O homem que cheira tudo o que vai para o espaço:baixar betfast

George Aldrich
Legenda da foto, Aldrich é o mais experiente 'cheirador' da Nasa, com quase 40 anosbaixar betfasttrabalho
  • Author, Thomas Sparrow
  • Role, BBC Mundo, Washington

baixar betfast Imagine que você cheguebaixar betfastcasa ebaixar betfastrepente se dê contabaixar betfastque algo cheira mal. A solução pode ser simples: abrir a janela, acender um fósforo e se desfazer do objeto podre. Mas o que faz um astronauta se acontecer a mesma coisa quando ele está longe da Terra, confinadobaixar betfastum espaço muito restrito?

Não há uma resposta fácil. Mas consciente dessas limitações, a Nasa, a agência espacial americana, conta com um batalhãobaixar betfastcercabaixar betfast25 pessoas que têm a responsabilidadebaixar betfastcheirar praticamente tudo o que vai ao espaço: desde os trajes e ferramentasbaixar betfasttrabalho até os objetos pessoais, como absorventes íntimos, lenços, ursosbaixar betfastpelúcia ou maquiagem.

O mais experiente desse grupo é George Aldrich, que há quase 40 anos trabalha com seu nariz e é conhecido hoje como "o super-rastreador" ou o "cheirador-chefe" da Nasa.

Seu trabalho, ainda que às vezes seja um tanto desagradável, é importante para a segurança espacial, segundo a Nasa: um cheiro fétido pode distrair o astronauta - ou pior, deixá-lo doente - até o ponto que não possa cumprir com suas funções críticas no voo.

E ninguém quer cancelar uma custosa missão espacial, após anosbaixar betfastpesquisa e desenvolvimento, simplesmente por causabaixar betfastum cheiro insuportável.

Recordebaixar betfastcheiro

A BBC falou com Aldrichbaixar betfastseu laboratóriobaixar betfasttestesbaixar betfastWhite Sands, no Estado americano do Novo México, para descobrir mais detalhesbaixar betfastseu trabalho pouco usual.

Ele diz com orgulho que tem o recordebaixar betfasttestesbaixar betfastcheiro da Nasa: participoubaixar betfast868 missões olfativas, maisbaixar betfast250 a mais que qualquer outro cientista.

Também fala com satisfação que é uma das poucas pessoas do mundo que tem o nariz certificado pela Nasa e acrescenta que já cheirou tantas coisas que não poderia enumerá-las todas.

O que ele se lembra -sem tanto orgulho, mas com humor - é das ocasiõesbaixar betfastque teve que trabalhar com objetos realmente fedidos.

Aldrich conta, por exemplo, que uma vezbaixar betfastequipe foi encarregadabaixar betfastestudar as bolsas nas quais são depositados os dejetos da Estação Espacial Internacional.

Os astronautas haviam relatado que sentiam um cheiro ruim e, para descobrir a falha, os cheiradores da Nasa tinham que se aproximar o máximo possível da realidade do espaço.

Isso implicava encher as bolsasbaixar betfastpacotesbaixar betfastcomida, fraldas usadas e até o vômito dos astronautas. Sim, porque longe do glamour que os rodeia, os homens que saem da Terra usam fraldas quando fazem caminhadas espaciais e sofrem com enjoos.

Aldrich ebaixar betfastequipe tiveram que guardar e analisar a mistura durante 18 dias - o tempo médiobaixar betfastuma expedição espacial -, mas ao terceiro dia chegaram à conclusão: "Eles precisarão encontrar uma bolsa melhor do que esta", relembra.

O relato pode soar estranho e bastante explícito, mas revela um lado importante e pouco explorado das expedições espaciais.

As navesbaixar betfastque viajam os astronautas têmbaixar betfastfato a famabaixar betfastserem fedorentas e, com o tempo, os cheiradores não têm escapatória.

É importante garantir que quando estão vendo nosso mundobaixar betfastlonge, os astronautas estejam preocupados o menos possível com dilemas olfativos.

Calibrar os narizes

Ainda que possa soar simples, não é fácil prever o que pode estar com mau cheiro no espaço. Os especialistas da Nasa fazem um trabalho minucioso.

Quase todos os materiais que podem estar nos compartimentos onde viajam os astronautas devem ser ser cheirados para prevenir mau cheiro e todos, sem exceção, precisam ser analisados para determinarbaixar betfasttoxicidade.

Assim, Aldrich ebaixar betfastequipe recebem uma mostra do objeto, a embalam e a esquentam a quase 50 graus Celsius. Estudam os vapores que se desprendem e, ao se certificarembaixar betfastque não são tóxicos, passam a explorar seus odores.

Em um dos últimos testes, cinco pessoas foram convocadas aleatoriamente entre os 25 "cheiradores". Uma enfermeira examina suas gargantas e narizes para descartar problemasbaixar betfastsaúde e, então, eles passam a "calibrar seus narizes".

Recebem uma sériebaixar betfastgarrafas com diferentes odores (como menta, vinagre e éter) e, se conseguem reconhecê-los, passam a estudar o objeto que será enviado ao espaço.

Tomam os mesmos vapores que utilizaram para a provabaixar betfasttoxicidade, os diluem com ar limpo, põem uma máscara e pegam uma seringa. Recolhem com a seringa os vapores diluídos e os expulsam na máscara. Como regra geral, não olham para o que estão cheirando para não serem influenciados pela aparência.

Em seguida atribuem notabaixar betfast0 a 4: zero, para o que não tem cheiro e quatro para o cheiro repugnante. Se a média final entre as notasbaixar betfasttodos os julgadores é maior ou igual a 2,4, o objeto não vai para o espaço.

Finalmente, uma enfermeira volta a examinar os especialistas para evitar efeitos secundários:baixar betfastuma ocasião, ao cheirar um documento que continha os planos voo, os cinco "cheiradores" acabaram com bolhas no nariz e na garganta por causa da tinta utilizada na impressão.

Esses pequenos inconvenientes não afetam Aldrich, que repete este procedimento há décadas e diz o conhecerbaixar betfastcor. Mas, aos 58 anos, acredita que seu nariz já não é tão eficiente como antes.

Ele sonha bater a marcabaixar betfastmil missões olfativas, mas duvida que consiga.

"Se tiver sorte, talvez chegue as 900", conclui.