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Por que futuro da humanidade pode depender da África:premier bet 6
premier bet 6 Acredita-se que nossa espécie, a Homo sapiens premier bet 6 , tenha se originado há centenaspremier bet 6milharespremier bet 6anos na África. Agora, o continente também pode ser a chave para o futuro da humanidade. É o que sugerem estudos populacionais que antecipam como será o mundo no final deste século.
Para estimar como ficará a população mundialpremier bet 62100, especialistas fazem projeções com basepremier bet 6uma sériepremier bet 6fatores, principalmente a chamada taxa globalpremier bet 6fecundidade (conhecida pela sigla TFT), que é uma média do númeropremier bet 6filhos nascidos vivos por mulher.
Para que uma população cresça, ou pelo menos permaneça estável, é necessário, no mínimo, uma taxapremier bet 62,1, ou seja, que o número médiopremier bet 6nascimentos sejapremier bet 62,1 filhos por mulher.
Esse índice é conhecido como "taxapremier bet 6fecundidadepremier bet 6reposição". A ideia por trás dela é simples: como as mulheres são quase metade da população, se cada uma delas tiver pelo menos dois bebês, a população mundial não vai diminuir.
A taxapremier bet 6reposição épremier bet 62,1 filhos e não apenas 2, pois levapremier bet 6conta que nem todos os bebês nascidos chegam à idade adulta e que, além disso, há uma leve tendênciapremier bet 6nascer mais meninos do que meninas.
De acordo com as estatísticas da Divisãopremier bet 6População da Organização das Nações Unidas, as mulherespremier bet 6todo o mundo tinham 5 filhospremier bet 6médiapremier bet 61950.
Isso fez com que a população do planeta triplicassepremier bet 6menospremier bet 6um século -premier bet 6breve, seremos 8 bilhõespremier bet 6pessoas.
No entanto, fatores como a criação e divulgaçãopremier bet 6melhores métodos contraceptivos e a maior participação das mulheres no mercadopremier bet 6trabalhopremier bet 6muitos países, entre outros pontos, fizeram com que a TFT caísse para menos da metade. Em 2022, as mulheres do mundo têm 2,4 filhos,premier bet 6média.
Em muitos lugares, o número é menor.
"Hoje, mais da metade da população mundial vivepremier bet 6países onde a fecundidade está abaixo do nívelpremier bet 6reposiçãopremier bet 62,1 filhos por mulher, e grande parte dessa população vivepremier bet 6países com níveispremier bet 6fecundidade muito baixos epremier bet 6declínio", explica Sabrina Jurán, que é membro do Fundopremier bet 6População das Nações Unidas (Unfpa).
Isso levou os especialistas a projetar que a população mundial vai atingir o picopremier bet 6algumas décadas e depois começará a cair.
População deve encolher no próximo século
Há algumas estimativaspremier bet 6quando chegaremos ao pico populacional e quantospremier bet 6nós vão estar vivos nesse momento, mas todas as previsões concordam que a humanidade vai encolher no próximo século.
A ONU estima que o mundo vai chegar à beirapremier bet 611 bilhõespremier bet 6pessoas até 2100 antes disso.
Outros estudos realizados na Áustria e nos Estados Unidos sugerem que o declínio vai começar mais cedo,premier bet 6apenas meio século, e que a população não chegará a 10 bilhões.
A projeção mais recente, realizadapremier bet 62020 pelo Institute for Health Metrics and Evaluations (IHME) da Universidadepremier bet 6Washington, nos Estados Unidos,premier bet 6estudo publicado na revista científica The Lancet, indica que, até o final deste século, 183 dos 195 países do mundo terão uma taxapremier bet 6fecundidade abaixo dos níveis necessários para reporpremier bet 6população.
À primeira vista, esse declínio populacional pode parecer uma boa notícia, afinal, um mundo menos superpovoado poderia ser mais sustentável.
Mas por trás dos números há uma realidade muito complexa: com cada vez menos jovens e uma população cada vez mais envelhecida, como os países vão manter suas economias ativas? E como a humanidade vai sobreviver?
É neste contexto que muitos olham para o continente africano,premier bet 6particular para os países da África Subsariana, como é conhecida a imensa região do centro e sul do continente, que agrupa 54 países.
Ao contrário do que acontece no resto do mundo,premier bet 6população está crescendo exponencialmente. Esse ponto do planeta é considerado o berço da humanidade.
As projeções indicam que a população da região vai dobrar até 2050, chegando a 2,5 bilhõespremier bet 6pessoas. Na prática, isso significa que,premier bet 6menospremier bet 630 anos, um quarto da humanidade poderia ser potencialmente africana.
O crescimento populacional da África ocorre duas vezes mais rápido que o do sul da Ásia e quase três vezes mais do que o da América Latina.
O que impulsiona esse crescimento é uma característica única desta região: na maioria dos países africanos, pelo menos 70% dos cidadãos têm menospremier bet 630 anos. Isso contrasta fortemente com a situação no resto do mundo, onde a população está envelhecendo rapidamente.
Nesse ponto, Jurán destaca o caso da América Latina e do Caribe, regiões com "o envelhecimento populacional mais rápido do mundo".
A explosão demográfica da África levou a ONU a concluir que o continente "vai desempenhar um papel central na formação do tamanho e distribuição da população mundial nas próximas décadas".
Lacuna demográfica
Alguns especialistas alertam que essa disparidade entre a África e o restante dos continentes causará mudanças profundas no mundo que conhecemos hoje.
Em seu recente livro 8 Billion and Counting: How Sex, Death, and Migration Shape Our World (8 Bilhões e Contando: Como Sexo, Morte e Migração Moldam Nosso Mundo,premier bet 6tradução livre), a pesquisadora Jennifer D. Sciubba, do Centropremier bet 6Estudos Estratégicos e Internacionaispremier bet 6Washington, destaca que na África Subsaariana a taxapremier bet 6nascimentos épremier bet 64,70 crianças por mulher, quase o dobro do índice mundial.
Enquanto isso, na maior parte da Europa, do Leste e Sudeste Asiático, Oceania, América do Norte e grande parte da América Latina, a taxapremier bet 6fecundidade já caiu abaixo do nívelpremier bet 6reposição.
De acordo com Sciubba, isso está criando a maior lacuna demográfica da história. Por um lado, diz, estão os países que lideraram a economia mundial durante o século passado e hoje estão se tornando sociedades envelhecidas. Por outro lado, estão as nações mais pobres e menos poderosas do planeta, onde a maioria da população é jovem.
A autora destaca que essa divisão será um fator-chave para impulsionar as relações políticas, econômicas e sociais nas próximas duas décadas.
Porpremier bet 6vez, François Soudan, editor do semanário francês Jeune Afrique, alertou sobre esse fenômenopremier bet 6um artigo intitulado "O futuro da humanidade será menos branco e cada vez mais africano".
"Até 2100, umapremier bet 6cada três pessoas no planeta terá nascido na África subsaariana. A Nigéria ultrapassará a Chinapremier bet 6população, tornando-se o segundo maior país depois da Índia", disse no texto publicado no jornal The Africa Report, citando o trabalho do IHME.
Esse estudo projeta que, enquanto nações como Japão, Espanha, Itália, Portugal, Tailândia e Coréia do Sul verão suas populações reduzidas pela metade até o final do século, a população da África Subsaariana vai triplicar.
As projeções da ONU são ainda maiores, prevendo que a população africana chegará a 4,3 bilhõespremier bet 62100, o equivalente a quase 40% da população mundial.
Para Soudan, o fatopremier bet 6a idade média no continente africano serpremier bet 6"19 anos, contra 42 na Europa" conduzirá inevitavelmente a um fenómeno migratório.
"A única saída potencial para a Europa, onde os aposentados superam os trabalhadores por um fatorpremier bet 6duas vezes e onde as mortes superam os nascimentos, é contar com um fluxo constantepremier bet 6imigrantes, com a maioria dos recém-chegados vindo do único continente que ainda tem um crescimento população: África", disse.
De acordo com as estimativas citadas por ele, para manterpremier bet 6população nos níveis atuais, a Europa precisa integrar "entre 2 e 3 milhõespremier bet 6imigrantes" por ano.
Os dados mais recentes publicados pela Comissão Europeia mostram que 1,92 milhõespremier bet 6pessoas imigraram para os países da União Europeia (UE)premier bet 62020, mas 960 mil pessoas deixaram a região.
"Sem migração, a população europeia teria sido reduzidapremier bet 6meio milhãopremier bet 62019, já que 4,2 milhõespremier bet 6crianças nasceram e 4,7 milhõespremier bet 6pessoas morreram na União Europeia", esclarece a UE.
"A realidade é que, na lógica capitalista pura, os governos europeus deveriam incentivar a imigração, e até cortejar os imigrantes com bônuspremier bet 6dinheiro", diz Soudan. Em vez disso, diz, países europeus criam "uma miríadepremier bet 6obstáculos à imigração".
Segundo o livropremier bet 6Sciubba, hoje apenas entre 2% e 4% da população mundial vive forapremier bet 6seu paíspremier bet 6origem, algo que pode mudar drasticamente no futuro. "Com o tempo, teremos muito mais pessoaspremier bet 6ascendência africanapremier bet 6muitos outros países", diz Christopher Murray, diretor do IHME e coautor do estudo publicado no The Lancet.
Bênção ou maldição?
Mas que impacto terá para África ser a principal fontepremier bet 6juventude num mundo cada vez mais envelhecido?
Os especialistas estão divididos. Alguns acreditam que o continente "mais negligenciado do planeta" poderia usarpremier bet 6vantagem sobre países com populaçõespremier bet 6declínio para aumentar o poder econômico e geopolítico.
Nesse sentido, citam o forte aumento dos investimentos chineses no continente africano, com a construçãopremier bet 6portos, aeroportos, rodovias e escolas, entre outras infraestruturas.
"O peso dos números (da população) deve levar a uma reinvenção dos países africanos e suas populações", disse Edward Paice, diretor do Africa Research Institute e autorpremier bet 6Earthquake of Youth: Why African Demography Should Matter (Terremoto da Juventude: Por que a demografia africana vai ser importante,premier bet 6tradução livre).
Em uma colunapremier bet 6opinião publicadapremier bet 6janeiro passado no jornal britânico The Guardian, Paice exortou a comunidade internacional a deixarpremier bet 6lado suas "representações estereotipadas" e "marginalização" da África.
O especialista antecipou que a importância demográfica do continente "vai afetar a geopolítica, o comércio global, o desenvolvimento tecnológico, o futuro das religiões dominantes no mundo, os padrõespremier bet 6migração e quase todos os aspectos da vida".
Em vez disso, os mais pessimistas alertam que, sem mais educação, desenvolvimento e, acimapremier bet 6tudo, criação massivapremier bet 6empregos, o crescimento exponencial da população africana pode levar a piores níveispremier bet 6desemprego, pobreza, conflito e radicalização religiosa.
Uma das visões mais alarmistas é apremier bet 6Malcolm Potts, professor da Escolapremier bet 6Saúde Pública da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos. Em 2013, ele previu que a área conhecida como Sahel, a parte norte da África Subsaariana, "poderia se tornar a primeira parte do planeta Terra sofrendopremier bet 6fomepremier bet 6grande escala e conflitos crescentes à medida que uma população humana crescente ultrapassa os recursos naturaispremier bet 6declínio."
Para François Soudan, no final das contas, "o destino da África dependerápremier bet 6grande parte do que os líderes do continente fizerem hoje".
"Se a África quiser manterpremier bet 6sociedade dinâmica, ousada e criativa. Ou seja, aqueles mais propensos a se aventurar no arriscado caminho da emigração - e colher os benefíciospremier bet 6seu dividendo demográfico fora do âmbito do discurso político, então o continente deve enfatizar a educação, programaspremier bet 6capacitação profissional e políticaspremier bet 6criaçãopremier bet 6empregos voltadas para o futuro, bem como um melhor planejamento familiar", conclui.
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