Terra corre perigo com buraco negro 'monstruoso' no centro da Via Láctea?:caça níquel 2024

Crédito, EHT collaboration

Legenda da foto, Foto do Sagittarius A*, buraco negro no centro da Via Láctea, captada por um esforço colaborativocaça níquel 2024centenascaça níquel 2024cientistas

caça níquel 2024 Um trabalho gigantesco, que envolveu centenascaça níquel 2024cientistas, 5 anoscaça níquel 2024investigações e telescópios espalhados por oito lugares diferentes do planeta foi capazcaça níquel 2024captar as primeiras imagens do Sagittarius A*, um buraco negro localizado no centro da Via Láctea, a galáxiacaça níquel 2024que se encontra o nosso Sistema Solar.

A descoberta, divulgadacaça níquel 202412caça níquel 2024maio, levantou uma dúvida pertinente na cabeçacaça níquel 2024muitas pessoas: será que esse buraco negro, uma estrutura que "suga" tudo o que está próximo dele, pode representar algum tipocaça níquel 2024perigo para o planeta Terra?

A resposta é não, mas com uma ressalva. Os cientistas que fizeram parte do esforço internacional explicaram que o Sagittarius A* está suficientemente longecaça níquel 2024nós (26 mil anos-luz, para ser mais exato) para representar ameaça futura.

Por outro lado, não está descartada a hipótesecaça níquel 2024nossa galáxia se fundir ou "colidir" com outracaça níquel 2024alguns bilhõescaça níquel 2024anos, o que poderia aproximar perigosamente a Terracaça níquel 2024um buraco negro. Vale destacar que esse é um cenário bastante improvável — e sobre o qual teríamos muitos avisos e alertas antes que algo ruim dessa magnitude virasse realidade.

Ao longo desta reportagem, você vai entender a importância dos achados recentes sobre o Sagittarius A* e porque o riscocaça níquel 2024o planeta Terra ser "sugado" por um buraco negro é uma possibilidade remota,caça níquel 2024acordo com o que os cientistas sabem até o momento.

No coração da Via Láctea

O Sagittarius A*, também conhecido pela sigla SgrA*, é um gigantesco buraco negro que vive no centro da nossa galáxia, a Via Láctea.

O objeto tem impressionantes quatro milhõescaça níquel 2024vezes a massa do Sol e foi retratado pela primeira vez graças a um esforço colaborativocaça níquel 2024centenascaça níquel 2024cientistas, reunidos no projeto Event Horizon Telescope (EHT).

Na imagem divulgada pelo grupo, é possível ver uma região escura central onde reside o buraco negro, circundada por um anelcaça níquel 2024luz proveniente do gás superaquecido acelerado por imensas forças gravitacionais.

Para ter uma ideia, esse anel é aproximadamente do tamanho da órbitacaça níquel 2024Mercúriocaça níquel 2024tornocaça níquel 2024nossa estrela, o Sol. Isso representa cercacaça níquel 202460 milhõescaça níquel 2024quilômetroscaça níquel 2024diâmetro.

Felizmente, este "monstro" está muito, muito longe — cercacaça níquel 202426 mil anos-luzcaça níquel 2024distância.

Essa é a segunda imagem do tipo a ser divulgada pelo EHT. Em 2019, o grupo compartilhou uma imagemcaça níquel 2024um buraco negro gigante que está no coraçãocaça níquel 2024outra galáxia, chamadacaça níquel 2024Messier 87, ou M87. Essa estrutura é maiscaça níquel 2024mil vezes maior que a SgrA*, com 6,5 bilhõescaça níquel 2024vezes a massa do Sol.

"Mas a nova imagem da SgrA* é especial porque trata-se do nosso buraco negro supermassivo", avalia o professor Heino Falcke, um dos pioneiros por trás do projeto EHT, à BBC News.

"Esse buraco negro está no 'nosso quintal', e se você quiser entender como essas estruturas funcionam, o SgrA* é que vai te dizer, porque conseguimos visualizá-locaça níquel 2024detalhes", complementa o cientista alemão-holandês, que trabalha na Universidade Radboud, na Holanda.

O que é um buraco negro?

  • Um buraco negro é uma região do espaço onde a matéria entroucaça níquel 2024colapso sobre si mesma
  • A atração gravitacional ali é tão forte que nada, nem mesmo a luz, pode escapar
  • Buracos negros costumam surgir a partir da morte explosivacaça níquel 2024grandes estrelas
  • Alguns são realmente enormes e possuem bilhõescaça níquel 2024vezes a massa do Sol
  • A ciência ainda não sabe como essas estruturas monstruosas — encontradas geralmente nos centros das galáxias — se formaram ou o que acontece dentro

A massacaça níquel 2024um buraco negro (parte mais escura da imagem) determina o tamanhocaça níquel 2024seu discocaça níquel 2024acreção (aro laranja ao redor), ou o anelcaça níquel 2024emissão. O buraco está na depressãocaça níquel 2024brilho central. Sua "superfície" é chamadacaça níquel 2024horizontecaça níquel 2024eventos, a fronteira dentro da qual até mesmo um raiocaça níquel 2024luz é dobrado sobre si mesmo pela curvatura no espaço-tempo. As regiões mais brilhantes no discocaça níquel 2024acreção são onde a luz ganha energia à medida que se movecaça níquel 2024nossa direção, e acredita-se que é impulsionada pelo doppler, um efeito físicocaça níquel 2024ondas refletidas ou emitidas por um objeto, que estãocaça níquel 2024movimentocaça níquel 2024relação a quem está observando.

Como a foto foi tirada?

A uma distânciacaça níquel 202426 mil anos-luz da Terra, o Sgr A* é um alfinete no grande palheiro do céu. Para discernir um alvo a essa distância, é preciso uma capacidadecaça níquel 2024resolução incrível dos equipamentos.

O "truque" do EHT é utilizar uma técnica chamada interferometriacaça níquel 2024matrizcaça níquel 2024linhacaça níquel 2024base muito longa (VLBI).

Em resumo, ela combina uma redecaça níquel 2024oito antenascaça níquel 2024rádio espalhadas por várias partes do mundo para "imitar" como seria um telescópio do tamanho do nosso planeta.

Esse arranjo permite que o EHT corte um ângulo no céu que é medido por um parâmetro conhecido como microarcsegundos. Os membros da equipe EHT explicam que isso permite obter uma nitidezcaça níquel 2024visão semelhante a ser capazcaça níquel 2024ver "um donut na superfície da Lua".

Além disso, os cientistas também recorreram a relógios atômicos, algoritmos inteligentes e incontáveis ​​horascaça níquel 2024supercomputação para construir uma imagemcaça níquel 2024vários petabytes (1 petabyte equivale a um milhãocaça níquel 2024gigabytes) a partir dos dados coletados.

A forma como um buraco negro "dobra" a luz significa que não há nada para ver alémcaça níquel 2024uma "sombra", mas o brilho da matéria orbitandocaça níquel 2024torno dessa escuridão revela onde o objeto está localizado.

Será que é possível comparar a imagem atual, da SgrA*, com a anterior, localizada na galáxia M87? Os especialistas apontam algumas diferenças fundamentais.

"Como o Sagittarius A* é um buraco negro muito menor — é cercacaça níquel 2024mil vezes menor que o da M87 —,caça níquel 2024estruturacaça níquel 2024anel mudacaça níquel 2024escalascaça níquel 2024tempo mil vezes mais rápidas", explica o astrônomo Ziri Younsi, da University College London, no Reino Unido, que faz parte do EHT.

"Esse processo é muito dinâmico. Os pontos que você vê no anel se movem dia após dia."

Essas rápidas mudanças nas proximidades do Sgr A* são parte da razão pela qual levou muito mais tempo para produzir uma imagem dele do que do buraco negro na galáxia M87, apesarcaça níquel 2024ela estar bem mais distantecaça níquel 2024nós. A interpretação dos dados tem sido um desafio mais difícil.

As observações do telescópio para os dois buracos negros foram adquiridas durante o mesmo período no iníciocaça níquel 20242017, mas o M87, que é maior e está a 55 milhõescaça níquel 2024anos-luz, parece estáticocaça níquel 2024comparação o buraco negro do centro da Via Láctea.

O buraco negro representa algum perigo para a Terra?

Numa entrevista à BBC News transmitida na televisão britânicacaça níquel 202412caça níquel 2024maio, a astrofísica Gibwa Musoke, da Universidadecaça níquel 2024Amsterdã, respondeu à pergunta sobre o SgrA* ser uma ameaça (ou não) ao nosso planeta.

"Não, o buraco negro não representa nenhum perigo para nós. Ele está realmente muito longe da Terra", esclareceu a especialista.

Mas se os buracos negros são como aspiradores gigantes e há milhões deles na galáxia onde está a Terra, poderia nosso planeta ser sugado por esse tipocaça níquel 2024corpo celeste que ainda guarda muitos mistérios?

"A resposta curta é sim, poderia acontecer. Mas é muito improvável, e teríamos alguns avisos antes que algo realmente ruim virasse realidade", escreveu o astrônomo Christopher Springob no site da Cornell University (EUA), sobre a possibilidadecaça níquel 2024um buraco se aproximar e engolir nosso planeta.

Apesar dos milharescaça níquel 2024anos-luz que separam a Terra do buraco negro mais próximo, o cientista avalia que não pode ser 100% descartado que um buraco negro supermassivo se aproximecaça níquel 2024nós se a nossa galáxia se fundir ou "colidir" com outra.

Ainda que considerada uma hipótese pouco provável, "a Terra poderia ser lançada no centro da galáxia, perto o suficiente do buraco negro supermassivo", disse o astrofísico da Universidadecaça níquel 2024Yale, Fabio Pacucci,caça níquel 2024uma palestra no TED.

Isso porque,caça níquel 2024acordo com o especialista, "haverá uma colisão entre a Via Láctea e a galáxiacaça níquel 2024Andrômeda dentrocaça níquel 20244 bilhõescaça níquel 2024anos, o que pode não ser uma boa notícia para o nosso planeta".

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Há centenascaça níquel 2024anos pesquisadores tentam explicar o que são e como os buracos negros funcionam

E, se issocaça níquel 2024fato acontecer, o que poderia acontecer com os terráqueos?

O mais provável é que todos os habitantes do planeta morramcaça níquel 2024forma violenta. Ou fritos, com o calor da colisão, ou transformadoscaça níquel 2024"espaguete" (ou talvez, as duas opçõescaça níquel 2024uma só vez).

"Se você estiver muito pertocaça níquel 2024um buraco negro, vai se esticar, assim como acontece com o espaguete", escreveu Kevin Pimbblet, professorcaça níquel 2024física na Universidadecaça níquel 2024Hull, no Reino Unido, na publicação The Conversation.

"Esse efeito é causado por um gradientecaça níquel 2024gravitação que passa pelo seu corpo", explica o professor, dizendo ainda que as diferentes partes do nosso corpo experimentariam diferentes graus dessa força.

"O resultado não é apenas um alongamento do corpocaça níquel 2024geral, mas também uma compressão no meio. Portanto, seu corpo ou qualquer outro objeto, como a Terra, começaria a parecer espaguete muito antescaça níquel 2024chegar ao centro do buraco negro", observa Pimbblet.

Isso faria com que as partes mais próximas da Terra se estendessem enquanto as outras partes fossem comprimidas pela gravitação diferente. O resultado seria catastrófico.

O que há dentro dos buracos negros?

Dentro dos buracos negros há tudo o que entrou nele. O problema é que não se sabecaça níquel 2024que estado as coisas estão lá dentro.

Mas se fosse possível chegar e entrarcaça níquel 2024um desses buracos, o que veríamos? Existem diferentes teorias. "Uma das possibilidades é 'a muralhacaça níquel 2024fogo' que, como o nome sugere, é um bandocaça níquel 2024partículascaça níquel 2024chamas que iriam fritá-lo como uma batata", responde o astrônomo Andrew Pontzen, que estuda a origem e a evolução do universo.

Sobre a forma, sabemos que buracos negros são corpos esféricos. E se estiver girando — o que é bem provável, já que todos objetos no universo giramcaça níquel 2024algum grau — o buraco seria mais largo no centro,caça níquel 2024vezcaça níquel 2024ser um círculo perfeito.

A força da gravidade atrai gás e poeira que se acumulamcaça níquel 2024uma espiral. À medida que o material é consumido, o atrito o aquece a bilhõescaça níquel 2024graus, produzindo grandes quantidadescaça níquel 2024radiação e vazando energia e partículas carregadas.

Enquanto muitos dos mistérios sobre os buracos negros continuam a existir, trabalhos como o da equipe que compõe o EHT, que conseguiu captar as primeiras imagens sobre essas estruturas massivas no coração das galáxias, nos deixam mais próximoscaça níquel 2024possíveis respostas.

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