Sequestrado no deserto sobrevive e conta históriano betanotorturas:no betano
Durante uma entrevista telefônica para a BBCno betanonovembro do ano passado, petrificadono betanomedo, Philemon balbuciou,no betanoinglês precário:
"Não tenho comida nem água suficiente. Me batem com paus, me queimam com fogo e eletricidade. Meu corpo está queimando. Por favor me ajude, por favor me ajude".
Os beduínos que o sequestraram forçaram-no a fazer chamadas telefônicas frequentes à família, dizendo que ele seria morto se não pagassem o resgateno betanoUS$ 33 mil.
Com a permissão da famíliano betanoPhilemon, a BBC telefonou várias vezes - e sem sucesso - para o númerono betanoonde ele havia telefonado. Até que, finalmente, alguém atendeu.
Frieza e escárnio
Uma pessoa que não se identificou quis saber quem estava chamando e por quê. Após a resposta, houve um longo silêncio.
Então Philemon pegou o telefone. Chorando, ele disse queno betanofamília não podia pagar o imenso resgate e que temia ser mortono betanobreve.
De repente, um outro homem pegou o telefone. Sua voz era fria e cheiano betanodesprezo.
"Se ele não tiver nenhum dinheiro, vou matar Philemon".
A reportagem perguntou ao homem - que mais tarde me disse ser o líder da gangueno betanosequestradores - se ele tinha matado outras vítimas por não haverem pago os resgates. Ele pareceu deliciado com a pergunta.
"Matei muitas pessoas aqui".
As evidências parecem confirmar isso.
Implorando por dinheiro
A ONU calcula que,no betanomédia, 3 mil eritreus fugiram para o leste do Sudão a cada mês no ano passado.
Durante o percurso, muitos foram sequestrados, torturados e mortos por ganguesno betanobeduínos que praticam o tráficono betanopessoas.
Seus corpos são com frequência jogados no deserto do Sinai, península montanhosa e desértica do Egito.
Philemon contou que ele e um grande númerono betanoeritreus haviam sido aprisionados por sequestradores logo depoisno betanocruzarem a fronteira do Sudão. No entanto, eles tinham conseguido fugir para o deserto.
Morrendono betanosede, tiveramno betanobeberno betanoprópria urina para sobreviver a quatro diasno betanocalor intenso. Conseguiram, no entanto, chegar a uma pequena cidade, onde pediram ajuda.
Porém,no betanovezno betanoajudá-los, os moradores do vilarejo chamaram os sequestradores.
Dentrono betanohoras, acorrentados e amarrados, os refugiados foram jogados dentrono betanoum caminhão e levados para o norte do Sinai.
"Quando chegamos lá, ficamos surpresos, porque a casa para onde nos levaram era bem bonita. Mas minutos depois, fizeram com que deitássemos no chão e disseram que morreríamos a não ser que nossas famílias pagassem US$ 33 mil", ele explicou.
Nos dias e meses que se seguiram, Philemon e outros 19 reféns eritreus foram obrigados a telefonar várias vezes para suas famílias e implorar para que conseguissem dinheiro para pagar seus resgates.
'Ela ouviu meus gritos'
Os sequestradores sabem que muitos eritreus têm parentes que trabalhamno betanopaíses ocidentais e podem apelar a eles por ajuda.
Assim que os reféns recebiam os telefones, começavam as surras, as queimaduras e os choques elétricos.
"Queriam que nossos parentes nos ouvissem gritar e chorarno betanodor. Assim, havia mais chanceno betanoque pagassem o resgate", explicou Philemon.
Ele descreveu o que aconteceu na primeira vez que telefonou parano betanomãe.
"Ela ouviu meus gritos e não conseguia pararno betanochorar. Eu também estava chorando. Nós dois choramos e choramos até que não sobraram mais lágrimas".
Philemon disse que nos primeiros dias após o telefonema da BBC, foi mais bem tratado por seus algozes.
Mas os espancamentos e a tortura logo recomeçaram. Apenas 11 do grupono betano20 reféns capturados sobreviveram àqueles sete mesesno betanocativeiro.
"Havia morte todos os dias, bem diante dos meus olhos. O sequestrador que falou com você não estava mentindo. Ele matou muitas pessoas e ainda está matando muitas pessoas."
Os sequestradores finalmente concordaramno betanolibertar Philemon após aceitarem que os US$ 13.200 queno betanofamília - agora na penúria - havia pago eram tudo o que eles podiam oferecer.
Mas voltaram atrás e pediram que ele e outros dois reféns aprisionados junto com ele pagassem US$ 10 mil adicionais.
Várias semanas mais tarde, o dinheiro foi pago e os homens libertados.
Futuro incerto
Philemon seguiu para o Cairo, onde vivem outras centenasno betanovítimasno betanosequestros.
Até o momento, no entanto,no betanobusca por uma vida melhor trouxe apenas horrores e deixouno betanofamília ainda mais pobre.
E seu futuro é incerto. Ele não sabe se receberá permissão para trabalharno betanoforma a poder devolver parte do dinheiro. E também não sabe se receberá asilo político para poder viver no Egito.
"Deus me tirou da mais profunda escuridão e somente ele sabe o que me espera agora".