A incrível saga do primeiro narcossubmarino apreendido na Europa:baixar o bet365

O objetivo era levar uma cargabaixar o bet3653.068 quilosbaixar o bet365cocaína para a Europa (avaliadabaixar o bet365pelo menos R$ 760 milhões segundo a cotação europeia) naquele submersível e cobrar por seus serviçosbaixar o bet365transporte. E eles estavam prestes a conseguir. Durante vários dias conseguiram enganar a polícia e os serviçosbaixar o bet365inteligência especializados no tráficobaixar o bet365drogasbaixar o bet365vários países. Mas no final eles acabaram derrotados.

Uma operação policial chamada "Maré Negra", que entrou para a história por ter apreendido o primeiro "narcossubmarino" a chegar à Europa vindo da América Latina, interrompeu seus planos e terminou com a prisão desses três homens.

Agora eles acabarambaixar o bet365ser julgados na Espanha. Os três se declararam culpados, mas nenhum quis colaborar com a Justiça por medobaixar o bet365retaliação a eles ou suas famílias pelos narcotraficantes que enviaram a droga à Europa. As sentenças devem sairbaixar o bet365breve, e cada um deles pode ser condenado a até 13 anosbaixar o bet365prisão.

A tradiçãobaixar o bet365narcossubmarinos

"Operação Maré Negra", livro escrito pelo jornalista galego Javier Romero e publicado pela Ediciones B, resgatoubaixar o bet365detalhes a incrível jornada daqueles homens que transportaram por 27 dias maisbaixar o bet3653 toneladasbaixar o bet365cocaína.

Sem lançamento previsto no Brasil, a obra reúne depoimentosbaixar o bet365policiais, juízes, especialistas e testemunhas do evento para traçarbaixar o bet365detalhes a crônicabaixar o bet365"Che", como foi batizado o submersível. Um submersível projetado para poder navegar com a maior parte do casco submerso, movendo-se próximo à superfície, quase invisível entre ondas.

Esse não é obviamente o primeiro equipamento do tipo. A tradição dos narcossubmarinos começou na Colômbia na décadabaixar o bet3651990, pelas mãosbaixar o bet365ex-soldados e engenheiros da antiga União Soviética. O precursor foi Pablo Escobar, traficante colombiano que nunca escondeu o fatobaixar o bet365que havia dois desses submarinos embaixar o bet365frota marítima.

"Agora são bastante comuns: todos os anos entre 30 e 40 são interceptados na Colômbia", conta Romero à BBC News Mundo (serviçobaixar o bet365espanhol da BBC). "E embora diversos relatóriosbaixar o bet365policiais especialistasbaixar o bet365tráficobaixar o bet365drogas tenham apontado há muito tempo que os narcotraficantes estavam usando submarinos para cruzar o Atlântico, nenhum havia sido apreendido, até o Che."

"Ele foi construídobaixar o bet365um estaleiro clandestino na Amazônia. A missão para pilotá-lo coube a um ex-campeão espanholbaixar o bet365boxe e velejador experiente chamado Agustín Álvarez. O restante da tripulação era formado por dois primos equatorianos, também velejadores: Luis Tomás Benítez Manzaba e Pedro Roberto Delgado Manzaba.

"O preço acordado pelos Manzabas foibaixar o bet365US$ 5.000 (cercabaixar o bet365R$ 27 mil) adiantados para cada um e, se tudo corresse bem e a missão terminasse com sucesso, mais US$ 50 mil por cabeça (cercabaixar o bet365R$ 270 mil). Não se sabe quanto iriam pagar a Agustín Álvarez, mas fontes policiais estimam que entre US$ 400 mil e US$ 500 mil (entre R$ 2,1 milhões e R$ 2,7 milhões)", aponta o autorbaixar o bet365"Operação Maré Negra".

O Ministério do Interior espanhol, porbaixar o bet365vez, calcula que o preço da cocaína transportada pelo narcossubmarino seriabaixar o bet365123 milhõesbaixar o bet365euros (cercabaixar o bet365R$ 760 milhões) na Europa.

A saga submarina

Uma vez carregados com 3.068 quilosbaixar o bet365cocaína da Colômbia, distribuídosbaixar o bet365152 fardos, na noitebaixar o bet36529baixar o bet365outubrobaixar o bet3652019, os três tripulantes soltaram as amarras e o "Che" inicioubaixar o bet365jornada.

Eles primeiro navegaram pelo rio Amazonas por 12 horas, atravessando alta umidade, mosquitos, manguezais e vegetação exuberante. Não se descarta que algum navio tenha os conduzido, abrindo caminho para o narcossubmarino, impedindo que ele colidisse com algum dos milharesbaixar o bet365troncosbaixar o bet365todas as espessuras que flutuam na superfície do Amazonas até o oceano Atlântico.

Apesarbaixar o bet365o "Che" não ter radar, sistemabaixar o bet365identificação automática, radiofarol ou qualquer coisa do tipo, tudo estava indo muito bem. Até 5baixar o bet365novembrobaixar o bet3652019, oitavo dia da travessia, quando surgiram as primeiras nuvens. "O bom tempo se foi, para nunca mais voltar, deixando a tripulação indefesabaixar o bet365direção ao seu destino. A próxima vez que viram o sol brilhar, contra um céu azul, foi enquanto caminhavam no pátio da prisão galega conhecida como A Lama", relata Romero.

Do dia 7baixar o bet365novembro e até que o momentobaixar o bet365que o submarino chegaria ao ponto acordado, três fortes tempestades surgiram no trajeto, uma após a outra, contra um "Che" que estavabaixar o bet365franca deterioração. Chegaram prestes a afundar, fazendo com que seus três tripulantes vivessem uma verdadeira pesadelo durante oito longos dias. No dia 14baixar o bet365novembro o tempo lhes deu uma certa folga.

Havia outro "detalhe". Pelo menos, os três tripulantes do "Che" não haviam sido trancados no narcossubmarino, como acontecia com submersíveis cruzavam o Atlântico carregadosbaixar o bet365drogas. "Eles fechavam a escotilha pelo ladobaixar o bet365fora com cadeados, ou algo do tipo, para que ela só abrisse quando chegassem ao destino. Eles não deram escolha à tripulação a não ser terminar a viagem para sobreviver. Era isso ou a morte. Eles fizeram isso por causa do desconfiança que existia no passado com integrantes na Galícia (região da Espanha), caso tentassem roubar mercadorias", disse um dos tripulantes do "Che" às ​​autoridades espanholas.

Dezessete dias depoisbaixar o bet365zarpar, e depoisbaixar o bet365cruzar as águas do Atlântico por 4.931 quilômetros, "Che" conseguiu finalmente superar o principal objetivo da viagem: as ilhas dos Açores, que pertencem a Portugal.

De lá, os três tripulantes seguiram para o norte para chegar às coordenadas passadas onde a droga seria descarregada: 38º 14'47,4"; 14º52'01,1". O "Che" conseguiu chegar a esse ponto preciso, a 270 milhasbaixar o bet365linha retabaixar o bet365Lisboa, mas sem o sucesso esperado. A embarcação flutuava e a tripulação estava viva, mas a essa altura, a umidade e a má alimentação já tinham abalado a saúde da tripulação.

Ao chegarem à área marcada no mapa, no local combinado para descarregar a cocaína, ninguém saiu para encontrá-los no "Che". Em algum lugar ao longo da costabaixar o bet365Portugal, havia duas lanchas (planadores projetados e equipados exclusivamente para transportar grandes quantidades no menor tempo possível) prontas para pegar a droga. Mas uma delas sofreu um problema mecânico e não conseguiu zarpar.

A organização do narcotráfico, segundo informações recolhidas pela polícia espanhola, instruiu a tripulação do "Che" a seguir caminhobaixar o bet365direção à Galícia,baixar o bet365onde é o piloto Agustín. "Na Galícia, existe um importante negóciobaixar o bet365'narcolancheros' que se dedicam ao desembarquebaixar o bet365drogas", conta Romero.

Mas ao perceber que o plano inicial dos profissionais do narcotráfico havia falhado, Agustín decidiu adotar um plano B e recorreu a dois amigosbaixar o bet365infância.

A essa altura, o Centrobaixar o bet365Análise e Operações Marítimas do Narcotráfico (MAOC-N) já tinha conhecimentobaixar o bet365que havia uma embarcação com várias toneladasbaixar o bet365cocaína na região. Veículos aéreos e marítimos foram enviadosbaixar o bet365busca dele, sem sucesso. Eles procuravam um barcobaixar o bet365pesca, um veleiro, um cargueiro... mas não um semissubmersível.

Segundo a investigação oficial da Espanha, "uma patrulha da Marinha Portuguesa e meios aéreos estiveram nas coordenadasbaixar o bet365tempo real e não conseguiram detectar (o 'Che')".

Os esforços dos narcotraficantes para descarregar a cocaína não deram resultado. Embora tenham enviado um pequeno barco para o sul da chamada Costa da Morte, na Galícia, para tentar recolher a mercadoria, a Guarda Civil espanhola obteve informações sobre a operação e um helicóptero e um barco posicionaram-se na zona onde foi vai ser feito o desembarque da droga.

Ao avistar os agentesbaixar o bet365segurança, a tripulação do pequeno barco decidiu não tentar a manobra. E o mau estado do mar permitiu que o narcossubmarino passasse despercebido.

Desesperados, sem comida nem água potável, os tripulantes do "Che" decidiram então levar a embarcação para a zonabaixar o bet365Rías Baixas, na costa galega. Mais especificamente, ao estuáriobaixar o bet365Aldán, onde o piloto do "Che" passava os verões quando era criança e que conhecia muito bem. "Com muita habilidade, por se tratarbaixar o bet365uma área complicada para a navegação, Agustín conseguiu colocar o submarino naquele estuário e o posicionoubaixar o bet365frente a uma enseada com cercabaixar o bet3658 metrosbaixar o bet365profundidade", conta Romero.

Na madrugadabaixar o bet36524baixar o bet365novembro, a tripulação do "Che" abriu a torneira e a água começou a entrar no "Che" até afundar. Os três tripulantes pularam na água, com a ideiabaixar o bet365voltar para recolher a droga mais tarde. Mas não houve oportunidade. Luis Tomás Benítez Manzaba foi preso logobaixar o bet365seguida na mesma praia. O mesmo destino teve Pedro Roberto Delgado Manzaba, cinco horas depoisbaixar o bet365uma rodovia próxima dali. O capitão, Agustín, foi preso cinco dias depoisbaixar o bet365uma casa da região onde estava escondido.

"Ao verificar a precariedade e faltabaixar o bet365espaço do narcossubmarino, foi incrível que conseguiram chegar vivos à Espanha", nas palavras do sargento Basante, o primeiro policial a pisar na embarcação. "Eu também estive dentro do 'Che' e a sensaçãobaixar o bet365claustrofobia era enorme. Estar lá por 27 dias deve ter sido uma verdadeira tortura psicológica para o trio", relembra Romero.

Os 152 fardosbaixar o bet365cocaína acabariam confiscados pelas forçasbaixar o bet365segurança junto com a embarcação. Agustín e os primos Manzaba foram levados à prisão, ondem ficaram à espera da sentença judicial. Outras quatro pessoas, como os amigos com quem o piloto do narcossubmarino entroubaixar o bet365contato, também aguardam uma decisão sobre a pena.

Mas os donos das drogas e aqueles que as receberiam seguem livres. E provavelmente preparando novas remessas.

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