Crise migratória: 'Andei por 2 meses e atravessei um continente para chegar aos EUA':alanos slot

"Sejam bem-vindos. Por favor, formem uma fila à direita", diz um dos voluntários do abrigo Centro da Coalizão Humanitáriaalanos slotFronteiraalanos slotVal Verde.

Eles se sentem sortudos. Seus pedidosalanos slotasilo nos EUA começaram a ser analisados ​​e, ao longo do processo, eles têm permissão para permanecer no país. Eles tiveram muito mais sorte do que centenasalanos slotoutros haitianos que foram presos e deportados para o Haiti.

Até recentemente, Del Rio era mais conhecida poralanos slotbarragem La Amistad (A Amizade). E também por ter sido uma das locações do filme Onde os Fracos Não Têm Vez (2007), dos irmãos Coen. Em junhoalanos slot2021, Del Rio, considerada entediante por alguns moradores, testemunhou outro acontecimento: a filmagemalanos slotum episódio do reality show drag queen We're Here, da HBO.

Dois meses e meio depois, a cidade ficou conhecida ao redor do mundo com a chegadaalanos slotmassaalanos slotmigrantes cruzando a fronteira através do rio Grande, e a repressão violentaalanos slotautoridades americanas contra eles.

Na segunda semanaalanos slotsetembro,alanos slotacordo com estimativas oficiais, cercaalanos slot14 mil pessoas estavam acampadas sob a ponte internacional que liga os EUA ao México. A maioria delas é haitiana.

Para se ter uma ideia, esse volumealanos slotpessoas representa 40% dos residentesalanos slotDel Rio, que tem pouco menosalanos slot35 mil habitantes, sendo 85% hispânicos, segundo o Censoalanos slot2020.

O númeroalanos slothaitianos entrandoalanos slotDel Rio atingiu seu pico entre 16 e 18alanos slotsetembro, quando maisalanos slot12 mil pessoas chegaram à cidade.

O Centro da Coalizão Humanitáriaalanos slotFronteiraalanos slotVal Verde é um abrigo para migrantes que costumava abrir suas portas três vezes por semana e atendia pouco maisalanos slot100 pessoas por mês entre janeiro e março. Agora, recebe maisalanos slot300 migrantes por dia.

Por volta das 9h30, outras três viaturas chegam, acompanhadasalanos slotum ônibus com mais cinco dezenasalanos slotmigrantes, a maioria haitianos.

Assim que chegam, eles podem entraralanos slotcontato com seus parentes pela primeira vez desde que pisaramalanos slotsolo americano. Podem tomar banho e comer.

Um dos pontos altos do dia é poder amarrar os sapatos pela primeira vezalanos slotmuito tempo.

Quando os imigrantes são detidos pela Patrulhaalanos slotFronteira, eles recebem três ordens: tirem a roupa, tirem os cadarços e guardem o celular.

"Você só pode teralanos slotmãos seus documentos e o endereçoalanos slotseu familiar", grita um dos policiaisalanos slotespanhol aos recém-chegados.

Depoisalanos slotpassarem vários dias detidos e serem interrogados pelas autoridades, os migrantes que são admitidos nos EUA podem iniciar seu pedidoalanos slotasilo.

Em seguida, eles são encaminhados para o abrigo Val Verde e começam a dar os primeiros passosalanos slotsua nova vida.

Sua situação contrasta com a daqueles que foram mandadosalanos slotvolta e dos presos pela patrulha da fronteira a cavalo. Na semana passada, depois que imagens chocantesalanos slotagentesalanos slotpatrulhaalanos slotfronteira montados cercando migrantes vieram à tona, o enviado especialalanos slotJoe Biden ao Haiti renunciou, criticando o que ele considerou um tratamento "desumano".

Depoisalanos slotchegarem ao abrigo, os imigrantes precisam entraralanos slotcontato com seus parentes nos EUA e pedir que comprem as passagens necessárias para chegar ao destino.

A rota geralmente envolve um ônibus para San Antonio, ainda no Estado do Texas, e depois um voo para onde quer que eles estejam indo. A grande maioria dos haitianos vai para a Flórida. Alguns vão para a Califórnia, Houston (Texas) e Nova Jersey.

O trabalho dos voluntários do abrigo, acolhendo e ajudando os migrantes, não para. Os viajantes passam apenas algumas horas lá, mas não têm permissão para passar a noite.

Vida sob a ponte

Fafane Bien Aime é uma mulheralanos slot24 anos, alta e negra do Haiti. Veste uma camisa branca e exibe uma barriga protuberante que mostra o quão avançada estáalanos slotgravidez. Ela cobre o rosto quando alguém quer tirar uma foto dela, dizendo que não gostaalanos slotser vista rindo com o cabelo despenteado.

Fafane caminhou por quase dois meses do Chile até a fronteira com os EUA. Ao chegar ao rio Grande, na fronteira entre o México e os EUA,alanos slotvezalanos slotse alegrar, percebeu que havia milharesalanos slotpessoas como ela presas entre o rio e a cerca que marca a entrada para os EUA.

A jovem havia chegado à fronteiraalanos slot16/09 e permaneceu sob a Ponte Internacional Acuña-Del Rio Texas por cinco dias. Ao ser liberada, foi conduzida por agentes da Patrulha da Fronteira dos EUA ao abrigoalanos slotVal Verde.

"Foi muito difícil e desconfortável morar embaixo da ponte. Ainda mais com essa barriga", disse Fafane à BBC.

Como a maioria dos haitianos que chegam aos EUA, ela moroualanos slotmaisalanos slotum país. Seu primeiro destino foi o Chile,alanos slot2019, mas logo depois decidiu seguir para o norte. "Fui para o Chile porque não via minha mãe havia muitos anos, mas na realidade quando você troca seu país por outro estáalanos slotbuscaalanos slotuma vida melhor."

"Quando você chega a um país e não encontra o que procura, é preciso olhar mais longe. Até que realmente encontre", afirma Fafane, enquanto espera o ônibus para San Antonio.

A partir dali, começou a planejar viver com outros familiares na Califórnia.

Cruzando um continente

A jornada para os migrantes haitianos pode ser extremamente longa. A maioria das pessoas aqui começoualanos slotjornada no Chile, levando quase três meses para chegar aos EUA.

Do Chile, passaram por Peru, Equador e Colômbia antesalanos slotchegar à América Central depoisalanos slotcruzar a temida regiãoalanos slotselva do Darien, entre a Colômbia e o Panamá.

"A parte mais complicada é o Panamá", conta Frantz Schiber Luberisse,alanos slot28 anos, ao ser perguntado sobre a rota que levou quase um mês e meio para ser concluída.

"No Panamá, os agentes são cruéis. Os bandidos iriam nos machucar e os agentes não fizeram nada. Eu vi com meus próprios olhos como eles estupraram mulheres, meninas e homens. Eles até revistaram meu ânus para tirar dinheiroalanos slotmim. Há pessoas muito más ali", diz Frantz. Ele passou por Chile, Peru, Equador, Colômbia, Panamá, Costa Rica, Nicarágua...

Luberisse também teve dias difíceis sob a ponte, que se tornou um símbolo da atual crise migratória. Ele não sabia se entraria nos EUA ou se seria deportado. Nos três dias que passou lá, ele ealanos slotesposa grávidaalanos slotoito meses comeram apenas pão.

"Minha mulher estava grávida e não tínhamos nada para comer. Achei que ia ser deportado. Debaixo da ponte tudo estava sujo, tudo estava ruim, mas agora estou melhor. Estou bem melhor", diz, com um sorriso no rosto. O casal seguiria para West Palm Beach, na Flórida.

Wideline Saint Fleur tem 35 anos e ri quando tenta articular algumas palavrasalanos slotespanhol. Ela usa um boné do time mexicanoalanos slotfutebol Club America e uma camisa longa. Está grávidaalanos slotsete meses e deixou o Chilealanos slotdireção aos EUA ao lado do marido há dois meses.

Ela se lembra dos dias que passou sob a ponte da fronteira. "Um dia só tomei sopa. Outro dia não comi nada. Outro dia só caminhei muito. Foi muito difícil." Apenas Wideline e seu marido foram autorizados a entrar nos EUA. Dois outros membros da família que viajaram com eles foram deportados para o Haiti.

Wideline ainda não sabe se vai ter um menino ou uma menina. O que importa para ela é que o bebê esteja bemalanos slotsaúde. "Quando saí do Chile, ele estava bem, mas agora, depois da viagem, não sei mais dizer."

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