Como ajudei a matar Pablo Escobar:
Pablo Escobar, o traficantedrogas colombiano que já foi um dos homens mais ricos do mundo, foi morto a tiros pela políciadezembro1993.
Na ocasião, ele era um dos homens mais procurados do mundo — e estava fugindo das autoridades havia maisum ano.
Elizabeth Zilli, que trabalhava na época para a DEA (Drug Enforcement Administration), a agência americanacombate às drogas, foi uma das pessoas que ajudou a rastrear e encontrar Escobar na Colômbia.
"Ele era muito inteligente. Intimidava as pessoas que trabalhavam para ele. Você não consegue chegar à posiçãopoder dele sem ser muito inteligente", disse Zilli ao programarádio Witness History da BBC,que ela contou como a polícia colombiana conseguiu, com a ajuda dos EUA, chegar até ele.
Pablo Escobar saiu da pobreza para se tornar um dos homens mais ricos do mundo. Fundador do cartelMedellín, ele faturava bilhões com tráficodrogas da Colômbia para os Estados Unidos e a Europa.
Ele saiu da pobreza para se tornar um dos homens mais ricos do mundo. Fundador do cartelMedellín, ele faturava bilhões com tráficodrogas da Colômbia para os Estados Unidos e a Europa.
A Colômbia havia se tornado o maior produtorcocaína do mundo. Dizia-se que para cada pessoa que cheirava cocaína nos Estados Unidos, quatrocada cinco carreiras da droga eram provenientes do cartelEscobar.
Zilli fazia parteum esforço do governo americano para monitorar e acabar com o tráficodrogas.
Ela trabalhouduas ocasiõessolo colombiano — a primeira vez nos anos 1970 e depois no fim dos anos 1980, reunindo inteligênciainformantes nos centros dos cartéisdrogasMedellín, Cali e Cartagena.
"Cada informante tinhaduas a três pessoas para rastrear. Eles iam e voltavam com informações."
"Eu saía para encontrar meus informantesBarranquilla,Cartagena. Eu ia até lá com dinheiro para pagá-los, e os interrogava", revela.
"Nada é insignificante quando você está reunindo inteligência. O menor detalhe pode ser importante, tudo que tenha a ver com a pessoa com quem você está preocupado — as roupas que usa, onde vai comer, beber, quem são seus amigos", explica Zilli à BBC.
Quando não estava lidando com informantes, ela estavabuscaplantaçõescoca e maconha na selva colombiana.
"Fizemos muitos sobrevooshelicóptero,buscaplantaçõescoca, plantaçõesmaconha. Isso tinha que ser feitohelicóptero. Eu amava", relata.
Pablo Escobar revolucionou o fornecimentodrogas. Ele montou os chamados megalaboratórios para fabricar cocaínaescala industrial na Colômbia,onde a droga era posteriormente transportada para os EUA.
Estima-se que ele ganhava meio bilhãodólares por semana — não é à toa que1989 foi apontado como o sétimo homem mais rico do mundo.
Os bilhõesdólares que ele acumulou fomentaram a corrupção do Exército, da polícia e do governo colombianos, à medida que ele subornava as autoridades para expandir seu império.
De acordo com Zilli, quando ela voltou a servirsolo colombiano, no fim dos anos 1980, a situação havia mudado, assim como os crimes praticados.
"No início, havia principalmente crimesrua e invasãocasas. Isso foi pré Pablo. Mas depois que nosso amigo se tornou o que se tornou, ficou muito pior. Virou estadosítio."
"Uma noite, uma bomba explodiuuma pizzaria bem embaixo do meu prédio e praticamente me jogou para fora da cama", relembra.
Escobar lançava mãouma expressão simples para lidar com obstáculos ao seu negócio: plata ou plomo, que pode ser traduzida como "dinheiro ou chumbo". Ou seja, se ele não conseguisse subornar alguém, o mataria.
Estima-se que 5 mil assassinatos estejam ligados ao narcotraficante.
A execuçãoLuis Carlos Galán, então candidato à presidência da Colômbia,agosto1989, foi um divisoráguas.
Ele havia prometido extraditar os barões do tráfico para os EUA se ganhasse a eleição. E foi esta proposta que levou ao seu assassinato.
Em resposta, o cerco ao tráficodrogas apertou — dando início a um períodoextrema violência no país.
Os narcotraficantes chegaram a colocar bombasescritóriospartidos políticos e a ameaçar atacar juízes, empresários e líderes sindicais.
Em 1991, Escobar se entregou às autoridades colombianas — sob a condiçãocumprir pena no país,vezser extraditado para os Estados Unidos.
A negociação previa também que ele construísseprópria prisão, que ficou conhecida como La Catedral.
Era um rancholuxo, nas colinasMedellín — e não uma prisão comum administrada pelo governo.
"Era muito confortável. Ele tinha mulheres lá e todas as coisas materiais que um homem gostariater: muita bebida, companhia e diversão", afirma Zilli.
O jornal americano The New York Times publicou à época que a instalação contava com colchãoágua, videocassete, bar, refrigerador, TV60 polegadas, banheira e até lareira. Havia também um ginásio e um campofutebol.
Escobar teria continuado a administrar seu impériodrogasdentro desta prisãoluxo.
Mas,1992, ele decidiu que já tinha passado tempo suficiente ali.
"Quando Pablo saiu, perdão, eu não deveria dizer 'saiu', escapou, o estadosítio realmente começou", conta Zilli.
Teve início então a caçada a Pablo Escobar — e com ela, uma sérierumores sobre seu paradeiro.
"Primeiro disseram que ele estava na Espanha. Depois, que ele estava na Argentina", ela recorda.
"É muito interessante porque disseram a mesma coisa sobre El Chapo Guzmán (traficante mexicano). (Mas) esses traficantesdrogas nunca vão embora. Eles querem ficar emzonaconforto. El Chapo nunca saiuCuliacán (no México). Pablo nunca saiuMedellín."
Durante a caçada ao narcotraficante, o DEA compartilhava a inteligência que recebia com as autoridades colombianas.
"Informantes nos disseram que ele, Pablo, atravessava as plantações à noite, tentando encontrar um lugar para dormir."
"Ele não tinha acesso fácil a todo o seu dinheiro — e é incrível como, no casotraficantesdrogas, seus amigos vão sumindo. Ele estava passando por um momento difícil."
Em 2dezembro1993, uma equipe da políciabusca do narcotraficante teve sorte.
"Quando a polícia colombiana realmente começou a procurá-lo, foi absolutamente fascinante. Nós os estávamos ajudando, mas eles estavam fazendo muito por conta própria."
"Uma coisa com a qual ajudamos elesMedellín foi com a triangulação do telefone (de Escobar)", diz Zilli.
A tecnologia permitiu que os colombianos rastreassem o narcotraficante, localizando onde estava seu aparelho quando ele fazia as ligações. E isso se provou vital para os agentessolo.
"Um dia, cinco deles estavamum carro, vestidosforma bem casual, sem uniforme, dirigindo pelas ruasMedellín, e receberam um sinal no dispositivo."
"Eles olharam para o alto, na janela, e lá estava Pablo, no parapeito, conversando (pelo telefone) com o filho."
Pablo Escobar tentou escapar pelo telhado, onde foi morto a tiros pela polícia colombiana.
"Em meia hora, estava tudo acabado. Não houve muito tiroteio. Mas Pablo estava morto", diz Zilli.
"O chefão da nossa agência correu para o corredor, nenhumnós sabiatudo isso ainda, e ele disse três palavras: 'Nós o pegamos'. E foi assim que ficamos sabendo. "
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