NaufrágioLampedusa ilustra dilema europeu com imigração:

imigrantes chegam à Itália
Legenda da foto, Imigrantes a caminhoum centroimigração após chegarem à ilhaLampedusa

Síria e Somália estão arrasadas pela guerra, enquanto que, na Eritreia, milhares estão sendo presos por perseguições políticas ou forçados a se alistar ao Exército.

De acordo com as leis internacionais, refugiados por perseguições têm direito a asilo, mas quando centenasimigrantes chegamterra firme, as autoridades têm dificuldadesidentificar quem realmente tem direito a asilo.

Frequentemente, eles não chegam munidosdocumentos que provemnacionalidade ou lugarorigem.

Trauma

Lampedusa está abarrotadaimigrantes. A população normal da ilha ésomente 6 mil habitantes e o centroacolhidaimigrantes tem capacidade para 250 pessoas.

Os centrosimigrantes na Sicília e no interior da Itália são mais equipados, mas "há sempre a necessidadeaumentá-los porque o sistema está sob grande pressão", diz à BBC Federico Fossi, da Acnur,Roma.

menino acenadentroônibus | AP
Legenda da foto, Menino acenadentroum ônibus antespartir rumo a um centroacolhidaimigrantes

Ele afirma que o centroLampedusa fornece ajuda básica aos imigrantes – comida, remédios e medicamentos, incluindo ajuda psicológica. Muitos estão traumatizados após sobreviverem a experiências horripilantes no mar ou ao passarem pelas mãospessoas corruptas.

A Acnur pede ao governo italiano que transfira os imigrantes que chegamLampedusa para os outros centros do país dentrono máximo 48 horas. A agência recebeu bem a notíciaque o país pretende expandir a capacidade dos centros do país das atuais 3 mil para 16 mil pessoas.

"A Itália precisamais verbas da União Europeia", diz afirmou Fossi.

O grande fluxoimigrantes é uma dorcabeça para a Itáliatemposcortes dos gastos públicos para tentar reduzir a dívida colossal do país.

A agênciafronteira da União Europeia, Frontex, diz que2012 foram registrados mais272 mil pedidosasilo, o maior número desde 2005.

De acordo com o porta-voz da Frontex Michal Parzyszek, a agência tem tentado ajudar a Itália a interceptar as embarcações no sul do Mediterrâneo, porém os recursos são limitados. Os agentes contam com apenas com quatro embarcações, dois helicópteros e dois aviões.

Revisão

Desde 2011, a Frontex diz ter recebido grandes levasimigrantes vindospaíses sacudidos pela Primavera Árabe, como Tunísia e Líbia.

Muitos imigrantes líbios mudaram-se para outros países europeus. Em maio deste ano, autoridades alemãs acusaram a Itáliadar US$680 para cada imigrante, alémvistosentrada para a chamada áreaSchengen, permitindo-lhes deixar o país rumo ao norte do continente.

Os vistos para a área Schengen permitem livre circulação na maioria dos países da UE sem a necessidadepassagem pelos controlesimigração.

Em Roma, a Acnur admite que o governo deu uma verba para os imigrantes líbios se integrarem à sociedade, mas pondera quenenhum momento estimulou os imigrantes a deixarem o país.

Muitos deles têm como objetivo chegar até aos países escandinavos, Holanda e Grã-Bretanha, onde esperam encontrar trabalho e menos hostilidade por partegrupos anti imigração.

Grécia, Itália e Malta reclamam das regras da ConvençãoDublin, que rege o sistemaasilo na União Europeia.

O documento estipula que os pedidosasilo devem ser processados pelo primeiro país a receber o imigrante e, segundo esses países, isso os submete a grande pressão.

A ConvençãoDublin está sendo revisada, à medida que a questãoimigração divide os países e preocupa eleitores.

A comissáriaAssuntos Internos da União Europeia, Cecilia Malmstroem, diz que há grande necessidadeuma políticaasilo mais abrangente, já que 90% dos asilados são recebidos por apenas dez países do bloco.

"Isto significa que 17 países poderiam estar fazendo muito mais", avalia.