Soropositivaiau cbet14 anos lidera campanha por portadores do HIV na Ucrânia:iau cbet
iau cbet A Ucrânia enfrenta uma das piores epidemiasiau cbetAidsiau cbettoda a Europa, mas a maioria das pessoas com o vírus HIV no país não tem acesso aos remédios que lhes permitiriam viver uma vida normal.
Mas uma adolescente ucraniana portadora do vírus HIV estáiau cbetcampanha para mudar isso.
Liza Yaroshenko,iau cbet14 anos, ficou conhecida no país por liderar um protesto na frente do Parlamento do país, na capital, Kiev, para pedir que o orçamento nacional incluísse mais verbas para o combate à doença.
A jovem toma medicamentos antiretrovirais três vezes por dia, pontualmente, à mesma hora. Ela explica que, se o horário não for respeitado, o vírus poderia sofrer mutações e o remédio poderia deixariau cbetfuncionar.
Liza sabe que tem sorteiau cbetter o remédio. Recentemente, a Organização Mundialiau cbetSaúde (OMS) advertiu que muito pouco está sendo feito para combater a epidemiaiau cbetAids na Ucrânia.
Usuáriosiau cbetdrogas
A jovem militante tinha seis anos quandoiau cbetmãe morreuiau cbetAids. Como outros milharesiau cbetucranianos, a mãeiau cbetLiza contraiu o vírus HIV ao se injetar com um substituto barato da heroína.
O contágio ocorre com frequência entre pessoas que usam as mesmas seringas. Mas a droga, feita com palhaiau cbetpapoula e conhecida no país como shirka, também pode estar contaminada pelos equipamentos sujos usados pelos traficantes.
Liza contou queiau cbetmãe falava inglês fluentemente e trabalhou como tradutora por algum tempo, até conhecer o homem que a apresentou às drogas.
"Todos os parentes do meu pai eram traficantes - esse era o negócio da família", explicou a ativista. Ela contou que ainda se lembra das filasiau cbetviciados que aguardavam suas doses do ladoiau cbetfora do apartamento.
A mãe acabou sendo presa por porteiau cbetdrogas e passou três anos na prisão.
"Após ser solta, ela tentou parar com a droga mas meu pai logo a convenceu a voltar. Foi então que ela ficou doente".
"Eu não acho que ela sabia sobre (os remédios) antiretrovirais. Era como se fosse uma lenda, ouvíamos dizer que esses remédios existiam, mas custavam tanto que pessoas comuns sequer pensavamiau cbettentar obtê-los".
Em 2005, no mesmo diaiau cbetque a mãeiau cbetLiza morreuiau cbetAids - com apenas 27 anos - a filha ficou sabendo que era portadora do vírus HIV.
"Estávamos no hospital e pediram que minha avó fosse ao escritório do administrador. Quando ela saiu, começou a chorar e eu me perguntei, que coisas terríveis eles teriam dito a ela para deixá-la tão chateada?"
Liza ficou internada por oito meses após ser diagnosticada porque tinha febres altas demais. Ela está entre os primeiros pacientes da Ucrânia a receber antiretrovirais e tem estado saudável desde então.
A adolescente não tem contato com o pai. Quando a avó ficou doente demais para cuidar dela, as autoridades iniciaram preparativos para enviá-la a um orfanato. Antes disso, no entanto, ela foi adotada por um casal ucraniano que não tinha filhos.
A mãe adotiva, Oksana Aligeva, e o marido, Eldar, ficaram comovidos com a históriaiau cbetLiza e acharam que poderiam oferecer um lar a ela.
Em campanha
Apenas um terço dos 120 mil pacientes registrados oficialmente como portadores do HIV na Ucrânia recebem remédios antiretrovirais.
Porém, segundo estimativas da ONG Aids Alliance - a maior entidade independenteiau cbetcombate à Aids na Ucrânia - o númeroiau cbetinfectados seria pelo menos duas vezes maior. O que significa que apenas umiau cbetseis infectados estaria recebendo tratamento, um dos piores índices do mundo.
As autoridades dizem que não há fundos para comprar as drogas, mas muitos dizem que o problema é a má administração e a corrupção.
No ano passado, o presidente Viktor Yanukovych declarou que o combate a doenças infecciosas era uma prioridadeiau cbetseu governo.
Porém, emiau cbetpropostaiau cbetorçamento para 2013, o governo não alocou fundos para tratamentos para a hepatite e apenas 40% da verba proposta pelo presidente foiiau cbetfato alocada para o combate à Aids e à tuberculose.
Foi então que Liza decidiu entrariau cbetação.
Com o apoioiau cbetum grupoiau cbetpressão integrado por infectados, ela foi ao parlamento da Ucrânia e se plantouiau cbetfrente a um microfone. Com voz hesitante, mas determinada, ela pediu aos parlamentares que bloqueassem a propostaiau cbetorçamento.
"Sem tratamento, muitos pais e filhos vão morrer dessa doença", ela dizia. "Eu imploro a vocês que não votem a favor desse orçamento para que o que aconteceu comigo não aconteça a outras crianças."
A mãe adotiva Oksana contou que ela e Liza ficaram decepcionadas quando os parlamentares ignoraram o apeloiau cbetLiza.
No entanto, três semanas depois, o presidente Yanukovych assinou um decreto instruindo ministros a elaborarem um novo orçamento prevendo verbasiau cbetassistência médica para pessoas vivendo com o HIV e a Aids. A nova propostaiau cbetorçamento deverá ser apresentada ao parlamentoiau cbetmaio.
Os portadores do vírus, porém, têm mais uma razão para preocupação: uma lei entrouiau cbetvigor no mês passado exigindo que importadoresiau cbetremédios estrangeiros obtenham licenças adicionais para operar no mercado ucraniano, o que gerou protestos nas ruas.
O governo ucraniano argumenta que a mudança vai ajudar a garantir a qualidade dos medicamentos e ampliar a produção doméstica desses produtos. Mas atualmente quase todas as drogas antiretrovirais vêm do exterior, e muitas pessoas com o HIV temem ficar sem os remédios.
Além disso, muitos temem que as licenças sejam concedidas apenas a quem pagar propina. Casosiau cbetcorrupção no setor são conhecidos.
Andrei Klepikov, integrante da ONG Aids Allianceiau cbetKiev, disse que,iau cbet2004, o governo comprou drogas antiretrovirais a preços 27 vezes mais altos do que os do mercado.
Como resultado, o Fundo Global para a Aids, Tuberculose e Malária, financiado pelo milionário americano Bill Gates, cortou a verba que enviava ao Ministério da Saúde ucraniano e passou a enviar o dinheiro diretamente às ONGs do setor.
Popular na escola
Ser vistaiau cbetrede nacionaliau cbetTV fazendo campanha no parlamento, diz Liza, foi bom para aiau cbetpopularidade.
"A maior parte dos meus amigos já sabe da minha situação", ela disse,iau cbetreferência ao fatoiau cbetser portadora do vírus HIV. "De maneira geral, as pessoas reagiram bem e algumas amizades ficaram até mais fortes do que eram antes."
Orgulhosa,iau cbetmãe acrescenta que os alunos elegeram Liza a presidente da escola após seu discurso.
Alguns dos professores, no entanto, demonstraram menos simpatia.
Uma delas disse aos alunos que o vírus HIV pode se alastrar por meioiau cbetespirros e apertosiau cbetmão.
"Eu disse a ela que aquilo era bobagem e fui chamada na sala da diretora", contou. "Detesto quando as pessoas espalham informações falsas, não consigo ficariau cbetboca fechada."