'Quero abraçar o mundo', diz mexicana que escapou da escravidão:slot top gun

Foto: Comisión Unidos vs. Trata

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Legenda da foto, Zunduri passou cinco anos presaslot top gunuma tinturaria, na qual sofria abusos da família proprietária

'Me incomoda muito'

Ela costuma olhar para baixo e só começa a fazer contato visual no meio da entrevista. Depoisslot top gunalgum tempo, sorri e conta piadas.

"É difícil para mim entender tudo isso, sair, estar com outras pessoas", afirma Zunduri, que escolheu este nome após a fuga,slot top gunhomenagem a uma amiga.

"No início era pior, porque as feridas estavam recentes."

Zunduri, queslot top gunjaponês significa "bela garota", diz que é bom contarslot top gunhistória, mas que também é incômodo "lembrarslot top gunnovo, outra vez, outra vez e outra vez".

Cicatrizes no peito, partes da cabeça onde o cabelo ainda não cresceu e o andar manco são algumas marcas visíveis dos abusos que ela sofreu.

A mexicana era frequentemente queimada com o ferroslot top gunpassar roupa e golpeada com utensíliosslot top gunferro.

Foto: PGJDF

Crédito, BBC World Service

Legenda da foto, Médicos se impressionaram com o estado debilitado dos órgãos internos da jovem, ao deixar o cativeiro

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Os médicos que trataramslot top gunZunduri afirmam nunca ter visto um caso como o dela – um corposlot top gunuma jovemslot top gun20 anos com órgãos semelhantes aosslot top gunuma pessoa com 80.

Ela passou um mês entre hospitais, tratamentos, depoimentos, reencontros, novidades e planos.

Também aproveitou para deitar-se na gramaslot top gunum parque e sentir o sol nos olhos. E experimentou correr com o carrinhoslot top guncompras emslot top gunprimeira ida ao supermercado.

Seu produto favorito é o chocolate. Em barra,slot top gunbiscoitos ou como sorvete.

'Não sou Deus'

Enquanto estavaslot top guncativeiro, Zunduri chegou a comer plástico e tomar água do ferroslot top gunpassar, desesperada para aplacar a fome e a sede.

Ela diz que sonhava acordada com a fuga, mas não encontrava a oportunidade, até conseguir o momento certo, no último mêsslot top gunabril.

Ela também afirma, no entanto, que pensouslot top gunsuicidar-se maisslot top gunuma vez. "Sempre alguma coisa me dizia que não, que eu não fizesse isso."

Diz não ter perdido a fé, mas ter ficado "irritada" com Deus. "Pedia que pelo menos não me deixasse sozinha."

A dona da tinturaria Planchaduría Express, Leticia Medina, está presa.

Quando não tinha para onde ir, Zunduri aceitou trabalhar no local, com a promessaslot top gunum salário, comida e um lugar para dormir.

Foto: PGJDF

Crédito, BBC World Service

Legenda da foto, Zunduri diz que ainda a incomoda ser notada nas ruas por causa das inúmeras marcas e cicatrizesslot top gunseu corpo

Medina e suas duas filhas a maltratavam, apertavam as correntes emslot top guncintura, a impediamslot top gunir ao banheiro, não a deixavam dormir maisslot top gunquatro horas por dia, diziam para ela queslot top gunmãe não iria buscá-la e mentiam paraslot top gunmãe, afirmando-lhe que Zunduri não a queria ver ou que não estava lá.

"Daqui a algum tempo eu gostariaslot top gunvê-la (Leticia Medina) cara a cara. O que eu diria para ela? Que eu tenho valor, sim, porque ela me dizia que eu não tinha. Eu diria: 'olhe para mim, estou dianteslot top gunvocê. E veja onde você está'. De aíslot top gundiante, Deus que cuide dela. Está onde tem que estar", afirma.

"Eu a desculpei. Mas perdoá-la, eu? Não sou Deus."

Sua voz e suas palavras não demonstram sinaisslot top gunódio nemslot top gunvingança, mas Zunduri admite que, às vezes, repetir a história lhe provoca raiva.

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Tempo, espaço e liberdade

Durante os últimos cinco anos, a vida da jovem mexicana esteve confinada a um espaço reduzido e à monotonia.

Agora, ela tem tempo, espaço, liberdade e possibilidade. "Faço uma coisa diferente a cada dia. Acordo e não sei o que vou fazer", diz.

Ela vai começar um cursoslot top gunconfeitaria, quer viajar, conhecer, comprar, dormir.

Zunduri completou seus 23 anos no dia 9slot top gunmaio, assistindo a uma apresentaçãoslot top guntango na Argentina.

"Eu não festejava meu aniversário há muito tempo. Compraram um bolo para mim e jantamos com Rosi."

A ativistaslot top gundireitos humanos Rosi Orozco, presidente da ONG Comisión Unidos vs Trata A.C., acompanha a garota desde seus primeiros diasslot top gunliberdade, e a levou a Córdoba, na Argentina, para um eventoslot top gunjovens contra a violência e a escravidão.

"Ela é meu anjo da guarda", diz Zunduri.

Foto: Comisión Unidos vs. Trata

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Legenda da foto, Depoisslot top gunfugir e ser tratada, ela fezslot top gunprimeira viagemslot top gunavião e começará um cursoslot top gunconfeitaria

A viagem foislot top gunprimeiraslot top gunum avião. Por causa dos problemas que desenvolveu nas pernas, permitiram que ela viajasse na primeira classe.

Ela diz ter passado o tempo assistindo filmes como Procurando Nemo, Toy Story e Cisne Negro.

Zunduri não tinha um bom relacionamento comslot top gunmãe, mas arrepende-seslot top gunter saídoslot top guncasa e começa a retomar o vínculo com a família, pouco a pouco. Ela diz a outras jovens que "não saiamslot top gunsuas casas, não fiquem sem rumo".

Agora, a jovem vive com uma família, dedica-se a lutar contra a escravidão e faz parteslot top gunum programaslot top gunrecuperaçãoslot top gunvítimas.

No futuro, teráslot top gunprópria casa, que já recebeuslot top gunpresente, alémslot top gunum computador. Mas ela falaslot top gunescrever um livro.

Na livraria onde aconteceu esta entrevista, Zunduri insiste que quer ler novamente o romance fantástico Momo e o Senhor do Tempo, do escritor alemão Michael Ende (autorslot top gunHistória Sem Fim), sobre uma garota órfã.

O título original completo do livro é Momo ou a estranha história dos ladrões do tempo e da menina que devolveu aos homens o tempo roubado.

"Quero recuperar o tempo que perdi", afirma Zunduri.

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