Juiz condena Odebrecht por trabalho escravo e tráficosuporte betesportepessoassuporte betesporteAngola:suporte betesporte

Área externa do refeitóriosuporte betesporteobra da Odebrechtsuporte betesporteAngola; juiz diz que condiçõessuporte betesportetrabalho enquadram empresas rés no crimesuporte betesporte"redução à condição análoga àsuporte betesporteescravos".

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Área externa do refeitóriosuporte betesporteobra da Odebrechtsuporte betesporteAngola; juiz diz que condiçõessuporte betesportetrabalho enquadram empresas rés no crimesuporte betesporte"redução à condição análoga àsuporte betesporteescravos".

A empresa afirma que nunca "existiu qualquer cerceamentosuporte betesporteliberdadesuporte betesportequalquer trabalhador nas obrassuporte betesporteBiocom", que as condiçõessuporte betesportetrabalho foram "adequadas às normas trabalhistas esuporte betesportesaúde e segurança vigentessuporte betesporteAngola e no Brasil" e que não tinha responsabilidade sobre a obra por ser donasuporte betesporteparticipação minoritária na usina.

A ação teve início após a BBC Brasil publicar,suporte betesporte2013, uma <link type="page"><caption> reportagem</caption><url href="http://vesser.net/noticias/2013/12/131219_odebrecht_inferno_jf_lk" platform="highweb"/></link>suporte betesporteque operários relatavam ter sofrido maus-tratos na usina entre 2011 e 2012. Com base na reportagem, o procurador Rafaelsuporte betesporteAraújo Gomes, do Ministério Público do Trabalho (MPT), abriu um inquérito que deu origem a uma ação civil pública contra a companhia.

Boa parte dos processos tramitou na Justiça trabalhista do interiorsuporte betesporteSão Paulo, onde as empresas recrutaram muitos dos operários enviados a Angola.

Maior construtora da América Latina, a brasileira Odebrecht é uma das maiores empresas tambémsuporte betesporteAngola, onde atua desde 1984suporte betesportevários setores.

A derrota ocorresuporte betesporteum mau momento para o grupo: seu presidente-executivo, Marcelo Odebrecht, e três executivos estão presos desde junho, acusadossuporte betesporteenvolvimento no escândalosuporte betesportecorrupção investigado pela operação Lava Jato. Eles negam envolvimentosuporte betesportecorrupção.

<link type="page"><caption> Leia mais: Operários denunciam condições 'degradantes'suporte betesporteobra da Odebrechtsuporte betesporteAngola</caption><url href="http://vesser.net/noticias/2013/12/131219_odebrecht_inferno_jf_lk.shtml" platform="highweb"/></link>

<link type="page"><caption> Leia mais: Rio pede punição a empresa que usou trabalho escravo na Vila dos Atletas</caption><url href="http://vesser.net/noticias/2015/08/150817_rio2016_paes_trabalho_escravo_jp_cc.shtml" platform="highweb"/></link>

Banheiro interditadosuporte betesporteobra,suporte betesportefoto dos trabalhadores; condiçõessuporte betesportehigiene "obrigou alguns trabalhadores a utilizarem o matagal próximo ao alojamento", diz sentença

Crédito, arquivo pessoal

Legenda da foto, Banheiro interditadosuporte betesporteobra,suporte betesportefoto dos trabalhadores; condiçõessuporte betesportehigiene "obrigou alguns trabalhadores a utilizarem o matagal próximo ao alojamento", diz sentença

'Verdadeiro calvário'

Na decisão, redigidasuporte betesporte28suporte betesporteagosto, o juiz Carlos Alberto Frigieri diz que as empresas denunciadas deixaramsuporte betesporteproporcionar aos operários "meio ambientesuporte betesportetrabalho adequado, condições mínimassuporte betesportehigiene nos banheiros e refeitórios, tornando o trabalho mais penoso e mais sofrida a estadia, um verdadeiro calvário, com a agravantesuporte betesporteque muitos trabalhadores adoeceram no local".

O juiz diz que as condiçõessuporte betesportehigiene nos banheiros usados pelos funcionários – registradassuporte betesportefotos e vídeos apresentados pela acusação – obrigaram "alguns trabalhadores, que não queriam correr o riscosuporte betesportecontaminação por bactérias, a utilizarem o matagal próximo ao alojamento".

Segundo o magistrado, alémsuporte betesporteviolar normas trabalhistas, a postura das companhias causou aos operários "humilhação e sofrimento íntimo, especialmente porque tais obreiros se encontravam longesuporte betesportesuas casas".

O juiz diz que as condições degradantessuporte betesportetrabalho enquadram as empresas no crimesuporte betesporte"redução à condição análoga àsuporte betesporteescravos".

Segundo o Código Penal, o crime pode ser cometidosuporte betesportetrês maneiras: submetendo alguém "a trabalhados forçados ou a jornada excessiva"; "sujeitando-o a condições degradantessuporte betesportetrabalho"; ou "restringindo, por qualquer meio,suporte betesportelocomoçãosuporte betesporterazãosuporte betesportedívida contraída com o empregador ou preposto".

Em nota à BBC Brasil, a Odebrecht disse que as condições no canteirosuporte betesporteobra "foram adequadas e aderentes às normas trabalhistas esuporte betesportesaúde e segurança vigentessuporte betesporteAngola e no Brasil, incluindo quanto às condiçõessuporte betesportealojamento, transporte, sanitárias,suporte betesportealimentação (...) e saúde, incluindo presençasuporte betesporteserviço médico local e ambulatório".

<link type="page"><caption> Leia mais: Governo 'dribla' STF e cria nova lista do trabalho escravo</caption><url href="http://vesser.net/noticias/2015/04/150331_lista_trabalho_escravo_cc.shtml" platform="highweb"/></link>

<link type="page"><caption> Leia mais: Para que serve a 'lista suja' do trabalho escravo?</caption><url href="http://vesser.net/noticias/2015/04/150402_trabalho_escravo_entenda_cc.shtml" platform="highweb"/></link>

Empresa diz que condições dos trabalhadores seguiam as normas vigentes no Brasil esuporte betesporteAngola

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Empresa diz que condições dos trabalhadores seguiam as normas vigentes no Brasil esuporte betesporteAngola

Tráficosuporte betesportepessoas

Emsuporte betesportedecisão, o juiz afirmou ainda que a Odebrecht promoveu "aliciamentosuporte betesportetrabalhadores e tráficosuporte betesportepessoas" ao transportar os operários a Angola com vistos ordinários, que não dão o direitosuporte betesportetrabalhar,suporte betesportevezsuporte betesportevistossuporte betesportetrabalho.

Segundo o juiz, o objetivo da empresa era contar com "mãosuporte betesporteobra especializada cativa, completamente dominada, com pouca ou nenhuma capacidadesuporte betesporteresistência, eis que mantidossuporte betesporteforma ilegalsuporte betesportepaís estrangeiro".

Já a Odebrecht afirma que nunca "existiu qualquer cerceamentosuporte betesporteliberdadesuporte betesportequalquer trabalhador nas obrassuporte betesporteBiocom" e que a "expatriaçãosuporte betesportetrabalhadores sempre foi realizada observando a legislação brasileira e angolana".

"Os trabalhadores tinham ampla liberdadesuporte betesportelocomoção dentrosuporte betesporteAngola e para retornar ao país a qualquer momento, incluindosuporte betesportedatas festivas nas quais diversos trabalhadores voltaram ao Brasil e depois retornaram para Angola, bem como os trabalhadores tinham acesso gratuito à internet", diz a empresa,suporte betesportenota.

<link type="page"><caption> Leia mais: Quedasuporte betesportepreço do petróleo ameaça ‘sonho brasileiro’suporte betesporteAngola</caption><url href="http://vesser.net/noticias/2015/04/150416_angola_brasileiros_cc.shtml" platform="highweb"/></link>

A Odebrecht afirma ainda que não tinha responsabilidade sobre a obra e que é donasuporte betesporteuma participação minoritária na Biocom.

No processo, a companhia afirmou que, por ser uma empresa angolana, a Biocom não poderia ser julgada no Brasil.

Segundo a Odebrecht, as obras na usina foram realizadas por empresas subcontratadas pela Biocom, entre as quais a Planusi e a Pirâmide, ambas com sede no interior paulista.

O juiz afirmou, porém, que provas apresentadas pela acusação - entre as quais contratos assinados entre as empresas envolvidas - revelam que a Odebrecht era a verdadeira dona da obra.

"É possível afirmar, inclusive, que a Biocom/Odebrechtsuporte betesporteAngola também é uma empresa do poderoso Grupo Odebrecht, justificando a responsabilidade solidária por eventuais condenações", diz o juiz.

Além dos R$ 50 milhõessuporte betesporteindenização (um décimo do valor pedido pelo MPT na acusação), Frigieri condenou a empresa a pagar uma sériesuporte betesportemultas caso não mude suas práticas.

O juiz negou, porém, o pedido do Ministério Público do Trabalho para que a construtora deixassesuporte betesportereceber empréstimos do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social). O banco financia boa parte das operações da empresa no exterior.

Atualização: Um dia após o anúncio da decisão judicial, a Odebrecht se pronunciou mais detalhadamente sobre a sentença. O porta-voz da companhia Genésio Lemes Couto disse à BBC Brasil que o grupo recebeu a notícia com "frustração e indignação".

Segundo Couto, contraprovas apresentadas pela empresa não foram levadassuporte betesporteconta no julgamento. Ele diz ainda que o magistrado desconsiderou testemunhossuporte betesportefuncionários angolanos da Biocom, que disseramsuporte betesportejuízo ter orgulhosuporte betesportetrabalhar na empresa e negaram as alegações sobre as condições no canteirosuporte betesporteobras.

"Existe uma indignação dos próprios empregadossuporte betesporterelação a isso (condenação)", afirmou.

O porta-voz disse que a usina já está operando e conta hoje com 2 mil funcionários, dos quais 200 são brasileiros.