Eleição na Colômbia: por que tem sido tão difícil para a esquerda chegar ao poder na Colômbia:bet lampions

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A Colômbia nunca foi liderada por revolucionários como o México ou a Bolívia, ou por movimentos populares como o peronismo na Argentina, ou por um socialista, como Salvador Allende no Chile.

Os políticos reformistasbet lampionsesquerda que chegaram perto do poder foram assassinados. E seus assassinatos desencadearam ondasbet lampionsviolência.

Embora o país tenha tido uma democracia e uma economia estáveis ​​da América Latina por décadas, uma parcela crescente da população desenvolveu uma antipatia pela classe dominante, a quem culpa por repetidos conflitos armados e por uma das sociedades mais desiguais do mundo.

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Após dois momentosbet lampionsconvulsão socialbet lampions2019 e 2021, uma pandemia que exacerbou a pobreza e a desigualdade, e um governobet lampionsdireita que registra os maiores númerosbet lampionsreprovação da história recente, a população estar fartabet lampionstudo. E a esquerda quer tirar vantagem disso.

Mas por que até agora na Colômbia tenha sido tão difícil para a esquerda chegar ao poder?

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Legenda da foto, Petro construiubet lampionscandidatura por duas décadas. Na fotobet lampions2014, ele fez discursobet lampionspraça pública quando foi afastado da prefeiturabet lampionsBogotá

Perseguida e clandestina

Vamos primeiro fazer uma breve revisão da história da esquerda na Colômbia.

Emborabet lampionsum século 19 cheiobet lampionsguerras civis houvesse expressões socialistas, somente na décadabet lampions1930 que se pode falarbet lampionsmovimentos sociais com agenda esquerdista, argumenta Mauricio Archila, historiador especialista no assunto.

O chamado "Massacre das Bananeiras", ocorrido durante uma greve dos trabalhadores da United Fruit Company nos Estados Unidosbet lampions1928, foi um precursor do que viria depois.

Dentro da estrutura bipartidária tradicional, o Partido Liberal — oposto ao Conservador — representava as demandas associadas à esquerda. Mas a distância entre as bases e as lideranças, que pertenciam à aristocracia urbana, quase sempre impediu a consolidaçãobet lampionspropostasbet lampionsfato populares.

Nos anos 1930 e 1940, a Colômbia teve seu presidente mais progressista da história: Alfonso López Pumarejo, do Partido Liberal, que abriu espaço para sindicatos no governo e lançou as bases para uma reforma agrária.

Seu projeto, inspirado no New Deal americano após a crise financeirabet lampions1929, foi chamadobet lampionsRevoluçãobet lampionsMovimento. Mas a revolução nunca veio.

A direita reagiu rapidamente, o Partido Liberal se dividiu e no final prevaleceu a preocupação com a propriedade privada, a ascensão comunista e o medobet lampionsum "salto no vazio".

Nesse contexto, ocorreu o primeiro picobet lampionsviolência. Camponeses foram perseguidos por grupos paramilitares chamadosbet lampions"os pássaros".

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Legenda da foto, Dois políticos que prometeram viradas, Jorge Eliécer Gaitán e Luis Carlos Galán, foram assassinadosbet lampions1948 e 1989, respectivamente

Durante a décadabet lampions1940, figuras populares como Juan Domingo Perón na Argentina e Getúlio Vargas no Brasil governaram países vizinhos. Na Colômbia, surgiu Jorge Eliécer Gaitán, um orador carismático, filhobet lampionsuma professora ebet lampionsum livreiro que fez carreira dentro do Partido Liberal, mas sempre foi rotuladobet lampionsdissidente.

Em 9bet lampionsabrilbet lampions1948, quando um grande movimento popular o levou à Presidência, ele foi assassinado (até hoje não se sabe por quem), e outra ondabet lampionsviolência foi desencadeada.

Uma situação mais caótica foi remediada com um pactobet lampionsalternânciabet lampionspoder entre os dois partidos tradicionais firmado,bet lampions1958. Foi criada a Frente Nacional, que trouxe certa estabilidade e excluiu do sistema qualquer movimentobet lampionsfora do establishment.

No auge da revolução cubana, milharesbet lampionscolombianos pegarambet lampionsarmas contra o que consideravam uma "ditadura perfeita". Seis guerrilhas surgiram, mas nenhuma conseguiu derrubar o poder.

Alguns entregaram suas armas e criaram partidos políticos, mas seus líderes e militantes foram perseguidos e mortos. O caso mais citado, classificado como "genocídio", é o da União Patriótica: 5.733 militantes foram mortos entre 1984 e 2016, segundo dados oficiais. Entre eles, dois candidatos presidenciais: Jaime Pardo Leal e Bernardo Jaramillo Ossa.

Crédito, Carlos Eduardo Jaramillo

Legenda da foto, Este foi o momentobet lampionsque o M-19, liderado pelo posteriormente assassinado Carlos Pizarro, depôs as armas

A Frente Nacional acabou na décadabet lampions1970, masbet lampionslógica foi mantida e os governos subsequentes não fizeram mudanças drásticas para manter a calma política e econômica.

Houve projetos democratizantes como a Constituiçãobet lampions1991 e diversos processosbet lampionspaz foram assinados com as guerrilhas que abriram o espectro político. Um outsider da elite rural também chegou ao poderbet lampions2002, Álvaro Uribe, que quebrou o sistema bipartidário.

Mas, na prática, a classe dominante não passou por mudanças drásticas. Na verdade, ela foi ainda mais para a direita.

Entre 1995 e 2012, um novo picobet lampionsviolência tornou impossível discutir reformas. Os presidentes foram eleitos porbet lampionsposição sobre a guerra rural. Os movimentos sindicais, camponeses e estudantis continuaram a ser perseguidos. Qualquer agenda progressista, se é que ela existia, foi perdida.

Desde 2005, a esquerda democrática vem criando uma estrutura externa ao Partido Liberal, que apoia a direita há décadas. Petro, figura chave neste processo, é o resultadobet lampionsduas décadasbet lampionstrabalho.

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Uma esquerda "guerrilheira" ou dividida

Uma primeira razão que explica a crise incessante da esquerda colombiana é que ter uma agenda progressistabet lampionsmeio à guerrilha é, no mínimo, uma imensa desvantagem.

Após a queda da União Soviéticabet lampions1989 e a consolidação do capitalismo como modelo dominante, todas as esquerdas da região sofreram um golpebet lampionsprestígio.

Mas, diferentementebet lampionsoutros países da região, na Colômbia a insurgência se manteve viva por muitos anos — e continua assim. Sua crescente proximidade com o tráficobet lampionsdrogas desde a décadabet lampions1990 e os ataques simbólicos que deixaram milharesbet lampionscivis mortos diminuírambet lampionspopularidade.

O M19, do qual Petro pertenceu e que se desmobilizoubet lampions1989, obteve 12% e 30% dos votosbet lampionsduas eleições (seu candidato presidencialbet lampions1990, Carlos Pizarro, foi assassinado), enquanto as FARC, que assinaram a pazbet lampions2016, não conseguem mais que 1%bet lampionsapoio do eleitorado.

"As folhasbet lampionspetição dos guerrilheiros poderiam ser a plataformabet lampionsum partido oubet lampionsum sindicato, mas por estarem armados, eles se radicalizaram e tiraram legitimidade dessa agenda", explica Gonzalo Sánchez, historiador especialistabet lampionsconflitos.

"Em um país tão fechado, qualquer demanda democrática se tornava subversiva", acrescenta.

A guerrilha não afetou apenas o discurso e a reputação da esquerda política, masbet lampionsprópria formação, que nunca esteve isentabet lampionsdivisões e dogmas.

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Legenda da foto, O partido que saiu do acordobet lampionspaz com as FARC é apoiado por uma pequena minoria

A resposta da direita

Uma segunda causa da fraqueza da esquerda é, segundo os especialistas, o poder da direita.

Desde o século 19, o establishment conservador gozavabet lampionsuma estrutura política e social, ancorada no clientelismo, que lhe permitia se manter no poder.

"A influência da Igreja no Estado e no sistema educacional, uma Força Armada sem autonomia e sem renovação e dependente dos partidos tradicionais e um sistema eleitoral que privilegiava o abstencionismo gerou uma matriz autoritária que se manteve no poder sem muito contrapeso" diz a historiadora Mary Emma Wills.

Entre 1949 e 1991, o Estadobet lampionsSítio, mecanismo constitucional que conferia poderes extraordinários ao presidente, vigorou por um totalbet lampions30 anosbet lampionsdiferentes períodos. Ou seja, 70% do tempo.

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Legenda da foto, Paramilitares se desmobilizaram há quase 20 anos, mas desde então surgiram vários grupos semelhantes

O medo da chamada ameaça comunista — tão perigosa para o principal aliado da Colômbia, os Estados Unidos— se traduziubet lampionsdecretos e regimes criminais que restringiam direitos sociais e políticos a movimentosbet lampionsesquerda, aponta Willsbet lampionsdiversos trabalhos acadêmicos.

Mas o Estado também se envolveubet lampionspráticas ilegais para deter a insurgência e qualquer correntebet lampionsesquerda.

Dezenasbet lampionsinvestigações, incluindo algumas realizadas pelo Estado, provaram que o paramilitarismo, o movimento armado que mais deixou mortos durante o conflito, surgiubet lampionsparte graças àbet lampionsaliança com as elites regionais e militares.

Leopoldo Fergusson, economista que estuda o conflito, constatou que a vitóriabet lampionsliderançasbet lampionsesquerda nas eleições locais entre 1988 e 2014 gerou, estatisticamente, um aumento da violência paramilitar naquelas regiões.

"É uma reação das elites tradicionais para compensar o aumento do acessobet lampionsoutsiders ao poder político formal", argumenta o economista.

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Legenda da foto, A Colômbia só se declarou um estado laicobet lampions1991

Culturalmente conservadores

A abstençãobet lampionsvotos na Colômbia sempre foi alta. Há milhõesbet lampionspessoas que, há décadas, se recusam a participar do sistema eleitoral.

Por isso que o padre e defensor dos direitos humanos Javier Giraldo chama a Colômbiabet lampions"democracia genocida".

No entanto, a classe dominante muitas vezes se orgulhabet lampionster uma das democracias mais estáveis ​​da região. Porque, assim como não houve revoluções nem socialismos, também não houve regimes autoritários que restringissem o voto.

Os colombianos que votaram quase sempre escolheram os nomes do establishment.

Isso se deve, segundo especialistas, ao fatobet lampionsque a cultura colombiana foi, pelo menos até o final do século 20, muito conservadora.

Eles atribuem isso a três coisas: uma economia cautelosa sem grandes saltos no consumo, crescimento ou abertura; a influência da Igreja na educação e no Estado, que só se declarou laico até 1991; e a ausênciabet lampionsmigração externa.

"A Colômbia se modernizou e se abriu ao mundo tarde demais, e isso permitiu que a matriz autoritária tivesse um efeito enorme na cultura", diz Wills.

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No mar da informalidade que é o mercadobet lampionstrabalho colombiano, aliado à estrutura oligárquicabet lampionspoder, a única formabet lampionsascender socialmente, diz Sánchez, foi através da ilegalidade.

"Se antes a única maneirabet lampionsascender socialmente na Colômbia era casar com alguém da oligarquia, nos últimos 40 anos foi a violência e o tráficobet lampionsdrogas que permitiram o acesso a uma vida mais cosmopolita", diz o historiador.

Tudo, no entanto, está mudando. As regiões se articularam, o país se conectou com o mundo —bet lampionsparte pela emigração herdada da violência — e os acordosbet lampionspaz abriram um novo lequebet lampionspreocupaçõesbet lampionsquestões sociais e culturais.

Além disso, nos últimos 20 anos a esquerda conseguiu, lenta e tortuosamente, unificar e criar uma certa base eleitoral.

Gustavo Petro, desdebet lampionspassagem pelo Congresso até agora, foi um dos principais artífices dessa reconstrução eleitoral. Agora ele é o favorito para ser presidente.

A história faz muitos até pensarem na possibilidadebet lampionsum novo assassinato ou um golpe. Outros acreditam que muitos anos se passaram: que a Colômbia, o país onde a esquerda nunca governou, mudou.

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