Jimmy 'Barbecue', o ex-policial que virou criminoso prometendo 'revolução' no Haiti:rob bet
Ao ladorob betoutras organizações criminais poderosas - entre elas, a denominada 400 Mawozo, a quem se atribui o recente sequestrorob betum gruporob bet17 missionários norte-americanos e canadenses no Haiti -, o G9 e Família contribuiu para o caos que se apossou do país caribenho, agravado pelo assassinato do presidente haitiano, Jovenel Moïse,rob betjulho passado.
A morte do presidente parece ter enfurecido "Barbecue", que agora ameaça conduzirrob betorganização para uma "revolução" contra a elite política "corrupta" do país.
Até o momento, nenhuma autoridade do seu país e nem as sanções impostas contra ele pelos Estados Unidos impediram Cherizierrob betconcretizar suas ações.
De agenterob betpolícia a criminoso
Natural da capital do Haiti, Porto Príncipe, Cherizier já cruzava a linha que separa os lados opostos da lei narob betépocarob betagenterob betpolícia.
Atribui-se a ele participação na morterob betnove civis ocorrida durante uma operação tida como oficial contra as organizações criminosasrob betGrand Ravine, um bairrorob betPorto Príncipe,rob bet2017.
"A polícia haitiana está infiltrada por elementosrob betquadrilhas e grupos que agem fora da lei", segundo Jeremy McDermott, do centrorob betestudos sobre o crime organizado InSight Crime.
A primeira facção chefiada por "Barbecue" chamava-se Delmas 6, que controlava diversas zonasrob betPorto Príncipe. Segundo informes internacionais, Cherizier serviu-se da conivênciarob betmembros do governorob betMoïse para ampliar seu poder e influência.
"As facções criminosas são mais bem equipadas que a polícia e contam com a proteção das autoridades", segundo declarou à BBC News Mundo (o serviçorob betespanhol da BBC) Pierre Esperance, diretor da ONG haitiana Rede Nacionalrob betDefesa dos Direitos Humanos.
Um relatório do Grupo Internacionalrob betDireitos Humanos da Faculdaderob betDireito da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, publicado pouco antes do assassinatorob betMoïse, concluiu que, durante seu mandato, "facções armadas realizaram, com aprovação do Estado, violentos ataques contra civisrob betbairros pobresrob betPorto Príncipe", como tentativarob bet"esmagar os dissidentes".
O governorob betMoïse negou qualquer relação com as facções criminosas. A BBC News Mundo enviou um pedidorob betcomentários ao partidorob betMoïse, mas não recebeu resposta.
O narcotráfico, o sequestrorob betcarregamentosrob betcombustível -rob betfalta no país - e outros delitos possibilitaram que a organizaçãorob betCherizier atingisse seu auge. Hoje ela é principalmente financiada pela extorsão.
'Crimes contra a humanidade'
É atribuída a Cherizier participaçãorob bettrês massacres perpetrados nos últimos anos, que deixaram centenasrob betmortosrob betalgumas das zonas mais pobresrob betPorto Príncipe.
Cherizier negourob betparticipação nesses eventos, mas Joey Bui, advogada e uma das autoras do relatóriorob betHarvard, declarou à BBC News Mundo que ele "esteve envolvido como líder nos três ataques".
Segundo Bui, "érob betconhecimento público que ele perpetrou esses massacres, mas nunca respondeu perante as autoridades". Já Esperance conclui que "existe no Haiti total impunidade para as facções criminosas e nunca foi realizado um esforço para capturar ou levar à justiça os responsáveis pelos massacres".
O governo dos Estados Unidos estabeleceu sanções contra Cherizierrob bet2018 pelarob betparticipação na morterob betcivis.
Segundo os especialistasrob betHarvard, os massacres atribuídos a Cherizier reúnem as condições para serem considerados crimes contra a humanidade para investigação pelo Tribunal Penal Internacional.
O primeiro deles ocorreurob betnovembrorob bet2018rob betLa Saline, um bairrorob betPorto Príncipe onde houve muita atividade durante os protestos contra o governorob betMoïse. O ataque ocorridorob betLa Saline entre 13 e 14rob betnovembro daquele ano durou 14 horas. As vítimas foram retiradas das suas casas, incluindo as crianças, e executadas a tirosrob betpistola ou golpesrob betfaca. Pelo menos 71 pessoas morreram e 11 mulheres foram violentadas.
Um ano mais tarde, o bairrorob betBel-Air, que havia erguido barricadas e bloqueado ruas como parterob betprotestos deflagradosrob bettodo o país, sofreu uma investida similarrob betgrupos armados vinculados a Cherizier. O saldo foirob betpelo menos 24 mortos.
Mesmo com os chamados dos moradores, a polícia não se dirigiu ao local, o que fez com que muitas pessoas suspeitassemrob betconivência oficial.
Mas o maior dos massacres foi o último, ocorrido entre maio e julhorob bet2020, quando já estava formada a aliança criminal G9 e Família. Em Cité Soleil, um bairro muito pobre nas vizinhanças da capital, pelo menos 145 civis morreram, várias mulheres foram violentadas e muitas casas foram queimadas. Os moradores locais interpretaram o ataque como represália pelarob betdesaprovação ao governo.
Segundo Joey Bui, "Cherizier nunca pagou pelo que fez".
Existem testemunhas que afirmam que, mesmo depois da emissãorob betuma ordemrob betprisão contra Cherizier, as próprias forçasrob betsegurança entregavam para ele pacotesrob betajuda para distribuição nos bairros sob seu controle.
Qual é agora a propostarob betCherizier?
O assassinato do presidente Moïse, que ampliou o poderrob bet"Barbecue" durante seu mandato, mudou o panorama.
Cherizier agora busca visibilidade com presença nas redes sociais, apresentando convocações contra o primeiro-ministro Ariel Henry, que assumiu o governo após a morterob betMoïse com o compromissorob betcelebrar eleições o mais breve possível.
Os detratores do atual governante acusam Henryrob betestar por trás do plano para matar o presidente, sem que haja provas para isso. As investigações para esclarecer o crime prosseguem, enquanto Cherizier lidera o coro dos que declararam guerra ao primeiro-ministro.
O Haiti deve realizar novas eleições para resolver o vaziorob betpoder e a crise institucional, ambos agravados pelo assassinato do seu presidente, mas a insegurança e o poder das facções criminosas, por enquanto, impossibilitam esse objetivo.
"Pode-se afirmar que o Haiti atualmente é um Estado falido, onde a polícia está muito infiltrada pelo submundo", segundo Jeremy McDermott. Nesse contexto, "o risco é que os grupos criminosos tentem ocupar espaços políticos".
Com seus chamados à "revolução", suas polêmicas contra os políticos e tentativasrob betapresentar-se como benfeitor das comunidades dos bairros controlados pelas suas hostes, "Barbecue" dá mostrasrob betsimpatizar com essa ideia.
Mas os grupos criminosos rivais do G-9 e Famíliarob betCherizier poderiam ter o mesmo objetivo e transferir para a política seus habituais enfrentamentos nas ruasrob betum país onde as mortes violentas ocorrem quase diariamente.
"Nossa preocupação é que, nas circunstâncias atuais, é praticamente impossível para qualquer político honesto fazer campanharob betPorto Príncipe e na maior parte do interior do país", conclui McDermott.
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