Lanterna do celular e 43°C: como é dar à luz sob Talebã:bet365 r$200

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Legenda da foto, Sob o regime do Talebã, mulheres afegãs precisam cobrir todo o corpo (na imagem, ilustração a partirbet365 r$200fotos Getty Images)

Sobreviver ao parto significa que Rabia foi uma das mulheres que tiveram sorte. O Afeganistão tem uma das piores taxasbet365 r$200mortalidade materna e infantil do mundo,bet365 r$200acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Na média, 638 mulheres morrem no parto a cada 100 mil nascidos vivos.

O óbito materno é definido como a mortebet365 r$200uma mulher ocorrida durante a gestação, parto ou dentrobet365 r$200um períodobet365 r$20042 dias após o término da gravidez, por qualquer causa relacionada à gestação, não incluídas causas acidentais.

No Afeganistão, o cenário costumava ser pior antes da invasão das tropas lideradas pelos Estados Unidos,bet365 r$2002001. No entanto, o progresso adquirido no atendimento materno e neonatal desde o início da ocupação está se desfazendo rapidamente.

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Legenda da foto, Afeganistão tem uma das piores taxasbet365 r$200mortalidade materna e infantil do mundo, segundo OMS (na imagem, ilustração a partirbet365 r$200fotos Getty Images)

"Agora há um grande sensobet365 r$200urgência e desespero. Realmente sinto o peso disso", diz Natalia Kanem, diretora executiva do Fundobet365 r$200População das Nações Unidas (UNFPA).

O UNFPA estima que, sem apoio imediato para mulheres e meninas, poderia haver 51 mil óbitos maternos adicionais e 4,8 milhõesbet365 r$200gestações indesejadas. Além disso, o númerobet365 r$200pessoas sem acesso a clínicasbet365 r$200planejamento familiar pode dobrar até 2025.

"As unidadesbet365 r$200saúde primáriasbet365 r$200todo o Afeganistão estão entrandobet365 r$200colapso. As taxasbet365 r$200mortalidade materna e infantil vão aumentar, infelizmente", diz Wahid Majrooh, chefebet365 r$200saúde pública do Afeganistão. Ele é o único ministro que permaneceubet365 r$200seu posto desde que o Talebã assumiu o controle da capital, Cabul, no mês passado.

Majrooh prometeu lutar pela saúde dos afegãos, mas enfrenta uma batalha difícil.

Sem litoral, o país ficou isolado do mundo após a recente ascensão do grupo extremista islâmico. A saída das tropas estrangeiras e a volta do Talebã ao poder levaram ao congelamento da ajuda estrangeira, que financia o sistemabet365 r$200saúde do Afeganistão. Doadores ocidentais, incluindo os EUA e grupos como a OMS, citam dificuldadesbet365 r$200entregar fundos ao Talebã e suprimentos médicos pelo caótico aeroportobet365 r$200Cabul.

O acesso a suprimentos e medicamentos importantes para a saúde reprodutiva das mulheres foi significativamente afetado. O momento é duplamente ruim, dada a disseminação do coronavírus. "Não há preparação para a possibilidadebet365 r$200uma quarta ondabet365 r$200covid-19", diz Majrooh.

Na maternidade onde Abida trabalha, o congelamentobet365 r$200recursos significa que os funcionários também não podem operar o serviçobet365 r$200ambulância. Não há dinheiro para o combustível.

Legenda da foto, Com Talebã, situação das maternidades no Afeganistão piorou muito (na imagem, ilustração a partirbet365 r$200fotos Getty Images)

"Há apenas algumas noites, uma mãe entroubet365 r$200trabalhobet365 r$200parto e pediu urgentemente uma ambulância, porque estava com muitas dores. Tivemos que dizer a ela para encontrar um táxi, mas não havia nenhum disponível", conta Abida.

"Quando ela finalmente conseguiu encontrar um carro, era tarde demais: ela deu à luz no carro e ficou inconsciente por várias horas por causa da forte dor que sentia e do calor extremo. Não achávamos que ela sobreviveria. O bebê também estavabet365 r$200uma condição muito perigosa e não tínhamos nada para atender a nenhum deles", disse Abida.

Felizmente, a recém-nascida sobreviveu. Depoisbet365 r$200três dias se recuperando no hospital sem recursos, a mãe recebeu alta.

"Estamos trabalhando horas extras, dia e noite, para atender às mulheres e crianças, mas precisamosbet365 r$200recursos", diz Kanem, do UNFPA. "Mesmo antes dos acontecimentos dramáticos das últimas semanas, a cada duas horas uma mulher afegã morria no parto,bet365 r$200média."

O UNFPA está buscando US$ 29,2 milhões (cercabet365 r$200R$ 155 milhões) como partebet365 r$200um apelo mais amplo da ONU por US$ 606 milhões (R$ 3,2 bilhões) para atender às necessidades vitaisbet365 r$200mulheres e meninas afegãs.

A entidade está confiantebet365 r$200que, dada a necessidade desesperadabet365 r$200assistência humanitária, o Talebã vai permitir o transportebet365 r$200recursos médicos ebet365 r$200saúde, além da implantaçãobet365 r$200clínicas móveis.

O UNFPA também está preocupado com o risco crescente da retomadabet365 r$200casamento infantis, o que pode aumentar ainda mais a taxabet365 r$200mortalidade. A pobreza, a proibição para as meninas frequentarem a escola e o medobet365 r$200casamentos forçados entre militantes e crianças agravam o problema. "Se você engravida na adolescência, suas chancesbet365 r$200sobrevivência diminuem imediatamente", diz Kanem.

As novas restrições do Talebã às mulheres estão prejudicando ainda mais o já frágil sistemabet365 r$200saúde do país. Em muitas áreas, as mulheres precisam cobrir o rosto com um niqab ou burka.

Mas o que causa maior preocupação são os relatosbet365 r$200que hospitais e clínicas estão sendo obrigados a permitir que apenas mulheres atendam pacientes do sexo feminino. Uma parteira, que deseja manter o anonimato, disse à BBC que um médico foi espancado pelo Talebã porque atendeu sozinho uma mulher.

Ela diz que,bet365 r$200seu centro médico no leste do país, "se uma mulher não pode ser atendida por uma médica, o médico só pode atendê-la quando duas ou mais pessoas estiverem presentes".

As mulheres também receberam ordensbet365 r$200não deixarem suas casas sem um "mahram", ou parente do sexo masculino.

"Meu marido é um homem pobre que trabalha para alimentar nossos filhos, então por que eu deveria pedir a ele para ir ao centrobet365 r$200saúde comigo?", disse Zarmina, que está grávidabet365 r$200cinco meses, na provínciabet365 r$200Nangarhar.

Abida diz que a exigênciabet365 r$200um acompanhante masculino significa que, mesmo com uma parteira e uma clínica com poucos recursos, muitas mulheres como Zarmina não podem comparecer a exames importantes durante a gravidez. Da mesma forma, muitas trabalhadorasbet365 r$200saúde não podem trabalhar.

A OMS calcula que existam 4,6 médicos, enfermeiras e parteiras para cada 10 mil afegãos - quase cinco vezes abaixo do que considera o "limiarbet365 r$200escassez crítica". Esse número provavelmente hoje é ainda menor, já que muitos profissionais pararambet365 r$200trabalhar ou fugiram do país desde a ascensão do Talebã.

Legenda da foto, Maternidades afegãs sofrem diariamente com faltabet365 r$200recursos (na imagem, ilustração a partirbet365 r$200fotos Getty Images)

No finalbet365 r$200agosto, o grupo extremista pediu às trabalhadoras da saúde que retornassem ao trabalho, mas "leva tempo para reconstruir a confiança, para garantir que elas não vão enfrentar nenhum problema", diz Majrooh.

"Tudo mudou da noite para o dia", diz Nabizada, uma ginecologistabet365 r$200Cabul que renunciou ao cargo assim que o Talebã entrou na cidade. Ela esperou do ladobet365 r$200fora do aeroportobet365 r$200Cabul por 24 horas, desesperada para escapar do país. Mas não conseguiu. Suas ex-colegas conseguiram fugir do Afeganistão ou largar o trabalho para ficarbet365 r$200casabet365 r$200segurança.

"Minha vizinha está grávidabet365 r$20035 semanas e precisava marcar uma cesariana. Mas o telefone do médico dela está desligado. Ela está tão tensa e preocupada que paroubet365 r$200sentir os movimentos do bebê."

Os servidoresbet365 r$200saúde pública do país não recebem salário há pelo menos três meses. Abida é uma delas. Mesmo sem salário, ela espera continuar trabalhando por mais dois meses.

"Decidi fazer isso por nossos pacientes e por nosso pessoal. Sem financiamento, a situação não fica preocupante apenas para nós, mas para nossos pacientes. Eles são muito pobres", diz ela.

"Os afegãos ouvem muito sobre as vítimasbet365 r$200guerra. Mas poucos falam sobre quantas mulheres e bebês são vítimasbet365 r$200mortes evitáveis ​​ligadas ao parto", disse Heather Barr, diretora-associada da divisãobet365 r$200direitos das mulheres da ONG Human Rights Watch.

Em uma visita a Cabulbet365 r$200maio, ela disse que um hospital tentou proteger os salários dos funcionários cortando todos os outros custos da unidade. Segundo ela, muitas mulheresbet365 r$200trabalhobet365 r$200parto foram forçadas a comprar seus próprios suprimentos para dar à luz.

"Uma mulher gastou cercabet365 r$200US$ 26 (R$ 138)bet365 r$200coisas como luvas, fluido esterilizante e um tubo para o cateter embet365 r$200mão. Ela gastou o que restavabet365 r$200seu dinheiro e estava extremamente estressada porque, se precisassebet365 r$200uma cesariana, teria que comprar seu próprio bisturi", diz Barr.

Mas agora, a escassezbet365 r$200remédios e suprimentos médicos piorou: eles só podem ser compradosbet365 r$200centrosbet365 r$200saúde privados, a um custo maior, o que é uma opção inacessível para muitos afegãos.

"Eu vi outras mulheres grávidas esperando um dia inteiro por qualquer tipobet365 r$200remédiobet365 r$200nossa clínica local e voltando para casabet365 r$200mãos vazias", diz Zarmina. "Prefiro dar à luzbet365 r$200casa do que no hospital, porque não há remédios nem instalações. Estou preocupada com a saúde do meu bebê e com a minha própria saúde".

Cercabet365 r$20054,5% da população do Afeganistão vive abaixo da linhabet365 r$200pobreza,bet365 r$200acordo com o Banco Mundial. A maioria delas vivebet365 r$200áreas remotas.

"Estamos lidando com comunidades com necessidades extremas e recursos muito escassos. Estamos enfrentando uma emergência catastróficabet365 r$200saúde", diz Lodi, um médico que tratabet365 r$200pacientesbet365 r$200vilarejos pobres e isolados na provínciabet365 r$200Herat ocidental. Desde a tomada do poder pelo Talebã,bet365 r$200equipe tem visto um aumento dramático na desnutrição, anemia, distúrbios mentais e complicações no parto.

"Antesbet365 r$200o Talebã chegar ao poder, uma clínicabet365 r$200saúde me deu um diagnósticobet365 r$200desnutrição e anemia enquanto eu estava grávida", disse Lina, que morabet365 r$200um pequeno vilarejo na provínciabet365 r$200Herat. Assim que o Talebã assumiu o controle da região, seu marido - um pastor - perdeu o emprego.

Com pouco dinheiro e temendo o Talebã, Lina não revisitou a clínica até quebet365 r$200bolsa estourou.

"Meu marido me levou para a clínicabet365 r$200um jumento. Uma parteira tratoubet365 r$200minhas complicações e conseguiu dar à luz meu bebê, que nasceu com peso abaixo do ideal", diz Lina, que continuabet365 r$200casa "em péssimas condições". Sem renda, a família não sabe como sustentar o filho recém-nascido.

Muitos afegãos temem que a crisebet365 r$200saúde do país esteja se aprofundando a um ponto sem retorno, e algumas das pessoas mais vulneráveis ​​- mulheres grávidas, mãesbet365 r$200primeira viagem e crianças pequenas - estão arcando com o fardo.

"A situação está piorando a cada dia que passa", diz Abida, que agora desempenha suas funçõesbet365 r$200parteira com uma sensaçãobet365 r$200desesperança. "Ninguém sabe o que serábet365 r$200nós."

Os nomes dos entrevistados foram alterados. As imagens dessa reportagem são ilustrações e colagem feitas a partirbet365 r$200fotos tiradas por Elaine Jung, uma cortesia da Getty Images.

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