Como grupobaixar o app betanojovens virou referência internacional na denúnciabaixar o app betanoabusos policiais:baixar o app betano
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'Uma moradora nos alertou no WhatsApp'
A maneira como eles têm feito isso, no entanto, tem gerado resultados surpreendentes para seus próprios integrantes.
"Tudo surgiubaixar o app betanoforma natural", conta o integrante Raull Santhiago,baixar o app betano26 anos. "Todos tinham ligação com ativismo, audiovisual ou direitos humanos. Um tinha uma câmera, outro era bom no celular, outro sabia mediar conflitos. baixar o app betano Vimos que nossa atuação era necessária, e aí num certo momento a gente se tornou o Papo Reto." O nome vem da gíria carioca "mandar um papo reto", que significa "ir direto ao ponto", "falar sem papas na língua".
Essa atuação conta com participação da comunidade – moradores lhes enviam vídeos ou fotos gravados com seus celulares – e é inserida na dinâmica da favela com um esquemabaixar o app betanotrocasbaixar o app betanoalertas e mensagens pelo WhatsApp, que ajuda a mapear o que está acontecendo na comunidade, que áreas devem ser evitadas, e onde podem filmar ou intervirbaixar o app betanoalguma forma.
Eles cada vez mais têm sido chamados por moradores para documentarem algo –baixar o app betanoabordagens policiais a moradores a protestos e tiroteios.
baixar o app betano Em abril deste ano, quando o menino Eduardobaixar o app betanoJesus,baixar o app betano10 anos, foi morto dentrobaixar o app betanocasa por um tirobaixar o app betanofuzil durante ação da polícia no Alemão, a equipe do coletivo foi uma das primeiras a chegar ao local e gravou as reações dos moradores e o corpo da criança ainda ensanguentado no chão.
"Uma moradora nos alertou no WhatsApp e recebemos aquele vídeo que foi divulgado depois, da mãe dele desesperada. Fomos os primeiros a chegar. Ali não era só filmar. Já tinha muito morador ao redor da cena, e fica uma situação muito tensa com a polícia. Tivemos que mediar", explica Lanabaixar o app betanoSouza,baixar o app betano26 anos, que integra o coletivo.
'Já recebemos ameaças'
Filmar operações da polícia e ouvir denúnciasbaixar o app betanoabusobaixar o app betanotempo real não é algo que fluabaixar o app betanoforma tranquila no ambiente tenso e volátil das grandes favelas do Rio.
baixar o app betano "Já recebemos ameaças da polícia. Algumas na nossa página do Facebook, outras diretamente. Já levaram o cinegrafista para a delegacia, já quiseram ver nossas imagens no celular, mas nós sabemos dos nossos direitos", diz Lana, que é estuda jornalismo e faz produção e edição no Papo Reto.
O trabalho tem sido realizadobaixar o app betanoconjunto com a ONG americana Witness, cuja missão é auxiliar grupos e ativistas ao redor do mundo a utilizarem, com segurança, a produçãobaixar o app betanovídeos como ferramentabaixar o app betanodefesa e denúnciabaixar o app betanoperiferias, favelas, paísesbaixar o app betanoguerra e locaisbaixar o app betanoconflito.
A parceria despertou o interesse da TV catariana Al-Jazeera, que deve transmitir no iníciobaixar o app betanodezembro um documentário sobre o Papo Reto gravado no Rio como partebaixar o app betanouma série sobre ativistas que criam soluções tecnológicasbaixar o app betanomeio à luta por direitos ao redor do mundo.
<link type="page"><caption> Leia também: Oito perguntas sobre os riscosbaixar o app betanose comer carne processada</caption><url href="http://vesser.net/noticias/2015/10/151026_carne_processada_rb" platform="highweb"/></link>
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Impacto sobre abusos
baixar o app betano O grupo acredita que, a longo prazo, o trabalho terá um impacto sobre abusos cometidos pela polícia dentro das favelas e cita o recente registro feito por moradores do Morro da Previdência,baixar o app betanosetembro, quando policiais foram flagrados forjando a cenabaixar o app betanoum crime após a mortebaixar o app betanoum jovem.
Consultada pela BBC Brasil, a Secretariabaixar o app betanoSegurança Pública do Estado do Riobaixar o app betanoJaneiro disse que cinco policiais foram indiciados por fraude processual e a Justiça decretou a prisãobaixar o app betanotodos os envolvidos.
Em nota, o governo também destacou esforços para conter abusos e disse que dispõebaixar o app betano2 mil câmeras espalhadas pela cidade e 1,5 milbaixar o app betanoviaturas da PM, alémbaixar o app betanoressaltar esforços com o programabaixar o app betanopacificação e o Sistema Integradobaixar o app betanoMetas e Acompanhamentobaixar o app betanoResultados.
Robert Muggah, especialistabaixar o app betanosegurança pública norte-americano baseado no Rio e estudiosobaixar o app betanozonasbaixar o app betanoconflitobaixar o app betanodiversos países, diz que a chance cada vez maiorbaixar o app betanoque abusos policiais sejam filmados por qualquer cidadão com um celular se torna um fator importante na interação entre comunidade e polícia.
"As novas tecnologias lançam uma nova luz sobre antigos problemas, e a forma como a polícia age deve ser impactada como consequência, mas é importante alertar que os grupos que se dedicam a isso têm virado alvobaixar o app betanolugares como o México, por exemplo. É algo sério e arriscado", avalia.
À frente do Instituto Igarapé, Muggah desenvolve um projeto conhecido como smart policing (policiamento inteligente,baixar o app betanotradução livre), que filmaria todo o expedientebaixar o app betanoum policial por meiobaixar o app betanoum aplicativo instaladobaixar o app betanoseus celulares.
Presos na farda, os aparelhos gravariam tudo que os agentes fazem. Em fase finalbaixar o app betanotestes, o equipamento já recebeu aprovação da cúpulabaixar o app betanosegurança pública fluminense, mas aguarda definições orçamentárias e burocráticas. baixar o app betano
Segurança, critérios e treinamento
A partirbaixar o app betanoexperiência com riscosbaixar o app betanosegurança, a ONG Witness – que dá apoio ao grupo carioca – desenvolveu, ao longobaixar o app betano23 anos, manuais e técnicas que visam estimular a produção deste tipobaixar o app betanomaterial, como prova jurídica contra os abusos, masbaixar o app betanoforma que garanta a segurança ou ao menos minimize o perigo para os envolvidos.
"Hoje todo mundo tem uma câmera no bolso. Isso gerou novas oportunidades, mas também desafios. Não há mais a necessidadebaixar o app betanoque um perito da Anistia Internacional venha ao local e determine se algo aconteceu para que se inicie um processo. O abuso é gravado. Qualquer um pode coletar provas, e as coisas não acontecem mais na invisibilidade. Eu acho que reduz o abuso policial sim, a longo prazo", diz Priscila Néri, uma das responsáveis pelas atividades da Witness no Brasil.
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"Por outro lado, tudo isso tem um risco enorme. Como filmar? Como gravar sem colocarbaixar o app betanoperigo quem filma e quem aparece? Para quem mostrar esses vídeos? Como armazená-losbaixar o app betanoforma segura? Como usar esse material da forma mais efetiva e estratégica possível?", aponta Priscila, indicando as áreasbaixar o app betanoque a organização atua – inclusivebaixar o app betanolocais como o Oriente Médio.
A entidade realiza oficinas dentro do Alemão com os integrantes do Papo Reto.
"Passamos a medir mais os riscos, e vamos repassar o conhecimento para os moradores", diz Thainã Medeiros, integrante do coletivo.
Uma questão polêmica é que eles não filmam atividades do narcotráfico. Lana Souza explica o motivo: "A polícia está dentro da favela como representante legal do Estado, para fazer cumprir a lei e agir seguindo as leis. Temos como cobrar que eles façam isso. Podemos denunciar e recorrer à Justiça se houver problema. No caso do tráfico, não temos qualquer segurança se fizermos denúncias. O jornalista vem, faz reportagem e vai embora. Nós vivemos aqui 24 horas por dia".
Apesar das preocupações e ameaças, a intenção do grupo é continuar fazendo barulho.
Eles já organizaram dois "Farofaços" – protestosbaixar o app betanoIpanema contra a Operação Verão, que segundo o governo do Estado do Riobaixar o app betanoJaneiro intercepta linhasbaixar o app betanoônibus vindas da Zona Norte às praias da Zona Sul para identificar jovensbaixar o app betano"situaçãobaixar o app betanovulnerabilidade", que consideram com grande chancebaixar o app betanoirem à praia para cometer crimes.
Para Victor Ribeiro, responsável pelos treinamentos da Witness, o modelo deve ser reproduzido por jovensbaixar o app betanograndes favelas como o Complexo da Maré e da Rocinha, que já estão procurando o Papo Reto.
Nos últimos dois meses o grupo foi convidado para palestrasbaixar o app betanouniversidades do México, discussões na sede da ONU,baixar o app betanoNova York, alémbaixar o app betanoter chamado a atençãobaixar o app betanojornais como The New York Times e o australiano Sydney Morning Herald.
Raull Santhiago passou a trabalhar permanentementebaixar o app betanoprograma da emissora Globo News que visita periferias do Brasil.
"Eles vivem na pele essa realidadebaixar o app betanoser esculachado pela polícia, serem vítimasbaixar o app betanoracismo e preconceito,baixar o app betanoameaças, e estão criando algo novo e muito sofisticado, que está oxigenando a comunicaçãobaixar o app betanofavelas do Rio", avalia Oliveira.
Os integrantes do Papo Reto detêm legitimidade local, conquistando a confiança dos moradores por também serem da favela, mas ao mesmo tempo miram longe, criando estratégias e circulando pelos diferentes espaços - seja num beco do Alemão, na laje da favelabaixar o app betanoonde costumam gravar seus programas, na Cidade do México, na TV ao vivo, ou na ONU.
Para Victor Ribeiro, da Witness, o Papo Reto pode ser visto como um novo modelobaixar o app betanocomunicação comunitária.
"Eles se tornaram referênciabaixar o app betanocoragem, denunciando ilegalidades e abusos da polícia, mas não são uma galera tensa, que só falabaixar o app betanoviolência. Pelo contrário. Fazem brincadeiras, são descolados, criativos. Denunciar violência policial é algo imposto a eles pela realidadebaixar o app betanoque eles vivem, e um papel que muitos não querem assumir, mas eles também brincam, fazem entrevistas, se orgulham da cultura da favela", diz.