Escuridão, aperto e doenças: uma visita a uma prisão maranhense:jogo de baralho buraco gratis

Elisângela Santanajogo de baralho buraco gratisLima

Crédito, BBC Brasil

Legenda da foto, Elisângela Santanajogo de baralho buraco gratisLima, presa há dois anos e cinco meses sem jamais ter sido condenada
  • Author, João Fellet
  • Role, Enviado especial da BBC Brasil a Açailândia (MA)

jogo de baralho buraco gratis Na cela feminina, uma mulher está presa há dois anos e quatro meses à esperajogo de baralho buraco gratisjulgamento. A poucos metros dali, um doente que diz ter hanseníase vive amontoado com outros 18 detentos numa cela onde deveria haver até nove. Nos compartimentos vizinhos, homens detidos há quase um ano ainda não foram sequer ouvidos pela Justiça.

Os casos, presenciados pela BBC Brasil numa prisãojogo de baralho buraco gratisAçailândia (a 600 kmjogo de baralho buraco gratisSão Luís), mostram que longe dos holofotes voltados à crise no complexo penitenciáriojogo de baralho buraco gratisPedrinhas, na capital maranhense, presos do interior do Estado também enfrentam superlotação, insalubridade e a lentidão da Justiça.

Segundo organizações que monitoram as prisões maranhenses, a faltajogo de baralho buraco gratisvagasjogo de baralho buraco gratispresídios no interior do Estado é uma das causas para a crisejogo de baralho buraco gratisPedrinhas, onde 62 detentos foram assassinados desde 2013.

Elas afirmam que transferênciasjogo de baralho buraco gratispresos do interior para a penitenciária da capital acirraram rixas entre facções criminosas, motivando grande parte das mortes.

Já o governo maranhense diz investir para ampliar o númerojogo de baralho buraco gratisvagas e reformar os presídios no interior.

Carcaçasjogo de baralho buraco gratisveículos

A BBC Brasil visitou o Centrojogo de baralho buraco gratisDetenção Provisória (CDP)jogo de baralho buraco gratisAçailândia no último sábado. Embora se destine a presos provisórios, a unidade – uma delegacia reformada para virar presídio – também abriga internos definitivos. Naquele dia, 120 presos ocupavam uma área projetada para abrigar 70.

Apesar da superlotação, parte da área externa do presídio servejogo de baralho buraco gratisdepósito a cercajogo de baralho buraco gratis30 veículos apreendidos pela polícia. Expostos a sol e chuva há vários anos, alguns automóveis viraram carcaças.

Atrás da recepção e da gaiola onde os detentos tomam banhojogo de baralho buraco gratissol duas vezes por semana, corredores ligam as nove celas. Escuros e abafados, dão a impressãojogo de baralho buraco gratisque se está numa masmorra medieval.

Para driblar a faltajogo de baralho buraco gratisespaço nas celas, presos se penduramjogo de baralho buraco gratisredes, enquanto os demais – quase todos sem camisa, por causa do calor – se encolhem no chão.

Pequenas frestas nas paredes impedem a entradajogo de baralho buraco gratisluz natural e a circulação do ar. Há forte cheirojogo de baralho buraco gratismofo, cigarro e suor.

Presídiojogo de baralho buraco gratisAçailândia

Crédito, BBC Brasil

Legenda da foto, Presos do interior do Estado também enfrentam superlotação, insalubridade e a lentidão da Justiça

A visita agita os detentos, que abrem espaço junto às grades para que os colegas que aguardam julgamento há mais tempo exponham seus casos.

Na única cela feminina do presídio, separada das demais por um portãojogo de baralho buraco gratisferro, Elisângela Santanajogo de baralho buraco gratisLima,jogo de baralho buraco gratis32 anos, está presa há dois anos e cinco meses sem jamais ter sido condenada.

Acusadajogo de baralho buraco gratishomicídio, crime que ela nega, Lima diz não ter ideiajogo de baralho buraco gratisquando seu caso será levado a júri. "Tenho uma filha pequena lá fora, nunca mais vou recuperar os anos que passei longe dela."

Na cela vizinha, misturado a outros 18 presos, Samuel Alvesjogo de baralho buraco gratisSouza mostra feridas no braço. O preso diz que tem hanseníase e que interrompeu o tratamento após ser preso, no fimjogo de baralho buraco gratis2013.

Antes chamadajogo de baralho buraco gratislepra, a doença é contagiosa e pode provocar graves deformidades no corpo.

A BBC Brasil enviou fotos das feridas a um dermatologista do Hospital das Clínicasjogo de baralho buraco gratisSão Paulo. Ele diz que, embora sejam necessários exames para confirmar o diagnóstico, sinais na mão do preso indicam que ele pode mesmo ter a doença.

Segundo o médico, caso ele esteja com hanseníase e não se trate, há riscojogo de baralho buraco gratisque os demais colegasjogo de baralho buraco gratiscela sejam infectados.

Responsável pelos processos criminais na Justiçajogo de baralho buraco gratisAçailândia, o juiz Pedro Guimarães Junior diz que um laudo médico atestou que Souza está curado da hanseníase e não oferece risco aos outros presos. Mesmo assim, ele afirma que o interno terá nova consulta médica no dia 27.

Outros detentos da prisão aguardam atendimento. Numa das celas, um preso com febre foi posto pelos demais junto às grades para diminuir o riscojogo de baralho buraco gratiscontágio.

A direção do presídio afirma que não dispõejogo de baralho buraco gratisveículos nem funcionários suficientes para transportar os presos a hospitais sempre que necessário.

Outros presos se queixam da lentidão da Justiça ou do que consideram falhasjogo de baralho buraco gratisseus ritos processuais. Ao menos cinco detentos disseram estar presos há quase um ano sem ter sequer sido convocados para audiências judiciais, uma das primeiras etapas do julgamento.

O juizjogo de baralho buraco gratisAçailândia, no entanto, afirma priorizar os casosjogo de baralho buraco gratisque os réus estão presos, "alcançando a instrução e o julgamento sempre dentro do prazo legal".

Há uma semana, outro juiz,jogo de baralho buraco gratisSão Luís, deu prazojogo de baralho buraco gratis60 dias para que o governo maranhense ampliasse o númerojogo de baralho buraco gratisvagasjogo de baralho buraco gratisseus presídios.

O governo do Maranhão diz que "tem cumprido com os prazos determinados por lei para a licitaçãojogo de baralho buraco gratisobrasjogo de baralho buraco gratisconstrução e ampliaçãojogo de baralho buraco gratisunidades prisionais no Estado". Em nota, a gestão afirma que, alémjogo de baralho buraco gratisImperatriz, outros oito municípios do interior ganharão novos presídios, e quatro terão suas unidades reformadas.

Segundo o governo, recentemente foram entregues cinco Unidades Prisionaisjogo de baralho buraco gratisRessocialização (UPR) no interior maranhense.

Presídiojogo de baralho buraco gratisAçailândia

Crédito, BBC Brasil

Legenda da foto, Teme-se que as más condições agravem a tensão entre os detentos

Fossa no limite

Entre os agentes prisionaisjogo de baralho buraco gratisAçailândia, teme-se que as más condições agravem a tensão entre os detentos.

O diretor do presídio, Bruno Marcos Peixoto Costa, diz que as verbas do governo para limpar a fossa sanitária da prisão estão atrasadas e que, se ela encher, excrementos poderão voltar para as celas.

Ele também se queixa da faltajogo de baralho buraco gratisfuncionários na unidade. Hoje, somente três agentes penitenciários se revezam nos plantões do presídio, que também contam com um vigilante armado e oito monitores terceirizados.

Segundo o coordenador da Pastoral Carcerária no Maranhão, padre Elisvaldo Cardoso Silva, a prisãojogo de baralho buraco gratisBalsas, também no interior maranhense, é ainda pior que ajogo de baralho buraco gratisAçailândia. Ele diz que lá há 150 presos para 50 vagas.

Na prisão do município vizinhojogo de baralho buraco gratisImperatriz, o segundo maior do Maranhão, 345 presos ocupam local projetado para 280.

O diretor do presídio, Francisco Firminojogo de baralho buraco gratisBrito Silva, diz temer que o caosjogo de baralho buraco gratisPedrinhas faça o governo dar menos atenção aos presídios do interior.

"Como dizia a minha avó, aqui no interior está queimando um fogojogo de baralho buraco gratisMontoro", diz ele. "É como aquele fogo que ninguém vê porque está coberto por folhas, mas quejogo de baralho buraco gratisrepente ganha força e, aí, ninguém mais consegue apagar."