesh betmulheres no Reino Unido o direito ao voto. No entanto, as britânicas só viriam a conquistar direitos eleitorais iguais aos dos homensh bet1928.
Com o passar do tempo, as "guarda-costas" eh betinstrutora caíram no esquecimento. "Foram as líderes (do movimento pelo voto feminino) que escreveram os livros e contaram a história", explicou Crawford.
As histórias dos que as ajudaram tinham menos chanceh betser incluídas nesses relatos.
Um filme sobre o tema, As Sufragistas, estrelado pelas atrizes Carey Mulligan, Meryl Streep e Helena Bonham Carter, estreia no Brasil nesta quinta-feira.
Edith Garrud não aparece no filme mas,h bethomenagem a ela, Bonham Carter mudou o nomeh betseu personagem. Inicialmente, ele deveria se chamar Caroline, mas passou a ser Edith.
Ela foi "uma mulher incrível”, cujo métodoh betlutar não se valiah betforça bruta, disse Bonham Carter. "Era uma questãoh bethabilidade."
E foi na base da habilidade que as sufragistas enfrentaram oponentes poderosos.
Durante uma entrevistah bet1965, Edith Garrud se lembrouh betum episódioh betque um policial tentou impedir que ela fizesse um protestoh betfrente ao Parlamento.
"Saia daqui, você está obstruindo a passagem", disse o policial. "Com licença, quem está causando obstrução é você", respondeu Edith. E com um movimento rápido, jogou o policial por cima do ombro.