África do Sul vira principal refúgio para gays perseguidos no continente:sportingbet retirada
Na prática, porém, a perseguição e as dificuldades vividas por esses "asilados sexuais" não necessariamente acabam quando eles chegam à naçãosportingbet retiradaNelson Mandela.
"Existe uma desconexão com a forma que o país se porta internacionalmente e o modo como os refugiados sexuais são tratados aqui", afirma Yellavarne Moodley, pesquisador da Unidade dos Direitossportingbet retiradaRefugiados da Universidade da Cidade do Cabo (UCT, na siglasportingbet retiradainglês).
Segundo o estudo, a burocracia para receber o statussportingbet retiradaasilo e preconceito por parte dos sul-africanos estão entre alguns dos problemas enfrentados.
Criminalização da homossexualidade
Para Moodley, o númerosportingbet retiradaasilados no país deve se tornar ainda maior nos próximos anos devido à criminalização da homossexualidade que vem se tornando cada vez mais comum no continente. Somente neste ano, duas nações entraram para a lista dos países onde ser gay é proibido.
Em janeiro, a Nigéria aprovou uma legislação que torna o relacionamento gay um crime severo que prevê uma sentençasportingbet retirada14 anos atrás das grades. Em março, o presidente da Uganda, Yoweri Museveni, decidiu punir com prisão perpétua quem tem relações com pessoassportingbet retiradamesmo sexo.
De acordo com informações da Anistia Internacional, relações gays são consideradas crimesportingbet retirada38 das 54 nações africanas.
Desemprego e preconceito
Apesarsportingbet retiradaser sinônimosportingbet retiradaesperança para homossexuais ao redor da África, o país sul-africano possui uma realidade um pouco mais amarga do que as aparências levam a acreditar.
O advogado Guillain Koko, que oferece apoio e consultoria para refugiados gays na Cidade do Cabo, afirma que a Constituição liberal e inclusiva nem sempre reflete o comportamento da população.
"Eles (refugiados) sofrem preconceito, são alvossportingbet retiradaataques xenofóbicos e muitas vezes não encontram emprego", acusa quem afirma ter recebidosportingbet retiradaseu escritório pelo menos cem pessoas somente no ano passado.
Segundo pesquisa realizada pela organização Passop (Pessoas contra o Sofrimento, a Opressão e a Pobreza), 90% dos refugiados sexuais não conseguem encontrar emprego fixo no país. O relatório indica que a principal razão é discriminação e 51% dos entrevistados relatou que a faltasportingbet retiradadocumentação também dificulta a procura por trabalho. "Muitos aguardam o statussportingbet retiradaasilado há maissportingbet retiradaquatro anos", reclama Koko.
Em depoimento oficial, o Departamentosportingbet retiradaAssuntos Internos da África do Sul afirmou estar revendo seus procedimentos e tomando medidas para processar os pedidossportingbet retiradaasilosportingbet retiradaforma mais "eficiente e justa".
A ministra do Departamentosportingbet retiradaAssuntos Internos Nalendi Pandor apostasportingbet retiradaparcerias com organizações internacionais, incluindo o ACNUR: "É importante para nós que os refugiados continuem a ver a África do Sul como um país que respeita as diferenças e representa esperança para um futuro melhor".
A realidadesportingbet retiradaquem foge
"Entre morte e prisão, viver com preconceito acaba se tornando o menor dos males". É essa a visãosportingbet retiradaum refugiado congolês quando questionado pela BBC Brasil sobre o porquêsportingbet retiradater escolhido a África do Sul como refúgio. Marc Kadima acabou emprestando nome e rosto ao dilema vivênciado por milharessportingbet retiradagays africanos.
Durante oito meses, o congolensesportingbet retirada25 anos enfrentou chuva, fome e frio. Em buscasportingbet retiradaliberdade, Kadima percorreu o sul do continente a pé e se escondeusportingbet retiradacaminhõessportingbet retiradacarga até chegar a terras sul-africanas. "Eu sabia que iria morrer se continuasse no Congo", conta ele, que foi perseguido pelos próprios amigos e familiares. "Um gruposportingbet retiradaconhecidos me levou para a rua e o espancamento começou. Consegui correr e fugi sem olhar para trás", relembra.
Apesar das dificuldadessportingbet retiradaadaptação que experimentou na África do Sul, onde vive há cinco anos, Kadima é grato pelo país que o recebeu. "Ainda existe homofobia no país e eu sofra por isso, eu não corro mais o riscosportingbet retiradaser preso ou assassinado só por ser gay", diz.
Tiwonge Chimbalanga concorda. "Eu escuto insultos na rua, mas não estou mais presa", comemora ela, que há cinco anos se encontrava atrás das grades. Em 2009, o governo do Malauí condenou a transexual a 14 anossportingbet retiradaprisão e trabalho forçado como punição por ter realizado uma festa tradicionalsportingbet retiradanoivado com um homem.
Depoissportingbet retiradaquase um ano encarcerada, onde afirma ter sofrido torturas físicas e humilhações diárias, a transexualsportingbet retirada24 anos foi libertada pelas as autoridades do Malauí, que acabaram cedendo à pressão da comunidade internacional. "Aproveitei a atenção da mídia e pedi asilo para a África do Sul pelo fatosportingbet retiradaser um país livre e próximo da minha aldeia natal. Eu sabia que se continuasse no Malauí acabaria sendo morta", explica.
O sofrimentosportingbet retiradaTiwonge não é um caso isolado. Em relatório publicadosportingbet retiradajunhosportingbet retirada2013, a Anistia Internacional declara que ataques homofóbicos têm atingido níveis perigosos na África e que as autoridades vêm adotando cada vez mais novas leis para criminalizar a relação entre pessoas do mesmo sexo.
"Essa abordagem passa a ideia 'tóxica'sportingbet retiradaque pessoas lésbicas, gays, bissexuais e transexuais são criminosas", diz o documento da Anistia Internacional titulado "Fazer do amor um crime".