Tranquilidade da atual seleção é legado do tetra, diz Marcio Santos:novos cassinos

Romário e Márcio Santosnovos cassinos1994 (AP)

Crédito, AP

Legenda da foto, Romário era o grande nome da seleçãonovos cassinos94, mas Márcio Santos era destaque na zaga
  • Author, Paulo Silva Junior
  • Role, da BBC Brasilnovos cassinosSão Paulo

novos cassinos Vinte anos atrás, a seleção brasileira que viajou aos Estados Unidos para a Copa do Mundonovos cassinos1994 vivia uma situação completamente opostanovos cassinosrelação à atual.

O momento eranovos cassinosquestionamento sobre a convocação, o estilonovos cassinosjogo do técnico Carlos Alberto Parreira, a dificuldade apresentada nas eliminatórias para o Mundial. E, claro, somava-se a isso a antipatia da torcidanovos cassinosrelação ao desempenhonovos cassinos1990 e os 24 anos sem levantar a taça.

"O torcedor brasileiro, a imprensa, todos estavam sem paciência. Foi quase insuportável. Costumo dizer que depois do tetracampeonato ficou muito mais fácil trabalhar. De todas as Copas que eu vi, (a preparação atual) é a mais tranquila", disse à BBC Brasil Márcio Santos, zagueiro e destaque daquela conquista.

A entrevista é partenovos cassinosuma sérienovos cassinoscinco entrevistas com personagens dos cinco títulos mundiais da seleção brasileira.

Hoje com 44 anos, Márcio Santos lembra com entusiasmo aquelas atuaçõesnovos cassinos1993-94. Ressalta ter sido considerado o melhor zagueiro da eliminatória para a Copa, quando foi titular nos sete primeiros dos dez jogos até ter perdido a posição para Ricardo Gomes, por preferência do técnico Parreira.

Com a lesãonovos cassinosGomes no último amistoso antes da estreia, Márcio reassumiu a posição para ser um dos destaques da equipe – foi, inclusive, colocado na seleção do Mundial pela Fifa, representando o Brasil ao ladonovos cassinosJorginho, Dunga e Romário.

Leia a entrevista completa:

novos cassinos BBC Brasil: Como você compara a preparação para a Copanovos cassinos1994, quando o Brasil não vencia o Mundial havia 24 anos, com a atual?

novos cassinos Márcio Santos: São situações bem diferentes, não tem nem comparação a tranquilidade que o Brasil está tendo para trabalhar agora. O torcedor brasileiro, a imprensa, todos estavam sem paciência. Foi quase insuportável. Costumo dizer que depois do tetracampeonato ficou muito mais fácil trabalhar.

E olha que o Brasil,novos cassinos1970, ganhou a Copa tendo uma equipe maravilhosa, e depois veio aquela seleção muito boanovos cassinos1982. Então aumentou nossa dificuldade.

Já hoje, não tem polêmica nem na convocação, enquantonovos cassinos1994 eu lembro que todo mundo se sentia treinador. Na minha posição, por exemplo, eram 7 ou 8 grandes zagueirosnovos cassinoscondiçõesnovos cassinosir à Copa.

novos cassinos BBC Brasil: Você acha que hoje diminuíram as opções? Não temos mais tantos grandes jogadores?

novos cassinos Márcio Santos: Hojenovos cassinosdia a criança nasce e já tem empresárionovos cassinosfutebol. Muitas coisas mudaram, e para pior. Nós, antigamente, percorríamos todos os estágios até chegar ao profissional, e então chegávamos preparadíssimos no timenovos cassinoscima.

Antes tinha essa coisanovos cassinosjogar no timenovos cassinoscoração,novos cassinospercorrer todo o caminho até o sonho. Hoje não tem mais isso, então consequentemente não temos mais revelações no Brasil.

novos cassinos BBC Brasil: novos cassinos Em 1994, a seleção chegou sem ser uma das favoritas, se classificou com dificuldades, não era unanimidade. Em que momento você sentiu que daria para ser campeão do mundo?

novos cassinos Márcio Santos: Trabalheinovos cassinosmuitos elencos,novos cassinostimes e seleções, joguei duas Copas Américas, foram oito anos na seleção brasileira. Mas nunca trabalheinovos cassinosum grupo tão unido quanto aquele.

Todo mundo sabe que seleção tem um pouconovos cassinosvaidade, mas aquela não tinha. A cada dividida, eu via o banconovos cassinosreservas gritando, comemorando junto, eu via os reservas batendo a cabeça no banco para levantar e celebrar os lances.

Nós não tínhamos dúvida nenhuma para os jogos, o grupo era muito forte, eu tinha certeza que daria para vencer todos. Muita gente acaba pensando que o jogo contra a Holanda foi o mais difícil (quartasnovos cassinosfinal, vitória por 3 a 2), mas não foi, tirando o fatonovos cassinosque a gente deu uma relaxada quando estava vencendo; a Holanda se aproveitou e depois entramos no jogo para ganharnovos cassinosnovo.

O jogo mais chato foi contra os Estados Unidos. Porquenovos cassinostodos os jogos a gente se sentianovos cassinoscasa - menos contra eles, donos da casa no dia da independência americana (oitavasnovos cassinosfinal,novos cassinos4novos cassinosjulhonovos cassinos1994, vitória por 1 a 0). Não via uma bandeira verde e amarela, só gritosnovos cassinos"USA", e ainda tivemos o Leonardo expulso no começo.

Bebeto e Romário na partida contra os Estados Unidos, pela Copa do Mundonovos cassinos1994

Crédito, AP

Legenda da foto, A duplanovos cassinosataque Bebeto e Romário funcionou como nunca no Mundialnovos cassinos94 (Foto: AP)

novos cassinos BBC Brasil: novos cassinos Muitos criticam aquele time pelo fatonovos cassinosnão ter jogado um futebol vistoso, por ser pragmático ou até muito defensivo. Qualnovos cassinosavaliação?

novos cassinos Márcio Santos: Parreira foi inteligente como treinador, já que o Bebeto e o Romário estavam numa fase maravilhosa. O Romário tem famanovos cassinosnão gostarnovos cassinostreinar, mas naquela preparação ele treinou muito, muito, chegounovos cassinosexcelente forma. Então o Parreira optou por isso, uma duplanovos cassinosataque muito forte e o time fazendo a bola chegar neles dois. E fortalecer a marcação.

Em 1982, por exemplo, a gente tinha um time muito forte, mas na marcação deixou a desejar, e sem a bola o Brasil deixou a Itália jogar. A gente então adaptou nossa marcação como se fosse uma equipe europeia, sabendo que na frente eles iam resolver. Sofremos só três gols na Copa do Mundo e podia ter sido menos, não fosse o vacilo naquele momento contra a Holanda.

E, claro, não posso esquecernovos cassinoscitar a motivação que a gente tinha pelo Senna (pilotonovos cassinosFórmula 1 que morreu no mês anterior ao Mundial). Encontramos com ele um pouco antes num amistosonovos cassinosParis e ele havia dito que alguém seria tetracampeão naquele ano, ele na Fórmula 1 ou a gente na Copa.

novos cassinos BBC Brasil: novos cassinos Alguns destacam a lideraça do Dunga, outros o talento do Romário. E você, qualnovos cassinosimportância para aquele time? Você seria reserva, e acabou entrando na seleção da Copa...

novos cassinos Márcio Santos: Na eliminatória,novos cassinos1993, eu fui considerado o melhor zagueiro, estava bem, já era titular desde os primeiros jogos depois da Copanovos cassinos1990.

Eu fui para a reserva porque o Parreira era muito amigo do Ricardo Gomes, tinha sido campeão com ele no Fluminense, e no jogo contra a Bolívia,novos cassinosRecife, ele me chamou para dizer que queria dar uma olhada no Ricardo.

Aí fui para o banco, mas muito motivado para jogar, tanto que nos treinos para a Copa eu e o Aldair no time reserva não levamos nenhum gol do Romário. No fim, acabei jogando, e o brasileiro guarda isso na memória.

A seleção nunca havia tido tanto destaque pela defesa, sempre foi lembrada pelos nomes do ataque. Essa é a única vez. (Ricardo Gomes se machucou no último jogo antes da Copa e foi cortado, dando espaço para Márcio Santos; na estreia, contra a Rússia, Ricardo Rocha também se machucou e deixou lugar para Aldair.)

Lancenovos cassinosBrasil x Rússia, primeiro jogo dos brasileiros na Copanovos cassinos1994

Crédito, CBF

Legenda da foto, A defesa da seleção brasileira levou apenas três golsnovos cassinossete jogos (Foto: AP)

novos cassinos BBC Brasil: novos cassinos E para esta Copa, qualnovos cassinosexpectativa?

novos cassinos Márcio Santos: O Brasil sempre foi campeão foranovos cassinoscasa, e a torcida aqui é boa e não é ao mesmo tempo.

Por um lado, é o 12º jogador, mas por outro pode ser uma armadilha, uma grande pressão, ainda mais porque vários jogadores importantes não têm experiêncianovos cassinosCopa, como o Neymar.

Agora, uma das seleções por que temnovos cassinosse ter respeito é a Espanha. Joguei na Europa e conheço os europeus, eles não dão valor para esses torneios tipo Copa das Confederações, Mundialnovos cassinosClubes, então vieram ano passado para passear. Eu estavanovos cassinosRecife e acompanhei, eles fizeram festa o tempo todo.

Agora é diferente. E, claro, temnovos cassinoster respeito com a Argentina, que vai estar praticamentenovos cassinoscasa, com a Alemanha, que está chegando desde 2006, com a Itália, que é famosa pela marcação forte, e com a Holanda, que uma hora vai acabar sendo campeã do mundo.