Como pode ser explicada a violência extrema do Estado Islâmico?:classic american roulette
classic american roulette O Estado Islâmico (EI), grupo radical elevado à categoriaclassic american roulettenova ameaça global, é conhecido pela agressividade com que trata os adversários. Mas a crueldadeclassic american rouletteseus atos pode ser explicada?
Nos últimos meses, o grupo tornou-se sinônimoclassic american roulettebrutalidade – decapitações, crucificações, apedrejamentos e genocídios pautam as ações. Militantes enterram vítimas vivas e promovem todo tipoclassic american roulettelimpeza religiosa e étnica no Iraque e na Síria, onde atuam.
Mas enquanto a selvageria pode parecer insensível para a vasta maioria dos seres humanos civilizados, para o EI trata-seclassic american rouletteuma escolha racional. É uma decisão consciente aterrorizar os inimigos, alémclassic american rouletteimpressionar e cooptar novos recrutas.
O Estado Islâmico é adepto da doutrinaclassic american rouletteguerra total sem limites e restrições – não há, por exemplo, arbitragem ou transigência quando se trataclassic american roulettesolucionar disputas mesmo com rivais islamitas sunitas. E, ao contrário da organização que lhe deu origem, a al-Qaeda, o EI não recorre à teologia para justificar seus crimes.
A violência tem suas raízes no que pode ser identificado como "duas ondas", à luz da escala e intensidade da brutalidade do EI.
A primeira onda, liderada por discípulosclassic american rouletteSayyid Qutb – um islamita egípcio radical considerado o teórico supremo do jihadismo moderno -, tinha como alvo regimes árabes seculares pró-Ocidente ou o que eles chamavamclassic american roulette"inimigo próximo", e, no geral, demonstravam moderação no uso da violência política.
Após o assassinato do presidente egípcio Anwar Sadat,classic american roulette1980, essa insurgência islamita foi dissipada até o final dos anos 90 a um custoclassic american roulette2 mil vidas. Muitos dos militantes haviam seguido para o Afeganistão nos anos 80 para combater um novo inimigo global – a União Soviética.
'Máquina mortífera'
A jihad ("guerra santa") afegã contra os soviéticos deu origem à segunda onda que, mais tarde, ganhou um alvo específico – o "inimigo distante": os Estados Unidos, eclassic american roulettemenor grau, a Europa.
Essa segunda onda foi encabeçada por um multimilionário saudita que virou revolucionário, Osama Bin Laden.
Bin Laden fez um grande esforço para racionalizar o ataque da al-Qaeda aos Estados Unidosclassic american roulette11classic american roulettesetembroclassic american roulette2001, chamando-oclassic american roulette"jihad defensiva", ou retaliação contra a dominação americana das sociedades muçulmanas.
Consciente da importânciaclassic american roulettearrebanhar corações e mentes, Bin Laden enviouclassic american roulettemensagem aos muçulmanos e até a americanos como uma espécieclassic american rouletteauto-defesa, e não agressão.
Esse tipoclassic american roulettejustificativa, no entanto, não tem relevância para o líder do EI, Abu Bakr al-Baghdadi, que não parece se importar com o que o mundo pensa da sanguinolência dos ataques do grupo.
Em contraste às duas primeiras ondas, o EI sobrepuja a ação violenta a qualquer preceito teórico ou teológico eclassic american roulettenenhum momento demonstrou ter um repertórioclassic american rouletteideias que sustenta e nutre aclassic american roulettebase social. Trata-seclassic american rouletteuma máquinaclassic american roulettematar alimentada por sangue e armas.
Indo além da doutrinaclassic american rouletteBin Ladenclassic american rouletteque "quando as pessoas veem um cavalo forte e um cavalo fraco, por natureza vão escolher o mais forte", a vitória por meio do terrorismoclassic american rouletteal-Baghdadi indica a amigos e inimigos que este é um "cavalo vencedor". "Saia do caminho ou você será esmagado; junte-se a nós e faça história" parece ser o lema do EI.
Evidências cada vez mais fortes mostram que, nos últimos meses, centenas senão milharesclassic american rouletteantigos e obstinados inimigos do EI, como a Frente al-Nusra e a Frente Islâmica, responderam ao chamadoclassic american rouletteal-Baghdadi.
'Choque e pavor'
A propaganda sofisticada do EI mira jovens sunitas desiludidos e descontentesclassic american roulettetodo o mundo porque o grupo é visto como uma vanguarda poderosa que oferece a vitória e a salvação.
Longeclassic american rouletteabominarem a brutalidade do grupo, os jovens recrutas são atraídos pelas táticasclassic american roulettechoque e pavor contra os inimigos do Islã.
Suas façanhas no campoclassic american roulettebatalha – especialmente o controleclassic american rouletteenormes partes do território na Síria e Iraque e o estabelecimento do califado – ressoam perto e longe da região. Nada é melhor do que o sucesso, e os ganhos militares recentes do EI têm resultadoclassic american rouletteum boom no recrutamento.
Homens muçulmanos que vivemclassic american roulettepaíses ocidentais se juntam ao EI e outros grupos extremistas porque eles se sentem parteclassic american rouletteuma missão maior – ressuscitar um tipo idealizado perdidoclassic american roulettecalifado e ser parteclassic american rouletteuma comunidade unida com uma identidade forte.
Inicialmente, muitos jovensclassic american rouletteLondres, Berlim e Paris eclassic american rouletteoutros lugares migram para as terras da jihad para defender correligionários perseguidos, mas acabam nas garras do EI, praticando atosclassic american rouletteextrema crueldade, como a decapitaçãoclassic american roulettecivis inocentes.
Os motores por trás do extremismo desenfreado do EI podem ser rastreados até suas origens com a al-Qaeda no Iraque, liderada por Abu Musab al-Zarqawi, que foi morto pelos americanosclassic american roulette2006.
Tal como o grupo que lhe deu origem, o EI é alimentado pelo ódio aos xiitas e às minoriasclassic american roulettegeral, retratando-se como a ponta da lançaclassic american rouletteárabes sunitas na luta contra os regimes sectáriosclassic american rouletteBagdá eclassic american rouletteDamasco.
Al-Zarqawi e al-Baghdadi veem xiitas como infiéis, uma quinta coluna no coração do Islã que deve ser exterminada.
Seguindo os passosclassic american rouletteal-Zarqawi, al-Baghdadi ignora constantes apelosclassic american rouletteseu mentor, Ayman al-Zawahiri, líder da al-Qaeda, para evitar a matança indiscriminadaclassic american roulettexiiitas e,classic american roulettevez disso, atacar os regimes xiitas e alauítas no Iraque e na Síria, respectivamente.
Estados Unidos
Ao explorar a brecha entre sunitas e xiitas no Iraque e o aprofundamento da guerra civil sectária na Síria, al-Baghdadi construiu uma poderosa baseclassic american rouletteapoio entre sunitas rebeldes e fundiu seu grupo nas comunidades locais.
Ele também reestruturouclassic american rouletterede militar e cooptou militares experientes do antigo Exércitoclassic american rouletteSaddam Hussein que acabaram por transformar o EIclassic american rouletteuma forçaclassic american roulettecombate sectária profissional.
Até agora, o EI vem focando nos xiitas e não no "inimigo distante". A luta contra os EUA e a Europa está distante e não é uma prioridade: é preciso, primeiro, aguardar a libertaçãoclassic american roulettecasa.
No augeclassic american roulettebombardeios israelensesclassic american rouletteGazaclassic american rouletteagosto, militantes criticaram o EI nas redes sociais por matar muçulmanos enquanto não faziam nada para ajudar os palestinos.
O EI reagiu dizendo que a luta contra os xiitas têm prioridade sobre todo o resto.
Agora que os EUA e a Europa uniram forças contra o EI, o grupo vai usar todos os seus ativosclassic american rouletteretaliação, decapitando mais reféns. Há também uma probabilidade crescenteclassic american rouletteque o grupo ataque alvos diplomáticos no Oriente Médio.
Embora possa querer encenar uma operaçãoclassic american roulettegrandes proporções no território americano ou europeu, restam dúvidas se o EI tem a capacidadeclassic american rouletterealizar ataques complexos como osclassic american roulette11classic american roulettesetembroclassic american roulette2001.
Há alguns meses,classic american rouletteresposta à ebuliçãoclassic american rouletteseus seguidores, al-Baghdadi reconheceu queclassic american rouletteorganização não estava preparada para atacar os americanosclassic american roulettecasa.
Ele disse, porém, que desejava que os EUA fizessem uma ofensiva terrestre para que o EI pudesse se envolver diretamente com os americanos - e matá-los.
Fawaz A Gerges ocupa a cadeira Emiratesclassic american rouletteEstudos Contemporâneos sobre Oriente Médio na universidade LSE,classic american rouletteLondres. Ele é autorclassic american roulettevários livros, incluindo 'Journey of the Jihadist: Inside Muslim Militancy' ('Jornadaclassic american rouletteum Jihadista: Por dentro da Militância Muçulmana',classic american roulettetradução livre).