Rio 2016: Vidas arruinadas e negócios impulsionados a um ano para a Olimpíada:brazino 7
<link type="page"><caption> Leia mais: Cinco questõesbrazino 7segurança que o Rio precisa resolver antes da Olimpíada</caption><url href="http://vesser.net/noticias/2015/08/150804_rio_olimpiada_seguranca_pai_jp.shtml" platform="highweb"/></link>
Exemplos das transformações vividas pela cidade desde que os preparativos para o megaevento se intensificaram, e as histórias contrastantes ilustram os efeitos positivos e negativos que os Jogos têm trazido aos cariocas.
À BBC Brasil, Rosinaldo e Dario deram detalhes destes impactos e revelaram expectativas para o futuro após a Olimpíada. Veja os principais trechos dos depoimentos:
Rosinaldo Luizbrazino 7Mendonça
Nasci na Paraíba e me mudei para o Rio há 32 anos. Aqui conheci minha mulher, Rosilene, e constituí minha família, com meus três filhos: Juan,brazino 720 anos, Ravel,brazino 719 anos, e Roger, o caçula, com nove anos.
Em 2008, depoisbrazino 7muito tempo na batalha como pintor, profissão que exerço há 30 anos, comprei um terreno por R$ 15 mil na favela do Tanque, onde consegui construir uma casa. Era pequena, com dois quartos, sala, cozinha e banheiro, mas depoisbrazino 7anosbrazino 7aluguel e dos R$ 35 mil investidos na construção, nos mudamos mesmo antesbrazino 7acabar a obra. Era favela, mas muito tranquila, não se passava medo ali.
<link type="page"><caption> Leia mais: Rio 2016: Olimpíada atrapalha ou ajuda o Brasilbrazino 7recessão?</caption><url href="http://vesser.net/noticias/2015/08/150803_olimpiada_ru.shtml" platform="highweb"/></link>
Depoisbrazino 7cinco anos,brazino 72013, começaram os boatosbrazino 7remoção por conta da obrabrazino 7um BRT, e foi tudo muito rápido. Meu filho Juan é especial, e tinha convulsões com o barulho dos tratores demolindo as casas vizinhas. Foi uma sensação massacrante, humilhante.
Resisti enquanto pude, porque a indenização oferecida inicialmente foibrazino 7R$ 18 mil. Fui forte, apesar da pressão e das ameaças que a gente recebia. Diziam que viriam com liminar, que a obra passariabrazino 7qualquer jeito, e que trariam até o Exército se fosse preciso para tirar a gente à força.
Acabei aceitando R$ 40 mil para sair, mas teve gente que saiu até por R$ 12 mil. Mesmo depoisbrazino 7eu concordar, começaram a demolir minha casa com meus filhos e meus móveis dentro. Foi muito revoltante. "Meu filho pode ser atleta olímpico", eu gritava, já que o Ravel tinha chancesbrazino 7se classificar para o vôleibrazino 7praia na época.
Os R$ 40 mil foram menos do que os R$ 50 mil que eu tinha investido. Só deu para comprar uma casinhabrazino 7um quarto no alto do Morro da Pendura Saia, perto aqui do Tanque. Foi ruim demais, terrível. Era tiroteio constante, e eu quase fui atingido por uma bala perdida. Me arrepio sóbrazino 7lembrar.
Ficamos ali por dois anos e três meses, até uma moça alugar nossa casa e a gente achar outra,brazino 7um quarto, no Conjunto Bandeirantes, também conhecido como Conjunto Cesar Maia, na Zona Oeste. Estamos aqui há dois meses, e a vida é muito difícil. Voltei a pagar aluguel,brazino 7R$ 750, e com a crise, a pintura está devagar. Ninguém está querendo construir ou reformar.
Meu filho Ravel até agora não se classificou para os Jogos, e acabou aceitando uma oferta no Catar, mas ganha muito pouco. Ele passa nove meses lá e três meses aqui,brazino 7férias, e nem pode nos ajudar muito.
A gente fica bem chateado. Sei que a Olimpíada pode favorecer muito os brasileiros, mas meu sonho se acabou. Se eu tenho raiva dos Jogos? Não, não tenho. Decidimos passar uma borracha e seguirbrazino 7diante. Minha expectativabrazino 7futuro depois das Olimpíadas é poder comprar uma casinha num lugar dignobrazino 7novo.
Quem sabe alguém leia esta reportagem e queira me ajudar. Até lá, eu sigo batalhando. Esse foi o impacto que os Jogos deixaram para mim. É como um peso que ainda me segue, mas sei que tenho que continuar caminhando.
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Dario Schaeffer
Me mudei para o Riobrazino 72007, com minha mulher Sabina Stillhard, que tinha conhecido na Suíça dez anos antes. Trabalhei num projetobrazino 7intercâmbio durante 16 anos por lá, e nos casamos neste período.
Compramos uma casa na comunidade da Babilônia, e a ideia era, desde o início, abrir uma pousada e um local onde gruposbrazino 7músicos europeus pudessem fazer seus encontros, seus retiros musicais, e além disso conhecerem o Riobrazino 7Janeiro.
Na época a favela não era pacificada, e se vivia sob a ditadura do tráfico. Havia tiroteios, e era uma situação realmente complicada, masbrazino 72009 foi criada a UPP do Chapéu Mangueira/Babilônia, e as coisas mudaram.
Não estamos numa vila na Europa, é claro, mas a situação melhorou muito. Hoje se pode dizer que os morros Chapéu Mangueira e Babilônia estão entre os lugares mais seguros da cidade.
Fomos a segunda pousada aqui, e quando o Rio foi anunciado como sede das Olimpíadas,brazino 72009, vimos que estávamos no caminho certo. Já tínhamos planosbrazino 7investir, mas isso nos impulsionou e nos mostrou que era a direção a seguir. Fizemos uma sériebrazino 7reformas, instalamos um elevador dentro da casa, investimos na infraestrutura, e estamos tendo retorno.
Já estou com os nove quartos praticamente todos reservados para o período dos Jogos, e a Copa do Mundo também nos favoreceu. Encaramos os grandes eventos como oportunidades, e por aqui muitos têm sentido esse reflexo positivo. Sejam pousadas, restaurantes, pequenas lojas, ou negóciosbrazino 7turismo, muita gente sente que há mais turistas e movimento.
Temos muito público estrangeiro entre os clientes, e para eles o boca a boca é fundamental. Muitos estão vindo atraídos pela realização dos grandes eventos e a publicidadebrazino 7torno do Brasil e do Rio nos últimos anos.
Vejo que a cidade está se transformando. Há uma melhora no transporte público, com os BRTs, VLT e a nova linhabrazino 7metrô. Há obrasbrazino 7infraestrutura, como a renovação da região do porto e a Vila Olímpica. Mas a gente se pergunta, claro, se esse investimento não poderia também ter sido feitobrazino 7áreas como saneamento básico, na melhoria da situação da Baixada Fluminense, ou no fim da poluição das águas da Baíabrazino 7Guanabara e da Lagoa Rodrigobrazino 7Freitas.
As Olimpíadas impulsionaram nossos negócios e foram uma grande oportunidade, sem dúvida alguma. Mas sei que é um processo que beneficia muito as regiões centrais, e a periferia foi esquecida, mais uma vez. Aí temos que ser críticos.
Nossa expectativa após as Olimpíadas ébrazino 7que haja realmente um legado para a cidade, para o esporte, e que o efeito positivo sobre os negócios continue, com uma boa imagem do Riobrazino 7Janeiro sendo levada pelos turistas.
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