'Precisei me segurar para não chorar com o que os refugiados me contavam':promoção esporte da sorte

<link type="page"><caption> Leia mais: Imigração ilegal transforma cidade turcapromoção esporte da sorte'capital do colete salva-vidas'</caption><url href="http://vesser.net/noticias/2015/08/150828_izmir_salvavidas_tg.shtml" platform="highweb"/></link>

Segundo a Anistia Internacional, desde o iníciopromoção esporte da sorteagosto maispromoção esporte da sorte30 mil refugiados já chegaram a Lesbos, uma ilha com 86 mil habitantes.

Chegam a ser três mil refugiados por dia chegando a diferentes pontos da ilha,promoção esporte da sorteacordo com a ONG Rescue International.

Stella trabalhoupromoção esporte da sorteum desses pontos, Molyvos (no nortepromoção esporte da sorteLesbos), ao ladopromoção esporte da sorteuma moradora do local que decidiu ajudar os refugiados por conta própria, já que no local ainda não há nenhuma ONG trabalhando. Leia seu depoimento:

"Eu moro na Turquia há sete anos, então já viapromoção esporte da sorteperto a situação dos refugiados. No ano passado, o drama deles piorou. Eu passei o mêspromoção esporte da sortejulho no Brasil e, quando voltei, fiquei chocada. A paisagempromoção esporte da sorteIstambul tinha mudado, com tantos refugiados. Mas nada disso me preparou para o que eu vipromoção esporte da sorteLesbos.

Eu já queria ajudarpromoção esporte da sortealguma maneira fazia algum tempo. Então, quando alguns amigos me convidaram, na semana retrasada, resolvi ir.

Chegamospromoção esporte da sorteMytilene, capitalpromoção esporte da sorteLesbos, e pegamos o ônibus para Molyvos. No trajetopromoção esporte da sorte65 quilômetros, vi muitas pessoas andando sob um calor insuportável. A maioria erapromoção esporte da sortehomens, mas também vi muitas famílias com idosos e crianças pequenas. Quase não tinha médico lá, mas dava para ver que muitas das crianças estavam doentes, com febre, não sei se com insolação.

Também conversei com uma mulher síria que estava grávidapromoção esporte da sortegêmeos,promoção esporte da sortesete meses. Ela me pareceu feliz – e eu só conseguia pensar no que que ela passou para chegar até ali e onde ela iria dar à luz.

Só depois que fui entender que todos eles precisavam chegar até Mytiline para se registrarem e, se tiveram sorte, irem para Atenas. Sem esse registro, eles não podem fazer nada. Nem pegar táxi – já que os taxistas são proibidospromoção esporte da sortepegar refugiados sem registros.

Uma das coisas que mais me chamaram atenção assim que cheguei foi que o lugar não era nem mesmo um campopromoção esporte da sorterefugiados – era apenas um estacionamento a céu aberto. Faltava tudo por ali, até sombra. Sob o sol forte da Grécia, dependendo do horário do dia, não tinha nem um lugar um pouco mais fresco para eles ficarem. As árvores eram poucas, não tinham barracas, só algumas lonas penduradas.

Nesse primeiro dia, eu e os outros voluntários trabalhamos 14 horas. A gente dava sanduíche, água e informações. Muitas das pessoas descem dos botes achando que estão na Europa e que já está tudo resolvido.

Era frustrante terpromoção esporte da sorteexplicar que eles ainda tinhampromoção esporte da sorteandar no sol três dias para conseguirem se registrar. Conseguimos alguns ônibus naquele dia para transportá-los, dando preferência para mulheres, crianças e idosos. Mas quando não tinha ônibus, precisávamos explicar que a única maneira era andar até lá. Como dizer isso para uma pessoa que já está exausta?

Botes lotados e mulheres sozinhas

Os refugiados vêm da Turquiapromoção esporte da sortebotes infláveis. São pequenos, feitos para 10 ou 15 pessoas. Mas eles chegam com grupospromoção esporte da sorte40 ou 45 pessoas. São famílias inteiras, com crianças, bebêspromoção esporte da sortecolo. Também há grupopromoção esporte da sortehomens bem jovens, que vêmpromoção esporte da sortebuscapromoção esporte da sorteemprego na Europa para poderem mandar dinheiro para suas famílias.

Também encontrei mulheres sozinhas com seus filhos. Mulheres que perderam os maridos ou os pais na guerra e agora têmpromoção esporte da sortefugir sozinhas para tentar uma vida melhor para as crianças.

Falo turco e isso me ajudou a me comunicar com as famílias. Muitos sírios falam turco e pessoaspromoção esporte da sorteoutras nacionalidades que já tinham passado pela Turquia também tinham aprendido um pouco do idioma.

Ouvi dezenaspromoção esporte da sortehistórias e,promoção esporte da sortecada uma delas, precisei me segurar para não chorar. Muitos sírios me contaram da viagempromoção esporte da sortevários dias, cruzando a Turquia para chegar na Grécia. Para conseguir fazer essa viagem, eles vendem tudo e ficam na mão desses traficantespromoção esporte da sortepessoas. Alguns me contaram que tiverampromoção esporte da sorteficar escondidos por dias, sem comida, nem bebida, até pegarem o bote.

'Me cortou o coração'

Um dos casos que mais me emocionou foi opromoção esporte da sorteuma família afegã – pai, mãe, quatro filhos adolescentes e uma bebê. Conversando com a mãe, ela me contou que eles pagaram US$ 30 mil para os traficantes levá-los até a Grécia e como esperaram três dias escondidospromoção esporte da sorteum bosque, sem comer e sendo agredidos pelos traficantes.

Tentei mudarpromoção esporte da sorteassunto e, quando comentei da alegria da garotinha, chamada Fatma, ela me disse que era o aniversáriopromoção esporte da sorteum ano da menina.

Olhei para eles e eles estavam ali, sentados no chão, debaixo daquele sol, no primeiro aniversário da garota. E então a mãe me diz: 'Se estivéssemospromoção esporte da sortecasa, eu ia fazer um bolo bem bonito para comemorar, ia tirar foto...'

Aquilo cortou meu coraçãopromoção esporte da sorteum jeito. Então, no meu intervalopromoção esporte da sorte15 minutos, corri para comprar um croissantpromoção esporte da sortechocolate e velas. Reencontrei a família e cantamos parabéns para Fatma. Ela estava mais interessadapromoção esporte da sortebrincar com as velas, mas a felicidade e a gratidão dos pais é algo que não têm preço.

Eu sei que o que eu fiz não significa muito. Mas poder proporcionar cinco minutospromoção esporte da sortefelicidade para essas pessoas que eu sei que ainda vão passar por tantas dificuldades... foi o meu jeitopromoção esporte da sortedar apoio a eles e dar um pequeno alíviopromoção esporte da sortetoda essa dor.

Quando eu perguntei para onde eles queriam ir, eles me disseram que queriam apenas ir para longe da guerra.

Temores

É muito frustrante terpromoção esporte da sorteenviar famílias como aspromoção esporte da sorteFatma para um futuro incerto, já que elas não têm outra opção. Sei que eles ainda podem enfrentar dificuldades terríveis, como as que estamos vendo no noticiário.

Eu tivepromoção esporte da sortevoltar para Istambul, mas minha cabeça não saipromoção esporte da sorteLesbos. O temor era que nessa semana a situação piorasse, porque as férias escolares estavam chegando ao fim e muitos queriam retomar a vida por lá. Também entendo a situação dos moradores.

E foi muito emocionante para mim ver tantas pessoas – moradores, turistas, voluntários – ajudando os refugiados. A gente está tão acostumado a só ver coisa ruim, guerras, tragédias.

Todo mundo ajudava como podia, porque os refugiadospromoção esporte da sorteMolyvos estão abandonados. Os voluntários estavam sendo organizados por uma moradora, donapromoção esporte da sorteum restaurante no local. Agora, eles estão recebendo doações do mundo todo e tentando passar informações pela página no Facebook Help for refugees in Molyvos.