O que aconteceu nos países que acabaram com as restrições contra a covid:video poker star

Mas como explicar esse repique nos casos? O alívio das restrições é suficiente para justificar a retomada das curvas? E será que o Brasil, que passa por um momentovideo poker starqueda nas estatísticas da pandemia, passará por uma piora daqui a algumas semanas? A BBC News Brasil ouviu especialistas para entender esse cenário e encontrar possíveis respostas para todos esses questionamentos.

Variante ômicron, versão 2.0

O aumentovideo poker starcasosvideo poker staralguns países europeus e asiáticos acontecevideo poker starum momentovideo poker starque a BA.2, uma variante "prima-irmã" da ômicron (a BA.1) começa a se tornar dominantevideo poker starmuitos territórios.

Para ter ideia, a BA.2 apareceuvideo poker star68,6% das amostras que foram sequenciadas no Reino Unido entre os dias 27video poker starfevereiro e 6video poker starmarço. A ômicron "original" representou 31,1% dos casos no mesmo período.

Esse mesmo padrãovideo poker starcrescimento da linhagem BA.2, que substitui aos poucos a BA.1, pode ser observadovideo poker staroutros países, como Áustria, Coreia do Sul e Alemanha.

Há poucas semanas, a BA.1 reinava absolutavideo poker starmuitos desses locais. Mas a variante perdeu a dianteira,video poker staracordo com o Instituto Sorológico da Dinamarca, porque a BA.2 tem uma capacidadevideo poker startransmissão 1,5 vez maiorvideo poker starcomparação com a BA.1. E a BA.1 já era um dos vírus mais contagiosos que surgiram no último século.

"Todas as ondas que vimos nesta pandemia tiveram um componentevideo poker starcomum: o surgimentovideo poker staruma nova variante do vírus", interpreta o médico Marcio Sommer Bittencourt, professor associado da Universidadevideo poker starPittsburgh, nos Estados Unidos.

A boa notícia é que a BA.2 não parece estar relacionada a um quadro mais grave do que o observado até agora com a BA.1.

"As análises preliminares não encontraram evidênciasvideo poker starum risco maiorvideo poker starhospitalização após a infecção com a BA.2,video poker starcomparação com a BA.1", escreve a Agênciavideo poker starSegurançavideo poker starSaúde do Reino Unido num relatório publicado no dia 11video poker starmarçovideo poker star2022.

Vale lembrar que probabilidadevideo poker starsofrer complicações da covid também está relacionada à quantidadevideo poker starvacinas que um indivíduo tomou ou às infecções prévias.

Ou seja: quem tem pouca ou nenhuma imunidade contra o coronavírus pode experimentar consequências muito piores do que alguém que está com as dosesvideo poker stardia, especialmente se considerarmos os gruposvideo poker starrisco (como idosos e portadoresvideo poker stardoenças crônicas).

Outro aspecto que traz uma perspectiva otimista para esse novo aumentovideo poker starcasos é que ele tende a subir e cair rapidamente, a exemplo do que ocorreu com a BA.1:video poker starpaíses onde a BA.2 virou dominante há algumas semanas, como Dinamarca e Holanda, o registro diáriovideo poker starinfecções já estávideo poker starqueda novamente, como é possível observar no gráfico a seguir.

No entanto, uma elevaçãovideo poker starcasos também pode suscitar um aumentovideo poker starhospitalizações e óbitos, ainda mais nos lugares com uma grande parcela da população suscetível pela baixa cobertura vacinal ou pela ausênciavideo poker starondas maiores até então.

Ainda não se sabe se esse novo aumentovideo poker starcasos na Europa e na Ásia está acometendo apenas quem não teve covid recentemente e não foi vacinado, ou se também inclui uma proporçãovideo poker starindivíduos que se infectaram com a ômicron "original" recentemente.

Até o momento, a Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que "os estudos que avaliaram a taxavideo poker starreinfecçãovideo poker staralgumas populações sugerem que a infecção com a BA.1 proporciona uma forte proteção contra a BA.2, ao menos pelo curto períodovideo poker starque os dados estão disponíveis".

"Isso é algo que ainda precisa ser estudado, mas vemos que esse aumentovideo poker starcasos é mais intenso nos países que não têm uma taxavideo poker starvacinação adequada ou não tiveram grandes ondas anteriormente, como a Alemanha", observa Bittencourt.

"Já Portugal, que está com uma alta cobertura vacinal e teve mais casosvideo poker starinfecção prévia, parece possuir uma 'bagagem imunológica' maior e não experimenta um aumentovideo poker starcasos agora", compara o médico.

Liberou geral

Embora a alta transmissibilidade da BA.2 seja a principal explicação para o cenário europeu atual, existe um segundo elemento que precisa ser considerado: o fimvideo poker starquase todas as medidas restritivas que marcaram os últimos dois anos.

Em alguns países, o usovideo poker starmáscaras deixouvideo poker starser obrigatóriovideo poker starlugares abertos e fechados, não há mais políticasvideo poker startestagemvideo poker starmassa, nem a recomendaçãovideo poker starque pacientes infectados com o coronavírus fiquemvideo poker starisolamento.

A mudança nas políticas públicas estimulou mais encontros e aglomerações, contextos onde o vírus consegue se espalharvideo poker starescala geométrica e criar novas cadeiasvideo poker startransmissão. E isso, junto com a maior taxavideo poker starcontágio da BA.2, ajuda a explicar essa nova subidavideo poker starcasosvideo poker staralgumas partes do mundo.

Passados dois anos desde o início da pandemia, a políticavideo poker star"covid zero", seguida à riscavideo poker starlugares como Coreia do Sul, Vietnã, Taiwan, Austrália e Nova Zelândia, foi abandonada na maioria dos países. O único local que continua apostando nessa estratégia é a China.

Mesmo entre os pesquisadores da área, soa quase como uma utopia a ideiavideo poker stareliminar completamente a covid-19video poker staruma região atravésvideo poker starmedidas como o lockdown no atual contexto.

"Do pontovideo poker starvista da saúde pública, o fechamento total das atividades pode até fazer sentido. Mas o custovideo poker starparar tudo também traz custos sociais e econômicos muito grandes", pondera Bittencourt.

"No início da pandemia, com o risco da doença muito alto, o fechamento era necessário, por mais caro e custoso que isso fosse", diferencia o médico. "Atualmente temos vacinas e muitas pessoas foram infectadas, então o risco é menor, logo as medidas podem ser calibradas para essa situação."

Isso não significa que o extremo oposto dessa postura, a liberação completavideo poker startodas as restrições, faça sentido.

Para explicar esse pontovideo poker starvista, a médica Lucia Pellanda, professoravideo poker starepidemiologia da Universidade Federalvideo poker starCiências da Saúdevideo poker starPorto Alegre, faz um paralelo entre a covid-19 e o futebol.

"Às vezes, sinto que a pandemia se assemelha a uma partida,video poker starque estamos ganhandovideo poker star1 a 0 e simplesmente abandonamos o campo antesvideo poker staro juiz dar o apito final", compra.

"Quando as coisas começam a melhorar um pouco, há uma pressa para dizer que a covid não é mais um problema e podemos acabar com todas as medidas preventivas."

"E o que a experiência nos mostra é que não existe uma solução simples para dar um fimvideo poker starverdade à pandemia. Precisamos insistir com as vacinas, as máscaras e o cuidado com as aglomerações até o final desta partida", conclui a especialista.

A médica e epidemiologista Eleonora D'Orsi, professora do Departamentovideo poker starSaúde Pública da Universidade Federalvideo poker starSanta Catarina, concorda. "Em muitos lugares, houve uma estagnação na cobertura vacinal com duas ou três doses e, para piorar, todos os cuidados preventivos foram deixados para trás."

"E estamos lidando com uma doença sobre a qual não conhecemos todos os efeitosvideo poker starlongo e médio prazo. Vários estudos nos indicam que a covid não é simples e afeta outras partes do corpo além do sistema respiratório", alerta.

Já o bioinformata Marcel Ribeiro-Dantas, pesquisador na áreavideo poker starsaúde do Instituto Curie, na França, entende que muitos desses países fizeram tudo o que podiam e o relaxamento das medidas era um passo natural e razoável.

"Houve um esforço grande do governo e da populaçãovideo poker starmuitos países europeus para conter a pandemia. Os primeiros lockdowns aqui na França foram drásticos e todo mundo ficou trancadovideo poker starcasa", lembra o pesquisador.

"Com a estafa natural após dois anosvideo poker starrestrições e a ampla disponibilidadevideo poker starvacinas e tratamentos efetivos, parece inevitável que alguns países diminuam as restrições."

"A questão é conseguir transformar obrigações da leivideo poker starrecomendações que as pessoas sigam no dia a dia. Quando você consegue conscientizar a população sobre a necessidade do usovideo poker starmáscarasvideo poker staralguns ambientes, por exemplo, isso passa a fazer partevideo poker staruma nova cultura daquele local", completa o especialista.

Essa onda vai chegar ao Brasil?

Enquanto os casos sobemvideo poker starpartes da Ásia e da Europa, o Brasil se encontra numa situação oposta: as médias móveisvideo poker starcasos e mortes por covid seguemvideo poker starqueda desde janeiro, quando o país registrou o pico da variante ômicron.

Os especialistas ouvidos pela BBC News Brasil entendem que não dá pra dizer que esse mesmo cenáriovideo poker staragravamentovideo poker starcurso no exterior também se repetirá no país.

Em outros momentos da pandemia, coisas que impactaram profundamente o Brasil — como a variante gama — não tiveram o mesmo efeito no cenário internacional.

E o inverso também aconteceu: embora tenha sido avassaladora na Índia e nos Estados Unidos, a variante delta não foi tão desastrosa do pontovideo poker starvista da mortalidade nas cidades brasileiras.

Até fevereiro, a BA.2 representava apenas 0,4% das amostras sequenciadas no Brasil, segundo a Rede Genômica da Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz). A BA.1, a ômicron original, está presentevideo poker starpraticamente 99%video poker startodo o material analisadovideo poker starlaboratório nesse período.

Bittencourt entende que, diantevideo poker staruma situação mais estável da pandemia, "é horavideo poker stardiscutir algumas medidas e ajustar a intensidade delas".

"É claro que isso não significa abandonar completamente o usovideo poker starmáscaras. Elas são necessárias no transporte público, mas não precisam ser usadasvideo poker starlugares abertos."

"Mas precisamos tervideo poker starmente também que o Brasil flexibilizou a maior parte das medidas há tempos. Shoppings, restaurantes e casas noturnas estão funcionando normalmente", completa.

Pellanda acredita que o desafio é fazer essa comunicação sobre o manejo e a prevenção da covidvideo poker starforma adequada e contextualizada. "As pessoas precisam avaliar o risco individual evideo poker starcada localvideo poker starque elas estiverem", diz.

"É errado encarar as máscaras como algo ruim e limitador. Elas precisam ser incorporadasvideo poker staralgumas situações, da mesma maneira que fizemos com o uso do cintovideo poker starsegurança nos carros e com a proibiçãovideo poker starfumarvideo poker starestabelecimentos fechados", argumenta.

Entre o fim da pandemia e uma nova piora no númerovideo poker starcasos relacionada à BA.2 e ao relaxamento das medidasvideo poker starprevenção, o caminho mais adequado e segurovideo poker starqualquer país do mundo continua bem parecido: acompanhar o que está acontecendo e adequar os cuidados à situaçãovideo poker starmomento.

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