Como grupobaixar o app betanojovens virou referência internacional na denúnciabaixar o app betanoabusos policiais:baixar o app betano

Coletivo Papo Reto no Complexo do Alemão | Crédito: Divulgação

Crédito, Divulgacao

Legenda da foto, Integrantes do Coletivo Papo Reto durante gravaçãobaixar o app betanovídeo no Complexo do Alemão, no Riobaixar o app betanoJaneiro

<link type="page"><caption> Leia também: Estado brasileiro é denunciado à OEA por violência contra jornalistas</caption><url href="http://vesser.net/noticias/2015/10/151027_mortes_comunicadores_tg" platform="highweb"/></link>

<bold>Curtiu? Siga a BBC Brasil no <link type="page"><caption> Facebook</caption><url href="www.facebook.com/bbcbrasil" platform="highweb"/></link> e no <link type="page"><caption> Twitter</caption><url href="www.twitter.com/bbcbrasil" platform="highweb"/></link></bold>

'Uma moradora nos alertou no WhatsApp'

A maneira como eles têm feito isso, no entanto, tem gerado resultados surpreendentes para seus próprios integrantes.

"Tudo surgiubaixar o app betanoforma natural", conta o integrante Raull Santhiago,baixar o app betano26 anos. "Todos tinham ligação com ativismo, audiovisual ou direitos humanos. Um tinha uma câmera, outro era bom no celular, outro sabia mediar conflitos. baixar o app betano Vimos que nossa atuação era necessária, e aí num certo momento a gente se tornou o Papo Reto." O nome vem da gíria carioca "mandar um papo reto", que significa "ir direto ao ponto", "falar sem papas na língua".

Coletivo Papo Reto

Crédito, Divulgacao

Legenda da foto, (Esq. para dir.) Carlos, Thainã e Lana falam ao vivobaixar o app betanolaje no Alemão

Essa atuação conta com participação da comunidade – moradores lhes enviam vídeos ou fotos gravados com seus celulares – e é inserida na dinâmica da favela com um esquemabaixar o app betanotrocasbaixar o app betanoalertas e mensagens pelo WhatsApp, que ajuda a mapear o que está acontecendo na comunidade, que áreas devem ser evitadas, e onde podem filmar ou intervirbaixar o app betanoalguma forma.

Eles cada vez mais têm sido chamados por moradores para documentarem algo –baixar o app betanoabordagens policiais a moradores a protestos e tiroteios.

baixar o app betano Em abril deste ano, quando o menino Eduardobaixar o app betanoJesus,baixar o app betano10 anos, foi morto dentrobaixar o app betanocasa por um tirobaixar o app betanofuzil durante ação da polícia no Alemão, a equipe do coletivo foi uma das primeiras a chegar ao local e gravou as reações dos moradores e o corpo da criança ainda ensanguentado no chão.

"Uma moradora nos alertou no WhatsApp e recebemos aquele vídeo que foi divulgado depois, da mãe dele desesperada. Fomos os primeiros a chegar. Ali não era só filmar. Já tinha muito morador ao redor da cena, e fica uma situação muito tensa com a polícia. Tivemos que mediar", explica Lanabaixar o app betanoSouza,baixar o app betano26 anos, que integra o coletivo.

'Já recebemos ameaças'

Filmar operações da polícia e ouvir denúnciasbaixar o app betanoabusobaixar o app betanotempo real não é algo que fluabaixar o app betanoforma tranquila no ambiente tenso e volátil das grandes favelas do Rio.

baixar o app betano "Já recebemos ameaças da polícia. Algumas na nossa página do Facebook, outras diretamente. Já levaram o cinegrafista para a delegacia, já quiseram ver nossas imagens no celular, mas nós sabemos dos nossos direitos", diz Lana, que é estuda jornalismo e faz produção e edição no Papo Reto.

O trabalho tem sido realizadobaixar o app betanoconjunto com a ONG americana Witness, cuja missão é auxiliar grupos e ativistas ao redor do mundo a utilizarem, com segurança, a produçãobaixar o app betanovídeos como ferramentabaixar o app betanodefesa e denúnciabaixar o app betanoperiferias, favelas, paísesbaixar o app betanoguerra e locaisbaixar o app betanoconflito.

Grupo acredita que, a longo prazo, seu trabalho terá um impacto sobre abusos cometidos pela polícia dentro das favelas

Crédito, Getty

Legenda da foto, Grupo acredita que, a longo prazo, seu trabalho terá um impacto sobre abusos cometidos pela polícia dentro das favelas

A parceria despertou o interesse da TV catariana Al-Jazeera, que deve transmitir no iníciobaixar o app betanodezembro um documentário sobre o Papo Reto gravado no Rio como partebaixar o app betanouma série sobre ativistas que criam soluções tecnológicasbaixar o app betanomeio à luta por direitos ao redor do mundo.

<link type="page"><caption> Leia também: Oito perguntas sobre os riscosbaixar o app betanose comer carne processada</caption><url href="http://vesser.net/noticias/2015/10/151026_carne_processada_rb" platform="highweb"/></link>

<link type="page"><caption> Leia também: 'Acreditei na pacificação, mas ébaixar o app betanomentira', diz mãebaixar o app betanomototaxista morto no Alemão</caption><url href="http://vesser.net/noticias/2014/08/140820_upp_depoimento_jp_lgb" platform="highweb"/></link>

Impacto sobre abusos

baixar o app betano O grupo acredita que, a longo prazo, o trabalho terá um impacto sobre abusos cometidos pela polícia dentro das favelas e cita o recente registro feito por moradores do Morro da Previdência,baixar o app betanosetembro, quando policiais foram flagrados forjando a cenabaixar o app betanoum crime após a mortebaixar o app betanoum jovem.

Consultada pela BBC Brasil, a Secretariabaixar o app betanoSegurança Pública do Estado do Riobaixar o app betanoJaneiro disse que cinco policiais foram indiciados por fraude processual e a Justiça decretou a prisãobaixar o app betanotodos os envolvidos.

Em nota, o governo também destacou esforços para conter abusos e disse que dispõebaixar o app betano2 mil câmeras espalhadas pela cidade e 1,5 milbaixar o app betanoviaturas da PM, alémbaixar o app betanoressaltar esforços com o programabaixar o app betanopacificação e o Sistema Integradobaixar o app betanoMetas e Acompanhamentobaixar o app betanoResultados.

Robert Muggah, especialistabaixar o app betanosegurança pública norte-americano baseado no Rio e estudiosobaixar o app betanozonasbaixar o app betanoconflitobaixar o app betanodiversos países, diz que a chance cada vez maiorbaixar o app betanoque abusos policiais sejam filmados por qualquer cidadão com um celular se torna um fator importante na interação entre comunidade e polícia.

"As novas tecnologias lançam uma nova luz sobre antigos problemas, e a forma como a polícia age deve ser impactada como consequência, mas é importante alertar que os grupos que se dedicam a isso têm virado alvobaixar o app betanolugares como o México, por exemplo. É algo sério e arriscado", avalia.

À frente do Instituto Igarapé, Muggah desenvolve um projeto conhecido como smart policing (policiamento inteligente,baixar o app betanotradução livre), que filmaria todo o expedientebaixar o app betanoum policial por meiobaixar o app betanoum aplicativo instaladobaixar o app betanoseus celulares.

Moradores do Complexo do Alemão enviam vídeos ou fotos gravados com seus celulares ao coletivo

Crédito, REUTERS

Legenda da foto, Moradores do Complexo do Alemão enviam vídeos ou fotos gravados com seus celulares ao coletivo

Presos na farda, os aparelhos gravariam tudo que os agentes fazem. Em fase finalbaixar o app betanotestes, o equipamento já recebeu aprovação da cúpulabaixar o app betanosegurança pública fluminense, mas aguarda definições orçamentárias e burocráticas. baixar o app betano

Segurança, critérios e treinamento

A partirbaixar o app betanoexperiência com riscosbaixar o app betanosegurança, a ONG Witness – que dá apoio ao grupo carioca – desenvolveu, ao longobaixar o app betano23 anos, manuais e técnicas que visam estimular a produção deste tipobaixar o app betanomaterial, como prova jurídica contra os abusos, masbaixar o app betanoforma que garanta a segurança ou ao menos minimize o perigo para os envolvidos.

"Hoje todo mundo tem uma câmera no bolso. Isso gerou novas oportunidades, mas também desafios. Não há mais a necessidadebaixar o app betanoque um perito da Anistia Internacional venha ao local e determine se algo aconteceu para que se inicie um processo. O abuso é gravado. Qualquer um pode coletar provas, e as coisas não acontecem mais na invisibilidade. Eu acho que reduz o abuso policial sim, a longo prazo", diz Priscila Néri, uma das responsáveis pelas atividades da Witness no Brasil.

Coletivo Papo Reto e Witnessbaixar o app betanoNova York

Crédito, Divulgacao

Legenda da foto, (Esq. para a dir.) Carlos Coutinho, Priscila Néri, Renata Trajano, Yvette Alberdingkthijm e Raull Santhiagobaixar o app betanoNova Yorkbaixar o app betanoevento que juntou Papo Reto e Witness

<link type="page"><caption> Leia também: Como jovem desempregado virou 'rei do frango assado' com empréstimobaixar o app betanoapenas R$ 1 mil</caption><url href="http://vesser.net/noticias/2015/10/151013_jovens_empreendedores_favela_fe_rb" platform="highweb"/></link>

"Por outro lado, tudo isso tem um risco enorme. Como filmar? Como gravar sem colocarbaixar o app betanoperigo quem filma e quem aparece? Para quem mostrar esses vídeos? Como armazená-losbaixar o app betanoforma segura? Como usar esse material da forma mais efetiva e estratégica possível?", aponta Priscila, indicando as áreasbaixar o app betanoque a organização atua – inclusivebaixar o app betanolocais como o Oriente Médio.

A entidade realiza oficinas dentro do Alemão com os integrantes do Papo Reto.

"Passamos a medir mais os riscos, e vamos repassar o conhecimento para os moradores", diz Thainã Medeiros, integrante do coletivo.

Uma questão polêmica é que eles não filmam atividades do narcotráfico. Lana Souza explica o motivo: "A polícia está dentro da favela como representante legal do Estado, para fazer cumprir a lei e agir seguindo as leis. Temos como cobrar que eles façam isso. Podemos denunciar e recorrer à Justiça se houver problema. No caso do tráfico, não temos qualquer segurança se fizermos denúncias. O jornalista vem, faz reportagem e vai embora. Nós vivemos aqui 24 horas por dia".

Apesar das preocupações e ameaças, a intenção do grupo é continuar fazendo barulho.

Eles já organizaram dois "Farofaços" – protestosbaixar o app betanoIpanema contra a Operação Verão, que segundo o governo do Estado do Riobaixar o app betanoJaneiro intercepta linhasbaixar o app betanoônibus vindas da Zona Norte às praias da Zona Sul para identificar jovensbaixar o app betano"situaçãobaixar o app betanovulnerabilidade", que consideram com grande chancebaixar o app betanoirem à praia para cometer crimes.

Coletivo se tornou conhecido por fazer reportagens sobre o cotidiano da favela e documentar abusos policiaisbaixar o app betanovídeos e fotos

Crédito, Divulgacao

Legenda da foto, Coletivo se tornou conhecido por fazer reportagens sobre o cotidiano da favela e documentar abusos policiaisbaixar o app betanovídeos e fotos

Para Victor Ribeiro, responsável pelos treinamentos da Witness, o modelo deve ser reproduzido por jovensbaixar o app betanograndes favelas como o Complexo da Maré e da Rocinha, que já estão procurando o Papo Reto.

Nos últimos dois meses o grupo foi convidado para palestrasbaixar o app betanouniversidades do México, discussões na sede da ONU,baixar o app betanoNova York, alémbaixar o app betanoter chamado a atençãobaixar o app betanojornais como The New York Times e o australiano Sydney Morning Herald.

Raull Santhiago passou a trabalhar permanentementebaixar o app betanoprograma da emissora Globo News que visita periferias do Brasil.

"Eles vivem na pele essa realidadebaixar o app betanoser esculachado pela polícia, serem vítimasbaixar o app betanoracismo e preconceito,baixar o app betanoameaças, e estão criando algo novo e muito sofisticado, que está oxigenando a comunicaçãobaixar o app betanofavelas do Rio", avalia Oliveira.

Os integrantes do Papo Reto detêm legitimidade local, conquistando a confiança dos moradores por também serem da favela, mas ao mesmo tempo miram longe, criando estratégias e circulando pelos diferentes espaços - seja num beco do Alemão, na laje da favelabaixar o app betanoonde costumam gravar seus programas, na Cidade do México, na TV ao vivo, ou na ONU.

Para Victor Ribeiro, da Witness, o Papo Reto pode ser visto como um novo modelobaixar o app betanocomunicação comunitária.

"Eles se tornaram referênciabaixar o app betanocoragem, denunciando ilegalidades e abusos da polícia, mas não são uma galera tensa, que só falabaixar o app betanoviolência. Pelo contrário. Fazem brincadeiras, são descolados, criativos. Denunciar violência policial é algo imposto a eles pela realidadebaixar o app betanoque eles vivem, e um papel que muitos não querem assumir, mas eles também brincam, fazem entrevistas, se orgulham da cultura da favela", diz.