Livro sobre desaparecida política revela ao mundo Brasil 'desconhecido':casa de aposta bônus no cadastro

Foto: divulgação
Legenda da foto, Detalhe da ilustração da capa do livro K

O ex-delegado do Dops Cláudio Guerra confirmou,casa de aposta bônus no cadastroentrevista ao jornalista Alberto Dines, exibidacasa de aposta bônus no cadastro2012 pelo programacasa de aposta bônus no cadastroTV Observatório da Imprensa, que recebeu o corpocasa de aposta bônus no cadastroAna Rosa, que teria sido mortacasa de aposta bônus no cadastrosessãocasa de aposta bônus no cadastrotortura, para ser incinerado.

Em entrevistas à BBC Brasil, intelectuais e pessoas envolvidas na publicaçãocasa de aposta bônus no cadastroK no exterior disseram que o livro chama a atenção ao revelar para o mundo,casa de aposta bônus no cadastroum relato comovente e envolvente, o drama humano por trás da realidade violenta da ditadura militar no Brasil.

Em um momentocasa de aposta bônus no cadastroque a Comissão da Verdade se esforça para recuperar a história desse período, o lançamento internacional também contribuiria para aumentar a pressão externa sobre o governo brasileiro para que tome providências e puna os culpados, disseram.

Bem x Mal

A versão alemãcasa de aposta bônus no cadastroK será lançada pela editora berlinense Transit durante a Feira do Livrocasa de aposta bônus no cadastroFrankfurt, que neste ano estará homenageando o Brasil.

Segundo o editor, Reiner Nitsche, o fococasa de aposta bônus no cadastrotemas brasileiros fez com que ele recebesse muitas ofertascasa de aposta bônus no cadastroobras do país para publicação. Mas nenhuma chamou tantocasa de aposta bônus no cadastroatenção como K.

"Nunca associamos históriascasa de aposta bônus no cadastrosequestros e desaparecimentos ao Brasil. Pensávamos que essas coisas só tinham acontecido na Argentina e no Chile".

"Outro ponto importante é a conexão com a história alemã. K nasceu na Polônia na décadacasa de aposta bônus no cadastro30 e era ativo politicamente, combatendo o antissemitismo. Por isso, foi preso e mais tarde tevecasa de aposta bônus no cadastrofugir para o Brasil. Anos depois,casa de aposta bônus no cadastroirmã foi morta pelos nazistas."

Para Nitsche, no entanto, a principal justificativa para a decisãocasa de aposta bônus no cadastropublicar a obra na Alemanha é a forma como o livro aborda a temática política.

Em K, a comovente busca do personagem central porcasa de aposta bônus no cadastrofilha é narradacasa de aposta bônus no cadastrovários pontoscasa de aposta bônus no cadastrovista. O leitor habita a mente do pai desesperado, do informante, da amante do torturador, da faxineira que limpa a casa onde os prisioneiros são torturados e mortos, dos ex-colegas da desaparecida na universidade e dos militantes clandestinos que lutam contra a ditadura, entre outros.

"O tipocasa de aposta bônus no cadastroverdade que você tem nessa história política é muito rarocasa de aposta bônus no cadastroencontrar".

"Isso é muito novo e interessante para nós, porque você percebe que a ditadura é cruel mas os militantes também podem ser cruéis, seus métodos são similares".

Nitsche faz referência a um capítulocasa de aposta bônus no cadastroque um militante político critica seu próprio líder por não ter permitido que os integrantes do grupo questionassem suas ações.

"O que os militantes estavam fazendo era suicida e alguns perceberam isso, mas não tiveram permissãocasa de aposta bônus no cadastroquestionar oucasa de aposta bônus no cadastroabandonar a luta", disse.

"Se você quiser mudar a cabeça das pessoas, temcasa de aposta bônus no cadastropublicar livros como esse, não históriascasa de aposta bônus no cadastrobonzinhos e malvados", acrescentou o editor. "O livro mostra a crueldade terrível da ditadura militar. Mas no decorrer da história, K se dá contacasa de aposta bônus no cadastroquantas pessoas estão colaborando com a ditadura. O padeiro, a imprensa, a comunidade judaicacasa de aposta bônus no cadastroSão Paulo".

Nitsche disse que já recebeu comentários positivos da imprensa alemã sobre K e espera que o livro cause algum impacto no período do lançamento, no finalcasa de aposta bônus no cadastroagosto.

Instrumento Político

A visão cheiacasa de aposta bônus no cadastronuances que o livrocasa de aposta bônus no cadastroKucinski oferece também mereceu elogioscasa de aposta bônus no cadastrouma especialistacasa de aposta bônus no cadastroJustiçacasa de aposta bônus no cadastroTransição da Oxford University, a professora Leigh Payne.

Comentando o lançamento,casa de aposta bônus no cadastromarço último, da tradução inglesa na Grã-Bretanha, a especialista disse ter gostado muito da conexão entre a vida do pai, seu passadocasa de aposta bônus no cadastroluta contra a opressão, e a vida secreta da filha.

"Ele não sabia que a filha estava levando adiante a luta dele".

"K é muito bom ao tentar mostrar que as vítimas da violência não eram necessariamente inocentes, mas também não eram uma ameaça".

Para Payne, não há dúvidacasa de aposta bônus no cadastroque os militantes brasileiros não iam conseguir derrubar o regime. "Ainda assim, lutavam por igualdade e democracia e tinham uma visão patriótica do que o Brasil deveria ser".

Segundo a especialista, um resultado positivo do lançamento internacional do livro é que ele pode funcionar como um instrumentocasa de aposta bônus no cadastropressão por mudanças.

"A violência durante o governo militar no Brasil recebeu muito menos atenção internacional do que a ocorrida na Argentina ou no Chile e essa faltacasa de aposta bônus no cadastrointeresse persiste hoje".

A publicaçãocasa de aposta bônus no cadastroK fora do Brasil "é importante porque aumenta a consciência, no exterior, das violações aos direitos humanos ocorridas no Brasil durante a ditadura militar e faz crescer a pressão sobre o governo brasileiro para que faça algo a respeito".

Payne lembrou que o governo brasileiro ainda não acatou a sentença, pela Corte Interamericana dos Direitos Humanos,casa de aposta bônus no cadastro2010, exigindo que o Brasil investigue e puna os responsáveis pelas mortescasa de aposta bônus no cadastromilitantes no Araguaia.

Dois Desaparecimentos

A versãocasa de aposta bônus no cadastroKcasa de aposta bônus no cadastrohebraico deve chegar às lojas israelenses no início do próximo ano pela editora Carmel.

O contato com a editora foi intermediado pelo historiador israelense Avraham Milgram, que vivecasa de aposta bônus no cadastroIsrael e conheceu o paicasa de aposta bônus no cadastroBernardo Kucinski.

"Uma das razões do sucesso desse livro é que pessoascasa de aposta bônus no cadastrodiversas culturas, países e regimes se identificam com o drama desse pai, é um tema universal".

Mas K tem para os judeus uma dimensão que talvez escape ao público europeu e brasileiro, explicou.

O pai da desaparecida, Majer Kucinski, escritor e poeta com livros publicados no Brasil ecasa de aposta bônus no cadastroIsrael, era um típico judeu da Europa Oriental, onde floresceu a cultura iídiche. A maioria dos judeus mortos pelos nazistas pertencia a essa cultura.

"Emcasa de aposta bônus no cadastrodevoção a essa cultura perdida, que existiu durante 800 anos na Polônia e foi erradicada, Majer se alienou dos filhos", disse o historiador. "Isso talvez tenha facilitado a escolhacasa de aposta bônus no cadastroAna Rosa pelo caminho que seguiu".

Filme

Cientistas políticos no Brasil se perguntam as razões do desinteresse dos brasileiroscasa de aposta bônus no cadastrorelação à história da ditadura militar no país.

"K quase que chegou cedo demais", disse Leigh Payne. Depoiscasa de aposta bônus no cadastroanos estudando as políticas dos direitos humanos no Brasil e América Latina, ela acha que, para comover o público brasileiro, um livro como esse temcasa de aposta bônus no cadastrovir junto com outras coisas:

Um trabalho sério e aprofundado da Comissão da Verdade, o resgate da imagem "negativa" das vítimas, mudanças no conceitocasa de aposta bônus no cadastrodireitos humanos na sociedade brasileira e, quem sabe, algum sucesso nas tentativascasa de aposta bônus no cadastrojulgar os responsáveis pelos crimes.

Depois disso, "talvez, se alguém fizer um filme sobre o livro, com atores famosos nos papéis principais, os brasileiros irão ao cinema assisti-lo - e aí vão se comover e gostar muito", concluiu a professora da Oxford University.

Bernardo Kucinski trabalhou na BBC Brasil (antigo Serviço Brasileiro da BBC) entre 1970 e 1974, períodocasa de aposta bônus no cadastroque viveucasa de aposta bônus no cadastroLondres.