ONGs americanas acusam papavaidebet a casa do embaixadorminimizar casosvaidebet a casa do embaixadorpedofilia:vaidebet a casa do embaixador

Papa Franciscovaidebet a casa do embaixadorcelebração no Vaticano (Foto: Maurizio Brambatti/EPA)

Crédito, EPA

Legenda da foto, Na opiniãovaidebet a casa do embaixadorativistas, papa Francisco deveria ser mais enfático sobre casosvaidebet a casa do embaixadorpedofilia na Igreja

A grande esperançavaidebet a casa do embaixadorvítimas nos Estados Unidos é que o papa aborde este tema quando fizer seu discurso nas Nações Unidas na sexta-feira (25) e nas missas que realizará durantevaidebet a casa do embaixadorvisita.

Na quarta-feira (23),vaidebet a casa do embaixadorpronunciamento feito na Catedralvaidebet a casa do embaixadorSão Mateus Apóstolo,vaidebet a casa do embaixadorWashington, Francisco pediu aos bispos americanos que trabalhem para que os escândalos não se repitam.

"Sei o quanto pesou sobre vocês a ferida dos últimos anos e acompanhei o seu generoso empenho para curar as vítimas e trabalhar para que tais crimes não aconteçam nunca mais", declarou o pontífice argentino.

Barbara Blaine fala durante protesto (Foto: Divulgação/SNAP)

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Legenda da foto, Para Barbara Blaine (ao microfone), casosvaidebet a casa do embaixadorpedofilia deveriam ser revelados e levados à polícia

Mas, para a ativista Blaine, Francisco deveria ser mais enfático sobre o tema. "Queremos que faça a diferença e tome uma atitude, não mais palavras. As palavras não vão proteger as crianças. Queremos que os arquivos sejam abertos, os padres punidos e os casos levados à polícia", defendeu.

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É a primeira viagemvaidebet a casa do embaixadorFrancisco aos Estados Unidos – ele é quarto papa a desembarcarvaidebet a casa do embaixadorterritório norte-americano. Espera-se que seu discurso na ONU aborde temasvaidebet a casa do embaixadordireitos humanos e meio ambiente.

Muitos guardam com grande expectativa a possibilidadevaidebet a casa do embaixadoro papa se encontrar com vítimasvaidebet a casa do embaixadorpedofilia. A Missão Permanentevaidebet a casa do embaixadorObservação da Santa Sé na ONU não confirmou se esse compromisso está navaidebet a casa do embaixadoragenda.

Marco zero

Na opiniãovaidebet a casa do embaixadorAnne Barret Doyle, uma das diretoras da organização Bishop Accountability, que documenta desde 2003 casosvaidebet a casa do embaixadorviolações sexuais na Igreja Católica, o papa Francisco não poderá fugir do tema.

"Os EUA são o marco zero dos escândalosvaidebet a casa do embaixadorabusos sexuais. Ele terá que tocar fundo no tema apesarvaidebet a casa do embaixadoro encontro com vítimas não estar no seu programa oficial. Não tem como vir aos EUA e não tratar disso. O que estávaidebet a casa do embaixadorquestão é se ele realmente fará alguma ação significativa", disse à BBC Brasil.

Em junho, Francisco anunciou que criará um tribunal para julgar por "abusovaidebet a casa do embaixadorpoder" bispos que acobertaram padres denunciados por crimes sexuais contra menores. Os casos serão julgados por uma seção judiciária a cargo da Congregação para a Doutrina da Fé, o braço do Vaticano para doutrinamento.

Trinity Church,vaidebet a casa do embaixadorNova York (Foto: Fabiola Ortiz/BBC Brasil)

Crédito, Fabiola Ortiz l BBC Brasil

Legenda da foto, Público visitou a Trinity Church, ponto turístico católicovaidebet a casa do embaixadorNova York, às vésperasvaidebet a casa do embaixadorvisita do papa

Esta foi, segundo Doyle, a única medida anunciada por Francisco desde que assumiu o papadovaidebet a casa do embaixador2013 para amenizar a que considera ser uma "crise epidêmica".

"Ainda é só uma ideia, não virou realidade. Existe apenas a promessa. Para mim o que existe é uma catástrofe, uma crise epidêmica, pois estamos falandovaidebet a casa do embaixadorcrimes cometidos e acobertados pela instituição mais poderosa do mundo. A Igreja Católica é uma instituição global que continua a permitir que padres culpados permaneçam trabalhando. É talvez a única no mundo que autorize que pedófilos continuem exercendo suas funções", criticou.

De acordo com a ONG Bishop Accountability, os dados oficiais da Igreja nos EUA indicam que 6,4 mil padres foram acusadosvaidebet a casa do embaixadorpedofilia entre 1950 e 2013.

"Pensamos que este número é subestimado e pode chegar a 10 mil. Já no mundo, é impossível saber quantos padres abusaramvaidebet a casa do embaixadorcrianças. Estimamos que (foram) cercavaidebet a casa do embaixador69 mil, entre padres e religiosos, desde a décadavaidebet a casa do embaixador50."

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A Congregação para a Doutrina da Fé reúne, desde 2003, todas as acusaçõesvaidebet a casa do embaixadorabuso sexual contra crianças comprovadas verdadeiras. Já são 3,4 mil padres considerados culpados pela Igreja.

"Mas não sabemos quantos religiosos sãovaidebet a casa do embaixadorfato punidos e que tipovaidebet a casa do embaixadorpunição recebem. Sob as leis canônicas, o bispo é quem decide e muitas (punições) são apenas uma advertência por escrito", ressaltou Doyle ao defender maior transparência por parte do Vaticano.

Papa Francisco e Barack Obama conversamvaidebet a casa do embaixadorWashington (Foto: Tony Gentile/Pool Photo/AP)

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Legenda da foto, Papa pediu, nos EUA, que bispos atuem para evitar novos escândalos; ativistas acham pouco

Navaidebet a casa do embaixadoropinião, o sigilo sobre quem são os pedófilos pode aumentar o riscovaidebet a casa do embaixadornovos casos.

"A Igreja não está alertando os fiéis sobre quem são os criminosos. Deveriam publicar a lista com os nomesvaidebet a casa do embaixadortodos os acusados e dos considerados culpados. Da forma como estão fazendo, não estão trabalhando com transparência. O papa Francisco não está sendo mais transparentevaidebet a casa do embaixadorrelação aos papas anteriores", diz Doyle.

Relatosvaidebet a casa do embaixadorvítimas

Barbara Blaine, a mesma que preside a redevaidebet a casa do embaixadorvítimas sobreviventesvaidebet a casa do embaixadorabusos SNAP, contou sobre o seu caso: ela foi violada por um padre quando tinha 12 ou 13 anos, mas só começou a buscar ajuda aos 29.

"Eu era muito devota e acreditava no bispo, mas me custou anos para ver que o bispo não estava querendo me proteger, ele estava acobertando o caso e permitiu que o autor do crime continuasse abusandovaidebet a casa do embaixadormais crianças."

"Nunca vou saber como seria a minha vida se não tivesse sido violada sexualmente. Estava tão frustrada porque os oficiais da Igreja nunca me ajudaram. Busquei gruposvaidebet a casa do embaixadorautoajuda e comecei a localizar novas vítimas", descreveu.

Ativistas do SNAPvaidebet a casa do embaixadorprotesto (Foto: Divulgação/SNAP)

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Legenda da foto, SNAP, grupovaidebet a casa do embaixadorvítimas do qual os ativistas da foto fazem parte, diz ter 21 mil pessoas cadastradas

As estatísticas mostram que a idade médiavaidebet a casa do embaixadorque uma vítima vai buscar ajuda évaidebet a casa do embaixador42 anos.

"A maior parte das vítimasvaidebet a casa do embaixadorabuso sexual não tem a coragemvaidebet a casa do embaixadorcontar ou fazer denúncias. Aqui nos EUA, os bispos têm tanto poder que influenciaram a mim e a meus pais a não levarmos a queixa para a polícia", disse Blaine. "Levei sete anos até decidir levar o caso à polícia".

<link type="page"><caption> Leia também: OMS: Suicídio já mata mais jovens que o HIVvaidebet a casa do embaixadortodo o mundo</caption><url href="http://vesser.net/noticias/2015/09/150922_suicidio_jovens_fd" platform="highweb"/></link>

A SNAP tem sede nos Estados Unidos e contavaidebet a casa do embaixadorseu cadastro com 21 mil membros, espalhadosvaidebet a casa do embaixador73 países. A partirvaidebet a casa do embaixador2011, Blaine começou a reparar que o sofrimento vivido por outras vítimas no resto do mundo era semelhante.

A ideia, segundo ela, é tentar ajudar as vítimas para que possam superar seus traumas – muitas nunca tiveram coragemvaidebet a casa do embaixadorfalar com suas famílias. A BBC Brasil foi convidada para participarvaidebet a casa do embaixadorum dos encontrosvaidebet a casa do embaixadorvítimasvaidebet a casa do embaixadorNova York.

Foto: Arquivo Pessoal

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, A ativista norte-americana Barbara Blaine na infância, épocavaidebet a casa do embaixadorque sofreu abusos

No porãovaidebet a casa do embaixadorum edifício antigo próximo à Times Square, bem no centro agitadovaidebet a casa do embaixadorManhattan, um grupovaidebet a casa do embaixadorcercavaidebet a casa do embaixador10 pessoas se reuniu para compartilhar suas histórias, lembranças e superações poucos dias antes da chegada do papa Francisco a Nova York.

Eram desconhecidos evaidebet a casa do embaixadordiferentes idades. O que os unia era o fatovaidebet a casa do embaixadortodos terem vivido situaçõesvaidebet a casa do embaixadorviolência sexual cometida tanto por freiras ou padres na infância.

"O que aprendemos dentro dos gruposvaidebet a casa do embaixadorautoajuda é que o nosso próprio processovaidebet a casa do embaixadorcicatrização depende da forma como ajudamos a prevenir que outros casos aconteçam. É uma formavaidebet a casa do embaixadorempoderar as vítimas", explicou Blaine.

Hoje muitos se perguntam o paradeiro dos autores dos crimes. "A maioria descobriu que os religiosos foram removidos para outros locais, mas que continuam trabalhando com crianças", disse.

Sobreviventevaidebet a casa do embaixadorMilwaukee

"Sempre quis ter resposta à seguinte pergunta: uma mulher não pode se tornar padre, um homem casado também não, mas, por que,vaidebet a casa do embaixadoracordo com as leis da Igreja, um pedófilo pode ser padre?", questiona Peter Isely.

Seu sonho quando criança era tornar-se sacerdote. Logo cedo, aos 8 anos, Isely foi enviado pelavaidebet a casa do embaixadormãe a um semináriovaidebet a casa do embaixadorWisconsin, no centro-oeste do país. Era o desejo e seria o orgulhovaidebet a casa do embaixadorsua mãe que o menino, criado numa família católica, garantisse o futuro no sacerdócio.

Seu sonho foi brutalmente frustrado. Adolescente, se tornou uma das 200 vítimas do escândalovaidebet a casa do embaixadorpedofilia no condadovaidebet a casa do embaixadorMilwaukee.

Peter Isely (Foto: Divulgação/SNAP)

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Legenda da foto, Peter Isely foi uma das vítimasvaidebet a casa do embaixadorescândalovaidebet a casa do embaixadorMilwaukee e hoje é ativista da SNAP

Pelo menos 45 sacerdotesvaidebet a casa do embaixadorMilwaukee enfrentam acusaçõesvaidebet a casa do embaixadorabuso sexual entre os anos 1950 e 1970. Um dos sacerdotes processados é suspeitovaidebet a casa do embaixadorter molestado cercavaidebet a casa do embaixador200 meninos com deficiência auditiva.

O papa Francisco disse,vaidebet a casa do embaixadorocasiões, ter vergonha desse episódio macabro na história da Igreja Católica.

Isely tinha 13 anos quando foi violentado diversas vezes. "Havia dezenasvaidebet a casa do embaixadorvioladores. Éramos estudantes e vivíamosvaidebet a casa do embaixadordormitórios, então não tinha como escapar. Usaram a nossa fé para nos molestar. Foi a fé que nos tornou vulneráveis."

Hoje, passadas maisvaidebet a casa do embaixadortrês décadas, ele não teme falar abertamente do caso. "A primeira vez que uma vítima relata avaidebet a casa do embaixadorhistória a gente nunca esquece. Depois, senti uma grande responsabilidadevaidebet a casa do embaixadorfazer algo para evitar que mais crianças fossem molestadas", disse.

Ele atua como terapeuta e, junto com Barbara Blaine, ajudou a fundar o SNAP. Navaidebet a casa do embaixadoropinião, o papa Francisco tem demonstrado vontadevaidebet a casa do embaixadormudar, mas na prática as leis continuam as mesmas.

"Assim como um médico pode perder a licença se comprovado um erro grave, isso deveria também se aplicar a um padre se comprovado que cometeu um crime. Os padres deveriam ser responsabilizados. As leis da Igreja não protegem os fiéis e as vítimas e, sim, os clérigos."

Perguntado se perdeu a fé, Isely é categórico: "mais importante que a fé é o amor. Talvez eu tenha perdido a fé, mas recuperei o amor que tinha quando criança, a inocência que foi tiradavaidebet a casa do embaixadormim".

Procurada pela BBC Brasil, a Missão Permanentevaidebet a casa do embaixadorObservação da Santa Sé na ONU não se pronunciou.