'Experiênciadocumentos sportingbet comquase morte me transformoudocumentos sportingbet commúsicodocumentos sportingbet componta':documentos sportingbet com

Tony Kofi

Crédito, Tony Kofi

Legenda da foto, Quando Tony Kofi sofreu um acidente quase fatal, ele teve uma visãodocumentos sportingbet comsi mesmo tocando um instrumento musical. Isso mudariadocumentos sportingbet comvida para sempre

Ele estava tão disposto a impressionar que havia pedido ao seu supervisor para continuar trabalhando enquanto o patrão almoçava. O supervisor o aconselhou a ter cuidado.

Ele estava serrando uma tábuadocumentos sportingbet commadeira. "Eu não serrei corretamente e ela se partiu", relembra Tony.

"A tábua ficou presa na minha manga e me derrubou."

Tony começou a cair.

O seu primeiro pensamento foi que ele não iria conseguir sobreviver. Por isso, ele conta que ficou totalmente relaxado, deixou-se cair e fechou os olhos.

Tony com 15 anosdocumentos sportingbet comidade

Crédito, Tony Kofi

Legenda da foto, Tony com 15 anosdocumentos sportingbet comidade

"Eu não sei se foi a adrenalina ou outra coisa — porque eu li sobre isso, quando você caidocumentos sportingbet comuma grande altura, tudo fica mais lento", ele conta. "Comecei a ver flashesdocumentos sportingbet comimagens. Era inacreditável."

Nas suas visões, Tony viu diferentes partes do mundo e rostosdocumentos sportingbet compessoas que ele não conhecia.

"Vi crianças que nunca havia visto antes — que se tornariam meus filhos, imagino. E algo que realmente ficou na minha mente foi que eu estavadocumentos sportingbet compé, tocando um instrumento. Simplesmente pensei: 'esta é a sensação mais estranha que tive na vida'. Foi tudo o que vi e desmaieidocumentos sportingbet comseguida."

Tony Kofi

Crédito, Steven Cropper

Na décadadocumentos sportingbet com1960, as vozes roucas e acetinadas dos artistasdocumentos sportingbet comjazz vagueavam pela casadocumentos sportingbet cominfânciadocumentos sportingbet comTony,documentos sportingbet comNottingham, na Inglaterra. A mãedocumentos sportingbet comTony, Ama, estava tocando seus discos.

Ela e seu marido Jack eramdocumentos sportingbet comKumasi, no suldocumentos sportingbet comGana, e Ama havia assistido pessoalmente a uma apresentação do trompetista e cantordocumentos sportingbet comjazz norte-americano Louis Armstrong durante adocumentos sportingbet comvisita ao paísdocumentos sportingbet com1956. Aquilo fez com que ela se apaixonasse pelo jazz.

Jack havia passado algum tempo na Inglaterra com pouco maisdocumentos sportingbet com20 anosdocumentos sportingbet comidade,documentos sportingbet combuscadocumentos sportingbet comuma carreira no pugilismo, e mudou-sedocumentos sportingbet comvez para Nottinghamdocumentos sportingbet com1959, para formar um lar paradocumentos sportingbet comfamília. Quando Ama e seus dois filhos juntaram-se a ele um ano depois, ela trouxe consigo uma sériedocumentos sportingbet comdiscos e a casa ficou repletadocumentos sportingbet combatidas sincopadasdocumentos sportingbet comjazz.

Tony aos cinco meses

Crédito, Tony Kofi

Legenda da foto, Tony aos cinco meses

Ama e Jack tiveram ao todo sete filhos, todos meninos, e Tony foi o quinto. Nascidodocumentos sportingbet com1964, suas memóriasdocumentos sportingbet cominfância são, como na famosa cançãodocumentos sportingbet comArmstrong What a Wonderful World,documentos sportingbet com"céu azul e nuvens brancas".

"Pouco me lembro do inverno quando era criança", conta ele, "porque estava me divertindo muito para pensar naqueles dias frios e escuros."

Ele descreve adocumentos sportingbet cominfância como "muito tradicional", com comida e músicadocumentos sportingbet comGana. Os seus pais insistiam que a família falassedocumentos sportingbet comcasa seu dialeto ganense, o axânti: "inglês era falado na rua".

Mas, quando foi para a escola primária, Tony era meio "valentão".

Ele conta: "Nasci canhoto e,documentos sportingbet comGana, se você tem um filho canhoto, tradicionalmente eles querem fazê-lo se tornar destro. É uma tradição antiga e os meus pais insistiram que eu virasse destro."

"E a escola foi informada [da situação]. Eles tinham que garantir que eu não escrevesse com a mão esquerda e acho que isso me tornou um pouco problemático, porque eu estava agindo contra a minha essência", relembra Tony.

Tony (segundo da esquerda para direita) com três dos seus irmãos

Crédito, Tony Kofi

Legenda da foto, Tony (segundo da esquerda para direita) com três dos seus irmãos

Durante esses anos iniciais na escola, Tony não se interessava por nada que não fosse esporte, futebol e jogar com seus amigos. Na escola secundária, ele expressou uma paixão pela música, mas disseram a ele que não poderia estudar.

"Eles davam pequenos testes e escolhiam quem fosse mais concentrado e embasado", conta Tony, "e eu não fui um dos escolhidos."

"Fiquei arrasado com aquilo e eles me colocaramdocumentos sportingbet comcarpintaria, até que aceitei e foi o que fizdocumentos sportingbet comtoda a minha escola secundária", relembra ele.

Tony estava se tornando habilidoso no seu trabalho e saiu da escoladocumentos sportingbet com1980 para começar a trabalhar como aprendizdocumentos sportingbet comcarpinteiro, frequentando a faculdade uma vez por semana e aprendendo o trabalho nos quatro dias restantes. Foidocumentos sportingbet comum desses trabalhos que ele sofreu aquela queda terrível.

Depois do acidente, Tony acordou no hospital com seus pais e dois dos seus irmãos ao lado da cama, desesperadosdocumentos sportingbet compreocupação e perguntando como ele estava se sentindo.

"Eu respondi: 'minha cabeça dói muito' e eles disseram: 'você nos deu um susto, você esteve inconsciente por dias'", relembra ele.

Desorientado, machucado e com um forte trauma na cabeça, Tony ficou sabendo que havia batido a cabeça no solo com tanta força durante a queda que poderia ter morrido com o impacto.

Ele se lembra do supervisor do seu trabalho vindo visitá-lo no hospital: "Ele me disse: 'você caiudocumentos sportingbet comcabeça no chão com força, como se fosse um sacodocumentos sportingbet combatatas'."

Depois que Tony melhorou o suficiente para sair do hospital, três ou quatro semanas mais tarde, ele permaneceudocumentos sportingbet comcasa enquanto convalescia. Tony havia recebido algum dinheirodocumentos sportingbet comindenização pela queda e pela perdadocumentos sportingbet comreceita e seu emprego permaneceu aberto para que ele retornasse assim que estivesse pronto.

Mas as imagens que Tony havia visto enquanto caía não desapareceram. Elas continuaram a "piscar" sempre que ele fechava seus olhos.

"Elas realmente me assombravam, pois era quase como se alguma coisa estivesse sendo mostrada para mim", afirma Tony.

Ele não contou para ninguém, mas a queda havia alterado seu comportamento perante a vida para sempre.

Tony, que nunca havia estudado música, começou a pensardocumentos sportingbet comgastar o dinheiro da indenização comprando um instrumento.

Mas qual era o instrumento que ele havia visto nas suas visões? Ele pesquisoudocumentos sportingbet comlivrosdocumentos sportingbet commúsica e,documentos sportingbet comuma das páginas, havia a descriçãodocumentos sportingbet comum instrumentodocumentos sportingbet comsopro brilhante, feitodocumentos sportingbet comlatão, com formato cônico.

Lá estava ele: o saxofone.

"Não estou dizendo que era musicalmente ignorante naquela época, mas eu nunca havia visto um saxofone", afirma Tony. "Provavelmente eu havia ouvido no rádio, mas sem prestar nenhuma atenção."

Tony com 17 anos

Crédito, Tony Kofi

Legenda da foto, Tony, com 17 anos, ensaiando com seu novo saxofone

No iníciodocumentos sportingbet com1982, Tony pagou 50 libras pelo seu primeiro saxofone — era muito dinheiro nos anos 1980, equivalente a cercadocumentos sportingbet com200 libras (R$ 1.500) hojedocumentos sportingbet comdia. Ele voltou para casa carregando seu pequeno tesouro musical.

Sua mãe lançou para ele um olhar estranho. Ela não sabia que Tony havia tido uma visão.

"Eu disse: 'É um saxofone e vou aprender a tocar'", conta Tony. "Vou sair do emprego."

Tony lembra quedocumentos sportingbet commãe colocou a mão na cabeça e pediu ao seu marido Jack que falasse com seu filho.

Ele se lembra dela dizendo para Jack: "Ele está jogando fora um emprego perfeito. Deve estar assustado com o que aconteceu na queda."

Seu pai realmente tentou falar com Tony, mas ele estava inflexível.

"Eu disse que não podia voltar atrás. Eles não compreendiam o motivo, mas eu disse a eles: 'Se eu voltar atrás, será como se tivesse morrido naquela queda'", relembra ele.

Tony conta que não tinha dinheiro para as aulas e os seus pais não podiam gastar seu "dinheiro suado" com aulasdocumentos sportingbet commúsica, masdocumentos sportingbet commãe ofereceu algo muito mais valioso — ourodocumentos sportingbet comformadocumentos sportingbet comvinil.

"Ela me deu as pilhasdocumentos sportingbet comdiscos", diz Tony. "Ela disse: 'veja, estas são músicas muito boas, use esses discos e aprenda com eles'. Foi exatamente o que fiz. Eu gravei os discosdocumentos sportingbet comfita cassete, coloquei os fonesdocumentos sportingbet comouvido e passei a ouvir constantemente e tentar aprender a tocar junto com eles."

Tony Kofi

Crédito, Tony Kofi

Legenda da foto, Não foi fácil aprender a tocar saxofone, diz Tony

Tony começou então a aprender a tocar o saxofone, mas suas primeiras tentativas não produziram aquele som suave e abafado que tornou o instrumento famoso.

"Parecia uma criança com cinco anosdocumentos sportingbet comidade tentando tocar violino", relembra Tony. O som era angustiante e "doloroso para os ouvidos".

Os seus irmãos se tornaram seu "termômetro musical". A porta do seu quarto poderia se abrirdocumentos sportingbet comrepente e um sapato disparar na direçãodocumentos sportingbet comTony, atingindo-o na cabeça ou nas costas.

Mas ele continuou praticando, primeiro por duas horas, depois cinco e, por fim, por oito a dez horas por dia.

À medida que o tempo passava, os sapatos passaram a voar com menos frequência e seus irmãos começaram a vir sentar-se e ouvir Tony tocar.

Tony lembra que, um dia, quando adocumentos sportingbet commãe trazia uma bandejadocumentos sportingbet comcomida para o seu quarto, ela disse "estou reconhecendo o que você está tocando... adoro essa música".

Era uma faixa intitulada Take the "A" Train,documentos sportingbet comum disco do pianista e compositordocumentos sportingbet comjazz Duke Ellington. A música faladocumentos sportingbet comum tremdocumentos sportingbet commetrôdocumentos sportingbet comNova York, nos Estados Unidos, acelerando pelos trilhos até o distritodocumentos sportingbet comSugar Hill, no Harlem.

Tony sentiu quedocumentos sportingbet comvida também estava nos trilhos. "Foi uma ótima época para ser eu mesmo", afirma ele.

Embora Tony tocasse saxofonedocumentos sportingbet comouvido, ele não sabia ler música e queria aprender mais sobre teoria musical. Entre 1986 e 1987, ele foi a uma faculdadedocumentos sportingbet comNottingham, conhecida pelo seu ensinodocumentos sportingbet commúsica e artes cênicas, mas disseram a ele que não poderia estudar porque não havia realizado exames ou graduações musicais.

"Foi quase como aquela rejeição novamente", ele conta, "mas desta vez eu não iria aceitar, porque eu havia encontrado algo que realmente amava e queria fazer — aquela rejeição só me deixou mais forte."

Tony Kofi tocando saxofone

Crédito, Bob Barkany

Legenda da foto, Tony tornou-se saxofonistadocumentos sportingbet comsucesso

Enquanto ele folheava uma revista norte-americana chamada Downbeat, lendo sobre a vidadocumentos sportingbet commúsicosdocumentos sportingbet comjazz, ele viu alguns anúnciosdocumentos sportingbet comfaculdadesdocumentos sportingbet commúsica nos Estados Unidos.

"Eu simplesmente escolhi uma e pensei: 'Quer saber? Vou escrever para eles e tentar me candidatar.' E foi exatamente o que eu fiz", conta Tony.

Ele envioudocumentos sportingbet cominscrição pelo correio para a Faculdadedocumentos sportingbet comMúsica Berkleedocumentos sportingbet comBoston, Massachusetts (Estados Unidos), centrodocumentos sportingbet comexcelência musical. Os alunosdocumentos sportingbet comBerklee já ganharam 311 prêmios Grammy.

"Primeiro eles me ouviram e, um dia, eles me aceitaram", afirma Tony. E,documentos sportingbet com1988, com 24 anosdocumentos sportingbet comidade, Tony, assustado e entusiasmado, saiu para estudar música nos Estados Unidos.

Tony Kofi

Crédito, Steven Cropper

Tony recebeu uma bolsadocumentos sportingbet comestudosdocumentos sportingbet comBerklee porque, segundo ele, era considerado "muito bom" para alguém que havia sido autodidata. A história também havia chegado aos jornaisdocumentos sportingbet comNottingham e Tony recebeu ajuda com esforçosdocumentos sportingbet comcaptaçãodocumentos sportingbet comrecursos — e dos seus pais.

Tony Kofi

Crédito, Tony Kofi

"Naquela época, eles estavam muito orgulhosos e impressionados com a minha persistência e o meu progresso", conta ele.

"Quando eles descobriram que eu havia sido aceito pela Faculdadedocumentos sportingbet comMúsica Berklee, todos ficaram dizendo 'uau, isso não é brincadeira, isso é muito sério'. E então contei aos meus pais sobre as visões", relembra Tony.

Tony conta que eles aceitaram que este era o caminho certo para seu filho.

Ele teve uma época "fantástica"documentos sportingbet comBerklee. A faculdade atraía músicosdocumentos sportingbet comtodo o mundo que queriam aprender a arte do jazz. Alguns eram autodidatas, como Tony, e outros receberam treinamento clássico.

"Eles aceitaram minha chegada como se fosse a coisa mais normal do mundo", diz ele. "Mas, na Inglaterra, o país onde nasci, parece que você precisa passar por um sistema para ser aceito."

Tony recebe o BBC Jazz Awarddocumentos sportingbet comMelhor Instrumentistadocumentos sportingbet com2008

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Tony recebe o BBC Jazz Awarddocumentos sportingbet comMelhor Instrumentistadocumentos sportingbet com2008

Quando Tony voltou para a Inglaterra, ele trabalhou no seu primeiro álbum, All is Known, que ganhou o Prêmiodocumentos sportingbet comJazz do Parlamento e o BBC Jazz Awarddocumentos sportingbet com2005.

"Eu lembro que a primeira faixa que gravamos chamava-se Boo Boo's Birthday, do [pianista e compositordocumentos sportingbet comjazz norte-americano] Thelonious Monk", conta Tony, "e me lembrodocumentos sportingbet comter a partitura na minha frente. Fiz uma primeira gravação, nós a ouvimos e pensei comigo: 'sabe, parece que estou lendo a cartilha."

"Eu pensei: 'OK, preciso voltar a me sentir confortável, como no princípio'. Rasguei então a partitura, joguei no cestodocumentos sportingbet comlixo e toquei cinco trechosdocumentos sportingbet compura magia. Foi assim que fiz todo o álbum, sem partitura, apenas tocando."

Tony Kofi

Crédito, Tony Kofi

Legenda da foto, Alémdocumentos sportingbet comser músico, compositor e líderdocumentos sportingbet combanda, Tony também trabalha como professor na Academiadocumentos sportingbet comJazz Julian Joseph e na Academia World Heart Beat Music

Alémdocumentos sportingbet comser músico, compositor e líderdocumentos sportingbet combanda, Tony também trabalha como professor na Academiadocumentos sportingbet comJazz Julian Joseph e na Academia World Heart Beat Music. Em setembrodocumentos sportingbet com2020, ele começou a lecionar no Conservatório Trinity Labandocumentos sportingbet comMúsica e Dança e, este ano, recebeu o graudocumentos sportingbet comprofessor honorário da Universidadedocumentos sportingbet comNottingham.

Ele adora trabalhar com músicos jovens e idosos, inspirando-os a viver seus sonhos e nunca perder a esperança.

Tony e seus irmãos

Crédito, Tony Kofi

Legenda da foto, Tony e seus irmãos

Mas, e quanto às outras imagens que ele viu enquanto caía do telhado — os diferentes locais do mundo e os rostos das crianças?

Elas também ganharam vida, segundo Tony.

"Tenho três filhos maravilhosos e sou também avô", conta ele. "Tudo aquilo aconteceu e viajei por todo o mundo. Trabalhei com alguns dos maiores músicos do planeta."

Esses músicos incluíram artistas como Macy Gray, Harry Connick Jr. e a Julian Joseph All Star Big Band.

Nas suas aulas, Tony muitas vezes incentiva seus alunos a tocardocumentos sportingbet comouvido, sem partitura. A sensação é totalmente liberadora, segundo ele.

"É como andardocumentos sportingbet combicicleta sem rodinhas", afirma Tony. "Você usa as rodinhas para manter o equilíbrio. Quando você retira as rodinhas, a criança andadocumentos sportingbet combicicleta com muita liberdade — é isso o que parece."

Tony Kofi com certeza está seguindo o conselhodocumentos sportingbet comLouis Armstrong: "Nunca toque uma música da mesma forma duas vezes".

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