Escândalo da Siemens 'ensinou empresários alemães a não pagar propina':vasco betano
Em 2006, a companhia alemã foi o pivôvasco betanoum dos maiores escândalos corporativos da história da Alemanha,vasco betanopráticas bastante parecidas com as denúncias surgidas no Brasil. Uma investigação nos Estados Unidos revelou que entre 2001 e 2007 a companhia pagou US$ 1,4 bilhãovasco betanopropinas a autoridadesvasco betanodiversos países,vasco betanotrocavasco betanocontratos públicos.
Esse valor é 42 vezes maior do que todo o contratovasco betanomanutenção dos trens S3000vasco betanoSão Paulo. Segundo a Justiça americana,vasco betanodados compilados pela entidade anticorrupção Trace International, foram feito maisvasco betano4 mil pagamentos ilegais a autoridadesvasco betanomaisvasco betano20 países.
'Virada cultural'
Devido ao escândalo, a companhia amargou uma das maiores multas da história do mundo corporativo: totalvasco betanoUS$ 1,6 bilhão, pagos nos Estados Unidos e na Alemanha.
"Foi um escândalo enorme que sacudiu o mundo dos negócios da Alemanha. Provavelmente o maior da década", afirma o diretor executivo da Transparência Internacional, Christian Humborg, à BBC Brasil.
A Transparência Internacional, entidade sediadavasco betanoBerlim que monitora casosvasco betanocorrupçãovasco betanotodo o mundo, afirma que o escândalo da Siemens mudou a mentalidade dos empresários alemães.
Até o final dos anos 1990, a lei alemã permitia que empresários pagassem propina a autoridades no exterior, para facilitar a aprovaçãovasco betanocontratos. Nos anos 1980, a prática era tão comum, que as companhias podiam até mesmo descontar o valor das propinas do impostovasco betanorenda pago na Alemanha.
A reforma da legislação veio no final dos anos 1990. Na década seguinte, a Siemens passou a ser listada na bolsavasco betanovaloresvasco betanoNova York, e teve que se submeter às leis americanas, como o Foreign Corrupt Practices Act (FCPA), que impede práticas como o pagamentovasco betanopropinas a autoridades.
Apesarvasco betanotodas as mudanças no mundo do direito, a Transparência Internacional afirma que a mentalidade dos empresários alemães não havia se adaptado. O escândalo Siemens evasco betanoimensa repercussão, com a alta multa paga pelo grupo, foram uma "virada cultural".
"Havia uma relutância entre o empresariado alemão para mudar seu comportamento", diz Humborg.
"[O escândalo Siemens] foi um pontovasco betanovirada. Foi quando todos os empresários finalmente aprenderam que pagar propina no exterior é proibido."
"Isso pode parecer óbvio, mas a legislação só tinha sido alterada sete anos antes do escândalo e as empresas ainda não haviam adaptado seus procedimentosvasco betanoforma adequada. O escândalo Siemens desencadeou esse processo."
A cúpula da Siemens caiu, incluindo o presidente Klaus Kleinfeld. Altos funcionários, como o ex-integrante do Conselhovasco betanoAdministração Johannes Feldmayer, receberam penasvasco betanoprisão.
Desde então, as empresas mudaramvasco betanomentalidade. A Transparência cita duas inovações adotadas pela própria Siemens. Uma delas é no topo da estrutura, dando uma vaga no Conselhovasco betanoAdministração ao diretor da empresa responsável por observar as leis ("Chief Compliance Officer").
A outra foi uma recomendação do FCPA: a adoçãovasco betanoum programavasco betano"whistleblowers" ("denunciantes"), que estimula funcionários da Siemens a acusarem escândalos dentro da empresa.
O programa pode ter ajudado a dar início às investigações sobre a Siemens no Brasil. O primeiro casovasco betanodesviovasco betanodinheiro para o país começou a ser investigado na Alemanha, depoisvasco betanodenúncias feitas por um funcionário da Siemens à Justiçavasco betanoMuniquevasco betanomarço 2008.
Os delitos supostamente cometidos no Brasil são do mesmo período do escândalo internacionalvasco betanopropinas da Alemanha.
A promotoria públicavasco betanoMunique disse à BBC Brasil que a promotora que recebeu as denúncias e fez as primeiras investigações – a hoje juíza Hildegard Bäumler-Hösl – não está autorizada a falar sobre o caso, já que não trabalha mais no escândalo.
Siemens
Em comunicado público assinado pelo presidente da empresa no Brasil, Paulo Stark, a Siemens diz que tem conhecimento das investigações do Cade, mas que "não pode se manifestar publicamente quanto ao teor das matérias que têm sido publicadas pelos diversos veículosvasco betanocomunicação".
A empresa alemã não confirma que tenha feito as denúncias ao Cade,vasco betanodelação premiada.
"Em 2007 estabelecemos um sistemavasco betanocompliance (integridade e obediência às leis) para detectar, remediar e prevenir práticas ilícitas que porventura, tenham sido executadas, estimuladas ou toleradas por colaboradores e chefias da Siemensvasco betanoqualquer lugar do mundo."